Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Para o meu pai

 

Uma ocasião,

meu pai pintou a casa toda

de alaranjado brilhante.

Por muito tempo

moramos numa casa,

como ele mesmo dizia,

constantemente amanhecendo. Adélia Prado

 

Sou a terceira filha do meu pai, um paraibano que vive desde 1968 no Paraná, onde eu nasci. Ele tem 80 anos e com muita saúde e otimismo, apesar das dolorosas perdas que experimentou.

Como meu pai, acredito que família é nossa primeira referência de convivência. Também por isso, o pai (como a mãe) é figura muito importante na vida de uma criança.

Quem duvidaria que filho pequeno precisa de braço forte de pai para protegê-lo e lhe mostrar o mundo? Considero que Rubem Alves tem razão quando explica que “pai é alguém que, por causa de um filho, tem sua vida mudada de forma inexorável”.

Pequena, eu sentia que tudo meu pai fazia para nos dar conforto e proteção. Nossa casa, tão singela, era ninho seguro, e sempre tivemos pão e direito à educação.

Nas situações difíceis dos meus irmãos (ou nas minhas), para o meu pai bem cabia a confissão de Adélia Prado: “pior inferno é ver um filho sofrer sem poder ficar no lugar dele”.  E quando meu irmão morreu, vi meu pai devastado, mas sem negar a sua cruz, pouco a pouco ciente de que a dura sensação da perda de um filho querido jamais o abandonaria, e como se fosse uma segunda capa.

Para o meu pai o Dia dos Pais é importante. Não para ganhar presente. Isso ele sabe que é invenção da sociedade de consumo. Ele gosta de receber uma ligação dos filhos, cada um de nós lhe contar o que considera no momento relevante, dedicando-lhe instante de amor e de gratidão.

Ligarei para o meu pai hoje no fim do dia. Ele está no Nordeste, passando uns dias no seu estado, a Paraíba. Eu lhe darei minha bênção, receberei a sua, sem esquecer o que dele escutei a vida inteira e que é muito verdadeiro: “tão bom nascer e ser filho de pais responsáveis”.


Notinha

Como surgiu o Dia dos Pais no Brasil? No País, a data foi comemorada pela primeira vez em 16 de agosto de 1953. Criada pelo publicitário Sylvio Bhering, na época diretor do jornal O Globo e da rádio homônima, o objetivo do “Dia do Pai” era tanto para reconhecimento da figura paterna, quanto para atrair anunciantes e alavancar as vendas no país. Como a população era constituída principalmente por católicos, a ideia da data foi escolhida justamente para coincidir com o dia de São Joaquim, considerado o patriarca da família, por ser pai da Virgem Maria e avô de Jesus. Anos depois, por motivos comerciais, foi decidido que a comemoração seria no segundo domingo do mês de agosto. A mudança aconteceu porque o Dia das Mães é comemorado no segundo domingo de maio, mas há também quem argumente que o motivo principal era para que a data fosse celebrada sempre aos domingos, dia em que a maioria dos pais está de folga, permitindo que a família se reunisse e festejasse por mais tempo esse momento especial. E assim permanece até hoje.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita