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Brasil
Ano 6 - N° 304 - 24 de Março de 2013
JANE MARTINS VILELA 
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)
 





 

Amor... perseverança... educação

Lar Infantil Marília Barbosa comemora 60 anos   

“Deixai vir a mim as criancinhas, e não as impeçais; porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.”
– Jesus (Evangelho de Marcos, cap. X.)  

 
Os heróis estão muitas vezes a nosso lado, sem serem notados. Despertam e agem de modo valoroso, sobressaindo, quando sua ajuda se torna primordial, necessária. Mostram então seu brilho, mostram por que vieram, seus feitos se tornam lembrados. Aqueles que foram beneficiados jamais se esquecem. Agigantam-se, agindo de modo correto, na hora exata. Comovem, emocionam. Tornam-se exemplos a serem seguidos. O maior deles é Jesus, a quem os Espíritos, na questão 625 de “O Livro dos Espíritos”, nomeiam como o modelo e guia a quem devemos adotar. O herói é assim: por amor, age; por amar, comove.

Há alguns dias, conversávamos com uma jovial amiga, que tem um excelente humor. Foi uma das primeiras meninas do Lar Infantil Marília Barbosa, de Cambé, que no dia 29 de março completará 60 anos! Ela nos contou que naquela época, bem no início, cerca de 80 meninas dormiam no imenso quarto do lar destinado a elas. Aconteciam muitos fenômenos de efeitos físicos ali, provocados por Espíritos infelizes, infantis, que queriam prejudicar a obra em curso. Ela nos disse que aqueles fenômenos as marcaram muito, porque elas morriam de medo! Eram crianças! Os Espíritos puxavam seus cabelos! Arrancavam suas cobertas, jogavam-nas no chão, fora das camas! Elas ficavam tão amedrontadas, que era necessário que alguém em quem confiassem dormisse naqueles dias lá no quarto, com elas. Hugo ou Dulce Gonçalves lá ficavam, o “paizinho” e a “mãezinha” que as amavam, cuidavam delas, educavam-nas. Muitas vezes, Hugo Gonçalves, médium vidente, pedia-lhes que não se assustassem, mas o ajudassem com oração e fé, que era um Espírito que ali estava e que seria amorosamente levado pelos benfeitores da casa. Dito e feito. Tudo se acalmava, a confusão passava, os fenômenos cessavam. Algumas ainda se cobrem firmemente, todas as noites, até hoje, mesmo já avós e com conhecimento espírita, uma sequela dos sustos daquela época.

Ao ouvirmos esse relato, pensamos nesse trabalho heroico de abnegação, amor e renúncia quase que total, que foi a escolha de vida de Hugo e Dulce Gonçalves. Quem tem filhos sabe que não é fácil educar uma criança. É preciso muito amor, disciplina, cuidados, renunciar a si mesmo constantemente. Hugo e Dulce tiveram dois filhos biológicos, que hoje são o esteio do Lar Infantil. No lar, como pai e mãe, tiveram 400 filhas! Filhas alheias, que eles tornaram suas próprias filhas. Foram seu “paizinho” e “ mãezinha” e assim eram chamados e continuam sendo assim chamados em Cambé. Deixaram de si pelos que deles necessitavam. Atitude dos heróis. Foram os amorosos heróis do Espiritismo, que deixaram um rastro de amor na cidade de Cambé.

O nome do Lar Infantil foi inspirado na obra
de Marília Barbosa

O Lar Infantil Marília Barbosa completa neste mês 60 anos. Dulce Gonçalves foi a mãezinha      amada e amiga de todos, à frente do lar, até desencarnar no dia 19 de maio de 2003. Este ano serão 10 anos sem sua presença física, mas ela não é esquecida. Aqueles que amou não a esquecem e aqueles que a amaram também não. Hugo Gonçalves, que sempre a presenteava com uma rosa, todos os dias, no café da manhã, mesmo agora, sem sua presença física, mas honrando-lhe o espírito, continua a fazê-lo. Hoje ele está com 99 anos! Continua firme, “pedalando a bicicleta, para ela não cair”, diz ele.

60 anos! Uma história!Tudo começou com a grandeza de outro herói: Luiz Picinin, um cristão sincero, um verdadeiro espírita. Ao visitar Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, encantou-se com o Lar de Jesus, amorosamente dirigido pela bondosa professora Marília Barbosa, esposa do grande espírita brasileiro Leopoldo Machado. Foi ela quem, pensando na autoestima das crianças, a quem amava, retirou do nome da instituição a palavra orfanato, colocando no lugar o nome lar. Era sua casa, seu lar.

Picinin voltou para Cambé com a cabeça fervilhando... Havia muitas crianças precisando de um lar por aqui. As dificuldades econômicas eram enormes naquela época, em que famílias se deslocavam para a região com sonhos de riqueza e acontecendo o contrário. Envolto em entusiasmo, após ver a obra de Marília, idealizou o lar infantil, erguendo-o com a ajuda dos amigos espíritas da cidade e dando-lhe o sugestivo nome de Marília Barbosa, homenagem justa a quem inspirou a obra.

A primeira diretora, uma bondosa senhora, Dona Soledade, ficou pouco tempo, desencarnou em poucos meses. Picinin precisava de um administrador para o lar infantil. Foi então inspirado.

Hugo Gonçalves administrava na época uma grande fazenda, no patrimônio Içara, na região de Astorga, não muito longe de Cambé. Era excelente administrador. Estivera presente na inauguração do lar infantil, numa grande festa a que compareceram diversos espíritas do Brasil. Era ele! Picinin começou, então, a visitá-lo, propondo-lhe a ideia de ir para o lar infantil. Ele e Dulce assumiriam o lar. Ele insistiu, em idas e vindas, até que conseguiu. Hugo, Dulce e seus dois filhos vieram para Cambé no mesmo ano da inauguração, 1953. Tornou-se ele o paizinho, ela a mãezinha. Dedicaram-se para sempre, ela por cinquenta anos, até 2003, quando desencarnou; ele, até hoje.

Picinin e Hugo foram muito amigos. Seu esforço fez crescer o Espiritismo no Norte do Paraná.

Hoje 105 crianças frequentam o
Lar Infantil Marília Barbosa

O tempo passou. 60 anos passaram! Isso não é pouca coisa. Hugo Gonçalves, aos 99 anos, ainda faz a prece de despedida das reuniões públicas do Centro Espírita Allan Kardec, de Cambé, vinculado ao lar infantil. Continua heroicamente presente, amado por todos, cercado por todos. Colhe os frutos de sua semeadura de amor. As meninas dos primeiros tempos, hoje avós, muitas delas, outras não, algumas ainda jovens, o cercam de amor, chamam-no de pai, cuidam dele. Fazem a comida de que ele gosta, cercam-no de carinho, cuidam de suas amadas flores, retribuem o que receberam. O que ele pede, fazem. Suas noras também.  Todos querem agradá-lo.

Mudanças aconteceram nestes últimos tempos. O governo modificou as coisas. Os lares infantis de antes agora são centros educacionais. As crianças, de ambos os sexos, ficam neles para os pais poderem trabalhar e voltam com eles para casa, no final da tarde. Hugo continua presente no lar. Conta-nos, feliz, que certo dia um menino, de cerca de cinco anos, lhe disse: – Vô, quero um beijo aqui. E mostrou a testa. Hugo se abaixou e beijou-o docemente no rosto. – Aí não, vô, aqui! Insistiu o menino, mostrando a testa. Ele se abaixou de novo e beijou-lhe a testa. Quando ele se ergueu, o lar inteiro estava em fila, pedindo a mesma coisa! Ele teve que se abaixar e dar mais de 100 beijos!

Hoje são 105 crianças no Lar Infantil Marília Barbosa. Ali elas ficam até os seis anos. Aprendem noções básicas de leitura, escrita e raciocínio lógico, contando com oito professoras, todas pedagogas e formadas no magistério. Depois dessa idade vão para as escolas de ensino fundamental.

Há 10 anos Dulce se retirou da Terra e, desde então, sua neta, Dulcene Gonçalves Alves, que é pedagoga e psicopedagoga, assumiu a coordenação pedagógica do lar infantil e, apesar de Hugo ainda ser o diretor-presidente, a direção na prática é dela. Tarefa bela e difícil! Pesa-lhe nos ombros um fardo: ser tão boa quanto o foram seus avós! Ser tão amorosa como eles o foram! Um dia ser tão lembrada pelos rastros de amor como eles o são! Tarefa de amor e sacrifício, de renúncia e abnegação. Que ela siga Jesus e Kardec, espelhando-se em seus amados avós e que passe esses exemplos de amor e gentileza para as crianças do lar, pois o mundo precisa de adultos amorosos, que mudarão a Terra. Essas crianças, educadas com amor, levarão consigo o que aprenderem e lembrarão um dia que passaram pelo lar Marília Barbosa, numa época que foi a melhor de suas vidas!

Que a bandeira do Espiritismo ”Deus, Cristo, Caridade”, idealizada por Allan Kardec, continue tremulando espiritualmente no Lar Infantil Marília Barbosa, pois ela se manteve firme e luminosa, sob o comando de Hugo e Dulce, após o chamamento de Luiz Picinin.

Que o amor seja sempre vivido nesse lar e que aqueles que por ali continuarem passando, ao longo de muitos anos, sejam verdadeiros cristãos.

“Meus discípulos serão conhecidos pelo amor que dedicarem uns aos outros”, disse Jesus.

Ele aguarda por nós. Feliz aniversário, Lar Infantil Marília Barbosa! Paz! União! Trabalho! Um dia todos teremos passado também por aqui. Mas o que aprendemos, o que fizemos e o nosso legado de boas obras, amor e paz, permanecerão!



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita