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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 297 - 3 de Fevereiro de 2013

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 

Reflexões sobre a benignidade
 

O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo 16, item 9, fala da verdadeira propriedade e diz textualmente: “O homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo (...). O que é então que ele possui? Nada que se destina ao uso do corpo e tudo o que se refere ao uso da alma: a inteligência, o conhecimento, as qualidades morais (...). Dele depende estar mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo (...)”. 

Paulo de Tarso alerta, na carta aos Efésios, capítulo 4, versículo 32, que se temos com que nos sustentar e vestir é importante estarmos contentes com isso. Baseado na advertência do apóstolo, Emmanuel lembra que aquele que detém o monopólio do trigo não necessita senão de algumas fatias de pão para saciar sua fome, e que o dono da fábrica de tecido não usará senão alguns metros de pano para confeccionar uma roupa. Ao procurarmos armazenar o que quer que seja, é importante levarmos em conta não os padrões da gula ou da vaidade, mas, sim, os princípios que regem a vida em seus fundamentos naturais. Por que precisamos esperar o banquete a fim de oferecer migalhas a quem passa faminto? Por que aguardar riquezas em moedas para ser útil ao necessitado? A caridade não depende de bolso ou mesa cheios, pois é fonte nascida no coração.  

É sempre bom o desejo de possuir algo para socorrer o próximo ou a si mesmo em épocas de menor fartura; mas, subordinar a prática do bem ao cofre recheado ou à mesa farta, mostra-nos o quanto ainda estamos escravizados aos bens materiais. Muitos de nós, aprendizes eternos do Evangelho, nos queixamos da ausência de oportunidades do mundo. Lamentamos, quase sempre, por não haver conseguido, ainda, um trabalho que nos trouxesse destaque; ou, porque, ainda, não situamos nosso nome em posição que proporcione o reconhecimento de todos, esquecendo-nos, quase sempre, dos pequeninos serviços que podem ser traduzidos num gesto de carinho, numa palavra de consolo ou num sorriso fraterno. 

Podemos calcular o imenso favor que fazemos quando servimos um copo de água a alguém que esteja sedento? Quando nos calamos ante o mal que não pode ser esclarecido naquele momento? Na nossa tolerância diante de conversa enfadonha?  Para muitas pessoas isso não tem valor. De maneira geral, nós próprios não valorizamos esses trabalhos, pois não os consideramos como tal. Preocupamo-nos mais com as grandes obras, nossas e dos outros, esquecendo-nos dos imensos sacrifícios que muitas pessoas fazem para que nosso dia não seja tão trabalhoso, se fizéssemos tudo sozinhos. E mesmo dizendo “obrigado” pela boca, nosso coração repete que não fazem mais que a obrigação. Mas, quando somos nós a realizá-los, sem reconhecimento e gratidão, nos rebelamos, mergulhamos em queixas e azedume, e passamos a desejar grandes trabalhos para nos destacarmos e sermos reconhecidos; desejamos ter posses para agir como aqueles que não nos reconhecem como trabalhadores, ou seja, de maneira egoísta, sem qualquer caridade para com aquele que realiza essas tarefas.  

Na verdade, só desejamos mudar de lado porque nossos sentimentos de ingratidão a Deus continuam os mesmos.  Inconformados e rebeldes diante da situação de pequenos servidores, esquecemo-nos da lição evangélica de que aquele que for humilde na Terra será grande no céu, lembrando que o ser humilde da lição não significa ser servil, mas não ter orgulho. Por causa desse esquecimento, nos preocupamos com as grandes conquistas materiais sem olhar para o grande número de companheiros que giram ao nosso redor, dando-nos as condições dessas conquistas. 

Queiramos ou não, estamos todos enredados na mesma teia, interdependentes uns dos outros, para que juntos aprendamos, uns com os outros, a tolerância, a indulgência, a caridade. Se assim não fosse, por que nos teria Deus colocado para vivermos juntos a experiência terrena? Respondendo a essa questão, nos descobrimos ligados, todos, pelos mesmos sentimentos, bons ou maus. 

Entendamos isso: se temos um carro – bem material simples, comum nos nossos dias – e ele quebra, a menos que conheçamos o funcionamento de todas as suas peças, precisaremos, sem dúvida, de um mecânico, falando apenas do motor. Mas, temos, ainda, o pintor, o funileiro, o borracheiro, os engenheiros que traçaram as ruas, os operários que as construíram, os guardas de trânsito etc. Dentro de casa, ou nos trabalhos profissionais, as coisas parecem mais interdependentes ainda. Perguntamos, então: se dependemos das outras pessoas, por que não sermos bondosos uns com os outros, como nos conclama Paulo? Onde está a dificuldade?  

Olhemos para dentro de nós, busquemos essa resposta e, ao encontrá-la, nos surpreenderemos descobrindo que não temos, na verdade, nenhuma razão real para não sermos gentis. “Dividamos o pouco ou o muito que temos, e a insignificância dessa boa vontade, amparada pelo amor, se converterá em prosperidade comum”.¹ 

Emmanuel convida para que “meditemos um instante na Tolerância Divina a nos sustentar para não cairmos nos precipícios da violência”.¹ Reflitamos um pouco na desculpa incessante do Pai Criador ante a perversidade e a crueldade dos homens, junto a Cristo. Bastaria isso para que entendêssemos a necessidade da bondade de uns para com os outros. Diz o amoroso Instrutor: “Quantas vezes fomos cegos e perversos para com o Cristo que nos tem dispensado favores constantemente?”¹. Cegos com Jesus, por não enxergarmos a imensa luz que Ele faz brilhar através dos Seus ensinamentos. Perversos, porque mesmo já tendo algum conhecimento deles, ainda insistimos em permanecer nas sombras, fazendo sofrer os que nos cercam e trazendo sofrimento a nós próprios, contrariando o objetivo de nossa criação que é o de sermos felizes. Somos perversos com Jesus, porque ao descer da Espiritualidade Maior para dissipar a sombra que nos cobre até hoje, foi-Lhe negada guarida em nossos corações; apesar disso, Ele não nos priva de sua presença amorosa. Seu ensino redentor é a exemplificação do amor incondicional que sente por nós, mostrando que, somente através da bondade e da renúncia, conquistaremos a felicidade: bondade para com todos, renúncia a tudo o que é sem importância para nossa evolução espiritual.  

Em nome do Mestre, exemplo vivo da paz, a humanidade terrena fez guerras de ódios entre irmãos, acendeu fogueiras de extermínios e perseguiu e, nem por isso, Deus nos tirou a oportunidade de prosseguir, caminhando no tempo e no espaço, em processo de crescimento. Como podemos nós, seres pequenos e imperfeitos, não dar ao outro a mesma oportunidade? Deixar de cumprir nossas pequenas tarefas, porque o outro não nos dá valor, leva-nos a refletir sobre o seguinte: já imaginou se Jesus não completasse sua missão porque os homens foram surdos, cegos e ingratos aos seus ensinamentos? E se Deus houvesse desistido de ter tolerância e misericórdia conosco por causa dos nossos constantes enganos? Se, com toda Benignidade Divina, ainda nos encontramos em atrasado estágio evolutivo, o que seria de nós, se não tivéssemos o Amor Incondicional do Celeste Emissário a nos dirigir com segurança aos braços do Pai, através das leis de Amor?  

Quando paramos para refletir sobre essa questão, não nos parece justo colecionarmos mágoas e desapontamentos, ressentimentos e vingança, melindres e rancores. Como pedir perdão a Deus pelos nossos erros, e esperarmos ser atendidos, se a voz do Pai não chega a nós porque temos nosso coração mergulhado num vaso de fel! Nosso canal de ligação com Ele precisa estar limpo e seguro contra esses sentimentos tão danosos a nós próprios. É necessário, conforme adverte Paulo, usarmos de benignidade uns para com os outros, porque somente assim, como diz Emmanuel, “viveremos no clima de Jesus, que nos trouxe à vida a ilimitada compaixão e o auxílio incessante da Providência Celestial.”¹ 

Tudo, na Natureza, prossegue sem esforço, espontaneamente. Assim também deve caminhar o Homem na construção da própria existência. Não é preciso saber tudo, mas é indispensável saber amar, louvando o bem e esquecendo o mal. A chuva, derramando-se em gotas, fertiliza o solo e sustenta bilhões de vidas. Algumas sementes plantadas e cuidadas com carinho, no correr dos anos, podem dominar imensas terras. Estejamos alegres e auxiliemos a todos que nos compartilham a marcha, pois, se possuímos a bênção de contar com o pão e com o agasalho todos os dias, cabe-nos a obrigação de viver e servir em paz e contentamento”.² 



Bibliografia:

1 – EMMANUEL (Espírito) – Palavras de Vida Eterna [psicografado por] F. C. Xavier, 20. ed., Uberaba, MG.: CEC, 1995, lição 14.

2 - Fonte Viva [psicografado por] F. C. Xavier, 16. ed., Brasília, DF.: FEB, lição 9.

3 – KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. 16, item 9.

 

 


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