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por Jane Martins Vilela

 

Reconciliação


“Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz e que o juiz te entregue ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil.”
 – Jesus (Mateus, 5:25-26.)


O perdão ainda é a grande necessidade do ser humano. Famílias têm sofrido pela falta dele, lares sido desfeitos pela mágoa, por não perdoarem.

Há alguns dias pudemos conversar com uma jovem que, casada há cerca de 10 anos, ainda bem jovem, amando profundamente a seu marido, descobriu que ele cometera uma traição, tendo um caso com outra jovem. Isso a martirizou. Ele lhe contou porque não estava tendo paz. E pediu-lhe perdão. Foi um erro que cometera, deixando-se levar pela tentação, pois é à sua esposa que ele ama.

Ela ficou em extrema angústia. Foi uma decepção inesperada. Emagreceu 7 quilos em um mês. Não conseguia dormir. Sua grande dificuldade era pensar que ele não a amava mais. Mas o amor venceu. Conseguiram entender-se novamente.

Hoje mesmo, quando escrevemos estas linhas, lembramo-nos do fato, pois hoje ela retornou para conversar novamente conosco. Estava em paz e bem. Ela conseguiu perdoar. Ela, o marido e a família se encontram bem.

Isso é apenas uma situação. Quantas dores ocultas no mundo pelas escolhas inadequadas de tantos? Quantas lágrimas derramadas pela ignorância humana, que provoca crimes, deixando a muitos na miséria ou na orfandade?

São situações que ainda ocorrem no mundo, gerando sofrimentos inenarráveis.

No âmbito das reuniões mediúnicas, as obsessões graves têm em seu bojo espíritos que se julgam no direito de cobrar a justiça que escapou das mãos humanas, não tendo paciência de esperar pela divina, não sabedores de que o amor cobre uma multidão de pecados.

Vivem esses irmãos com a mente cristalizada no momento do fator gerador da ofensa. Encontram-se agrilhoados aos adversários do passado, que no presente, graças à reencarnação, já se encontram melhores, por terem evoluído recebendo a dádiva de nova existência em que podem reparar os débitos de antes, com o amor e a bondade.

Quando um espírito se liberta com o perdão das ofensas, grande é a emoção de quem participa dessas reuniões!

O perdão deveria ser sempre a opção para aquele que um dia se sentiu ofendido, até que chegue o almejado dia em que, como Gandhi, o ser humano não precisará mais perdoar, por não se sentir ofendido.

Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro Celeiro de Bênçãos, comenta que guardando mágoas, que na Terra são muitas, padeceremos sob imundícies e conduziremos fluidos deletérios. Se perdoarmos, porém, prosseguiremos em clima de renovação e em labor otimista.

Diz ela que para conseguir perdoar é preciso adestrar-se com exercícios contínuos.

Não descuidar de ler uma página mensageira de otimismo, capaz de produzir júbilo no mundo íntimo.

Reprimir observações menos dignas, as apreciações fúteis, as referências deprimentes e maliciosas.

Estimular a conversação edificante e, quando não possa fazer isso, reservar-se ao silêncio discreto, propiciatório a reflexões salutares.

Treinar a paciência, disciplinando a vontade e aprimorando a indulgência.

No Evangelho segundo o Espiritismo, o apóstolo Paulo comenta no capítulo X, item 15, que perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. “Perdoai, pois meus amigos”, diz ele. “Perdoai para que Deus vos perdoe.”

Há duas maneiras bem diferentes de perdoar, diz Paulo. O perdão dos lábios e o perdão do coração. O verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado... O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e inferioridade. Esquecer a ofensa. Não esquecer o fato. Quem tem memória boa não esquece o fato, mas quem tem um coração propenso ao perdão não se lembra da ofensa. Lembra-se do fato, mas isso não o incomoda.

Estamos sempre a nos repetir sobre o perdão e sobre a reconciliação, pois observamos que ainda hoje, dois mil anos passados dos ensinos de Jesus, esse ainda é dos maiores sofrimentos humanos e gera doenças. Hoje sabe-se que há cânceres provocados por mágoas, ressentimentos.

Hoje, que o Espiritismo ilumina a Terra em nome do mestre Jesus, é mais do que momento de quem conhece os ensinamentos espíritas libertar-se com o perdão. Perdoar sempre! Um dia não mais necessário isso será. A mágoa desaparecerá dos sentimentos à medida que o amor crescer.

Cultivemos o amor, o remédio para os nossos males! Quando amarmos o suficiente, não mais precisaremos perdoar, compreenderemos a ignorância de quem cometeu algum mal contra nós.

Pensemos como Jesus nos ensinou. Amemos um pouco mais.

Se alguém tem alguma coisa contra nós, busquemo-lo para a reconciliação. Pelo menos tentemos. Evitemos de ser causa de sofrimentos para alguém. Sejamos aquele que ama e pacifica.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita