O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita 

 


BIOGRAFIAS


Lins de Vasconcellos
1891- 1952

Artur Lins de Vasconcellos Lopes foi expressiva figura do Espiritismo brasileiro.

Franco e combativo, jovial e sereno, sincero e leal, bom e caridoso fazia dessas virtudes uma coisa rotineira em sua vida de relação, sem jamais ostentá-la no convívio com seus companheiros de ideal.

Foi presidente da Coligação Nacional Pró-Estado Leigo, instituição republicana fundada em 17 de maio de 1931, a qual desenvolveu ingente trabalho em favor da separação entre a Igreja e o Estado, principalmente por ocasião dos trabalhos constituintes que culminaram com a promulgação da nova Constituição Brasileira, no ano de 1946, tendo enviado numerosas ações cívicas de grande profundidade nos anos subsequentes.

O esforço de Lins de Vasconcellos em favor do congraçamento dos espíritas do Brasil foi dos mais salientes, contribuindo de forma decisiva para o advento do Pacto Áureo de unificação dos espíritas do Brasil, no dia 5 de outubro de 1949. A ele se deve apreciável parcela dos trabalhos encetados nos anos de 1947 a 1952, em favor de um maior entrelaçamento entre os espíritas em nosso país.

Do jornal Mundo Espírita' que se edita em Curitiba, extraímos os seguintes dados biográficos desse grande vulto do Espiritismo brasileiro:

A batalha travada por Lins de Vasconcellos foi ingente, árdua e heroica.

Nascido numa região áspera, princípio geográfico da caatinga, entre Paraíba e Pernambuco, era natural que Artur Lins trouxesse no Espírito a agressividade do berço agreste. Lutando, todavia, contra o meio, aprimorando qualidades, resistindo aos meios desonestos de ganho, foi abrindo um caminho limpo para a vida. Ainda na adolescência, Lins deixou a Paraíba para residir no Rio de Janeiro. Na antiga Capital Federal a demora foi curta.

Imaturo, com aquela ânsia de aventuras próprias da idade, e também ávido de conhecimento, Lins partiu para o sul do país, fixando-se em Curitiba. Constituiu família; formou-se em agronomia; fez concurso para cartorário. Sua vida seguiu firme. Tornou-se espírita, integrando-se totalmente na doutrina. Em 1926 houve grave incidente entre o governo do Estado e elementos liberais, por questões religiosas. É que o governo estadual, sem autorização da Assembleia, presenteara terrenos e dinheiro do patrimônio público ao clero. Pequeno número de cidadãos protestou contra o ato indébito do governo. Entre eles estava Lins de Vasconcelos. Este defendeu, de forma corajosa, perante o governo, que os princípios tutelares da democracia são inderrogáveis ainda ao arbítrio dos governadores. Aquela posição destemida de Lins na questão dos bispados acarretou-lhe demissão do cargo. Vencera o fanatismo religioso; sobrepunha-se a intolerância ao direito intangível de um democrata. E sobrava razão a Lins: o governo não podia dar ao clero, de mão beijada, terrenos e dinheiro do Estado.

Uma vez demitido, Lins não se deixou abater pela sanha intolerante. Colocou suas energias na indústria. Venceu. Tornou-se milionário. Mas o dinheiro que amealhava facilmente como ele próprio dizia
era um depósito que lhe fazia Deus para a distribuição aos pobres, através do Espiritismo. Fez-se banqueiro dos desafortunados!

Era simples e sem vaidades. O que mais se admirava em Artur era o triunfo do seu Espírito sobre uma das mais terríveis provas a que uma criatura pode submeter-se: a riqueza! Rico, mais do que rico, opulento, Lins de Vasconcellos venceu galhardamente o fascínio do ouro, esmagou o poderio que a fortuna traz, afogou no nascedouro os gozos efêmeros que o dinheiro carreia. A moeda que lhe vinha dos negócios era destinada a  creches, a orfanatos, a albergues, a sanatórios, a escolas, a revistas e a jornais doutrinários.

Há lindos lances de puro Cristianismo na vida de Artur Lins de Vasconcellos, mas relatá-los seria, por certo ferir a humildade do nosso querido irmão desencarnado. Basta chamar-lhe: Banqueiro dos Pobres! É um título magnificente que milhões e milhões de desencarnados gostariam de possuir. Artur Lins de Vasconcellos obteve esse título em vida, abençoado por milhares de bocas!

Lins de Vasconcellos não se empolgou com seus sucessos mundanos. Fez, isso sim, da riqueza material, instrumento para a realização do Bem. Foi bom, vestindo os desnudos, dando de comer aos esfomeados, instrução e educação aos que dessa assistência precisavam.

Tendo desencarnado em S. Paulo, seu corpo foi para Curitiba
cidade que tanto amou − e em cujo solo desejava que sua matéria repousasse no dia que o Pai o chamasse. Seu pedido foi satisfeito. Assim, no Jardim em frente ao Pavilhão Administrativo do Sanatório Bom Retiro, no bairro do Pilarzinho, em Curitiba, encimado por uma pedra simples, mas que revela bom gosto, na qual há uma placa de bronze com expressiva inscrição, foi inumado o corpo do querido companheiro de ideal espírita, aquele que tantas lutas sustentou ante a incompreensão dos homens, para que a Doutrina dos Espíritos demonstrasse ser capaz de transformar as criaturas desajustadas em seres com capacidade para amar o próximo, assim como Jesus nos amou.

A Federação Espírita do Paraná, que tantos benefícios recebeu de Lins de Vasconcellos, prestou-lhe ultimamente significativa homenagem, dando seu respeitável e inesquecível nome ao educandário que naquele bairro mantém, no momento, funcionando com o curso ginasial, o Instituto 'Lins de Vasconcellos'
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