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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 6 - N° 298 - 10 de Fevereiro de 2013
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 


Nas Fronteiras da Loucura

Manoel Philomeno de Miranda 

(Parte 24)

Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. Pode-se dizer que em toda gênese da loucura existe uma incidência obsessiva?

Sim. Quem o diz é o Dr. Bezerra de Menezes. Eis suas palavras: "Em toda gênese da loucura, há uma incidência obsessiva. Desde os traumatismos cranianos às manifestações mais va­riadas, o paciente, por encontrar-se incurso na violação das Leis do equilíbrio, padece, simultaneamente, a presença negativa dos seus ad­versários espirituais, que lhe pioram o quadro. Estando em desarranjo, por esta ou aquela razão, endógena ou exógena, os implementos cere­brais, mais fácil se torna a cobrança infeliz pelos desafetos violen­tos, que aturdem o Espírito que se não pode comunicar com o exterior, mais desequilibrando os complexos e delicados mecanismos da mente". (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 29, pp. 226 e 227.)

B. Em que sentido a prece é importante nas terapias antiobsessivas?

A prece é importante por causa da ação dissolvente que exerce sobre as correntes negativas que envolvem o paciente, gerando vibrações de alto teor e modificando a paisagem psicofísica em torno. É por isso que Tiago recomendou, em sua Epístola famosa (cap. 5:16): "Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos". (Obra citada, cap. 29, pp. 227 a 229.)

C. Por que a lamentação prejudica as pessoas, especialmente as que enfrentam doenças?

Segundo Dr. Alberto, o psiquiatra que atendia Julinda, a lamentação é portadora de miasmas que deprimem a pessoa e intoxicam o paciente, mantendo-o em área de pessimismo. Otimismo, alegria, esperança de dias melhores são psicoterapias oportunas, em qualquer problema e muito especialmente na faixa do comportamento mental.  É por isso que as religiões preconizam a confiança e a coragem, o perdão e a fé, a humildade e a paciência, logrando êxito com os seus fiéis. Depois de dizer tais palavras, o psiquiatra acrescentou: "Sabe-se, hoje, cientificamente, que a boa palavra proferida com entu­siasmo faz que o cérebro e o hipotálamo secretem uma substância deno­minada endorfina, que atua na medula e bloqueia a dor, tal como ocorre na Acupuntura... Assim, ouvir e falar de forma positiva, sorrir com natural e justa alegria, fazem muito bem a todas as pessoas". (Obra citada, cap. 30, pp. 230 e 231.)

Texto para leitura 

115. Os conflitos dos sonhos - Cibele explicou à D. Angélica que o sono físico faculta o parcial desprendimento do Espírito, que não fica inativo. "Conforme os interesses que se acalentam quando em vigília, no período do repouso orgânico – informou Cibele – cada um prossegue na realização do que lhe apraz, partindo em direção do que mais o sen­sibiliza... Saiba, a minha irmã, que o seu sonho foi um acontecimento real, onde eu me encontrava também e teve lugar na sede da nossa So­ciedade." D. Angélica, profundamente sensibilizada, acreditou nas in­formações da amiga, que era uma pessoa séria, muito ativa no exercício do bem e portadora de excelentes qualidades morais. Cibele aproveitou, então, a ocasião para dizer que vinha colocando o nome de Julinda nas vibrações do seu grupo: "Espírita, como o sou, estou esclarecida de que a dor tem uma função especial na vida de todos nós, e que tudo quanto nos acontece é sempre para o nosso progresso e crescimento es­piritual. Não obstante, Jesus nos recomendou orar, pedindo, também, a ajuda de nosso Pai, que nos concederia o de que necessitamos". Tocada pela bondade natural da amiga, D. Angélica assumiu ali mesmo, consigo própria, o propósito de conhecer melhor o Espiritismo. O dia transcor­reu assim em clima de muita paz, como há muito não sucedia. De noite, Roberto apareceu para jantar, revelando também excelente estado psí­quico. Durante a refeição, ambos narraram as reminiscências do inusi­tado encontro. "Sonhei – disse o rapaz – com Julinda recuperada, prometendo-me a paternidade. Havia outras pessoas presentes e uma de­las referia-se a um processo de aborto provocado por minha esposa, o que certamente não é verdade..." D. Angélica, que também desconhecia o crime oculto de Julinda, confortou-o: "São os detalhes conflitantes dos sonhos". (Cap. 29, pp. 222 e 223) 

116. Julinda melhora - O diálogo entre D. Angélica e o genro pros­seguiu, tendo este declarado haver despertado em lágrimas, como se es­tivesse retornando de um passado marcado por muitas dores com promes­sas de futuras e próximas alegrias. Angélica relatou-lhe, em seguida, a conversa mantida com Cibele, acreditando também que se iniciava ali uma fase nova e abençoada de suas vidas. No Hospital, naquele mesmo dia, à tarde, Dr. Bezerra voltou a visitar Julinda, que se encontrava regularmente lúcida e calma, sem a compressão fluídica perturbadora de Ricardo. A jovem denotava, porém, grande melancolia, na qual a lem­brança do aborto assomava, com sincero arrependimento. Intuindo o compromisso assumido na noite anterior, reflexionava, então, quanto à possibilidade de ser mãe, tão logo saísse dali. Juvêncio, seu pai, a pedido do Dr. Bezerra, a assistia, evitando assim a malévola interfe­rência de Elvídio e seus asseclas. Telepaticamente, ele tentava alcan­çar-lhe o raciocínio entorpecido pela ação dos antidepressivos, apli­cando-lhe, de quando em quando, passes de dispersão das cargas men­tais viciadas que assimilara e das próprias construções deprimentes e perniciosas que ela produzia. Julinda surpreendera a enfermeira, ao aceitar o desjejum sem a costumeira hostilidade, o que se repetiu à hora do almoço. Dr. Bezerra já esperava essa melhora. Nesse comenos, sabedor da nova disposição da paciente, Dr. Alberto, o psiquiatra, foi ver Julinda. Tratava-se de sincero estudioso da Psiquiatria, que se reencarnara com a tarefa de fazer uma ponte entre os conhecimentos acadêmicos e as ma­nifestações paranormais. Interessando-se pelas in­vestigações parapsicológicas da chamada Escola americana, também deno­minada "Psicocêntrica", o médico não era infenso à comunicação dos Es­píritos e conhecia a velha mas sempre atual obra do Dr. Karl Wickland, "Trinta anos entre os mortos", que muito lhe despertou o interesse. (Cap. 29, pp. 224 e 225) 

117. A gênese da loucura - Dr. Alberto conversou com Julinda, que o atendeu com afabilidade, apesar da tristeza que a acometia. "Iremos diminuir-lhe a dose da medicação e confio que estará  bem disposta muito antes do que prevíamos", disse-lhe o médico. A jovem sorriu, ao mesmo tempo em que seus olhos se encheram de lágrimas, e manifestou o desejo de ver a mãe e o marido, com os quais afirmou haver sonhado. Os prognósticos eram, assim, favoráveis, embora a psicosfera no aparta­mento fosse ainda desagradável. Dr. Bezerra convidou seus acompanhan­tes à oração, tecendo, na sequência, oportunos comentários sobre a ob­sessão, que põe o indivíduo nas fronteiras da loucura. Disse então o Benfeitor Espiritual: "Em toda gênese da loucura, há uma incidência obsessiva. Desde os traumatismos cranianos às manifestações mais va­riadas, o paciente, por encontrar-se incurso na violação das Leis do equilíbrio, padece, simultaneamente, a presença negativa dos seus ad­versários espirituais, que lhe pioram o quadro. Estando em desarranjo, por esta ou aquela razão, endógena ou exógena, os implementos cere­brais, mais fácil se torna a cobrança infeliz pelos desafetos violen­tos, que aturdem o Espírito que se não pode comunicar com o exterior, mais desequilibrando os complexos e delicados mecanismos da mente". O Mentor explicou, então, que nas obsessões o descontrole da aparelhagem mental advém como consequência da demorada ação do agente perturbador, cuja interferência psíquica no hospedeiro termina por produzir danos, reparáveis, a princípio, e difíceis de recomposição, ao largo do tempo. "Processos obsessivos existem, como na possessão – afirmou Dr. Bezerra –, em que o enfermo passa a sofrer a intercorrência da lou­cura conforme os estudos clássicos da Psiquiatria. Seja, porém, em qual incidência estagie o doente, não nos esqueçamos de que este é um Espírito enfermo, porque enquadrado nos códigos da reparação dos débi­tos, com as matrizes psíquicas que facilitam o acoplamento da mente perseguidora, esteja em sanidade mental, sendo levado à obsessão, ou em patologia de alienação outra, piorando-lhe o estado." O Instrutor asseverou que a ação psicoterápica da Doutrina Espírita, associada às modernas técnicas de cura, contribuirá decisivamente para a mudança do quadro mental da Humanidade. Nessa época, que não tardará, "o doente mental já  não sofrerá os eletrochoques desordenados, nem as substân­cias e barbitúricos violentos". "À medida em que o homem avance em conquistas morais – informou o Mentor –, diminuir-lhe-ão as pro­vações e expiações mais pungentes, ainda em vigência na Terra, enri­quecida de Tecnologia, porém carente de amor e equilíbrio emocional." (Cap. 29, pp. 226 e 227) 

118. Toda vigilância é pouca - Terminada sua breve explanação, Dr. Bezerra movimentou energias, dissolvendo as cargas condensadas negati­vas, a fim de que o ambiente ficasse respirável psiquicamente, ameni­zando a situação de Julinda. Logo depois, Juvêncio convidou os dois vigilantes de Elvídio a uma conversa amena, elucidando que ali se ins­talava novo comando e passando a exercer o controle da situação, a partir daquele momento. Como as duas Entidades temessem o Chefe, pre­feriram notificá-lo, afastando-se incontinente. Elvídio logo compare­ceu ao recinto, acompanhado de assessores e de um séquito de perturba­dores delinquentes, em atitude ameaçadora. Dr. Bezerra recebeu-os com doçura e informou que Ricardo havia mudado de planos e de comporta­mento, e fora encaminhado à recuperação moral e espiritual, que lhe era indispensável. A irradiação do Mentor, serena e afetuosa, irritou ainda mais Elvídio e sua turba, que, sem delongas, entre apupos e im­propérios, se retiraram. Dr. Figueiredo destacou dois Espíritos, liga­dos ao Hospital, para cooperarem com Juvêncio no atendimento e guarda da enferma. O autor desta obra lembra, então,  que nos processos de desobsessão passam geralmente despercebidas aos encarnados as ativida­des desenvolvidas no plano espiritual, onde a luta é mais tenaz e se deslindam os laços apertados das causas complexas da problemática alienante. Recomenda ele, em face disso, que os membros das atividades desobsessivas se resguardem, ao máximo, na oração, na vigilância e no trabalho superior, na caridade, precatando-se de sofrer o desforço da­queles que se veem frustrados nos planos nefastos de perseguição. Sa­bendo-se em desbaratamento, não poucas vezes investem, furibundos, contra os trabalhadores de boa vontade, agredindo-os, arremessando-lhes pessoas violentas, maledicentes ou cruéis com o objetivo de des­coroçoá-los no ministério socorrista com que lhes facilitaria o pros­seguimento do programa infeliz. Impossibilitados de impedir a ação benfazeja dos Numes Tutelares, recorrem a projetos escabrosos, desani­madores e prejudiciais, a fim de crucificarem os operários da caridade no mundo. De uma coerente e contínua sintonia entre encarnados e os Bons Espíritos, decorrem os resultados favoráveis da terapia antiob­sessiva, abrindo canais de saúde e paz com vistas ao futuro de todos. A prece é, nesse sentido, um dos mais eficientes recursos de que todos podemos dispor, em face da ação dissolvente que ela exerce sobre as correntes negativas que envolvem o paciente, gerando vibrações de alto teor e modificando a paisagem psicofísica em torno. É por isso que Tiago recomendou, em sua Epístola famosa (cap. 5:16): "Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos". (Cap. 29, pp. 227 a 229) 

119. O reencontro - No sábado seguinte, como o médico prometera, os familiares de Julinda foram recebidos na Casa de Saúde e, na presença do Dr. Alberto, deu-se o esperado encontro com a paciente. Sem a pre­sença psíquica de Ricardo, nem a psicosfera enfermiça que era mantida pelos partidários de Elvídio, o quadro era confortador. Julinda reno­vara-se mentalmente e passara a cuidar até da aparência e da alimenta­ção. A reunião teve lugar em agradável sala de estar. Ao ver Roberto e a mãe, Julinda abraçou-os em lágrimas incontidas, comovendo os visi­tantes. "Tenho sofrido, como só Deus sabe!", externou a jovem. "Todos são bondosos comigo, mas padeço estranhos pesadelos e compressões que me enlouquecem..." O esposo, inspirado por Juvêncio, respondeu: "Compreendemos, querida. Podemos imaginar o que lhe sucede. Todavia, estamos unidos na mesma dor, embora em situações diferentes. Nós ou­tros participamos, solidários, do seu calvário, que nos dará, também, libertação... Recorde que, se não houvesse sucedido a crucificação do Justo, a humanidade não teria a glória da ressurreição, com que Ele nos acena liberdade e glória totais". A palavra de Roberto acalmou-a e facultou ao psiquiatra um comentário muito oportuno: "A lamentação é portadora de miasmas que deprimem a pessoa e intoxicam o paciente, mantendo-o em  área de pessimismo. Otimismo, alegria, esperança de dias melhores são, também, psicoterapias oportunas, em qualquer problema e muito especialmente na faixa do comportamento mental". "Por isso que as religiões preconizam a confiança e a coragem, o perdão e a fé, a humildade e a paciência, logrando êxito com os seus fiéis." E aduziu: "Sabe-se, hoje, cientificamente, que a boa palavra proferida com entu­siasmo faz que o cérebro e o hipotálamo secretem uma substância deno­minada endorfina, que atua na medula e bloqueia a dor, tal como ocorre na Acupuntura... Assim, ouvir e falar de forma positiva, sorrir com natural e justa alegria, fazem muito bem a todas as pessoas". (Cap. 30, pp. 230 e 231) (Continua no próximo número.) 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita