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por Paulo da Silva Neto Sobrinho

 

Allan Kardec foi racista só para os desinformados


“O verdadeiro crítico deve afastar-se das ideias preconcebidas, despojar-se de qualquer preconceito pois do contrário julgará de seu ponto de vista, que talvez, nem seja justo.” (ALLAN KARDEC) 


Tomando de três momentos temos condições de apresentar aos desinformados o verdadeiro pensamento de Allan Kardec (1804-1869), esperando que sejam honestos o suficiente para mudar o conceito de racista que fazem dele:

1º) Aos 24 anos:

Certamente, não está no meu pensamento, nem nos meus princípios, desprezar ninguém, e menos ainda de rebaixar o nascimento de quem quer que seja, pois nenhuma classe tem o privilégio exclusivo de dar à sociedade homens estimáveis; minha observação não aponta pois para a condição em si mesma, mas para o vazio que esta condição pode deixar no professor, se este não puder preenchê-lo por si mesmo. [1] (grifo nosso)

2º) Aos 57 anos:

[…] porque o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos da cor. […]. [2] (grifo nosso)

3º) Aos 64 anos:

Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que prime, em lógica, ao fato material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade. [3] (grifo nosso)

Eis aí, nessas três transcrições, o verdadeiro pensamento de Allan Kardec, fora disso é o que se denomina de anacronismo, erro crasso sempre cometido pelos desinformados, bem como pelos fanáticos.

Esquecendo-se dessas citações acima, só faz sentido julgar qualquer pessoa diante do contesto de sua época. É de conhecimento de todos que naquele tempo a ciência dita oficial classificava os homens em raças distintas, com suas específicas particularidades. (Na minha opinião, a FEB não deveria ter assinado o TAC, justamente por questão do anacronismo.)

Allan Kardec utilizou-se dessas informações para demonstrá-las a falta de sentido delas diante do ser espiritual que somos. Aliás, ele sempre considerava os homens na sua condição de Espíritos, que têm a mesma origem e a mesma meta final.

Recomendamos a leitura do e-book de nossa autoria intitulado Racismo em Kardec?, que será publicado no final deste mês pela EVOC – Editora Virtual O Consolador e disponibilizado gratuitamente.

Diante dessa pesquisa, acreditamos que a resposta à pergunta “por que o Espírito de Verdade não socorreu Kardec”, para nós, não faz sentido algum, uma vez que Allan Kardec jamais foi racista.

Acreditamos que, no presente caso, bem vale esta assertiva do Codificador: “[…] se as premissas não estão certas, a conclusão não saberia sê-lo.” [4]

Por outro lado, vários textos bíblicos, que afirmam ser a “palavra de Deus”, apoiam a escravidão, então, o que poderemos dizer de seus autores, usando do mesmo critério que usam para qualificar Allan Kardec?

 

Referência bibliográfica:

INCONTRI, D. e GRZYBOWSKI, P. Kardec Educador – Textos pedagógicos. Bragança Paulista (SP): Comenius, 2005.

KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

KARDEC, A. Revista Espírita 1861. Araras (SP): IDE, 1993.

KARDEC, A. Revista Espírita 1864. Araras (SP): IDE, 1993.


 

[1]   INCONTRI e GRZYBOWSK, Kardec Educador – Textos pedagógicos, p. 66.

[2]   KARDEC, Revista Espírita 1861, p. 297.

[3]   KARDEC, A Gênese, p. 31.

[4]   KARDEC, Revista Espírita 1864, p. 154.

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita