Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Frustrar-se para crescer

 

Não posso esperar que algo mude lá fora na vida social se eu mesmo não me puser em movimento. Rudolf Steiner

 

Para a criança crescer e se tornar uma pessoa criativa, feliz, e não alguém continuamente insatisfeito,  é imprescindível, no dia a dia, ela experimentar situações de “sim” e situações de “não”.

não faz parte também do cenário da infância. Com pequenas doses de frustração, o filho, no contexto diverso de seu desenvolvimento, aprende pouco a pouco a lidar com as dificuldades e a superar os problemas. 

Na festa de aniversário, a mãe chama o filho e diz: “É hora de ir embora”. O meninozinho entristece, lamenta, mas obedece à mãe… Na loja, o pai explica à filha: “Não vou comprar brinquedo”. Ela se frustra, mas entende que a decisão do pai está tomada.

Pessoas que na infância  não passaram por situações frustrantes, terão resistência para aceitar o não do professor no ensino médio, o não do chefe no estágio da faculdade, o não de amigos… Serão adultos largamente egoístas, com mais inclinação a quadros de desânimo, de letargia, de negligência, por exemplo…

Digo sempre a quem educa um filho ou uma filha: tentar poupar a criança de experimentar a frustração só vai prejudicá-la.

Querer não é errado. No entanto, nem sempre é possível ter o que queremos e, por isso, é fundamental aprender a controlar o desejo e as reações frente aos impulsos. Em casa, por exemplo, em determinados dias, a criança vai querer almoçar correndo para ganhar a sobremesa – o sorvete de chocolate. No entanto, ajude a criança a ser um indivíduo paciente, ensinando que ela deverá esperar todos terminarem o jantar para saborear a sobremesa…

Há pais que infelizmente confundem felicidade com satisfação de desejos. As crianças precisam experimentar impossibilidades, passar por situações frustrantes, pois, mais tarde, conseguirão enfrentar a vida com perseverança,  reconhecendo também as pequenas coisas importantes de cada dia.

Para o bem da criança é preciso assumir: dizer não ao filho o motivará a ser uma pessoa resiliente, compreensiva e em consequência (mais) feliz.

Notinha

Resiliência, em termos simples, diz respeito a uma habilidade adquirida que o indivíduo apresenta diante de circunstâncias adversas situacionais. Cf. Goleman D., Gurin J. Equilíbrio mente/corpo: como usar sua mente para uma saúde melhor. RJ: Campus, 1997. 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita