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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 302 - 10 de Março de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 27)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Casos de aparição percebida por várias pessoas são mencionados por Myers?  

Sim. Nesta obra ele menciona vários casos, como o da senhora Hawkins, cujo fantasma foi visto por quatro pessoas (seus dois primos, sua empregada e seu filho) em intervalos mais ou menos distanciados e, na primeira vez, por duas pessoas simultaneamente e de forma absolutamente idêntica. O fato foi extraído da obra Phantasms of the Living, II, 78. Outro caso é o da senhora Hall, também extraído de Phantasms of the Living, II, pág. 217, em que seu próprio fantasma apareceu para o marido e dois familiares, enquanto todas estas pessoas se encontravam sentadas à mesa. (A Personalidade Humana. Capítulo VI – Automatismo sensorial.) 

B. Que significa o termo psicorragia utilizado por Myers nesta obra?  

Segundo Myers, psicorragia é o mesmo que desprendimento da alma. Para ele, o que se desprende da alma não é o princípio total da vida do organismo, antes um determinado elemento psíquico, de caráter provavelmente variável e que não pode ser definido senão pela sua propriedade de produzir fantasmas perceptíveis para uma ou diversas pessoas, nesta ou naquela porção do espaço. Vários casos de psicorragia são citados pelo autor na obra em estudo. (Obra citada. Capítulo VI – Automatismo sensorial.) 

C. Qual teria sido o fator determinante da visão relatada por Frances Reddell? 

Conforme descrito no livro Phantasms of the Living, I, 214, Frances Reddell, quando estava para adormecer uma de suas pacientes, gravemente enferma, percebeu o fantasma da mãe dela, que ele não conhecia e que não podia ter visto antes, mas de quem pôde fazer uma descrição muito exata mais tarde. Quando a genitora lá chegou, ao receber a notícia da morte da filha, todas as pessoas às quais Frances Reddell contara sua visão ficaram assombradas com a semelhança entre a visão e a pessoa propriamente dita. Explicando o fato, Myers entende que a mãe, inquieta pelo estado de sua filha, fizera-lhe uma visita psíquica enquanto as duas dormiam. Esse, o fator causal da visão. (Obra citada. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)

Texto para leitura 

639. Se uma pessoa sentada no quarto veste uma roupa que o sujeito invadido jamais tenha visto antes da alucinação, se o homem objeto da alucinação aparece carregando um pacote de aspecto inusual, que o homem real acha ter levado, de fato, para casa sem que ninguém o esperasse, estamos devidamente autorizados a reconhecer que existe um vínculo causal entre o estado aparente do “agente” nesse momento e a aparição.

640. Este é o caso do coronel Bigge que acreditou ver, certo dia, a alguns passos de distância, um de seus colegas, vestido com um traje especial, que Bigge jamais vira, e carregando utensílios de pesca, quando Bigge ignorava que seu camarada estivesse naquele dia se dedicando à pesca e isto, dez minutos antes da aparição real de seu camarada no lugar em questão. Deveras assombrado, Bigge constatou que seu amigo estava realmente vestido daquela forma e com os utensílios de pescaria com os quais aparecera dez minutos antes (Phantasms of the Living, II, 94).

641. A respeito dos casos desse gênero, existe motivo para acreditar que o Espírito do homem pode fixar-se, realmente, no lugar onde deve voltar, de forma que seu fantasma aparece lá, onde ele e os demais acreditam ver o fim mais provável de seu percurso. Mas existem outros casos em que o fantasma de um homem aparece num lugar sem que exista uma razão especial para que ali estivesse, ao invés de em outro lugar, ainda que este pareça encontrar-se nos limites de sua corrente habitual de ideias.

642. Também nesses casos existem circunstâncias cuja natureza nos faz pensar que a aparição esteja relacionada com o agente aparente, por um vínculo causal. O fantasma de uma determinada pessoa pode ser visto em diversas ocasiões por vários sujeitos ou coletivamente por várias pessoas de uma vez; ou pode reunir essas duas características e ser visto em diversas ocasiões por várias pessoas de uma vez.

643. Considerando a raridade das aparições fantasmais e o fato de que apenas uma pessoa entre cinco mil é suscetível de ser vista no estado fantasmal, só pelo fato de que o fantasma de uma pessoa determinada seja visto duas vezes por diversas pessoas é já bastante notável; e quando se reproduz três ou quatro vezes, torna-se difícil explicá-lo mediante um simples acaso.

644. Esse é o caso da senhora Hawkins, cujo fantasma foi visto por quatro pessoas (seus dois primos, sua empregada e seu filho) em intervalos mais ou menos distanciados e, na primeira vez, por duas pessoas simultaneamente e de forma absolutamente idêntica (Phantasms of the Living, II, 78).

645. Em outros casos, a percepção foi coletiva, ainda que não repetida. Foi o caso das duas irmãs C. J. E. e H. E., que se encontravam na igreja, uma tocando órgão e a outra escutando, e viram o fantasma de uma terceira irmã que, conforme foi mais tarde comprovado, encontrava-se nas proximidades da igreja, onde teve intenção de entrar mas não o fez, por ter-se atrasado na biblioteca paroquial onde estava, ocupada em estudar os documentos familiares de seu tio, pastor.

646. Ela apareceu às suas irmãs com o mesmo traje que vestia enquanto permaneceu na biblioteca e trazendo nas mãos um rolo de papéis (informação da Comissão de Alucinações, Proceedings of the S. P. R., X, pág. 306). É possível que neste caso a terceira irmã estivesse ocupada com alguma ideia supraliminar ou subliminar da cena em meio da qual aparecia seu Espírito e que uma de suas irmãs a visse por um mero ato de tranquilo reconhecimento, comunicando à outra sua impressão telepática, fazendo com que visse a mesma figura.

647. No caso da senhora Hall (Phantasms of the Living, II, pág. 217), apareceu seu próprio fantasma ao marido e a dois familiares, enquanto todas estas pessoas se encontravam sentadas à mesa. Ninguém pareceu assombrar-se com aquela aparição, parecendo a própria sra. Hall completamente estranha à sua personalidade, como se fora um quadro ou uma estátua.

648. A questão da verdadeira importância do coletivismo da percepção reconstitui, sob outra forma, o problema da invasão para a qual nossa exposição amiúde nos encaminha. Quando duas ou três pessoas veem o que parece ser o mesmo fantasma, no mesmo lugar e no mesmo instante, significa que esta porção especial do espaço seja, de algum modo, modificada ou que uma impressão mental transmitida por um agente distante, ao qual pertence o fantasma, a um dos sujeitos invadidos se reflita telepaticamente do Espírito deste último no Espírito de outros sujeitos invadidos, de sujeitos, por assim dizer, secundários? Prefiro a primeira dessas explicações e vejo uma objeção contra a segunda, que é a do contágio psíquico. Neste fato, como em certos casos coletivos, não discernimos qualquer vínculo provável entre o Espírito de um sujeito invadido qualquer e o do agente distante.

649. Não existe, com efeito, nenhum indício de um vínculo necessário entre o estado de espírito do agente, no momento da aparição, e o fato de que estas ou aquelas pessoas percebam seu fantasma. A projeção deste último constitui um ato tão automático por parte do agente e tão pouco intencional como um sono ou sonho.

650. Reconhecendo, pois, que essas “bilocações” se produzem sem causa externa apreciável e em momentos de calma e de indiferença aparente, devemos nos perguntar: de que forma esse fato poderá modificar nossos conceitos anteriores?

651. Suponho que a vida de sonho que evolui de uma forma contínua, paralelamente à nossa vida de vigília, é suficientemente possante para determinar, de vez em quando, uma dissociação suficiente para que um elemento qualquer de nossa personalidade torne-se capaz de ser percebido a uma determinada distância do organismo. Esse conceito de um quase-sonho incoerente, que se torna perceptível para os demais, está em total concordância com as teorias expostas durante o desenvolver desta obra, porque considero as operações subliminares como realizando-se de maneira contínua e acredito que o grau de dissociação, suscetível de engendrar um fantasma perceptível, não equivale necessariamente a uma modificação muito profunda, pois a perceptibilidade depende da idiossincrasia, ainda inexplicável, do agente e do sujeito invadido.

652. Chamaria à idiossincrasia do agente de psicorragia, cuja tradução literal significa: desprendimento da alma. O que, de acordo com minha hipótese, se escapa ou se desprende não é (como no sentido grego da palavra) o princípio total da vida do organismo, antes um determinado elemento psíquico, de caráter provavelmente variável e que não pode ser definido senão pela sua propriedade de produzir fantasmas perceptíveis para uma ou diversas pessoas, nesta ou naquela porção do espaço.

653. Esses efeitos fantasmogenéticos podem manifestar-se no espírito e, em consequência, no cérebro de outra pessoa, caso em que esta pessoa discerne o fantasma em alguma parte das imediações, de acordo com seus hábitos mentais ou sua predisposição, ou então esse efeito se manifesta diretamente numa porção do espaço, caso em que várias pessoas podem vislumbrar, simultaneamente, o mesmo fantasma no mesmo lugar.

654. Passemos agora desses casos de psicorragia, que não supõem, por assim dizer, qualquer conhecimento novo para o sujeito que aparece sob a forma de fantasma, aos casos em que existe, de qualquer forma, uma comunicação de um Espírito a outro e que implicam a aquisição de conhecimentos novos para o Espírito incursivo. É impossível classificar esses casos em grupos logicamente contínuos. Mas, de modo geral, o grau em que nosso encontro psíquico fica na lembrança de cada uma das duas partes indica, de algum modo, sua intensidade e pode servir de guia para uma classificação provisória.

655. Adaptando-me a esse esquema, iniciarei por um grupo de casos que não parece dar senão uma informação muito incompleta, os casos em que, particularmente, o agente A influi ou invade ao sujeito invadido P, sem que A nem P conservem qualquer lembrança supraliminar do que se passou. Esses casos são bastante frequentes. A aproximação psíquica se produz, hipoteticamente, numa região subliminar para A e para P e desta região, só algumas impressões incomuns e fragmentadas atravessam o umbral da consciência.

656. Dessa forma, a telepatia parece operar de uma maneira muito mais contínua da que estamos dispostos a acreditar. Mas como o observador externo pode saber algo desses incidentes telepáticos, dos quais nem sempre as partes envolvidas se recordam? Na vida comum podemos, às vezes, saber, pelos assistentes, os incidentes que as partes envolvidas não nos comunicam. Podem existir assistência e testemunhos dessas invasões psíquicas?

657. Essa questão é de grande importância teórica. Como considero que se produz uma transferência real de alguma coisa do agente, e essa transferência determina uma certa modificação em determinada porção do espaço, pode-se reconhecer, teoricamente, a presença de um assistente capaz de discernir essa modificação com maior clareza do que as pessoas em benefício das quais se produz a modificação. Mas se, por outro lado, o que se produz é a simples transferência de um impulso de um Espírito a outro, resulta difícil compreender como um Espírito diverso do Espírito focalizado pôde perceber a impressão telepática.

658. Sem dúvida, nos casos coletivos, de pessoas sobre as quais o agente não demonstra interesse algum, ou cuja presença, ao lado da pessoa a que se supõe se dirija, lhe é desconhecida, recebe-se realmente a impressão da mesma forma que a pessoa focalizada. Isto foi explicado por Gurney como uma nova transmissão telepática, que, nesse caso, é enviada do Espírito da pessoa que impressiona ao de seu vizinho, no momento.

659. Uma suposição desse teor, já bastante problemática em si, torna-se ainda mais, quando, como sucede frequentemente, a impressão telepática não adentrou o Espírito da pessoa principalmente visada. Quando, nos casos desse gênero, um assistente percebe a figura do agente, supõe-se que a percebe como simples assistente, não como a pessoa que sofre a influência telepática do sujeito ao qual a comunicação se dirige, já que, na realidade, este nada percebe.

660. Esse é o caso de Frances Reddell (Phantasms of the Living, I, 214), que certa noite, quando estava para adormecer uma das suas pacientes, gravemente enferma, percebeu o fantasma da mãe dela, que ele não conhecia e que não podia ter visto antes, mas de quem pôde fazer uma descrição muito exata mais tarde quando a genitora lá chegou por ter recebido a notícia da morte da filha.

661. Todas as pessoas às quais Frances Reddell contou a sua visão ficaram assombradas com a semelhança entre a visão e a pessoa real. Ele até mesmo descreveu determinado vestido, bem como um castiçal, dos quais foi confirmada a existência pelos pais da enferma.

662. Eis o que deve ter-se passado naquele caso: a mãe, inquieta pelo estado de sua filha, fez-lhe, por assim dizer, uma visita psíquica enquanto as duas dormiam; e, ao fazê-la, modificou um trecho do espaço, nem material nem oticamente, mas de tal forma que as pessoas suscetíveis que se encontravam naquele trecho do espaço puderam distinguir, de algum modo, uma imagem que correspondia, aproximadamente, ao conceito que existia no Espírito da mãe, relativo ao seu próprio aspecto, enquanto que a mãe não se lembrava de ter pensado em sua filha naquela noite e, como a filha morrera, não se podia saber se ela, como Frances Reddell, percebeu a imagem de sua mãe.

663. Temos também o caso do marinheiro que, cuidando de um de companheiro moribundo (Phantasms of the Living, II, 144), enxergou ao redor de sua maca umas figuras enlutadas, que lhe pareceram representar a família do moribundo. A família, sem estar informada exatamente do estado de seu chefe, alarmou-se ante os rumores que pressentiu, com razão ou sem, por indício de algum perigo que a ameaçava.

664. Suponho, então, que a mulher fez a seu marido uma visita psíquica e vejo, nos trajes de luto e nas figuras das crianças que acompanhavam a mãe, uma representação simbólica desta ideia: “Meus filhos vão ficar órfãos”. Essa interpretação parece mais provável do que a que seria na aparição dos filhos um fato do mesmo gênero que a aparição da mãe.

665. As figuras secundárias não são raras nas aparições telepáticas. Qualquer um pode representar a si mesmo, quer carregando uma criança nos braços ou passeando num coche puxado por dois cavalos, de forma tão viva como se transportasse um guarda-chuva ou caminhasse por um quarto; igualmente, pode vislumbrar outros. (Continua no próximo número.) 




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita