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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 297 - 3 de Fevereiro de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 22)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. De que modo a alma mantém o corpo com vida?

Podemos dizer que a alma mantém o corpo com vida graças aos cuidados que lhe dispensa; ademais, ela vigia as operações centrais mais diretamente que as superficiais, as atividades que se manifestam durante o sono mais diretamente que as que caracterizam a vigília.  Nos estados profundos pode distrair em parte sua atenção do organismo para encaminhá-la a outro lugar, sendo capaz de, instantaneamente, voltar à sua atitude comum a respeito do organismo. A morte corporal se produz quando a atenção da alma se afasta completa e irremediavelmente do organismo que, por causas físicas, tornou-se incapaz de incorporar-se à direção do espírito. (A Personalidade Humana. Capítulo V – O hipnotismo.)

B. A atenção e a vontade podem produzir efeitos práticos sobre o organismo humano?

Opiniões externadas por espiritualistas e materialistas atribuem a certas direções da atenção e da vontade determinados efeitos práticos sobre o organismo humano. “A oração inspirada na fé salva os enfermos”, dizia São João. Segundo Myers, haverá autossugestão terapêutica ou moral sempre que, por meio de um artifício qualquer, a atenção subliminar dirigida sobre uma função corporal, ou sobre um fim moral, haja alcançado um grau de intensidade suficiente para poder tomar energia do mundo metaetéreo. (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.) 

C. Os fenômenos da visão e da audição dependem dos olhos e dos ouvidos?  

Não. Os fenômenos mencionados não ocorrem necessariamente por meio dos olhos e dos ouvidos. A visão de nossos sonhos, por exemplo, é uma visão não-ótica. Nasce no cérebro sem ter sido transmitida pela retina impressionada. As leis óticas não podem ser aplicadas a esta visão, senão dando aos termos um sentido novo. (Obra citada. Capítulo VI  – Automatismo sensorial.)

Texto para leitura 

514. A palavra energia que utilizamos no tópico anterior se presta, sem dúvida, a uma objeção imediata. Pode-se dizer, em particular, que não se trata de um verdadeiro acúmulo de energia, mas de uma simples transformação num novo modo de atividade, de uma energia produzida pela simples nutrição material. Assim, a oração não empregaria mais energia do que a blasfêmia, uma teoria filosófica mais do que o capricho de um maníaco.

515. É evidente, com efeito, que a rapidez do metabolismo orgânico não varia em proporção ao valor dos resultados obtidos. Com efeito, o pensamento anárquico e desordenado do maníaco implica, provavelmente, uma maior destruição de tecidos que o pensamento tranquilo do filósofo. Mas essas simples modificações químicas estão longe de constituir o que chamamos energia. O que desejo é uma integração da personalidade, uma concentração intelectual, moral e espiritual.

516. Essa concentração só pode ser mantida dificilmente; sinto que necessito para isso, mesmo nos seus graus inferiores, de um esforço especial que chamamos atenção, e tenho razões para crer que existem graus infinitamente superiores que não podem ser alcançados com qualquer esforço da vontade.

517. Ninguém está em condições de dizer-nos a que categoria de forças pertence a energia desse esforço vital e, enquanto essa energia não fique reduzida às forças mais conhecidas, creio-me autorizado a formular a hipótese que a considera como energia sui generis, a procurar indícios de sua origem e fazer uma ideia da sua possível extensão. 

518. Assim, para mim, todo homem é essencialmente espírito encarregado do controle de um organismo composto de vidas inferiores e mais estreitas. O controle exercido pelo espírito não é uniforme em todos os organismos nem em todas as fases da vida orgânica.

519. No estado de vigília, nada mais controla do que o centro das ideias e os sentimentos supraliminares, pouco ocupando-se dos centros menos profundos que foram educados tendo em vista um funcionamento contínuo, suficiente para responder às necessidades comuns. Mas, nos estados subliminares, onde os processos supraliminares se encontram inibidos, os centros orgânicos inferiores estão submetidos de forma mais direta ao controle do espírito.

520. À medida que nos aproximamos das partes mais profundas do ser humano, cada vez mais nos aproximamos das fontes da vitalidade humana. Chega-se assim a uma região na qual a obediência aos estímulos espirituais é muito maior do que a manifestada pelas camadas superficiais, do que as necessidades exteriores plasmaram e fixaram tendo em vista uma adaptação determinada ao meio terrestre.

521. A última lição da sugestão hipnótica, sobretudo no estado de sonambulismo, consiste em mostrar-nos que podemos alcançar por artifícios empíricos estas camadas de maior plasticidade – plasticidade relacionada às forças internas, não externas – em que o espírito exerce sobre o organismo um controle mais imediato atuando sobre ele com maior liberdade.

522. Este conceito parece lançar alguma luz sobre um fato frequentemente observado, mas que espera ainda sua explicação. O estado de sonambulismo parece, com efeito, implicar duas faculdades completamente diversas, a faculdade autocurativa e a faculdade telestésica, isto é, um restabelecimento corporal mais completo e uma atividade espiritual mais independente. Torna-se assim o espírito mais capacitado a atrair a energia metaetérea para o organismo, ou a trabalhar independentemente do organismo.

523. Os casos de “clarividência migratória” produziram-se, com efeito, durante o estado de sonambulismo provocado com um fim de cura. Sinto-me levado a crer que o espírito pode, nestes casos, ou modificar mais facilmente o corpo, ou abandoná-lo em parte, para em seguida voltar a ele. Noutros termos, pode, durante um certo tempo, ou manifestar a respeito do corpo uma maior atenção, o que lhe causa um certo benefício, ou desviar sua atenção do corpo sem que este por isso sofra.

524. Empreguei a palavra atenção porque, tendo em vista a impossibilidade de imaginar o modo pelo qual um espírito pode exercer controle sobre o organismo, o termo mais apropriado me pareceu aquele pelo qual designamos nossas próprias tentativas de concentrar nossa personalidade. Podemos dizer que a alma mantém o corpo com vida graças aos cuidados que lhe dispensa, e que vigia as operações centrais mais diretamente que as superficiais, as atividades que se manifestam durante o sono mais diretamente que as que caracterizam a vigília.

525. Nos estados profundos pode distrair em parte sua atenção do organismo para encaminhá-la a outro lugar, sendo capaz de, instantaneamente, voltar à sua atitude comum a respeito do organismo. A morte corporal se produz quando a atenção da alma se afasta completa e irremediavelmente do organismo que, por causas físicas, tornou-se incapaz de incorporar-se à direção do espírito.

526. A vida significa o manter essa atenção e este manter é resultado da absorção pela alma da energia que comporta o mundo espiritual ou metaetéreo. Porque se nossos espíritos individuais vivem graças a essa energia espiritual que forma a base da energia química, em virtude da qual se realizam as mudanças orgânicas, é verossímil que devemos renovar a energia espiritual de uma forma tão contínua como a energia química.

527. Para manter o nível da energia química, temos necessidade de calor e de alimentação; igualmente, para manter o nível da energia espiritual, temos que viver no meio espiritual e absorver de vez em quando as emanações que nos chegam da vida espiritual.

528. Se isto é assim, muitas das experiências subjetivas dos poetas, filósofos, místicos e santos encerram realmente uma verdade mais profunda da que geralmente se supõe. Se é verdade o pressentimento que têm de uma vida que lhes chega de fonte desconhecida, se as cintilações subliminares que os iluminam e os renovam vêm, na realidade, de algum meio situado mais além da abóbada celeste, a mesma influência deve, por analogia, manifestar-se em toda a gama dos fenômenos psicofísicos, não só no domínio das emoções espirituais superiores, mas sempre que nos elevemos por sobre a vida orgânica rudimentar.

529. A vida nascente de cada um de nós é, talvez, um fragmento que acaba de se separar da energia cósmica e a vida contínua é representada por esse fragmento em estado de variação contínua. Nessa energia circunstante (chame-se como se lhe aprouver) vivemos, caminhamos e existimos; e é possível que certas disposições do espírito, certas fases da personalidade, sejam capazes de, durante um certo tempo, ligar-se a uma corrente vivificadora mais completa dessa energia.

530. Esta hipótese reconciliaria todas as opiniões, tanto as espiritualistas como as materialistas, que atribuem a certas direções da atenção e da vontade determinados efeitos práticos sobre o organismo humano. “A oração inspirada na fé salva os enfermos”, diz São João. “No hipnotismo só existe a sugestão”, diz Bernheim. Na minha linguagem mais grosseira, estas duas proposições (fazendo abstração do elemento telepático que podem encerrar as palavras de São João) podem ser expressas em termos semelhantes: “Haverá autossugestão terapêutica ou moral, sempre que, por meio de um artifício qualquer, a atenção subliminar dirigida sobre uma função corporal, ou sobre um fim moral, haja alcançado um grau de intensidade suficiente para poder tomar energia do mundo metaetéreo”.

531. Não pretendo ter esclarecido completamente o mistério desse fenômeno, que em conjunto constitui a sugestão. Como meus predecessores, não estou em condições de explicar por que certos organismos se tornam em determinados momentos tão superiores a si mesmos e capazes de uma revolta tão vigorosa, de uma submissão a um controle tão profundo. Mas formulei um ponto de vista que permite fazer com que se entre nesse mistério, num mistério mais vasto, o do fim universal, e creio ter estabelecido uma relação mais verdadeira do que a que devemos à escola de Nancy entre a sugestão de um lado e a persuasão externa e a vontade interna de outro.

532. A escola de Nancy fala da sugestão como se fosse comparável à persuasão supraliminar, a um esforço supraliminar. Tratei de mostrar que sua eficácia real depende de processos subliminares; nada mais é que um meio empírico destinado a facilitar a absorção de energia espiritual e a aquisição de forças-guias, tomadas a um meio situado mais além da abóbada celeste.

533. Automatismo sensorial. Os fenômenos do automatismo sensorial e motor, pelos quais se manifesta especialmente a faculdade da telepatia e da telestesia, introduzem-nos num domínio onde desaparecem as limitações da vida orgânica. Considerando, por outro lado, que a porção de nossa personalidade que exerce esta faculdade durante nossa existência continua exercendo-a mesmo depois da morte corporal, temos que reconhecer uma relação obscura mais indiscutível entre o eu subliminar e o eu que sobrevive.

534. Definirei o automatismo como o termo mais amplo aplicável às influências subliminares que se manifestam na vida comum. Algumas dessas influências já receberam nomes especiais: histeria, gênio, hipnotismo. Mas a grande variedade de manifestações subliminares permanece ainda por ser descrita. Assim, não falamos ainda das alucinações verídicas, nem da escrita automática, nem das manifestações de sonambulismo espontâneo.

535. Os produtos da visão e da audição internas, exteriorizados de forma a revestir o caráter de quase-percepções, é o que chamo automatismo sensorial. As mensagens enviadas por intermédio dos movimentos das pernas, das mãos ou da língua, e atribuídos a impulsos motrizes internos, independentes da vontade consciente, é o que chamo automatismo motor.

536. Examinados em conjunto, todos esses fenômenos dispersos revelam, apesar dessa diversidade de forma, uma analogia essencial e podem ser considerados como mensagens que o eu subliminar dirige ao eu supraliminar, como esforços conscientes ou não, emanados das camadas profundas de nossa personalidade e destinados a mostrar ao pensamento comum da vigília fragmentos de conhecimento que o pensamento da vigília não pode alcançar.

537. Enquanto que a psicologia comum vê na vida supraliminar a manifestação da personalidade normal e substancial, da qual a vida subliminar constituiria ou o substrato semiconsciente, uma margem parcialmente iluminada ou, finalmente, uma excrescência mórbida, considero a vida supraliminar como um aspecto específico da personalidade, como uma fase especial cujo estudo nos é fácil, já que se encontra simplificado pela consciência clara que temos do que nela ocorre, mas que estaria longe de ser considerada como a fase central ou predominante, caso nos fosse possível abarcar com uma vista d’olhos a nossa existência em sua totalidade.

538. Do mesmo modo que a personalidade supraliminar, toda faculdade humana, todo sentimento humano, constituem aspectos específicos de uma força mais geral. De acordo com esta hipótese, cada um de nossos sentidos especiais pode ser concebido como tendente a um desenvolvimento mais completo que o possibilitado pela experiência terrestre. E cada sentido especial é, por sua vez, um sentido interno e um sentido externo, isto é, implica, ao mesmo tempo, um trajeto cerebral de uma capacidade desconhecida e uns órgãos terminais cuja capacidade presta-se melhor à avaliação.

539. A relação entre esta visão interna, mental, com a percepção psicológica não sensorial de um lado, e a visão ocular do outro, constitui precisamente um dos pontos cujo exame mais profundo parece necessário. Obrigamo-nos a falar da percepção visual mental em termos emprestados à percepção sensorial, caso não quisermos tornar impossível qualquer discussão.

540. A experiência comum pretende que só o órgão terminal é capaz de receber informações novas e que o trajeto central só serve para combinar essas informações novas com as que já estão armazenadas. Assim é, por exemplo, o caso dos conhecimentos adquiridos pela vista ou pelo ouvido, isto é, conhecimentos que nos trazem as ondas etéreas ou aéreas, e que são recebidos por um aparelho terminal especial. Mas todos os fenômenos de visão e audição não ocorrem necessariamente por meio dos olhos e dos ouvidos.

541. A visão de nossos sonhos (só falamos da visão para simplificar o problema) é uma visão não-ótica. Nasce no cérebro sem ter sido transmitida pela retina impressionada. As leis óticas não podem ser aplicadas a esta visão, senão dando aos termos um sentido novo.

542. Esse fato é geralmente considerado como pouco importante, porque a visão dos sonhos é considerada, em si mesma, como desprovida de valor, como uma simples reprodução de conhecimentos adquiridos durante a vigília. É-nos impossível concordar com esta opinião. É-nos impossível dizer, a priori, por quais as vias ou de que regiões vem o conhecimento ao eu subliminar. Isso deveria ser um mero assunto de observação e de experiência.

543. O que devemos fazer é generalizar o mais que possamos o nosso conceito de visão, deixando de identificá-lo com os fenômenos definidos da visão da retina ou ótica e encontrar depois que espécies de mensagens nos chegam pelas diversas formas de visão que resultam nesse conceito genérico. Mas, antes de tudo, uma análise rápida das relações existentes entre a visão central e a visão periférica não seria de todo inútil. (Continua no próximo número.) 




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita