O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita 

 


BIBLIOTECA VIRTUAL

                       


Para visualização da maioria dos livros é necessário o aplica-tivo Adobe Acrobat Reader.


Em cumprimento a Lei 9.610 de 19/02/98 sobre direitos au-torais, alguns dos livros são oferecidos para uso exclusivo de deficientes visuais. Contamos com sua compreensão.


Chico Xavier - Coleção Completa
Obras do n° 101 ao 110


IDÉIAS E ILUSTRAÇÕES

Espírito: Diversos
Livro - 101 / Ano - 1970 / Editora - FEB

 

Lembrança
A todos vós, caros leitores, que solicitastes dos amigos domiciliados, além da Terra, páginas de motivação e de esperança; que buscais, junto deles, pensamentos e palavras para vossas conversações; que esperais deles sugestões e apoio verbal para vossos entendimentos nos cursos domésticos de evangelização; e que requisitais desses mesmos companheiros desencarnados, com tanto carinho e confiança, mensagens e avisos de consolação e de amor, oferecemos, em nome deles, com respeitoso agradecimento, este despretensioso volume de trechos antológicos, em forma de idéias e ilustrações.

Emmanuel
(Uberaba, 1 de janeiro de 1970)

 


PAZ E RENOVAÇÃO
Espírito: Diversos
Livro - 102 / Ano - 1970 / Editora - CEC

Renovação
Ante os conflitos mentais com que somos defrontados, habituamo-nos a falar em desobsessão, liberação, cura espiritual, sedação, socorro magnético e, efetivamente, é impossível negar o valor dessas formas de auxílio.
Cabe-nos, porém, reconhecer que a renovação íntima é o fator básico de todo reequilíbrio nesse sentido.
Daí procede, leitor amigo, a organização deste volume despretensioso, englobando avisos, apelos, comentários e lembretes de irmãos para irmãos, no propósito de estudarmos juntos as nossas próprias necessidades.
Compreendamos que atuar no rendimento do bem de todos; projetar a luz da instrução sobre os labirintos da ignorância; efetuar o próprio burilamento; promover iniciativas de solidariedade; praticar a abnegação e realizar o melhor que possamos fazer de nós, onde estejamos, são alguns dos programas de ação que a todos nós compete.
Por isso mesmo, todos aqueles companheiros da Humanidade que não mais desejam: zelar pela própria apresentação; aprender uma lição nova; multiplicar os interesses de viver; acentuar estudos para discenir com mais segurança; partilhar campanhas de educação e beneficência; aperfeiçoar-se na profissão; prestar serviço ao próximo; adaptar-se a novidades construtivas; acompanhar o progresso; aprimorar expressões e maneiras; alterar idéias e emoções; ler um livro recente; adquirir mais cultura; recomeçar um empreendimento que o fracasso esmagou; aumentar o número das afeições; sofrer complicações em favor dos amigos; criar novos recursos de atividade edificante, em torno de si mesmo; todos aqueles, enfim, que desistiram de qualquer transformação na própria senda, renunciando no dever de melhorar-se, mais e sempre, se fazem menos permeáveis ao apoio curativo ou libertador, seja com a intervenção da Ciência ou com o amparo da Religião.
Este livro é, desse modo, um convite a que nos desagarremos das sombras do desânimo ou da inércia, onde surjam, para nos colocarmos todos no encalço dar realidades do Espírito, em nós mesmos, recordando a advertência do Mestre Inolvidável: "conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres".
E estejamos convencidos de que marchar para a verdade será sempre transitar para diante nos caminhos do burilamento e do trabalho, da renovação e da luz.

Emmanuel
(Uberaba, 20 de janeiro de 1994)

 


VIDA E SEXO
Espírito: Emmanuel
Livro - 103 / Ano - 1970 / Editora - FEB

Que os problemas do sexo agitam atualmente vastos setores da vida humana, é incontestável.
De que forma, porém, as teses do sexo são tratadas do Plano Espiritual para o Plano Terrestre?
Semelhante indagação, repetidamente endereçada a nós outros – pequenos servidores desencarnados –, motivou a formação do despretensioso volume que oferecemos aqui aos leitores amigos. Com ele, não disputamos qualquer posição nova, ante os devotados lidadores da psicologia moderna que hoje esquadrinham os meandros da alma humana, para benefício da saúde mental da comunidade. Com as nossas ligeiras páginas, tão-somente desenvolvemos conceitos formulados na Codificação Kardequiana, para demonstrar que as proposições, ao redor do sexo, apaixonadamente focalizadas, na atualidade da Terra, foram objeto de criteriosas anotações do Mundo Espiritual, no século passado, na previsão dos choques de opinião, em matéria afetiva, que a Humanidade de agora enfrenta. 
Nada mais realizamos que reformular o pensamento e a definição dos Mensageiros Benevolentes e Sábios que orientaram Allan Kardec, nos primordios da Doutrina Espírita, em sua função de Consolador prometido ao mundo pelo Cristo de Deus. 
E para não nos delongarmos em considerações desnecessárias, concluiremos que, em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas
normas seguintes:
Não proibição, mas educação. 
Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. 
Não indisciplina, mas controle. 
Não impulso livre, mas responsabilidade. 
Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. 
Sem isso, será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à consciência de cada um. 

Emmanuel
(Pedro Leopoldo, 5 de junho de 1970)

 


MAIS LUZ
Espírito: Batuíra
Livro - 104 / Ano - 1970 / Editora - GEEM

Empenhado no auxílio aos irmãos de ideal, Batuíra - o apóstolo da Doutrina Espírita, credor de nossa admiração e respeito - escreveu este livro, dedicado especialmente aos lidadores da seara da verdade e da luz a que se consagrou na Terra.
Constituído de ensinamentos e anotações, advertências e lembretes vinculados à Nossa Revelação, este volume é o próprio coração do companheiro que fala, orientando a jornada daqueles que procuram no Cristianismo Redivivo as auras renovadoras da imortalidade e da esperança.
Em razão disso, as páginas aqui enfeixadas se erguem, à feição de marcos fulgurantes, indicando o rumo da felicidade e da libertação espiritual.
Entregamo-las, assim, ao leitor amigo, como quem transmite um sagrado depósito, não só porque Batuíra se nos levante na alma por amigo benemérito a quem muito devemos, mas também porque a sua mensagem é um cântico de amor que nos convida à construção do bem, como a dizer-nos, de capítulo a capítulo, que mais trabalho significa sempre mais luz..
Aprendamos, pois, com o missionário da caridade, as lições salvadoras de que se faz mensageiro e, agradecendo-lhe a dádiva luminosa, rogue ao Senhor nos sustente e nos abençoe.

Emmanuel
(Uberaba, 4 de julho de 1970)

 


CORREIO FRATERNO
Espírito: Diversos
Livro - 105 / Ano - 1970 / Editora - FEB

Caixa Postal
Da passagem do tempo, este livro despretensioso surge à feição de caixa postal no correio fraterno da Espiritualidade.
Escritas nas mais diferentes ocasiões, aqui se reúnem mensagens de esperança e consolo, instrução e paz, com indicação seguram e rumo certo.
Apelos à mocidade.
Avisos à madureza.
Apontamentos dedicados a grupos de serviço.
Anotações para o lar.
Temas de reconforto.
Convites ao bom ânimo.
Pensamentos de apoio.
Exortações à coragem.
Diretrizes de elevação.
Roteiros de atividade.
Palavras de fé.
Notícias da Vida Maior.
Textos de Alegria.
Missivas de entendimento.
Idéias calmantes.
Conclusões renovadoras.
Legenda socorreu.
Oferecendo estas páginas aos leitores amigos, com endereço exato - já que alimentamos a aspiração de distribuí-las com os irmãos de boa-vontade -, formulamos votos para que o nosso correio de fraternidade possa converter-se, para nós, os companheiros desencarnados, numa bênção de trabalho, a expressar-se, na Seara do Cristo de Deus, em boas-novas de amor e luz.

Emmanuel
(Uberaba, 22 de setembro de 1970)

 


TROVAS DO MAIS ALÉM
Espírito: Diversos
Livro - 106 / Ano - 1971 / Editora -
CEC

Voltam e Cantam

E... os trovadores também voltam do Mais Além e voltam para cantar a Vida, em novos temas à frente de horizontes mais vastos.

Nas construções da Espiritualidade, em que os artífices do Bem ampliam as visões e concepções da cultura e da ciência, da filosofia e da religião, eles se erigem à condição de menestréis e obreiros do amor e da beleza, da esperança e da paz, concitando-nos à compreensão do Mundo Maior.

Por isso mesmo, no limiar deste livro, contemplamo-los, à feição de Mensageiros da Harmonia Celeste, brindando-se com hinos e bênçãos de  inapreciável grandeza na simplicidade com que se nos revelam.

Emocionados, assim, diante das mensagens de elevação e entendimento, imortalidade e ternura humana com que nos convidam para o Mais Alto, agradeçamos a todos eles as canções e ensinamentos com que nos estimulam na caminhada para Deus, entre as fulgurações da Verdade e as melodias da Luz.

Emmanuel
(Uberaba, 15 de Janeiro de 1971)

 


BENÇÃO DE PAZ
Espírito: Emmanuel
Livro - 107 / Ano - 1971 / Editora - GEEM

Prece de Limiar

Senhor Jesus!
Laureada pelos avanços da inteligência, a Terra se engalana nos cimos da evolução... A Ciência investiga a alcança as entranhas do mundo físico e os escaninhos do mundo mental.
Estudos, pesquisas, experiências e descobertas desnudam a vida planetária e propõem soluções justas aos problemas da forma; entretanto, Senhor, na retaguarda dessa legião de brilhantes valores do cérebro arrasta-se o comboio das necessidades espirituais.
Do campo de trabalho em que se agitam os militantes menores da renovação falamos nós também, invocando-te a bênção, porque necessitamos da máquina e do cálculo que nos descansem os braços, mas precisamos igualmente, e mais ainda, do equilíbrio e da paz que nos asserenem os corações.
Em tudo te reconhecemos a mão bendita, orientando-nos para o bem.
Sob a tua proteção conseguimos vasculhar ingredientes da Lua, no entanto te rogamos auxílio a fim de aprendermos contigo a atingir o coração de nossos vizinhos; com a tua bondade, que nos deseja a isenção do sofrimento, temos o socorro da anestesia para atravessar a esfogueada parte da enfermidade, mas te suplicamos apoio a fim de que saibamos perdoar e esquecer todo mal, liberando-nos da dolorosa penalogia da culpa; com a tua supervisão encontramos recursos para transmitir a voz e a imagem a longas distâncias, todavia te imploramos força para criar o pensamento e a palavra edificantes que nos assegurem a felicidade e a paz, uns com os outros; com a tua direção dominamos largas faixas de energias da Natureza, no entanto te solicitamos amparo a fim de que não venhamos a utilizá-las em louvor do ódio e do egoísmo, e sim para a maior extensão do teu reino de harmonia e de amor entre as criaturas. Senhor, deixa-nos escutar-te ainda o verbo que vara a muralha dos séculos e ensina-nos a discernir o bem do mal, para que o mal não nos arrase os tesouros da vida e do tempo. Tão-somente contigo encontraremos a estrada de nossa própria libertação, nos cipoais fulgurantes da frase trajada em louros de superfície com que se pretende hoje, em muitos setores da Terra, afundar-nos o coração nas trevas do materialismo destruidor.
É por isso que oramos, no limiar deste livro , rogando-te inspiração e luz para o necessário entendimento de teus ensinos, e assim procedemos, Senhor Jesus, porque todos nós, os filhos da Terra, precisamos de ti.

Emmanuel
(Uberaba, 26 de fevereiro de 1971)

 


MÃE
Espírito: Diversos
Livro 108 / Ano - 1971 / Editora - CLARIM

O Cravo-Branco de Anna Jarvis
“Ela disse, com terrível amargura, que lamentava ter criado o Dia das mães”.
Quando as pessoas leram essa frase impressa, deixaram o jornal cair-lhes das mãos. Quedaram num silêncio de reprovação ou de perplexidade que, nem por isso, diminui o impacto da acusação lançada à face do “way of life" do mundo ocidental. A declaração foi prestada à imprensa americana por um jornalista que, a pretexto de entregar uma encomenda, conseguiu ser o último repórter a entrevistar Anna Jarvis. Foi nas vésperas de um Dia das Mães, maio entrava triunfante, saltando no trampolim da primavera, o céu azul, disparando canções de vento e nuvem. Entretanto, no interior da casa cercada de árvores trêmulas, na Rua 12 Norte, em Filadélfia, havia penumbra, um ar de outono estagnado, as horas pingando de um velho relógio, em fonte de desalento.
- Antes não o tivesse feito! Lamento ter criado o Dia das Mães!
Não muito tempo se passou e, exausta, organizaste, Anna Jarvis era levada para o Sanatório da Praça Marshal, na cidade de West Chester, Estado da Pensilvânia.
Morreu ali!
Sua cabeça pendeu sobre o travesseiro, cravo-branco ferido, que murchou e morreu, impotente aos revérberos ferozes de milhares de sóis em dólar-ouro.
Dezenas de mensagens têm chegado, pelas fontes mediúnicas, dizendo aos espíritas que é preciso dar ao Natal o seu verdadeiro espírito.
Alguém, algum dia, fará isso!
Uma opinião, em processo de cristianização autêntica, vai desenhar as imensas do natal-pagão, cintilante em seus falsos ouropéis, desbragado, gargalhando de escárnio ante ao clamor dos bolsos vazios. Vai deter o rio de sangue de inocentes animais sacrificados, essa correnteza que tinge de escarlate os personagens todos de um presépio em Belém, cabras e ovelhas com seu calor para um recém-nascido pobre e desnudo, o jumento que serviu à Inefável Mãe para descer das agruras escarpadas de Nazaré.
Quem poderá dizer que, nos recintos domésticos, os espíritas - que tão perto têm acesso a tal literatura de protesto! - modificaram esse Natal de alegrias falsa, garantindo por vinhos coniventos?!
Quem poderá dizer que eles o tentaram?
Todavia já detêm a incipiente caracterização do Natal dos Homens-de-Paz-e-Boa-Vontade, e saem de suas casas - que importa se apenas por um dia! - levando o agasalho e o pão se levanta, impossível de ser amordaçado, o gemido negado da Fome e do Esquecimento, estranhamento desafinando os hinos distraídos a repetir Glórias e Hosanas.
Assim, pois, soluções e soluções esperam ser encontradas!
E, como se não bastasse, eu venho falar aos espíritas em nome de Anna Jarvis. Ela me pediu, mil vezes! Em cada página psicografada de Francisco Cândido Xavier, que eu compilava. No ruído das teclas, na luz que fugia ou na luz que chegava.
Ela diz que ALGUÉM precisa restabelecer o espírito abastardado do Dia das Mães. E pergunta: “E uma maldição que os homens tenham de mercadejar com tudo quanto é belo, santo e puro?”.
Por favor, peça aos espíritas que, conjuntamente ao Natal, retirem o Dia das Mães dos balcões e caixas registradoras. Enfeitem nos de Bondade e Alegria, contabilizem-nos no coração! Eles podem fazer isto!
Eu espero que ela use do seu último argumento e então lhe digo: “Minha bem-amada Anna, deixe que eu conte aos meus irmãos a tua história...” 
Certo dia, em 1925, uma mulher alta e energética, de aspecto decidido, entrou num hotel de Filadélfia e encaminhou-se na direção de um grupo de senhoras da Associação das Mães de Veteranos de Guerra, reunidas em convenção.
Censurou-as, denunciando-as por venderem o cravo branco, símbolo do Dia das Mães, por preços extravagantes e extorsivos. Diversas pessoas tentaram interrompê-la, mas a sua invectiva era fria e obstinada.
Finalmente foi chamado um policial. A dama foi presa sob a alegação de perturbar a ordem. Assim terminava mais um incidente na atribulada carreira de Anna Jarvis, a criadora do Dia das Mães.
Quando o juiz, constrangido, pôs Anna Jarvis em liberdade, um repórter foi visitá-la em sua casa, à Rua 12 Norte, em Filadélfia. A bela mulher, de cabelos brancos e 60 anos de idade, estava sentada numa cadeira de espaldar reto e seu olhar estava posto no retrato de sua mãe.
O jornalista perguntou-lhe:
- Por que a senhora não desiste? Está lutando contra o mundo sozinha! Deveria orgulhar-se por ser a criadora do Dia das Mães.
- O Dia das Mães foi transformado num comércio sórdido. O senhor leu o que escrevi ao Presidente Coolidge?
O rapaz acenou afirmativamente. A carta fora publicada pelos jornais. Em um certo tópico, Anna Jarvis dizia: “Estou tentando, de todas as maneiras ao meu alcance, evitar que o Dia das Mães seja aviltado por certa classe de indivíduos e organizações que vêem nele apenas um meio para ganhar dinheiro”.
- Mas, retrucou o repórter - , afinal foi à senhora mesma quem instou durante anos para que o cravo branco fosse transformado em símbolo do Dia das Mães. Foi a senhora quem insistiu para que todos mandassem mensagens de carinho às mães, por telegrama ou carta.
_ O senhor está dizendo que o meu triunfo é, também, o meu fracasso. Está bem! Você tem razão, meu rapaz! Este é o paradoxo de minha vida.
Mas não era o único paradoxo na vida de Anna Jarvis. Embora fosse uma mulher extremamente bela, jamais se casara. Nascera em 1864, em Grafton, Vírginia Ocidental, onde crescerá, transformando-se numa beldade esbelta e ruiva. Por que uma jovem assim teria permanecido solteira?
Um amigo da família contou. “Anna teve um caso de amor mal sucedido e isso a deixou abalada e desiludida.Daí por diante  deu as costas a todos os homens”.
Ao sair da faculdade Mary Baldwin, em 1883, dedicara-se ao magistério em Grafton. Não que precisasse do salário. Sua mãe, viúva, gozava de boa situação.
Alguns anos mais tarde, Anna, sua mãe e sua irmã mais nova, Elsinore, que era cega, mudou-se para Filadélfia. Anna empregou-se como assistente no departamento de publicidade de uma companhia de seguros. Assim viveu dos 20 aos 40 anos. Então, em 1905, a sra. Jarvis faleceu. Foi um golpe terrível que, entretanto, marcou o início de nova e vital etapa na vida de Anna.
Contava ela, então, 41 anos, era dona de uma bela casa, tutora da irmã cega e principalmente beneficiária da herança materna.
Enquanto decorriam os dias longos, o coração clamando pela presença materna, uma visão tomou corpo em seu espírito: a instituição de um dia consagrado às mães.
Sugeriu a idéia ao Prefeito Reyburn, de Filadélfia.
Esse foi o início da cruzada de Anna Jarvis. O ponto básico era - ela insistia - a homenagem não só às mães vivas, mas, também, às mães que já haviam morrido.
De sua casa - feita quartel-general - ela dirigiu uma das mais estranhas e eficientes campanhas epistolares de que se tem notícia. Escreveu a governadores, congressistas, clérigos, industriais, clubes femininos - a qualquer um que pudesse exercer influência. As respostas a essas cartas em número tão considerável - demandavam tanta correspondência - que Anna deixou o emprego que tinha a fim de dedicar-se inteiramente à sua campanha.
Quando verificou que sua casa se tornara pequena para servir de escritório, comprou a casa vizinha. Em breve era convidada a visitar outras cidades para falar perante diversas organizações. Escreveu e imprimiu folhetos sobre seu plano, distribuindo-os gratuitamente.
Toda essas atividades consumiam boa parte de sua fortuna, mas Anna jamais permitiu que isso a preocupasse.
Corriam os dias em que outras mulheres corajosas e energéticas - as célebres Sufragettes - lutavam pelo direito de voto. Os objetivos de Anna Jarvis eram mais sentimentais, menos sujeitos a controvérsias. Como poderia um legislador combater algo tão doce, puro e cheio de beleza como um Dia das Mães? E a Virgínia Ocidental foi o primeiro Estado norte-americano a adotar oficialmente a data festiva.
Anna Jarvis, inspirada por esses primeiros sucessos, continuou a escrever, a viajar, a fazer conferência. Em 1914 sua eloqüência persuadiu o Deputado J. Thomas Heflin, do Alabama, e o Senador Morris Sheppard, do Texas, a apresentarem uma proposta conjunta para que se observasse em toda a nação norte-americana, o Dia das mães. A proposta foi aprovada pelas duas casas do Congresso.
O verdadeiro grande momento de Anna chegou quando o Presidente Woodrow Wilson assinou uma proclamação na qual recomendava que o segundo domingo de maio (aniversário da morte da mãe de Anna) fosse observado no país inteiro como o Dia das Mães.
Todavia, para Anna, esse triunfo não era suficiente. Ainda era preciso conquistar o resto do mundo! Assim, a correspondência, os discursos e os folhetos de exportação continuaram, agora em escala internacional.
E o seu esforço foi notavelmente bem sucedido. Só no decurso de sua vida, 43 países adotaram o Dia das Mães. O Brasil foi um deles. A 5 de maio de 1932, o então chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, promulgou oficialmente, pelo decreto 21.366, o segundo domingo do mês de maio, o Dia das Mães.
Infelizmente o triunfo de Anna Jarvis em breve se tornava a sua grande frustração. Ela escrevia desesperada por centenas de jornais: “Então comercializando o meu dia das Mães! Não era isso que eu pretendia! Esse é um dia de sentimentos e não de lucros!” 
Anna não queria que a festa da mãe pobre fosse diferente da festa da mãe rica. Um simples cravo branco, a flor predileta de sua mãe, bastava para exprimir um mundo de afeto!
Ela estava atônita. Inesperadamente viu-se pobre e só. A escada do templo, de onde queria expulsar os vendilhões, tornaram-se uma rua comercial sem horizontes: dezena de vezes dava a volta ao mundo. Todo o dinheiro de sua herança se fora.
Então fazemos apagar-se para sempre o seu belo sorriso, onde, durante anos tatalara asas a borboleta de ouro de suas esperanças, recolheu-se à sua casa na Rua 12 Norte. Levanto pela mão a passiva Elsinore, fechou com firmeza a porta às suas costas. Daí para frente recusava-se a receber quem quer que fosse.
Assim deixou-se levar pelas torrentes crepusculares dos anos até a enseada da Praça Marshal, em West Chester.
- Antes não o tivesse feito! Lamento ter criado o Dia das Mães!
Agora este livro espírita está pronto. Ele se move no fulcro mesmo dos anseios, angústias, esperanças e reivindicações de Anna Jarvis.
Eu creio que ele encheu o seu coração vazio!
Entre cravos brancos e preces, louvor, ternura e devoção, aqui se encontra algo que não pode ser comprado nem vendido, que não se expõe em vitrinas e nem se embrulha em papel dourado, com laços coloridos: LUZ ESPIRITUAL.
Eis algo em que Anna Jarvis gostaria de ter pensado.
Todavia, este não é um livro Cor-de-Rosa. O que existe nele de floração, nasce de um solo cuja fertilidade se chama: consciência e conseqüência. As vozes que nele vão travar um diálogo, às vezes contumaz, sempre forte como o cristal, tentam ecoar para muito além das distâncias e dos horários.
Elas chamam a Terra: Mãe! Chama a Miriam, esposa de José, carpinteiro nazareno: Mãe! Gritam: Mãe! a todas as mulheres do mundo. E esse grito é triunfo, pois mil vozes respondem: Meu filho! 
De modo que o desafio de Anna Jarvis está feito.
Em cada página deste livro estão os pensamentos que, desesperadamente, ela procurou na casa vazia da Rua 12 Norte.
Por isso, hoje, eu me volto para a presença ausente de Anna Jarvis e suavemente lhe digo:
Este livro é teu! Toma-o! É a bíblia de tua companhia, o manifesto de teu movimento. Jamais homem algum poderá mercadejar com quanto vai aqui escrito. A tua causa, pois, não está perdida! 
Depois de tantos e tantos anos, ela sorri - a audaz mulher de Filadélfia - e, componho de luar um cravo branco, atira-lo. Em sua trajetória de arco-íris, ele atravessa esta página. E, leitora, eis que cai em teu regaço.
Tu foste, és, ou serás mãe. Em ti - aurora desagrilhoada - estão o poder, o Reino e a Glória.
Anna Jarvis dá-te o seu cravo branco, dá-te o seu Dias das Mães. Lê este livro e faze desse cravo, desse Dia, aquilo que te parece melhor.
Araraquara, primavera de 1971.
Wallace Leal V. Rodrigues
Oferta de Amor Mãezinha.
Enquanto o mundo ect adorna a presença com legendas sublimes, abrilhantando-te o nome, quis trazer-te a  homenagem de meu recolhimento e de meu carinho, segundo as dimensões de tua bondade, e te rememorei os sacrifícios...
Revi, Mãezinha, as tuas noites longas, junto de mim, quando a febre me atormentava no berço. Anjo transformando em mulher, erguias as mãos para o Céu e o que falavas com Deus me cia no rosto em formas de lágrimas!... Tornei a encontrar-te os braços acolhedores, festejando-me o retorno à saúde, com a doçura de teus beijos.
E, vida em fora, o pensamento recuou para lembrar-te...
Com a retina da memória, contemplei-te os lábios pacientes, ensinando-me a pronunciar as preces da infância; e, nesses lábios inesquecíveis, fitei os sorrisos de júbilo quando me deste os primeiros livros da escola.

Batuíra
(do livro Mais Luz)

 


ANTOLOGIA DA ESPIRITUALIDADE
Espírito: Maria Dolores
Livro - 109 / Ano - 1971 / Editora - FEB

O espírito Maria Dolores, a denodada obreira do Bem Eterno, apresenta 38 poemas de amor e consolo para quantos que aspiram seguir em direção à conquista da paz íntima. Sua leitura deleita a alma, fortalecendo o sentimento de gratidão a Deus e mostrando a importância da fé e do bom ânimo nos percalços da vida. Aborda temas como: a valorização da vida, o hábito da oração, o ato de perdoar, o apoio dos amigos, a confiança em Deus e tantos outros, plenos de sabedoria.


RUMO CERTO
Espírito: Emmanuel
Livro - 110 / Ano - 1971 / Editora - FEB

Leitor amigo 
Cremos não emprestar qualquer pretensão de ordem pessoal no título deste livro.
Rumo certo, sim, não porque as idéias nele contidas sejam nossas. 
Integramos também com as falhas que nos caracterizam individualmente a legião dos espíritos que evoluem nos climas culturais da Terra, tão falíveis ainda quanto quaisquer outros.
E, qual ocorre a milhões de viajores do Planeta, encarnados e desencarnados, observamos não apenas os caminhos da existência física, mas igualmente, e em muito maiores proporções, os caminhos da vida espiritual.
Estradas de todos os feitios se nos desdobram à visão.
Avenidas do ideal, flamejantes de luz.
Sendas de laboriosas realizações.
Alamedas de sonhos e alegrias.
Carreiros de serviço construtivo, talhados nas rochas do esforço máximo.
Veredas de provações edificantes.
Trilhos de socorro ou  de regeneração, através de pântanos e lágrimas.
Atalhos de sofrimento.
Corredores de privações educativas.
Túneis de perigosas experiências.
E em todas essas vias reconhecemos o impositivo do conhecimento e do autoconhecimento, para que o erro ou o desequilíbrio não nos compliquem a romagem ou atrasem a marcha.
Eis por que, livremente associados à obra benemérita da Doutrina Espírita que, na atualidade, restaura para nós outros os ensinamentos do Cristo, solicitamos vênia para entregar-lhe, nestas páginas simples, a bússola das lições evangélicas que nos têm servido à própria recuperação íntima, na viagem para a Vida Superior.
São estas notas, por isso mesmo, reflexos da lâmpada acesa que o Senhor misericordiosamente nos permitiu empunhar por dever, a fim de que conhecêssemos as próprias deficiências, de maneira a tratá-las e extingui-las. Carregando semelhante luz por fora até que possamos instalá-la por dentro de nós mesmos, ofertamo-la aos companheiros encarnados no Mundo, na forma de anotações para rumo certo, a benefício de nós todos, os que já nos reconhecemos necessitados da paz interior, com a vitória sobre nós mesmos, com vistas à nossa definitiva integração em Jesus, de modo a viver e saber viver com Jesus e por Jesus.

Emmanuel
(Uberaba, 1 de julho de 1971)

 


 
 
 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita