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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 305 - 31 de Março de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 



A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 30)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. É correto dizer que um Espírito é uma pessoa morta autorizada pela Providência a manter-se em contato conosco?  

Não. Embora a opinião geral das pessoas seja essa, tal definição inclui, segundo Myers, três afirmações desprovidas de base. (A Personalidade Humana, capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.) 

B. Como Myers define então o Espírito?  

Ele propõe que deixemos de ver o Espírito como uma pessoa morta autorizada a entrar em comunicação com os vivos, para defini-lo como sendo uma manifestação de energia pessoal persistente, ou como um indício de que uma certa potência, cuja ideia está unida à de uma pessoa que conhecemos antes durante sua vida terrena, continua a se manifestar depois da morte. (Obra citada. Capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.) 

C. A telepatia ainda esperava, à época de Myers, confirmação por parte da ciência?  

Sim. Esclareça-se que a palavra telepatia significava para ele a ação de um Espírito sobre outro fora dos órgãos dos sentidos ordinários. Segundo Myers, as mensagens telepáticas têm, geralmente, seu ponto de partida na zona subconsciente ou submersa do agente e chegam à zona submersa ou subconsciente do receptor. (Obra citada. Capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.)

Texto para leitura 

712. Acreditando que todo o Espírito cognoscível é tão contínuo quanto toda a matéria cognoscível, eu gostaria da fazer no campo espiritual o que a análise espectral e a lei da gravitação fizeram no campo material e mostrar que nas operações do mundo espiritual desconhecido reina a mesma conformidade de substância e de ação recíprocas que no mundo conhecido da matéria. E para explorar estas atitudes inacessíveis não me colocarei, como os teólogos, sobre uma torre cuja parte superior se perde nas nuvens, mas sobre a terra firme e na bem medida base de uma figura trigonométrica.

713. Para poder medir esta base devemos começar limpando o terreno. Vejamos primeiro as definições mais simples, para esclarecer para nós mesmos as coisas que desejamos analisar e descobrir. Para falar a linguagem do povo, procuramos os Espíritos. Qual é o significado que devemos dar à palavra Espírito, em volta da qual desenvolveram-se teorias tão arbitrárias, e que provocaram tantos temores sem causa?

714. Seria preferível, no estado atual dos nossos conhecimentos, que nos limitássemos a reunir simplesmente os fatos, sem nenhum comentário especulativo. Mas é também necessário expor os erros manifestos do ponto de vista tradicional, o qual, se não for refutado, poderia parecer o único possível, até para aqueles que sempre se recusaram a aceitá-lo. Porque, segundo a opinião do povo, um Espírito é uma pessoa morta autorizada pela Providência a manter-se em contato com os sobreviventes. Esta breve definição inclui, na minha opinião, três afirmações desprovidas de base.

715. Em primeiro lugar, as palavras Providência ou autorização podem ser aplicadas ao fenômeno em questão tanto quanto a qualquer outro fenômeno. Reconhecemos que todos os fenômenos acontecem segundo as leis do universo, e portanto com a autorização da Potência Suprema do universo. Inegavelmente a realização dos fenômenos de que nos ocupamos está autorizada, mas não de uma maneira especial, que converteria este fato numa exceção da regra, sendo que é apenas uma de suas aplicações particulares. E ao mesmo tempo esses fenômenos encerram apenas uma justiça poética e não estão mais adaptados aos desejos e pregações humanas do que os fenômenos que se desenvolvem no acontecer comum da história da Terra.

716. Em segundo lugar, nada nos autoriza a afirmar que o fantasma ou o espectro que enxergamos, mesmo quando seja provocado por uma pessoa morta, seja esta mesma pessoa, no sentido comum da palavra. Trata-se, em todo caso, de uma dessas figuras alucinantes ou fantasmas, análogos aos que as pessoas vivas são capazes de projetar à distância, sem que seja possível afirmar que a aparição que enxergamos seja a mesma pessoa viva; igualmente, o que chamamos de um espectro ou uma aparição não é a mesma pessoa morta; existe, com certeza, uma ligação entre o espectro e a pessoa morta, ligação que a natureza deve determinar, mas que está longe de significar a identificação completa.

717. Em terceiro lugar, já que não devemos ver no fantasma a mesma pessoa morta, não deveremos atribuir ao primeiro as intenções que pensávamos que podíamos atribuir à última. Devemos, pois, excluir da nossa definição de Espírito tudo aquilo que possa ser uma alusão e uma intenção sua de comunicar-se com os vivos.

718. O Espírito pode ter, com a pessoa morta, um tipo de relação que reflita o presumível desejo desta última de manter-se em comunicação com os vivos ou então essa comunicação pode não existir. Se, por exemplo, existir entre ele e sua vida post mortem uma relação semelhante à que comprovamos entre nossos sonhos e nossa vida terrena, pode representar uma pequena parcela do que lhe pertence em propriedade, se se trata apenas de algumas lembranças e instintos vagos, daqueles que dão uma individualidade difusa e obscura aos nossos sonhos mais comuns.

719. Tentemos, pois, uma definição mais exata. Deixemos de ver o Espírito como uma pessoa morta autorizada a entrar em comunicação com os vivos e vamos defini-lo como uma manifestação de energia pessoal persistente, ou como um indício de que uma certa potência, cuja ideia está unida à de uma pessoa que conhecemos antes, durante sua vida terrena, continua a se manifestar depois da morte. E para eliminar de nossa definição qualquer afirmação popular, devemos acrescentar que é teoricamente possível que essa força ou influência que, depois da morte de uma pessoa, cria uma impressão fantasmagórica desta pessoa, não seja devida a uma ação real da mesma, mas a qualquer resíduo da força ou da energia que produziu enquanto estava viva.

720. Pode tratar-se de uma dessas pós-imagens verídicas de que falava Gurney, que, comentando as aparições repetidas de um fantasma de uma anciã na cama onde foi assassinada, observava que o dito fantasma “sugere menos a ideia de um interesse local contínuo da parte da pessoa morta, do que a sobrevivência de uma simples imagem impressa; não sabemos quanto, nem sobre o que, pelo organismo físico desta pessoa, é perceptível de vez em quando para pessoas dotadas de uma sensibilidade especial”. (Proceedings of the S. P. R., vol. V, pág. 417.)

721. Essa noção, apesar de estranha, parece porém confirmada por alguns dos casos de obsessão que mencionaremos mais tarde. Veremos, então, a frequência do aparecimento das mesmas imagens alucinatórias nos mesmos locais, e como é inverossímil a ideia de admitir uma intenção qualquer ligada a esses aparecimentos, uma relação qualquer entre elas e as pessoas mortas ou o gênero de tragédia que, no espírito do povo, são frequentemente associadas ao fenômeno do aparecimento.

722. Em alguns desses casos de aparecimento frequente, injustificado, de determinada figura em determinado lugar, podemos perguntar-nos se foi a frequência em outras ocasiões, pela pessoa morta no local em questão, ou se se trata então de algum ato recente que se manifestou depois da morte, que provocou o que eu chamei de pós-imagem verídica, na medida em que esta comunica informações desconhecidas até a data para a pessoa receptora, como antigo habitante da localidade assombrada.

723. Estas são algumas das questões levantadas por nosso tema. E o fato de que problemas tão estranhos possam apresentar-se a cada instante tende a demonstrar, de certa forma, que esses aparecimentos não são fenômenos puramente subjetivos, nascidos exclusivamente na imaginação da pessoa receptora. Eles não são absolutamente o que os homens pensam. A colheita infinita de lendas e histórias fictícias concernentes aos Espíritos mostram como é grande a tendência do espírito humano para enfeitar esses temas e proporciona uma prova curiosa da persistência dos preconceitos, baseados num código particular e referindo-se a fenômenos imaginários, totalmente diversos dos fenômenos reais. É difícil revestir, por assim dizer, um fenômeno real de um caráter romântico.

724. A maioria das “histórias de aparições” são semelhantes entre si e parecem tão fragmentárias quanto desprovidas de sentido. Pois seu verdadeiro sentido não está de acordo com o instinto místico e poético da humanidade, que produz e enfeita as histórias imaginárias, mas com alguma lei desconhecida, que nada tem a ver com os sentimentos e os convencionalismos humanos.

725. Assim, assistimos frequentemente ao fato bastante absurdo de ouvirmos pessoas que ridicularizaram os fenômenos que se produzem realmente, apenas porque eles não estão de acordo com as suas noções preconcebidas a respeito das histórias de aparições; eles não percebem que é precisamente essa divergência, essa característica inesperada, que constitui um sério indício de que os fenômenos em questão têm sua origem fora do espírito, incapazes de representar-se antecipadamente os fenômenos desse gênero.

726. Acho que pela primeira vez começamos a formar, sobre as comunicações espirituais, um conceito que esteja mais ou menos de acordo com os outros conceitos já provados e mais afirmados, e que possa, até a uma certa medida, ser apresentado como o desenvolvimento dos fatos verificados pela experiência. Precisamos dos conceitos preliminares, já conhecidos pelos antigos, o primeiro dos quais encontra lugar recentemente na ciência, enquanto o segundo ainda espera a sua patente de ortodoxia.

727. O primeiro, com o qual o hipnotismo e os diversos tipos de automatismo nos familiarizaram, é o conceito da personalidade múltipla, da coexistência potencial de diversos estados e diversas memórias no mesmo indivíduo. O segundo conceito é o concernente à telepatia, isto é, à ação de um Espírito sobre outro fora dos órgãos dos sentidos ordinários, e mais particularmente à ação por meio das alucinações, pela produção de fantasmas verídicos que constituem, por assim dizer, mensagens de parte de pessoas vivas.

728. Acredito que esses conceitos estejam unidos porque as mensagens telepáticas têm, geralmente, seu ponto de partida na zona subconsciente ou submersa do agente e chegam à zona submersa ou subconsciente do receptor. Sempre que há uma alucinação, falsa ou verdadeira, trata-se de uma mensagem qualquer que abre caminho, de uma parte a outra da personalidade, mesmo a mensagem tomando a forma de um sonho incoerente, ou sonho-símbolo, de uma maneira qualquer, de um fato inacessível de outra maneira, para a pessoa receptora.

729. O mecanismo é o mesmo quando a mensagem se desloca de uma zona para outra, no interior do mesmo indivíduo, e quando se transmite de um indivíduo para outro – no caso em que o eu consciente de A é estimulado pelo seu eu inconsciente e que B é estimulado telepaticamente pelas profundas e ocultas fontes de percepção de A.

730. Se esta opinião é de alguma maneira verdadeira, parece aconselhável procurar dentro dos nossos conhecimentos sobre as comunicações anormais ou supranormais entre Espíritos ainda encarnados ou nos estados anormais ou supranormais do mesmo Espírito ainda não liberado da envoltura da carne, as analogias que possam nos iluminar, mesmo parcialmente, sobre os fenômenos de comunicação entre os Espíritos encarnados e os Espíritos desencarnados.

731. Uma comunicação (sempre que for possível) entre uma pessoa morta e uma pessoa viva é uma comunicação entre um Espírito em uma certa fase da existência, e outro Espírito em uma fase completamente diferente; é, ainda, uma comunicação que se realiza por uma via diferente dos órgãos dos sentidos ordinários, desde que, de uma parte, os órgãos materiais dos sentidos não existem. Encontramo-nos, evidentemente, na presença de um exemplo extremado, tanto de comunicação entre os diversos estados do mesmo indivíduo, quanto de comunicações telepáticas; e poderíamos, quem sabe, formar uma ideia mais exata do fenômeno em questão, considerando as manifestações menos avançadas destas duas categorias.

732. Em que oportunidades vemos um Espírito que se comunica com um outro Espírito, em condições diferentes das que envolvem o primeiro, habitando num mundo diferente, considerando as mesmas coisas de um ponto de vista também diferente, todas essas diferenças exprimindo qualquer coisa além das divergências de caráter que existem entre as duas personagens? Isto acontece primeiramente no sonambulismo espontâneo, nos diálogos entre uma pessoa adormecida e uma pessoa acordada. E vejamos como é fácil entrar em comunicação com um estado que, em princípio, se assemelha ao do isolamento completamente fechado.

733. Um velho ditado diz: “Acordados possuímos o mundo em comum, mas cada pessoa que dorme vive num mundo particular”. Essa pessoa que dorme, mesmo completamente fechada em si mesma, pode, no entanto, ser levada, suavemente, a uma comunicação espontânea com os homens acordados.

734. O sonâmbulo, ou melhor ainda, o soníloquo, pois o problema é mais de conversação do que de perambulação, representa assim o primeiro tipo natural da aparição. Observando os hábitos dos sonâmbulos é possível perceber que sua possibilidade de comunicar com outros Espíritos varia de um caso para outro. Um sonâmbulo se dedica às suas ocupações habituais sem reconhecer a presença de qualquer pessoa; um outro reconhece apenas algumas pessoas, ou só dá uma resposta quando é interrogado sobre certos temas, pois seu Espírito entra em contato com outros Espíritos apenas sobre certos pontos pouco comuns. O sonâmbulo quase nunca presta atenção no que as outras pessoas fazem, para poder assim regular, consequentemente, sua conduta.

735. Passemos agora, do sonambulismo natural, ideopático ou espontâneo, para o sonambulismo provocado, o sonambulismo hipnótico. Aqui encontramos em cada etapa do sono uma faculdade de comunicação parcial e variável. Logo, o sujeito hipnotizado nada manifesta; parece capaz de ouvir só uma pessoa e de atender-lhe, excluindo as demais; conversará livremente com quem quer que seja, mas, mesmo neste caso, não é seu eu desperto que fala e geralmente só recorda, imperfeitamente, ou não se recorda, durante a vigília, o que fez ou disse durante o sono.

736. Por analogia com o que ocorre quanto às comunicações entre as pessoas vivas que se encontram em estados diferentes, podemos esperar que as comunicações entre os Espíritos encarnados e os desencarnados, sendo possíveis, sejam restritas e limitadas e não façam parte da corrente comum da provável consciência desencarnada.

737. Estas considerações preliminares são aplicáveis a todos os modos de comunicação com as pessoas mortas, quer em sua forma motora, quer na sensorial. Consideremos agora que os modos de comunicação com os mortos são de natureza que nos pareçam prováveis, por analogia, com o que se sabe sobre as comunicações entre os vivos. Parece-me existir um paralelismo rigoroso entre todas as formas de automatismo experimental, de um lado, e todas as variedades de fenômenos espontâneos, de outro. (Continua no próximo número.) 




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita