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Editorial
Ano 1 - N° 41 - 3 de Fevereiro de 2008
 

A religião do Espiritismo
 

O Espiritismo é ou não uma religião? Questão aberta para alguns espíritas, especialmente os de fora do Brasil, saber se o Espiritismo é religião é mais que uma definição de postura diante da Doutrina, é uma questão de sobrevivência e difusão do Espiritismo no Mundo. Para muitos espíritas, é ponto pacífico: o Espiritismo é, sim, religião. A própria obra kardequiana o define como tal de forma inequívoca.

Kardec, em seu discurso “O Espiritismo é uma religião?”, publicado na Revista Espírita de dezembro de 1868, perguntou: “o Espiritismo é uma religião?” E respondeu: “Ora, sim, sem dúvida, senhores”. E em seguida indagou: “Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião?” Ou seja, por que, antes, declarara que o Espiritismo não é uma religião? E ele mesmo esclareceu: “Porque não há uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem.”

Em seguida, descreveu qual é “o Credo, a religião do Espiritismo”:

“Crer num Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na pré-existência da alma como única justificação do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento moral e felicidade crescente com a perfeição; na equitável remuneração intelectual; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na do bem e do mal, conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada pela imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna; aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam e não violentar a consciência de ninguém; ver enfim nas descobertas da ciência a revelação das leis da natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus.”

Isto posto, basta analisar cada item da Doutrina Espírita para concluir que a maior parte deles, como matéria de crença, não é objeto da ciência ou da filosofia. A ciência espírita revela, sim, alguns desses aspectos, mas não tem nada a dizer sobre sua feição de credo. O mesmo se dá em relação à filosofia. Ela pode discorrer sobre sistemas morais, mas nada tem a concluir a respeito da ética cristã, baseada na justiça e bondade de Deus e na regra de ouro do “fazer aos outros o que se quer que se faça a si mesmo”, ou, de outra forma, do preceito de que “fora da caridade não há salvação”.

Não é preciso dizer que ciência e filosofia nada têm a dizer sobre o princípio sobre o qual toda a Doutrina foi erigida, assim como o próprio Livro dos Espíritos: a existência de Deus. Kardec, no discurso citado, está se referindo ao poder emanado da união de pensamentos com objetivos comuns, e que a religião nada mais é, segundo ele, em seu sentido filosófico, que comunhão de pensamentos: “Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças.”

Dissemos que considerar o Espiritismo uma religião pode ser crucial para sua sobrevivência e propagação porque na atualidade muitas pessoas associam Religião às religiões conhecidas e sua lamentável história secular. O chamado Espiritismo laico tem nesse fato sua única base. Na Europa, por exemplo, existe uma verdadeira aversão a tudo que diga respeito à religião, em especial às religiões cristãs, em virtude dos séculos de dominação e comprometimento com o Poder, os desmandos, as perseguições em nome da fé, os abusos em nome de Deus e seu acumpliciamento com os déspotas e exploradores do povo. Desse modo, associar o Espiritismo à religião equivaleria, na concepção de alguns, a condená-lo ao abandono.

Herculano Pires, no entanto, disse certa vez que, mesmo que Kardec não tivesse feito o discurso a que nos referimos, bastaria repassar os fundamentos do Espiritismo para caracterizá-lo como religião e não só como ciência e filosofia. Assim, ainda que desconsiderássemos a opinião de Kardec, de Léon Denis, de Emmanuel, de Bezerra de Menezes, de Carlos Imbassahy, de Chico Xavier, de Joanna de Ângelis e tantos outros vultos do Espiritismo, é suficiente analisar os fundamentos da Doutrina para enxergar nela uma feição religiosa.

A propósito, não podemos esquecer que Carlos Imbassahy, um dos mais argutos pensadores espíritas,  escreveu toda uma obra - Religião - exatamente para provar que o Espiritismo é, sim, religião, embora destituído da pompa, do sacerdócio, dos rituais e de tudo o mais que tradicionalmente associamos a essa palavra.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita