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por Rogério Miguez

 

E Eu vos aliviarei


Em função de tantas dores que nos acompanham no dia a dia, existe uma expectativa enorme para nos vermos livres destas mazelas, sejam elas quais forem.

Um grande contingente destes sofrimentos se prende às questões das doenças a ponto de se poder afirmar: quem não está enfermo hoje, estará amanhã.

É natural, o orbe ainda é planeta de expiações e, em mundos como estes, os corpos dos Espíritos encarnados são formados longe do perfeito funcionamento, como acontecerá em futuro distante, em consequência adoecem, mais cedo ou mais tarde.

Na realidade, quando os males físicos se estabelecem, o fazem em função de o detentor do corpo biológico estar doente – o Espírito imortal –, pois ele é a causa primeira desses indesejados estados de desarmonia corporal.

Como reencarnam na Terra – por ora – em sua esmagadora maioria Espíritos altamente endividados com as leis divinas, há uma constância no surgimento de adversidades físicas, com possiblidade de atormentar e infelicitar a todos: é da Lei!

Como não há quem goste de sofrer, a busca pela cura dos incontáveis males é ininterrupta, seja pelas vias médicas ou por conta de caminhos alternativos. Uma destas opções é a vinculação a uma determinada religião, para que, por meio de um milagre, o indivíduo possa alcançar o bem-estar, livrando-se, pelo menos provisoriamente, dos incômodos gerados pela enfermidade ora enfrentada.

Afinal, Jesus, para muitos o próprio Deus criador de tudo, assim se expressou quando afirmou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” E quem não deseja este alívio?

Ocorre, contudo, que o mal-estar de agora, ou é fruto de uma prova previamente escolhida pelo Espírito antes de aqui aportar, mais uma vez, para nova etapa reencarnatória, ou é resultado das continuadas ações inconsequentes tomadas nas existências passadas, ou até mesmo nesta presente fase de aprendizado.

Sendo assim, toda doença possui o seu ciclo de existência, devendo ser cumprido na íntegra de modo a isentar o doente de, no futuro, experimentar novamente o mesmo problema, em condições diferentes, tanto para pior, quanto para melhor, dependente da sua conduta.

Dentro deste raciocínio, nossa preocupação não deve ser a de nos vermos livres das doenças, mas sim de não criar novas condições para que na próxima reencarnação tenhamos uma existência mais tranquila, pelo menos no que se relaciona ao capítulo das enfermidades.

Podemos usar como exemplo um caso ocorrido com Chico Xavier resumido assim:

Chico, como se sabe, atravessou questão de saúde a se manifestar em seu olho esquerdo. Em um dos primeiros diálogos travados com o seu mentor – Emmanuel – em 1931, diante da tarefa proposta por ele para elaborar livros por intermédio do Chico, arriscou solicitar ao preclaro mentor a possibilidade de curá-lo definitivamente do mal em sua vista. Emmanuel orientou-o a procurar tratamento médico como qualquer pessoa, se munindo, adicionalmente, de calma e paciência. Contudo, Chico não se contentou e insistiu na demanda, Emmanuel então lhe orientou que tomasse O Evangelho segundo o Espiritismo e lesse o capítulo VI, intitulado O Cristo Consolador. Quando o médium alcançou as palavras que Eu vos aliviarei..., o mentor lhe indagou se havia compreendido a lição, ou seja, Jesus não prometeu a nossa cura, mas apenas alívio e auxílio.1

Diante de tão claro ensino, não procuremos as religiões, muito menos o Espiritismo, para nos curarmos materialmente, mas sim e tão somente para curar o verdadeiro doente, nós mesmos, através da correção de nossas imperfeições morais e hábitos infelizes.

 

Referência:

BARBOSA, Elias. No mundo de Chico Xavier. Edição Calvário/SP. 1968.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita