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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 298 - 10 de Fevereiro de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 23)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Qual o tipo mais comum da chamada visão interna? 

São as imagens-lembrança, que não nos trazem conhecimentos novos, antes têm por objetivo manter os conhecimentos adquiridos através da visão externa. Na sua forma espontânea mais simples constituem os vestígios cerebrais da visão externa, da qual as pós-imagens constituem os vestígios retinianos. Esses dois gêneros de imagens podem se achar mesclados em certos casos. Mas o que caracteriza as impressões armazenadas no cérebro, e o que as distingue das armazenadas pela retina, é que encerram um elemento psíquico que se manifesta por uma nova disposição e uma generalização das impressões retinianas. (A Personalidade Humana. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.) 

B. São de origem subliminar as imagens-lembrança? 

Sim. E nos parecem de igual origem as imagens imaginativas, como, por exemplo, a imagem da máquina a vapor que apareceu a Watt e, em seguida, adentrou pronta em sua razão supraliminar. (Obra citada. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.) 

C. Como definir a alucinação? 

Segundo Myers, a alucinação é a expressão de uma hiperestesia central que nasce, às vezes, como consequência de uma excitação periférica direta, mas na maioria dos casos é uma visão puramente interna que envolve a ideia como uma forma visual. As alucinações, até os últimos anos, eram consideradas como fenômenos patológicos, como expressão de perturbação física; mas as investigações estatísticas e analíticas de Gurney mostraram que, num grande número de casos de automatismo sensorial, o fenômeno se deu com pessoas completamente sadias. (Obra citada. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)

Texto para leitura 

544. O estudo das modificações dérmicas e nervosas sucessivas que deram lugar ao nascimento da faculdade de visão compete à biologia: só temos que mostrar que o fato isolado dessa faculdade num germe animado de vida metaetérea indica que uma certa percepção, que devia servir de ponto de partida à visão, preexistia no mundo original invisível. O germe estava constituído ab initio, de maneira que pudesse desenvolver-se neste caminho e em outros, e isto independentemente da questão de saber se cada uma das modificações específicas existiam (podendo ser discernida por um observador onisciente) desde o início, ou se não existia.

545. Sabemos, vagamente, como se realizou a diferenciação periférica da visão, à medida que aumentava a sensibilidade das manchas pigmentárias à sombra e à luz. Mas deve ter-se produzido também uma diferenciação cerebral e uma diferenciação psicológica, isto é, o nascimento de uma sensação diferente, oposta às sensações escuras precedentes, das quais não é impossível se reconstituir a história.

546. Não acredito que persistem sempre em nossa estrutura cerebral os vestígios dessa transição de nossa sensibilidade contínua, não diferenciada e primitiva, ao estado atual que é o da especialização dos sentidos. Em cada um de nós existe, provavelmente, de maneira mais ou menos diversa, uma certa sinestesia(1)  ou concomitância de impressões sensoriais, independentemente da lei de associação.

547. Um segundo sentido vem frequentemente reagir, de forma automática, a uma excitação que parecia dirigida num único sentido. Não me atrevo a dizer que unicamente o ladrar de um cão faça nascer diante de nós o aspecto de um cão, porque o ladrar sugere tal imagem; esta é uma consideração que resulta da experiência adquirida no curso da vida. Mas, para um verdadeiro sinestesista, para um “visionário dos sons” (para usar a forma mais comum desta repercussão central das impressões sensoriais) existe entre a vista e os sons uma conexão instintiva complexa e que para nossa inteligência é totalmente arbitrária.

548. Podemos, em diversos casos, observar esses cromatismos, senão na sua origem, ao menos em seu desenvolvimento, e atribuí-los então a alguma associação estranha e caprichosa. Mas, ao lado deste primeiro grupo, existe um segundo, onde o cromatismo é, por assim dizer, anterior ao nascimento da conscientização, como nos casos em que existe uma correspondência precisa, inexplicável, entre tal nota tocada no piano e a cor verde da maçã.

549. A meu ver, essas sinestesias equidistam das percepções de origem externa e das de origem interna. Por outro lado, essas irradiações da sensibilidade, congênitas na aparência, não podem ser consideradas como um fenômeno puramente mental, nem classificadas entre os fenômenos da visão exterior, porque frequentemente são o resultado de um processo de associação mental. Seria mais conveniente chamá-los entencefálicos, por analogia aos fenômenos entópticos, uma vez que parecem ser atribuídos a uma particularidade na estrutura do cérebro, como as percepções entópticas(2) estão unidas a certas particularidades da estrutura do olho.

550. Desse fotismo(4) entencefálico passamos por uma insensível transição à forma mais característica da visão entóptica e à mais interna da visão externa: as faíscas luminosas que provocam a eletrificação do nervo ótico. Aparecem a seguir os fosfênios(3), como consequência de uma pressão exercida sobre o nervo ótico ou de uma irritação da retina; as figuras de Purkinje, ou as sombras projetadas pelos vasos sanguíneos da camada média da retina sobre sua camada papilar; moscas voando ou sombras projetadas pelas partículas do humor vítreo sobre a camada fibrosa da retina.

551. As pós-imagens formam uma transição da visão entóptica à visão externa comum; essas imagens, ainda que perceptíveis com os olhos fechados, pressupõem uma estimulação externa prévia da retina; formam na realidade os vestígios entópticos da visão externa comum.

552. Em último lugar, temos a visão comum externa, que podemos levar ao mais alto grau de intensidade com a ajuda de processos artificiais. Aquele que olha as estrelas através de um telescópio procura para seus órgãos terminais o maior aperfeiçoamento mecânico que se possa obter na atualidade.

553. Consideremos agora o grau mais avançado da faculdade da visão interna. Essa visão é virtualmente independente do olho; isto é, pode persistir mesmo depois da destruição do olho, contanto que este tenha funcionado o tempo suficiente para dar ao cérebro uma educação visual. Não sabemos quais são os limites exatos dessa independência; um estudo mais completo do que o realizado até agora sobre os cegos inteligentes é a única coisa que nos poderia informar sobre isso. Não podemos dizer até que ponto o olho é, por sua vez, influenciado pelo cérebro nas pessoas clarividentes. Abster-me-ia de qualquer síntese no que diz respeito à existência de uma corrente retrógrada do cérebro à retina, do mesmo modo que me abstive, para indicar o lugar primitivo da vista, de qualquer expressão mais específica que o termo cérebro. Trata-se aqui de um nexo psicológico que pode ser discutido, sem que haja necessidade de entrar no domínio da fisiologia.

554. As imagens-lembrança constituem o tipo mais comum de visão interna. Entenda-se, essas imagens não nos trazem conhecimentos novos, antes têm exclusivamente por objetivo manter os conhecimentos adquiridos através da visão externa. Na sua forma espontânea mais simples constituem os vestígios cerebrais da visão externa, da qual as pós-imagens constituem os vestígios retinianos. Esses dois gêneros de imagens podem se achar mesclados em certos casos. Mas o que caracteriza as impressões armazenadas no cérebro, e o que as distingue das armazenadas pela retina, é que encerram um elemento psíquico que se manifesta por uma nova disposição e uma generalização das impressões retinianas.

555. Existe um grupo muito conhecido de imagens-lembrança, nas quais a disposição subliminar é, particularmente, marcante. São os sonhos que se subdividem em imagens imaginativas e em alucinações. As primeiras designam a nova combinação consciente de nossa reserva de imagens visuais, que elaboramos ora por mero prazer, como quando sonhamos acordados, ora como artifícios destinados a fazer-nos compreender melhor determinados fenômenos naturais, como ao construirmos figuras geométricas, e Watt, imaginando sua máquina a vapor enquanto estava deitado numa casa às escuras, alcançou o último limite da visão interna involuntária.

556. A visão interna consciente não pode ir mais longe. Mas, por outro lado, as imagens imaginativas, qualquer que seja seu valor, constituem um mero esforço para submeter ao controle supraliminar as visões que, como as imagens-lembrança, são, antes de qualquer coisa, de origem subliminar. Desse modo pode-se reconhecer, com segurança, que a imagem da máquina a vapor, tal como apareceu a Watt, adentrou pronta em sua razão supraliminar, enquanto que esta permanecia nessa atitude de expectativa que desempenha um alto papel em todas as invenções. Sem pretender a exata compreensão da proporção do esforço, voluntário ou involuntário, desenvolvido pelo espírito criador, temos, de maneira inconteste, o direito de considerar as imagens visuais como que emergentes de forma espontânea no homem de gênio, como uma fase mais avançada da visão interna.

557. Chegamos, desta forma, às alucinações por três caminhos diversos: os sonhos são alucinações de pouca intensidade; as imagens imaginativas são suscetíveis de adquirir intensidade semelhante à das alucinações, nos indivíduos cuja faculdade visual esteja muito desenvolvida, e as inspirações geniais se apresentam com frequência ao espantado artista com toda a vivacidade de uma alucinação.

558. O que é uma alucinação? Pode-se dizer que é a expressão de uma hiperestesia central. Pode nascer, às vezes, como consequência de uma excitação periférica direta; mas na maioria dos casos é uma visão puramente interna que envolve a ideia como uma forma visual. É que, com efeito, qualquer ideia constitui, segundo a predominância dos elementos motores ou sensoriais, ou um movimento ou uma alucinação nascentes. A visão mental tem, como a visão retiniana, seus limites habituais determinados em cada caso pela seleção natural ou, expresso de outra maneira, os limites mais adequados à raça e aos recursos do organismo. Mas em certos indivíduos esses limites podem ser amplamente superados, com ou sem vantagem. Uma acuidade excepcional da visão ocular, inútil à maioria dos indivíduos, é de grande utilidade para o astrônomo; uma excepcional faculdade de visualização interna, simples curiosidade para a maioria, é de grande utilidade quanto se quer desenhar de memória pássaros no voo.

559. Trata-se agora de interpretar todos os fenômenos conhecidos sob o nome de alucinações. Até os últimos anos eram considerados como fenômenos patológicos, como expressão de perturbação física. Mas as investigações estatísticas e analíticas de Gurney mostraram que, num grande número de casos de automatismo sensorial, tratava-se de pessoas completamente sadias e que frequentemente era impossível encontrar uma explicação qualquer desse fenômeno.

560. Onde a causa parecia demonstrada com alguma probabilidade, sua maneira de agir permanecia obscura. Em certas pessoas a ansiedade, o pesar, a espera pareciam desempenhar determinado papel; mas, por um lado, na maioria delas, as alucinações se produziam em momentos de perfeita calma, enquanto tinham atravessado crises de angústia muito intensas, sem sofrer a menor alucinação; e, por outro, as pessoas cujas alucinações pareciam realmente coincidir com um fato superveniente, mais ou menos comovedor, tiveram suas alucinações sem ter experimentado qualquer conhecimento desse acontecimento.

561. Tratava-se, então, entre as pessoas desta última categoria, de alucinações telepáticas, isto é, de uma faculdade de representar-se acontecimentos que se realizavam distantes do espírito do sujeito, de experimentar percepções verídicas, independentemente dos objetos com que se relacionava, em outras palavras, de uma verdadeira faculdade nova, antes que um sinal de degeneração. E isso nos traz de novo a tese que formulamos com frequência, ou seja: que a visão ocular só constitui um aspecto específico da faculdade visual, da qual a visão interna constitui uma expressão mais ampla.

562. A visão ocular consiste numa percepção de objetos materiais, conforme as leis óticas, num ponto definido do espaço. O estudo que fizemos das alucinações nos permitiu separar duas dessas limitações. Quando falo de figura alucinatória – e as que aparecem no sonho pertencem a esta categoria – falo de algo que não é um objeto material e que é independente das leis óticas. Uma figura de sonho pode parecer estar de acordo com essas leis, mas isso será o efeito da autossugestão, ou de uma lembrança organizada, que irá avaliar segundo a faculdade visionária do que sonha. Enquanto que um pintor é capaz de pintar de memória, durante a vigília, um rosto que lhe apareceu em sonho, os sonhos dos homens comuns são em geral vagos, fugazes e escapam facilmente da memória.

563. De igual modo, quando vemos uma figura alucinatória subjetiva presente em nosso quarto, seu aspecto não está determinado pelas leis da ótica (pode, em particular, parecer que se encontra atrás do observador ou, de uma forma qualquer, fora de seu campo visual), mas está mais ou menos de acordo, em virtude de uma autossugestão, ou de outro modo, e essa figura é visível ainda desde um ponto fixo do espaço constituído pelo olho ou o cérebro do observador.

564. Tudo isso parece perfeitamente claro, até o ponto de supormos nos ver diante de alucinações nascidas no espírito do sujeito. Mas as dificuldades tornam-se maiores desde quando chegamos às quase-percepções, cuja existência ou origem está fora do espírito do observador.

565. Se existe uma certa origem externa para nossa visão interna (que por isso se torna verídica), seria errôneo supor que qualquer visão interna tenha a mesma origem. Quando se apoia em fatos (em impressões verídicas ou em pinturas, não em ilusões subjetivas) nunca podemos dizer a priori se a visão vai em busca dos fatos ou se os fatos vão em sua busca. Por outro lado, nada prova que essas percepções tenham como objeto coisas imateriais ou fantasmagóricas. Desde o momento em que essa visão é suscetível de perceber coisas imateriais situadas fora do organismo, por que não há de poder perceber igualmente coisas materiais? Por que não há de ver as casas distantes tão bem como as imagens das almas ausentes?

566. Examinemos agora os meios que nos permitem compreender, desenvolver e controlar a visão interna. A palavra controle significa tanto repressão como direção; e existe, com efeito, uma categoria de visões internas que necessitam ser reprimidas. O delírio alucinatório do ébrio e do maníaco, que representa o grau extremo de desintegração da visão interna, pode ser interrompido raramente, enquanto o cérebro continua envenenado e doente. Mas constitui um fato digno de observação que as alucinações degenerativas, enquanto curáveis, devem essa cura mais frequentemente e com maior facilidade à sugestão hipnótica do que a qualquer outro meio.

567. As mesmas influências que originam as alucinações anódinas podem destruir as alucinações perigosas. Essa extensão do poder das camadas profundas do espírito do paciente, essa possibilidade de alcançar uma fonte profunda, que a princípio parecia uma simples curiosidade científica, adquirem agora um uso prático novo. (Continua no próximo número.) 


(1)
Sinestesia: relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente (p. ex., um perfume que evoca uma cor, um som que evoca uma imagem, etc.).

(2) Entópticas: referente a fenômenos visuais cuja sede é intraocular. 

(3) Fosfênio: impressão luminosa produzida por compressão do globo ocular, estando as pálpebras unidas e na ausência de luz. 

(4) Fotismo: sinestesia em que a sensação de cor ou de luz asssocia-se à sensação de audição, tato, gustação e olfação. 




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita