Artigos

por Rogério Miguez

 

E se Pedro não tivesse negado Jesus?


O episódio da negação de Pedro, por três vezes consecutivas, é muito conhecido de todos. Foi imortalizado, por exemplo, em filmes clássicos produzidos em Hollywood enfocando os tempos evangélicos com a participação de inúmeros famosos atores e atrizes.

Quem não se lembra de ter visto no cinema a cena do galo cantando, às primeiras horas da manhã, e a expressão de surpresa e desconcerto de Pedro ao perceber que a profecia do Mestre havia se cumprido, e ele, era o principal protagonista:

Então, prendendo-o, levaram-no para a casa do sumo sacerdote. Pedro os seguia à distância. Mas, quando acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro sentou-se com eles. Uma criada o viu sentado ali à luz do fogo. Olhou fixamente para ele e disse: “Este homem estava com ele”.

Mas ele negou: “Mulher, não o conheço”.

Pouco depois, um homem o viu e disse: “Você também é um deles”.

“Homem, não sou!”, respondeu Pedro.

Cerca de uma hora mais tarde, outro afirmou: “Certamente este homem estava com ele, pois é galileu”.

Pedro respondeu: “Homem, não sei do que você está falando!” Falava ele ainda, quando o galo cantou. O Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe tinha dito: “Antes que o galo cante hoje, você me negará três vezes”. Saindo dali, chorou amargamente. (Lucas, 22:54-62)

A que teste Pedro foi submetido! E ele, naquele momento, falhou. Talvez, apavorado com a possibilidade de ser crucificado negou, não uma, mas três vezes. É fato, as torturas daqueles tempos eram inimagináveis, qualquer um tremeria diante da possibilidade de ser levado para as prisões romanas ou controladas pelo Sinédrio.

Quem poderá avaliar o íntimo deste Espírito que há pouco tempo estava disposto a dar a própria vida por Jesus? Que conflito interior Pedro há de ter passado? Caso houvesse se condenado, irremissivelmente, não se concedendo o autoperdão, tal qual fez Judas Iscariotes ao trair Jesus, e, talvez, também tivesse lançado mão da “solução” de seu conflito através da porta do suicídio.

Mas, felizmente, Pedro, como dito por Jesus a rocha (Mateus, 16:18), aceitou a sua fraqueza, reconheceu interiormente o quanto ainda havia de percorrer para de fato se tornar a rocha e reergueu-se, tornando-se um inesquecível exemplo a ser seguido por todos os cristãos, de todos os tempos.

O que teria acontecido se Pedro não tivesse sido submetido a esta verificação de aprendizado? Teria crescido moralmente após este marcante engano e deixado importante legado à posteridade?

Estas situações contundentes podem servir para o Espírito, nos dizeres do próprio Mestre, para que se transformem em verdadeiros Deuses e, fortalecidos por esta chama interior que desconheciamos existir no íntimo, realizarmos feitos inimagináveis, como foi o caso de Pedro.

Esta imortal lição serve para todos nós que prometemos de pés juntos que faremos isto ou aquilo, deixaremos de lado condutas inadequadas, passaremos a observar com cuidado os princípios divinos, e tantas outras promessas, mas na hora do testemunho, muitos de nós também falhamos, demonstrando inequivocamente que esta parcela da humanidade ainda é fraca, nos falta firme vontade para não olhar mais para trás e seguirmos determinados tentando acertar o passo com os do Cristo.

Um desafio e tanto, pois dentro de nós mesmos serão travadas as maiores e mais significativas batalhas.

Sendo assim, quando a vida nos convidar à prática de atitudes maiores do ponto de vista moral ou ético, recordemos aquela rocha de nome Pedro, personagem tão importante de nossa História à quem foram prometidas as chaves do reino dos Céus (Mateus 16:19).


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita