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por José Lucas

A ditadura “boa”?


Lá pelo meio da tarde sentei-me numa esplanada, para um muito português pequeno lanche: “um pastel de nata e um café, por favor”.

Na mesa ao lado, dois casais, no máximo na casa dos 70 anos de idade.

A conversa era em tom relativamente alto, um mau hábito dos portugueses.

Fui obrigado a ouvir.

Um dos senhores devia ser médico e o outro empresário.

À boa moda portuguesa, escalpelizaram de tudo um pouco que se passa em Portugal. “Isto está uma podridão, os políticos são corruptos e incompetentes, em 1º lugar está o bolso deles, depois o do Partido, conflitos de interesses, mentiras, falta de ética, de moral, de respeito”, justificando estas afirmações com este ou aquele caso mais ou menos conhecido.

Um deles dizia que isto não tem solução, o outro dizia que era preciso uma “ditadura boa”, mas que fosse boa, com gente competente e que amasse o seu país, ao ponto de servir Portugal, sem se servir de Portugal.

Fiquei a pensar com os meus botões: ele tem alguma razão, é preciso gente honesta na administração do Estado, gente competente, em que o bem-comum esteja acima do bem pessoal. Veio-me à cabeça e apeteceu-me interferir. É que não há ditaduras boas, são todas más, tenham a orientação que tiverem.

Como espírita, lembrei-me que Allan Kardec na sua incomensurável obra literária, espírita, refere a educação como o salvo conduto para uma Sociedade melhor, no futuro.

Jesus de Nazaré deixou a receita para a felicidade: “fazer ao próximo o que desejamos para nós”.

O enorme Gandhi aplicou o princípio da não violência para libertar a Índia do jugo inglês, contagiando todo o mundo, ainda hoje, com a sua postura de não-violência, mas com atitude firme, decidida, actuante, pacífica, exemplar.

 

O Espiritismo aponta as bases de uma Sociedade mais feliz, justa e harmoniosa: erradicar o egoísmo e fazer ao próximo o que desejamos para nós.

 

Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, essa monumental obra de filosofia espírita, refere a opinião da espiritualidade superior acerca da Sociedade do futuro e de uma Sociedade feliz: “cada pessoa ter o essencial para viver com dignidade, ao nível material e, consciência tranquila e fé em Deus, ao nível espiritual.”

Dizem os Espíritos superiores que não somos uma Sociedade evoluída, mas, apenas, esclarecida. Só seremos evoluídos quando entre os povos não houver, guerra, fome, miséria moral e material e, quando a fraternidade e auxílio mútuo forem o diapasão social.

Indicam o egoísmo como a base de todos os defeitos humanos, sendo necessária a sua erradicação do imo do ser humano, substituindo-o pelo amor ao próximo, pela pacificação social, pela solidariedade, fraternidade incondicional e desinteressada, a essência da caridade.

Assim sendo, não haverá necessidade de ditaduras, regimes violentos, sendo que as democracias se aprimorarão, com a consciência do ser humano de que servir em prol do bem-comum é a mais alta honra que se pode ter, desempenhando essa tarefa com honestidade, dedicação, nobreza de carácter.

Vivemos num planeta em transição para um patamar espiritual superior, em que, no futuro, os Espíritos aqui reencarnados serão maioritariamente bons e honestos, levando de roldão, pelo exemplo, os seus parceiros sociais.

Aí estaremos numa época de Regeneração (“A Génese”, Allan Kardec), em que o Bem superará o Mal e, em que aqueles que forem motivo de perturbação serão reencarnados em outros planetas inferiores, como a Terra e outros, de acordo com o seu sentir, agir egoísta e violento.

A este processo Jesus apelidou de “o fim dos tempos”, não no conceito catastrofista de fim do mundo material, mas sim de transição para um mundo melhor, com o fim do mundo de misérias morais e materiais.

Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei”.

 

José Lucas reside em Óbidos, Portugal.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita