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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 299 - 17 de Fevereiro de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 24)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Como definir, no hipnotismo, a importância da sugestão?

Segundo Myers, a sugestão não implica uma simples obediência do indivíduo às ordens que se lhe sugerem, porque ela é unicamente eficaz quando o indivíduo adota a sugestão recebida, até o ponto de transformá-la em autossugestão. Não é, pois, a ordem do hipnotizador, trata-se da faculdade do sujeito, o que constitui o quid (1) da questão. (A Personalidade Humana. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)  

B. As visões internas submetem-se a alguma lei conhecida?  

Parece que não. Depende do simples acaso – diz Myers – que um indivíduo enxergue um esqueleto, que outro veja uma cena de sua infância, que um terceiro enxergue uma fila de letras, cujo conjunto não tem sentido algum, ou que um quarto veja uma representação do que um amigo distante está fazendo naquele momento. (Obra citada. Capítulo VI – Automatismo sensorial.)  

C. Teria a telepatia alguma relação com os fenômenos de visão e audição internas mencionados por Myers?  

Sim; pelo menos é o que sugere Myers. Para ele, a telepatia deve constituir a condição essencial de todos esses fenômenos. A experiência atual confirmaria essa opinião, em relação ao papel da telepatia, visto que, ao passar dos fenômenos provocados aos fenômenos espontâneos, nota-se que estes últimos proporcionam uma prova a favor da transmissão de emoções e pensamentos, de um Espírito a outro. (Obra citada. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)  

Texto para leitura

568. Em nossa discussão relativa ao hipnotismo tratamos de demonstrar que a sugestão não implica uma simples obediência do indivíduo às ordens que se lhe sugerem, antes, que é unicamente eficaz quando o indivíduo adota a sugestão recebida, até o ponto de transformá-la em autossugestão, e de exercer a faculdade novamente desenvolvida no sentido desejado pelo hipnotizador. Não é, pois, a ordem do hipnotizador, trata-se da faculdade do sujeito, o que constitui o quid (1) da questão.

569. Passamos em revista todas as faculdades suscetíveis de uma intensificação hipnótica: a faculdade profunda orgânica, a que preside o sistema de nutrição e à qual se dedica a psicoterapia; assistimos, igualmente, ao aumento da sensibilidade aos estimulantes externos, à hiperestesia hipnótica, isto é, à intensificação que provavelmente pode ser levada a um grau desconhecido, da vista, do ouvido, do olfato e do paladar. Citamos os fenômenos da heterestesia, isto é, das percepções de um gênero novo, as dos campos magnéticos, e o contato dos metais específicos.

570. Não discutiremos a questão de saber se se trata, nesse caso, de estimulações da sensibilidade periférica ou da receptividade central, isto é, se os órgãos terminais transmitiam uma informação vinda do mundo exterior em termos novos, ou se o cérebro aplicava a uma informação comum uma nova qualidade mais requintada de interpretação.

571. Ocupamo-nos, finalmente, do fenômeno da exaltação dessa faculdade central, que não é unicamente sensorial, mas antes atinge mais ao sentido intelectual e moral; mas omitimos a referência à “exaltação da imaginação”, da possibilidade que existe de dar às imagens que têm uma origem central um pouco mais dessa vivacidade que só podem alcançar as imagens advindas do mundo exterior.

572. Nosso estudo das alucinações leva-nos a considerar as possibilidades, os estímulos desta última categoria. Porque as alucinações que nos ocupam não são exteriorizações toscas de alguma comoção interna, assim como as sensações luminosas, através das quais os nervos óticos reagem a um traumatismo da cabeça. Na maioria dos casos são produtos elaborados e em cuja elaboração a inteligência deve ter tomado parte, ainda que de um modo obscuro para nós. De acordo com isso, as imagens de que tratamos lembram as inspirações do gênio, cujos caracteres apresentam: aparição de um produto intelectual complexo, pré-constituído sob o umbral da consciência e projetado, uma vez que já estava constituído, na consciência comum.

573. No gênio, esta corrente subliminar perturba raramente, apesar de sua aparição brusca e inesperada, a corrente de ideias supraliminares à qual se adapta melhor. Mas, nos casos de alucinações induzidas, a incompatibilidade entre essas duas correntes de inteligência é mais pronunciada, e a corrente superficial consciente está mais oscilante, e com maior frequência, pelas intervenções intermitentes da corrente subliminar, como na sugestão alucinatória pós-hipnótica.

574. Considerando as alucinações, do ponto de vista geral, chegamos a compreender sua independência de qualquer degeneração ou doença corpórea. Frequentemente acompanham, com efeito, a doença; mas isso prova somente que os trajetos centrais, a exemplo de todas as demais partes do organismo, estão, igualmente, sujeitos aos estímulos mórbidos e às excitações sadias. Tomado por si só, o simples fato da exteriorização de uma imagem que tenha uma origem central é unicamente o resultado de um forte estímulo interno e nada mais.

575. Não existe lei fisiológica que nos possa informar sobre o grau de vivacidade que deve ter uma imagem central para ser compatível com a saúde, exceção dos casos em que essas imagens tornam-se impossíveis de distinguir das percepções externas, até o ponto de perturbar a maneira racional de viver, como na loucura. Nenhum dos casos de alucinações verídicas alcançou, que eu saiba, esse ponto.

576. Falei das alucinações que a sugestão é suscetível de produzir, quer durante o sono hipnótico, quer depois dele, ou em pessoas acordadas. Esses casos de quase-percepção são agora familiares para todos, ainda que seu verdadeiro significado não tenha recebido a devida atenção. Mas, esta forma de experiência pode variar e aperfeiçoar-se? Podemos livrá-la de seus elementos supérfluos e pôr em relevo de forma mais contundente a parte realmente interessante?

577. Estudamos as imagens alucinatórias, nascidas como consequência da sugestão feita por A no espírito do indivíduo hipnotizado B. Mas a questão de saber se a voz ou a ordem de A intervém na produção dessas imagens não nos interessa. Desejamos estudar o espírito de B e gostaríamos de deixar o espírito de B livre de qualquer sugestão verbal comum, mesmo desejando observar, no que for possível, uma influência telepática.

578. Agradar-nos-ia, também, poder prescindir do hipnotismo e de mostrar e descrever a B suas alucinações durante a vigília. Pode B alcançar essas imagens subliminares mediante um mero esforço da vontade? Pode fazer algo além de provocar só essas imagens-lembrança, mediante combinações mais ou menos fantásticas? Será que, além dos casos raros e verdadeiramente assombrosos de alucinações reais, é possível encontrar algum indício que permita supor a existência de um costume ou de uma faculdade de receber ou evocar as imagens da reserva subliminar?

579. Esses indícios existem realmente. No capítulo sobre o gênio, e no capítulo sobre o sono, provamos a existência de determinadas categorias dessas imagens, cada uma das quais pronta a se manifestar ao menor estímulo, surgindo as figuras do sonho, durante um momentâneo obscurecer da consciência; as inspirações correspondentes ao desejo concentrado ou a emoção meramente passageira do homem de gênio; as pós-imagens que se reproduzem em condições desconhecidas, muito depois de desaparecida a excitação original; as imagens-lembrança que surgem em nosso espírito com uma vivacidade nem sempre desejada e, por fim, a exatidão das ilusões hipnagógicas feita para nos surpreender, ao revelar um estado de transição da vigília ao sono.

580. Trata-se agora de encontrar um meio empírico singelo que permita reunir todas essas variedades de visões subjacentes, de lhes encontrar uma base comum. Esse meio nos proporciona, primeiramente, a cristaloscopia (cristal-visão). Eis no que consiste essa experiência: faz-se com que o indivíduo olhe atentamente, mas sem fatigá-lo, um espelho ou um fundo claro e transparente disposto de maneira que reflita, o menos possível, tanto o rosto do observador como os objetos que o rodeiam. O melhor modo de evitar os reflexos consiste em usar uma bola de cristal envolvida por um pano negro, colocada no fundo de um caixote entreaberto. Depois de olhá-la duas ou três vezes, durante dez minutos, cada vez, é preferível que o sujeito permaneça sozinho no quarto e que se encontre num estado de passividade mental: começará, talvez, a dar-se conta de que o espelho ou a bola estão opacos ou lhe parecerá ver algum rosto ou imagem na bola.

581. Um homem ou uma mulher entre vinte terão, talvez, ocasião de realizar essa experiência e desses vinte visionários somente um será capaz talvez de desenvolver essa faculdade de visão interna até o ponto de receber até informações que seria impossível obter pelos meios comuns.

582. E, antes de tudo, como é possível, em geral, ver figuras no cristal? Os experimentos hipnóticos comuns nos sugerem duas respostas, cada qual só explicando uma parte do fenômeno. Sabemos, em primeiro lugar, que o sono hipnótico se produz, com frequência, quando olhamos fixamente um pequeno objeto brilhante. Isso pode ser, ou não, um efeito da sugestão, mas o fato se produz, com segurança, em certos casos e o sujeito pode ser facilmente hipnotizado e colocado num estado que facilita as alucinações. Em segundo lugar, pode-se sugerir a um indivíduo hipnotizado ver (descrever) um retrato sobre um papel em branco; e continuará ele vendo esse retrato, mesmo depois que o papel tenha sido misturado com outros, mostrando assim que discerne com acuidade pouco comum os sinais ou signos indicadores que podem existir aparentemente na superfície de um papel em branco.

583. A primeira experiência mostra-nos que a cristaloscopia pode, às vezes, vir acompanhada de um estado de hipnotismo parcial, que dá lugar, talvez, à alucinação, e o segundo, que os sinais parecem, às vezes, provocar a cristaloscopia, mas também resulta dos testemunhos dos mesmos indivíduos que foram submetidos a essa experiência, e das observações do Dr. Hodgson e outros (compreendidas as minhas), que tiveram oportunidade de assistir às suas experiências, que o fato de olhar uma bola de cristal provoca, raras vezes, um sintoma hipnótico qualquer, tanto entre indivíduos nos quais teve êxito a experiência, como entre os indivíduos em que não se obteve resultado. Por outro lado, não existe nenhuma prova a favor de uma relação qualquer entre a faculdade da cristaloscopia e a sensibilidade hipnótica.

584. Tudo o que se pode dizer é que essa faculdade está, com frequência, associada à sensibilidade telepática e, embora esta última possa ser frequentemente exaltada pelo hipnotismo, nada prova que essas duas formas de sensibilidade caminhem sempre juntas.

585. Outro fato: a conexão entre o cristal e a visão é das mais variáveis. Às vezes as figuras parecem claramente desenhadas no cristal e limitadas por ele; outras vezes qualquer percepção do cristal e do espelho desaparece e o sujeito se assemelha a um clarividente, introduzido num grupo de figuras animadas com vida. Ainda mais: os sujeitos nos quais esta faculdade é levada ao mais alto grau podem passar sem o espelho e são capazes de ver imagens na simples obscuridade, o que os aproxima dos casos de ilusões hipnagógicas.

586. Parece, pois, prudente, pelo momento, não ver na cristaloscopia mais do que um simples meio empírico de desenvolver a visão interna, de exteriorizar as imagens associadas às mudanças produzidas nos trajetos sensoriais do cérebro e provocadas por estímulos vindos ou de dentro, ou de espíritos diversos do sujeito. As alucinações assim provocadas parecem absolutamente anódinas.(2) Ao menos, não conheço casos em que elas se mostraram danosas em qualquer forma.

587. Num certo sentido, a cristaloscopia deveria encontrar, logicamente, seu lugar nesta parte de nossa exposição. Com efeito, ocupamo-nos do controle da visão interna, e a cristaloscopia constitui, juntamente com a sugestão hipnótica, um meio empírico de estabelecer esse controle.

588. Uma revisão geral dos resultados obtidos era necessária, do ponto de vista da comparação com os fenômenos da visão interna espontânea, com as alucinações verídicas de que vamos nos ocupar agora. Mas, desde outro ponto de vista, a cristaloscopia chega aqui de um modo prematuro, porque poucos dos fenômenos são de natureza que não apareçam ao leitor fantásticos e inacreditáveis.

589. Essas visões não parecem estar submetidas a lei alguma; depende do simples acaso que um indivíduo enxergue um esqueleto, que outro veja uma cena de sua infância, que um terceiro enxergue uma fila de letras, cujo conjunto não tem sentido algum; que um quarto veja uma representação do que um amigo distante está fazendo naquele momento.

590. As visões cristalinas, cujas causas determinantes não conhecemos, podem ser consideradas como claridades acidentais que iluminam a visão interna, como reflexos sob uma curvatura estranha, indeterminada, que desfigura o universo ao atravessar e iluminar um meio incognoscível, constituído por substância anímica específica. O conhecimento normal e o supranormal e os produtos da imaginação misturam-se e formam irradiações complexas, enfeixando lembranças, sonhos, percepções telepáticas, telestésicas, retrocognitivas, precognitivas, etc. Existem ainda indícios de comunicações espirituais e de uma espécie de êxtase.

591. É-nos impossível estudar todos esses fenômenos de uma só vez. Para voltar aos casos de automatismo sensorial espontâneo, vemo-nos obrigados a separar algum fenômeno fundamental que contém o princípio do qual derivam os demais fenômenos mais raros e complexos. Isto é relativamente fácil, porque a teoria da experiência real postula o princípio de que se a visão e a audição internas, cuja importância demonstramos, possuem realmente esta importância e um valor qualquer e se, na realidade, representam alguma coisa mais do que os sonhos e as meditações, devem obter cognições e informações de Espíritos ou objetos distanciados e recebê-las de outra forma, diferente da obtida por meio dos órgãos dos sentidos externos.

592. Devem existir comunicações entre as porções subliminares, como existem entre as porções supraliminares de diferentes indivíduos. Em resumo, a telepatia deve constituir a condição essencial de todos esses fenômenos. Vejamos como a experiência atual confirma esta opinião, em relação ao papel da telepatia; porque, ao passar dos fenômenos provocados aos fenômenos espontâneos, veremos que estes últimos proporcionam, antes de tudo, uma prova a favor da transmissão de emoções e pensamentos, de um Espírito a outro. (Continua no próximo número.) 

 

(1) Quid: o ponto difícil; o busílis; o xis da questão.

(2) Anódina: insignificante, medíocre; que é pouco importante; secundária. 




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita