Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Fábulas e infância


Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu
. Rubem Alves


Gosto de fábulas, cujas histórias são breves, com personagens e reflexões sobre determinado tema. Eu as leio desde a infância e, por isso, preocupei-me em fazer com que minhas filhas tivessem, desde cedo, acesso a esse gênero literário.

O maior criador de fábulas já conhecido é Esopo. Através de suas diversas histórias e personagens interessantes, é possível para o indivíduo compreender diferentes assuntos de forma simples, porém desfrutando da possibilidade de reter conteúdos ricos de significado.

Sem receio, sugiro aos pais que leiam para os filhos pequenos as fábulas de Esopo, pois isso enriquecerá a formação das crianças como seres humanos. Por considerarem, e de um modo bastante lúdico, aspectos éticos da sociedade, essas narrativas poderão cooperar com o dever que cabe aos pais de dar aos filhos base ética e moral.

Algumas das fábulas mais conhecidas de Esopo são: A lebre e a tartaruga, cuja narrativa traz uma mensagem expressiva sobre humildade e compreensão; A raposa e as uvas, cuja mensagem nos ajuda a perceber, por exemplo, que muitas vezes podemos falhar e não há problema com isso; O corvo e o jarro, por sua vez, demonstra à criança o valor da perseverança...

Além das fábulas escritas por Esopo, muitas outras criadas por outros autores se popularizaram ao longo de tempo e podem ser lidas para os nossos filhos mesmo no começo da vida:  O leão, o lobo e a raposa ou A cigarra e a formiga

As fábulas são portadoras de ensinamentos valorosos para as crianças e, em consequência, são instrumentos muito relevantes para a educação da criança, à medida que ela vai adquirindo critérios morais e éticos.

Não podemos esquecer: a infância é um momento muito rico para conhecer as fábulas, pois é nessa fase que os valores humanos devem ser conhecidos/absorvidos, e para favorecer na criança a base para o entendimento do mundo e, gradativamente, a forma mais adequada de viver e conviver em sociedade.

A história que será contada a seguir é um clássico de Esopo que foi recontado por La Fontaine, outro grande incentivador da divulgação das fábulas:


A lebre e a tartaruga


— Tenho pena de você —, disse uma vez a lebre à tartaruga: — obrigada a andar com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus inimigos.

— Guarda para ti a tua compaixão — disse a tartaruga — pesada como sou, e tu ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a qualquer meta que nos proponhamos a alcançar.

— Vá feito, disse a lebre: só pela graça aceito a aposta.

Ajustada a meta, pôs-se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir remando em seco, ria-se como uma perdida; e pôs-se a saltar, a divertir-se; e a tartaruga ia-se adiantando.

— Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! Que galope é esse? Olha que eu vou dormir um pouquinho.

E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou-se, e fingiu dormir, dizendo: sempre hei de chegar a tempo. De súbito olha; já era tarde; a tartaruga estava na meta, e vencedora lhe retribuía os seus deboches:

— Que vergonha! Uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre!


Moral da história: Nada vale correr; cumpre partir em tempo, e não se divertir pelo caminho.


Notinhas

A fábula é um gênero narrativo que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo chamado Esopo, que viveu no século VI a.C., na Grécia antiga. Esopo inventava histórias em que os animais eram os personagens. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os envolviam, ele buscava transmitir sabedoria de caráter moral ao ser humano.

O francês Jean de La Fontaine (1621-1695) foi um dos maiores divulgadores dos textos de Esopo. Ele recontava essas fábulas com o objetivo de educar o ser humano de sua época.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita