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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 31 - 16 de Novembro de 2007

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniamva@yahoo.com.br 
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Elogio a Francisco,
“o pobrezinho de Assis”

Francisco de Assis, fonte bendita e inspiradora, ilumina um itinerário que nos põe em crise, nos emociona, dá evocações e pode orientar um método para o desenvolvimento da fraternidade, à medida que se opôs, como um singular revolucionário, às desigualdades do seu tempo, ambientado pelo mundo feudal falido e pela nascente da burguesia, do capital materializado.

Leonardo Boff nos diz que, diante da sua preocupação pelos infiéis sarracenos, “Francisco de Assis toma parte em uma das cruzadas. E fica escandalizado ao perceber que os cruzados, em vez de combaterem os muçulmanos sarracenos, brigam entre si e se matam, alemães contra franceses, lombardos contra sicilianos. Ele fica desesperado e tenta atravessar as fronteiras. Prendem-no e levam-no diretamente ao sultão Melekel-Kamel. Francisco tem um diálogo com o sultão, de grande doçura, beleza e pacificação. O sultão, emocionado, diz: ‘De ora em diante, Francisco e seus filhos poderão freqüentar todos os lugares santos da Palestina.’” (1)

Francisco, o ser humano aberto, inteiramente disponível à partilha. Com isso, na alegação de Boff, Francisco foi capaz de reconhecer no sultão do Egito não o muçulmano e, por isso, o adversário, mas o ser humano e irmão, porque a sua revolução foi vivenciar com o coração a fraternidade universal, segundo o descrito em Mateus (23:8), onde Jesus diz: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é vosso Mestre, e todos vós sois irmãos”.   

O padre Antônio Vieira no seu Sermão sobre as Chagas de Francisco dizia: “Despi a Francisco e vereis a Cristo, vesti a Cristo e vereis a Francisco. Francisco é a segunda estampa de Cristo”. (2) Francisco caminhou a passos tão amorosamente apressados que adentrou a esfera do Cristo...

Há outra dimensão de Francisco que nos toca a alma, como um poema bucólico: a conexão de Francisco com a Terra Mãe, que os gregos diziam Gaia, organismo vivo. Sua atitude desapegada e respeitosa pela teia da vida, deslumbrado com uma plantinha, o “irmão rio”, um bando de passarinhos em revoada... Ah!, irmão Sol, “que clareia o dia e com sua luz nos ilumina” (3).

Com essa alegre convivência, Francisco agregou ao seu Ser a ventura da relação amorosa e humilde com a escuta da terra, do céu, das plantas, dos animais, dos filhos e das filhas de Deus consoante um seminal encontro com todos os seres que habitam a mesma Terra − nosso ethos, nossa morada...

Mas há uma categoria em Francisco que faz estremecer o coração: a pobreza de Francisco, que ensina que quanto mais uma pessoa dá, mais humanidade ela tem e, por isso, mais compassiva se torna, pois desenvolve a competência de sentir com o outro, solidarizando-se.

A vida de Francisco é a da grandeza de alma. Ele tornou-se santo à medida que entendeu que a santidade não é privilégio, mas responsabilidade e conquista – conquista do processo da travessia das sombras e da florescência do amor e de todas as demais virtudes, que não temem o diálogo e a concórdia... Profundamente servo, genuinamente livre, poeta da natureza, irmão dos seus irmãos, sublime instrumento da paz.

Vasta é a vida e bendita é a vida, diria Francisco. Não vá por aí, cantaria ele, movido por sua assistência desinteressada. Segue o coração, pois nele dorme o seu tesouro. Desperta! Olha o Sol e agradece a irmã Lua, um presente da Criação. Confia, pois há sem cessar oportunidade para o perdão. Estala o coração endurecido, pois o amor é semente que quer germinar e curar tudo que sofre; então, serve a Deus, serve à luz que reside no seu Ser à espera de um futuro girassol.

Ah, Francisco!, como nos esclareceu o Consolador Prometido, cedo ou tarde, fatalmente aprenderemos com o nosso coração aceso a rogar o seu pedido:

Grande Artífice da Verdade!

...aqui estamos nesta casa do teu coração,

como sermos penitentes em busca da perfeição,

e queremos encontrar os meios,

que nos fogem da razão.

E em paz, como tu, rogaremos: “Abençoa-nos todos, os nossos familiares, a humanidade inteira, os pássaros, os peixes, os animais e a Terra em que vivemos." (4)

Bibliografia:

(1) LELOUP, Jean-Yves, BOFF, Leonardo. Terapeutas do deserto: de Fílon de Alexandria e Francisco de Assis a Graf Dürckheim. Lise M. Alves de Lima (Org.). Tradução Pierre Weil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997, p. 71.

(2) VIEIRA, Padre Antônio. Sermão das Chagas de São Francisco.

(3) ASSIS, Francisco de. Cântico do Irmão Sol (também conhecido como Cântico das CriaturasLaudes Criaturarum).

(4) Idem. Pedimos-te.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita