Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Perder o animal de estimação


A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano
. Jean Piaget

 

Adotamos um animal de estimação e simplesmente o consideramos um membro da família. A relação entre donos e seus animais é tão forte que a perda de um cachorro, por exemplo, pode gerar forte impacto emocional.

A convivência habitual com um gato, um cão, um porquinho-da-índia implica regras na rotina da casa e também para as pessoas, pois esses bichos amorosos exigem cuidados de higiene e saúde, fatores que demandam atenção e tempo de quem cuida/convive com seu animal.

Perder um animal de estimação invariavelmente gera dor, sensação de desamparo, tristeza. Lembro-me do meu primeiro cachorro, a quem eu dediquei afeto, carinho, uma sucessão de invencionices e brincadeiras. Quando ele morreu, sofri bastante, e levei tempo para me sentir realmente consolada. O apoio dos meus pais e o respeito pela minha perda, a saudade que eu sentia do meu companheiro de brincadeiras, ajudou-me a vivenciar o luto e seguir em frente, vivenciando, na infância, meu primeiro contato com a morte de um ser querido…

Sem dúvida, no caso de criança que perde o gato ou o cão amigo, dor e tristeza surgem e isso deve ser levado em consideração e apoiado.

Como aconteceu comigo, muitas vezes a perda do animal é o primeiro contato da criança com a morte e a situação pode dar à criança uma primeira lição a respeito da morte. No entanto, é imprescindível deixar claro que ela não teve culpa nenhuma no fato.

Peça à criança fazer um desenho e, se ela quiser, permita que ela diga adeus ao animalzinho. Essa atitude a confortará.

Momento familiar de aprendizagem mútuo, o evento dá base à criança para experiências futuras relacionadas à perda. Ainda, seja qual for o motivo da morte do animal de estimação, a dor e a tristeza de quem sofre devem ser respeitadas.

Evite adotar em seguida outro animal, pois a criança tem que entender que nenhum animal é substituível e que, no momento certo, ela terá outro bichinho.

1- Se o animalzinho está velhinho/doente, converse com seu filho antes que ele morra e de forma a lhe dar a chance de despedir-se.

2- Se o animal morrer de repente, explique o que aconteceu de forma simples, permitindo que seu filho faça perguntas.

3- Seja sincero com a criança. Ou seja, não invente histórias, nem minta para a criança dizendo ”Rex fugiu”, “Rex viajou”. É a sinceridade que mantém a confiança entre pais e filhos.

4- Pergunte ao seu filho se ele gostaria de realizar uma cerimônia para o animal de estimação – plantar uma árvore ou uma flor em sua homenagem, por exemplo, pois isso alivia a dor e impulsiona o processo do luto.

5- Não compense a situação com outro animal de estimação. É importante passar pelo processo de luto e adotar outro animal apenas quando for a hora para isso.

6- Qual é o momento ideal para a criança ter outro bichinho? Após uns 6 meses da morte, pergunte a ela se gostaria de ter outro amiguinho. Depois de um certo tempo, a criança vai entender que cada animalzinho é único e todos farão parte das boas memórias, segundo os momentos felizes que passaram juntos.


Notinha

As crianças descrevem a perda de seu animal de estimação como um dos momentos mais dolorosos que elas lembram. Contudo, elas são capazes de racionalizar a morte de seu companheiro animal de forma eficaz e através da inteligência emocional. Além disso, a experiência de conviver na infância com um cão, por exemplo, é muito enriquecedora para a criança. 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita