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por Altamirando Carneiro

  
Os talentos e sua utilização


Quando Jesus disse que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que o rico entrar no reino dos céus, ele não quis desacreditar os possuidores de fortuna. Na verdade, o Mestre quis mostrar que, estando mais sujeito às tentações que o poder do dinheiro oferece, o rico dispõe, mais do que o pobre, dos meios de fazer o bem, só que muitos não fazem.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo - FEB, tradução de Guillon Ribeiro, Não se pode servir a Deus e a Mamon -, há a seguinte nota de rodapé sobre a palavra "camelo": "Esta arrojada figura pode parecer um pouco forçada, pois que não se percebe que relação possa existir entre um camelo e uma agulha. Acontece, no entanto, que, em hebreu, a mesma palavra serve para designar um camelo e um cabo. Na tradução, deram-lhe o primeiro desses significados; mas é provável que Jesus a tenha empregado com a outra significação. É, pelo menos, mais natural".

Quanto ao pobre, ou o que nada tem de seu, ou o que vive na miséria e na penúria, dá-se o inverso do que ocorre com o rico. Este é sempre levado a excessos e, ao pobre, restam as lamúrias, lamentações e até impropérios contra Deus.

Todas as provas são difíceis, verdadeiros testes. Cabe ao homem, através do seu livre-arbítrio, sair-se bem delas. Analisando mais detalhadamente a prova da riqueza, que desperta, muitas vezes, inveja aos que pouco ou nada têm, diz O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo citado, item: A verdadeira propriedade: "O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir, goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então que ele possui? Nada que é do uso do corpo; tudo o que é do uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais..."

Logo se vê que é uma infantilidade muito grande a do homem que amealha fortuna ilicitamente, que quer sempre mais e mais, que vive de se esnobar pelo que possui. Por outro lado, infantil também é aquele que, por nada ter, não se conforma com a sua situação e até lança mão de meios escusos, para conseguir posses materiais.

Ainda no capítulo XVI de O Evangelho segundo o Espiritismo, a parábola dos talentos mostra-nos como devemos proceder, no aproveitamento dos dons que Deus nos confiou, não agindo como o servo que recebeu o talento e o enterrou, mas como o que recebeu cinco talentos e o outro que recebeu dois talentos e multiplicaram o dinheiro recebido.

Ricos e pobres, façamos bom uso dos talentos recebidos de Deus. E seremos recebidos na Espiritualidade com honras e glórias, que possibilitarão voos cada vez mais altos ao nosso Espírito, na sua caminhada evolutiva.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita