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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 304 - 24 de Março de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 29)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Os fenômenos de telestesia podem ocorrer independentemente da telepatia?

Sim. Eles podem ocorrer de forma independente e essa independência foi comprovada, incidentemente, durante o desenrolar de experimentos exclusivamente telepáticos. (A Personalidade Humana. Capítulo VI – Automatismo sensorial.)

B. Que conclusão Myers menciona com respeito aos fenômenos de autoprojeção?

Segundo Myers, a autoprojeção é o único ato definido que o homem parece capaz de realizar tanto antes como depois da morte corporal. (Obra citada. Capítulo VI – Automatismo sensorial.)

C. Qual é a razão pela qual muitas pessoas têm dificuldade em admitir os fatos comprobatórios da sobrevivência humana?

As pessoas que apresentam tal dificuldade dizem que só se deixarão convencer no dia em que tiverem provas de que existe uma relação de continuidade entre os fenômenos em questão e os já reconhecidos e provados. Por enquanto se recusam a imaginar qualquer relação de continuidade entre a hipótese da existência do mundo espiritual e a evidência que aparece nas nossas experiências relacionadas com o mundo material. Myers diz, com efeito, que os argumentos levantados até agora em favor da existência do mundo espiritual desconheceram e descuidaram demasiadamente dessa necessidade. De fato, se privado do apoio do sistema geral da ciência, o ato de fé parece retroceder e apagar-se na medida em que o sistema avança e cresce. (Obra citada. Capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.)

Texto para leitura

690. Toda matéria pode existir sob a forma de ideia num espírito cósmico, com o qual qualquer Espírito individual pode encontrar-se relacionado, da mesma forma que com outros Espíritos individuais. A diferença reside, talvez, antes no fato de que só em consequência de uma chamada vinda de um Espírito similar, o do agente entra em ação; enquanto que as incursões entre os objetos inanimados estão, com frequência, privadas de qualquer impulso. Esta suposição, sendo certa, explicaria o fato dessas incursões se realizarem, amiúde, sob a influência da sugestão hipnótica.

691. Se nos referirmos agora aos casos de clarividência à distância, encontraremos neles uma espécie de fusão de todas as manifestações das faculdades supranormais: telepatia, telestesia, retrocognição, precognição, coexistentes numa síntese incompreensível para nós. Só artificialmente podemos classificar esses casos de acordo com o predomínio deste ou daquele fenômeno.

692. Dessa forma obtemos, experimentalmente, casos onde parece manifestar-se uma faculdade independente de visitar qualquer lugar, cuja posição tenha sido, talvez, descrita anteriormente, seguindo sinais já conhecidos. A clarividente (emprego o gênero feminino, ainda que em certos casos os homens manifestem a mesma faculdade) errará, com frequência, seu caminho e descreverá amiúde casas e cenas que se encontram próximas às que desejava visitar. Mas, quando tenha percebido, literalmente, a pista e encontrado o lugar que o homem que procura atravessou, seguirá a pista com a maior facilidade, reconhecendo, aparentemente, tanto os acontecimentos passados como as circunstâncias atuais de sua vida.

693. Nesses casos experimentais prolongados dispomos de tempo suficiente para permitir à clarividente atravessar certos locais, como quartos vazios, fábricas, etc., onde não a atraiu qualquer vínculo aparente com pessoas vivas; desse modo, a possibilidade da existência da telestesia, independentemente da telepatia, pôde ser comprovada, incidentemente, durante o desenrolar dos experimentos exclusivamente telepáticos.

694. Essas viagens clarividentes prolongadas parecem, antes, sonhos, que alucinações da vigília. Citaremos o caso de um médico que pretendeu guardar o anonimato, para que não o acusassem de “defender opiniões contrárias ao dogma científico geral”. Atendia a mulher de um pastor, doente; durante o atendimento sobrevieram delírios que não pareciam ter relação alguma com a enfermidade principal. A paciente vivia numa casa que não possuía campainha externa e cuja porta permanecia fechada a partir da meia-noite. Certa noite, mais ou menos às nove horas, o médico voltara da casa de sua doente mais perplexo do que nunca; deitou-se cedo. Mas, mais ou menos à uma hora da madrugada, levantou-se dizendo para sua mulher que ia visitar sua cliente. Ao ouvi-la dizer-lhe que encontraria a porta fechada e que por isso não poderia entrar, respondeu que via o proprietário da casa conversando na rua com outro homem. A mulher não se espantou com a resposta, mormente quando o marido lhe disse estar totalmente desperto. Portanto, saiu e encontrou, de fato, diante da casa o proprietário, que lhe abriu a porta. Ao entrar no quarto da doente, encontrou-a prestes a engolir um copo cheio de licor alcoólico. Teve, dessa forma, a explicação dos delírios, que eram unicamente de natureza etílica. Falou sobre isso com o marido da doente, que o negou com energia e pediu ao médico que não voltasse. Três semanas mais tarde, o médico inteirou-se de que sua doente estava num asilo de alcoólatras (Phantasms of the Living, I, Pág. 267).

695. É difícil afirmar se foi a enferma que se dispôs à embriaguez ou se foi o proprietário que desempenhou, em certo sentido, o papel de agente, no caso. De uma forma ou de outra, o desejo tenaz do médico de encontrar uma ocasião para esclarecer o caso de sua doente levou a uma colaboração do eu subliminar e do eu supraliminar, semelhante a uma inspiração genial; mas, enquanto o gênio age nos limites sensoriais comuns, o eu subliminar do médico desenvolveu suas forças supranormais num grau extremo.

696. Existem outros casos em que uma cena apenas percebida, como a luz de um relâmpago, apresenta um interesse especial para o sujeito invadido, ainda que nenhum dos personagens da cena tenha o desejo de torná-la visível. Em outros casos ainda, os sujeitos veem um acontecimento real, que se realiza à distância, aparecer subitamente como nas imagens cristaloscópicas, na parede, ou mesmo no ar, às vezes num círculo de luz, sem fundo aparente.

697. Pode-se ver por meio da clarividência um incidente muito tempo após ter-se produzido? Possuímos observações desse gênero: por exemplo, a da Sra. Agnes Paquet, que teve, certo dia, a visão de seu irmão, marinheiro, que se afogou acidentalmente; visão clara até o ponto de poder descrever todos os detalhes da roupa e as circunstâncias mais insignificantes em que se produziu o acidente. Uma posterior verificação demonstrou a exatidão de sua narrativa e que a visão lhe apareceu horas após o acidente (Proceedings of the S. P. R., VII, pág. 32-35).

698. Em outro caso, trata-se de uma mulher que teve, certo dia, a visão de seu médico, que há um ano não via e ao qual deixara gozando plena saúde, estendido, morto numa cama, num quarto vazio, sem móveis e cortinas. Mais tarde inteirou-se de que morrera naquele dia em que tivera a visão, horas antes desta, num pequeno hospital de província, num país estrangeiro, aonde fora por seu clima tépido (Phantasms of the Living, I, pág. 265).

699. Chegamos agora a um grupo de casos onde B invade A e este último percebe completamente essa invasão, enquanto B não mantém qualquer recordação supraliminar. Já discutimos alguns casos do que chamamos psicorragia, onde a invasão é feita à margem da vontade ou intenção do invasor. Nos casos que vamos narrar trata-se provavelmente de uma projeção real da vontade ou do desejo do invasor, que possui como efeito a projeção de seu fantasma, reconhecível para algum amigo distante, sem que o próprio agente se lembre depois do fato. Estes são casos intermediários entre os casos psicorrágicos já descritos e os experimentais de que falaremos a seguir.

700. Nesta categoria citarei a observação da Sra. Elgee, que teve, certo dia, no quarto que ocupava num hotel do Cairo, a visão de um de seus melhores amigos, que sabia, naquele instante, encontrar-se na Inglaterra. O que dá maior interesse a esta narração é o fato de que uma moça que ela devia acompanhar à Índia, e que estava no mesmo quarto, teve igualmente, no mesmo momento, idêntica visão, com igual clareza, e ainda que não tivesse visto, vez alguma, o sujeito em questão, deu à Sra. Elgee uma descrição tão exata que esta não pôde duvidar da veracidade da visão.

701. Soube-se mais tarde que seu amigo tivera naquela época enormes preocupações e que, nas vésperas de tomar uma importante decisão, lamentara não poder consultá-la; e, no mesmo momento em que vira o fantasma, o amigo em sua casa pensava nela (Phantasms of the Living, II, pág. 239).

702. Os casos que vêm a seguir, numa ordem crescente de intensidade aparente, são os casos em que um e outro sujeitos conservam a lembrança do ocorrido, de forma que a experiência é recíproca. Estes casos merecem ser estudados particularmente, porque ao perceber as circunstâncias em que são produzidos esses casos recíprocos, podemos reproduzi-los experimentalmente.

703. Outro grupo, bastante importante, ainda que pouco numeroso, é o da realização prematura de uniões póstumas, por assim dizer. Veremos, no capítulo seguinte, que a promessa que os amigos fazem de aparecer um ao outro após a morte está longe de ser assunto simples, inútil e sentimentaloide. Essas aparições póstumas podem, é certo, ser impossíveis na maioria dos casos, mas existem razões sérias para acreditar que a tensão prévia da vontade nessa direção torne possível a realização do desejado encontro. Se, de fato, isso acontece, trata-se de uma espécie de experimento que todos podem realizar. E, com efeito, experiências foram feitas desse gênero, com total êxito.

704. Citaremos, unicamente, o caso de M. A. S. H., que conseguiu, com enorme esforço de vontade, tornar-se visível a pessoas de suas relações, em dia determinado previamente e isto sem prevenir as pessoas. A primeira vez, sua aparição foi vista, simultaneamente, por duas pessoas, duas irmãs que se encontravam no mesmo quarto. “Ao realizar esse esforço de vontade, disse M. A. S. H., experimentava uma espécie de influência misteriosa que impregnava todo o meu corpo e uma impressão muito clara de que punha em movimento uma força desconhecida para mim, até aquele momento, mas que atualmente posso manifestar à vontade, em momentos precisos.” (Phantasms of the Living, I, págs. 104-109.)

705. Nessas autoprojeções temos diante de nós a manifestação, não me atrevo a dizer a mais útil, mas a mais extraordinária da vontade humana. Qual das nossas faculdades conhecidas supera a capacidade de mostrar-se à distância? Existe uma ação mais centralizada que surja, de forma mais manifesta, da parte mais profunda e unitária do ser humano? Começa aqui a justificação do conceito que esboçamos no início deste capítulo, isto é, que o eu subliminar, longe de formar um simples encadeamento de redemoinhos e torvelinhos, isolados de qualquer maneira na corrente principal da existência humana, constitui, pelo contrário, a corrente principal e mais possante que podemos, sem dúvida, identificar com o homem.

706. Outras manifestações têm seus limites precisos; quais são esses limites? O Espírito mostrou-se dissociado, em parte, do organismo; até onde chega essa dissociação? Manifesta certa independência, inteligência, permanência. Que grau de independência, de inteligência e de permanência pode alcançar? De todos os fenômenos vitais, este é o mais significativo; a autoprojeção é o único ato definido que o homem parece capaz de realizar tanto antes como depois da morte corporal.

707. Capítulo VII - Os fantasmas dos mortos. Chegamos aqui, insensivelmente, a um ponto de importância fundamental. Um problema profundo e central que abordamos apenas de uma maneira irregular e intermitente nos capítulos anteriores e que agora vamos enfrentar diretamente. Das ações e percepções de Espíritos encarnados ainda, que se comunicam uns com os outros, passaremos ao estudo das ações dos Espíritos liberados de seu invólucro carnal e às formas de percepção, com a ajuda das quais os homens ainda vivos respondem a essas influências insólitas e misteriosas.

708. Essa transição é realizada sem solução de continuidade. O eu subliminar que já estudamos através das diferentes fases de sensibilidade crescente, que vimos adquirir uma independência cada vez maior dos laços orgânicos, será agora estudado do ponto de vista de sua sensibilidade, a respeito de influências ainda mais afastadas, como se fosse dotado de uma existência independente, mesmo depois da destruição do organismo.

709. Nosso tema apresenta, naturalmente, três divisões principais:

A - Em primeiro lugar, discutiremos brevemente o valor dos argumentos teóricos em favor da sobrevivência depois da morte e suas relações com os argumentos apresentados nos capítulos precedentes.

B - Em segundo lugar, e isto constitui o ponto capital deste capítulo, precisamos fazer uma classificação racional dos argumentos em favor da sobrevivência, no que se refere especialmente ao automatismo sensorial, vozes ou aparições; e os fatos do automatismo motor, escrita automática e possessão ficam para uma discussão posterior;

C - Em terceiro lugar, finalmente, examinaremos o significado do conjunto dos fatos em questão e sua importância do ponto de vista do futuro científico e moral da humanidade.

710. Primeiramente, no que concerne à evidência em relação à sobrevivência humana, esbarramos, na maioria dos casos, mesmo tratando com pessoas inteligentes, com uma prevenção absoluta, com a resolução decidida de não acreditar nos fatos desse gênero. Essas pessoas dizem que só se deixarão convencer no dia em que tenham provas de que existe uma relação de continuidade entre os fenômenos em questão e os já reconhecidos e provados, e por enquanto se recusam a imaginar qualquer relação de continuidade entre a hipótese da existência do mundo espiritual e a evidência que aparece nas nossas experiências relacionadas com o mundo material.

711. Reconheço essa necessidade de continuidade e reconheço também que os argumentos levantados até agora em favor da existência do mundo espiritual desconheceram e descuidaram demasiadamente dessa necessidade. O espírito popular desejou sempre qualquer coisa de extraordinário que fosse além das leis naturais; sempre professou o Credo quia absurdum ou o Credo quia non probatum. Disso resultou fatalmente uma grande insegurança na convicção assim adquirida. Se privado do apoio do sistema geral da ciência, o ato de fé parece retroceder e apagar-se na medida em que o sistema avança e cresce.(Continua no próximo número.) 




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita