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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 303 - 17 de Março de 2013

MILTON SIMON PIRES 
cardiopires@gmail.com

Porto Alegre, RS (Brasil)

 
 

EspiritUTIsmo


Meus caros leitores e leitoras da Revista O Consolador, não procurem o título do texto em nenhum dicionário. Ele não existe! É um neologismo, uma palavra que inventei para descrever as consequências de se tornar um espírita, ou de invocar Espíritos, quando estamos, nós mesmos ou algum de nossos familiares, internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Começo narrando a vocês um episódio lamentável da minha vida profissional.

Há muitos anos estava de plantão (em uma UTI) quando durante o chamado “horário de visita” – aquele momento em que passamos aos familiares informações sobre o estado de saúde de seus parentes – uma senhora, muito humildemente, perguntou-me se invocar bons Espíritos para ajudar no tratamento não seria de valor terapêutico. Na época eu não era espírita. Nem sequer posso dizer a vocês que tivesse uma verdadeira fé em Deus. Faço esta ressalva para explicar o porquê da falta de caridade da minha resposta.  Argumentei – sem piedade alguma – que se “os espíritos atendessem pelo SUS poderiam participar do tratamento sem problema.” Confesso a todos o remorso que me aflige até hoje. É falta extrema de caridade (e até de ética profissional) um médico responder assim. Tivesse eu lido as obras de Kardec e entendido com clareza a mensagem de Jesus, jamais diria tamanha barbaridade e é uma vergonha saber que existem médicos brasileiros agindo assim até hoje!

Contei isto para vocês para fazer uma introdução. O verdadeiro objetivo do texto é abordar outro tema. Quero aqui escrever sobre pessoas, ricas ou pobres, humildes ou não, com sinceridade ou apenas por interesse próprio, que num momento de desespero passam a se interessar pela Doutrina Espírita.

Para começar, diria eu, como médico espírita, que provavelmente não existe nenhum outro lugar no Brasil em que a presença de Espíritos desencarnados seja tão grande quanto nas UTI's. Seja para ajudar ou atrapalhar, sei que ninguém desencarna desta vida sem a presença deles ao lado – neste sentido não me parece necessário fazer invocações de rotina para ajudar pessoas em estado grave. Em segundo lugar, gostaria de afirmar a minha crença de que Espíritos iluminados e capazes de ajudar nesta situação não são médicos no sentido tradicional, e sei que a Associação Médico-Espírita do Brasil (AME)  trata do assunto com extrema seriedade, podendo escrever sobre ele com muito mais conhecimento de causa.  Não é possível chamar Espíritos quando queremos para atuar no caso como mais um especialista e conforme a nossa vontade.

Em terceiro lugar, é muito constrangedor para mim, como espírita, perceber num momento de desespero certas pessoas que levaram uma vida totalmente dominada pela matéria apelarem rapidamente para a religião como última saída. Nessas horas eu sempre me sinto mal e procuro entender que todos, mesmo elas, merecem uma segunda chance. Acredito no seu direito de mudar de ideia e na sinceridade do seu arrependimento. Apenas me sinto muito triste ao ver a necessidade de tanto sofrimento para que abram seus corações e entendam as mensagens deixadas por Kardec. Gostaria que elas não tivessem que viver no mesmo tipo de remorso que eu sinto até hoje com relação à época em que era tão ignorante. Quero também deixar muito claro, para todos os médicos espíritas que estiverem lendo este texto, que acredito fervorosamente no poder do passe, da oração e da fé verdadeira como instrumentos de cura e salvação. Acho ainda que a medicina espírita vai se tornar  cada vez importante no Brasil. Apenas discordo de situações em que o Espiritismo é utilizado pelos parentes das pessoas doentes como uma mera manifestação de conveniência e sem noção da gravidade daquilo que querem fazer. Este tipo de coisa vulgariza a doutrina, invade uma área séria como é a medicina espírita e, com certeza, não resulta em benefício algum para o doente.   

O caminho para evitar o que descrevi acima vai ser sempre o do recolhimento, do estudo e da oração. Vislumbro ainda a chegada de um tempo em que especialistas em medicina espírita vão ser chamados para atender pacientes de UTI como algo, aí sim, rotineiro e feito com extrema seriedade. Espero que os verdadeiros médiuns brasileiros que não sejam médicos não fiquem magoados e não entendam esta hipótese como futura “reserva de mercado”.

Acho que talvez seja esta a solução para que o Brasil torne-se a pátria, não dessa mistura de terapia intensiva com religião, mas do verdadeiro Espiritismo cristão.

Para terminar peço àqueles que eventualmente ficaram tristes ou ofendidos com o texto que não sintam raiva de mim. Orem, não só pelos meus pacientes, mas também por mim mesmo. Preciso da ajuda de vocês. Muito obrigado!


Dedicado a todas as pessoas, sejam elas espíritas, católicos ou protestantes, médiuns ou não, doentes ou médicos, que oram para os
que estão, neste momento dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva e próximos de deixar esta vida.  


O autor é médico em Porto Alegre, RS.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita