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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 296 - 27 de Janeiro de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 21)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Todos os vícios podem ser suprimidos mediante a sugestão?

Não, mas quase todos. Os vícios carnais, como a embriaguez, os vícios associados à má formação congênita do organismo e os vícios que dependem de uma ideia fixa, como o ciúme, podem ser suprimidos pela sugestão, que se revela, porém, incapaz com relação aos vícios mantidos intencionalmente, porque os indivíduos que os têm raras vezes demonstram interesse em se verem livres deles. (A Personalidade Humana. Capítulo V – O hipnotismo.) 

B. O sono tem outra função além da simples regeneração dos tecidos gastos e do rejuvenescimento físico e moral do organismo cansado? 

Segundo o entendimento de Myers, sim. Sua definição do sono é muito mais ampla do que a corrente, pois durante o sono, afirma ele, o eu subliminar realiza outras funções além da de simples recuperação do organismo. Estas outras funções apresentam relações, ainda desconhecidas por nós, com o mundo espiritual e a prova de sua atividade nos é proporcionada pela aparição esporádica, durante o sono, de fenômenos supranormais. (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.) 

C. Qual é a causa, por sinal única, do sono hipnótico?

Graças às pesquisas da escola de Nancy, cujos resultados foram imediatamente averiguados e confirmados de maneira definitiva, a sugestão pura e simples constitui a única causa do sono hipnótico. Desse modo foram afastadas as afirmações dos mesmeristas e da escola chamada fisiológica, as quais, cada uma a seu modo, atribuíam ao hipnotismo uma causa material.  (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.)

 Texto para leitura 

490. O fato anteriormente citado demonstra que os centros superiores subliminares (para chamá-los assim) não abdicam jamais da realidade de seu papel; que podem permanecer passivos enquanto que os centros médios obedecem aos caprichos do experimentador, mas que estão dispostos a assumir novamente o seu poder de controle, quando o experimento ameace converter-se em perigo para o indivíduo. É o que observamos no sonambulismo espontâneo, onde os acidentes, a menos que haja um despertar brusco, são tão raros, apesar das extraordinárias façanhas realizadas pelo sujeito.

491. Resta-nos considerar a influência da sugestão sobre o caráter. Na cura da morfinomania já observamos com frequência um voo moral tão surpreendente, uma elevação tão brusca da queda extrema à vida normal, como raras vezes se produz em outras ocasiões.

492. Sabe-se que, com efeito, não existe um único rasgo de caráter que escapa à ação nefasta do envenenamento morfínico. A covardia, a mentira, o egoísmo mais desalmado são o que caracterizam o morfinômano, mesmo quando o esgotamento físico tornou o indivíduo incapaz de ativamente manifestar sua violência e seus apetites. Esse desaparecimento completo do respeito a si mesmo não dá motivo algum à ação moral que se sentiria tentado a realizar o sábio e o evangelista. E, sem dúvida, a sugestão hipnótica produz aqui modificações mágicas e devolve ao pária rechaçado pela sociedade uma posição honrada entre seus concidadãos.

493. De que gênero são essas transformações? Os êxitos obtidos são devidos a que nesses casos se trata de uma degradação funcional não orgânica? Sabemos, com efeito, que é possível curar um estado mórbido dos tecidos, enquanto que nada podemos fazer contra uma deformidade ou uma má conformação congênita. O estado do morfinômano não seria mais do que uma espécie de vício químico, um envenenamento das células que durante algum tempo funcionaram normalmente.

494. Conhecemos exemplos que mostram que os sujeitos hipnotizáveis e nos quais é aplicada a sugestão com uma perseverança e uma habilidade suficientes, podem se elevar da mais completa decadência e apesar das nossas qualificações de insano moral ou de criminoso nato a um estado em que podem prestar serviços à comunidade.

495. É evidente que não podemos ultrapassar o limite das capacidades naturais. Da mesma forma que não podemos improvisar um gênio, não podemos tornar um homem comum num santo. Mas a experiência nos ensina que é possível fazer uma seleção entre os sentimentos e as faculdades mais inferiores e pobres e trazer à luz os sentimentos sadios e as faculdades eficazes, suficientes para assegurar ao homem, supostamente degenerado, uma estabilidade moral e uma colaboração útil do ponto de vista da espécie. Mas o fato de a sugestão hipnótica se ter mostrado eficaz contra certos maus hábitos indica que seja capaz de curar todos os casos de decadência moral?

496. Todos os vícios e faltas podem ser classificados nas quatro categorias seguintes:

a) vícios carnais que dependem de tentações específicas, como por exemplo, a embriaguez; estes vícios são facilmente acessíveis à sugestão.

b) vícios associados à má formação congênita do organismo; podem ser, igualmente, suprimidos mediante a sugestão.

c) vícios que dependem de uma ideia fixa: o ciúme é um exemplo clássico, mas o ciúme é sempre um sentimento mórbido: “meu ódio a B porque A prefere B em vez de mim” é o resultado irracional de uma associação de ideias obsessivas que frequentemente a sugestão destrói de modo surpreendente.

d) vícios mantidos intencionalmente, tendo em vista vantagens presumíveis que supõem possam auferir aqueles que os têm.

497. No que diz respeito a esta última categoria de vícios, não possuímos prova experimental de que sejam curáveis pela sugestão e isto se explica porque os indivíduos que os têm raras vezes demonstram interesse em se verem livres deles e, mesmo quando interessados, buscam o remédio numa direção antes moral ou religiosa do que médica.

498. Para expor somente um exemplo, o estado moral de um testemunho falso diferencia-se profundamente do de um dipsômano. Este último se dá conta de que não existe equilíbrio entre ele e seu meio, e a voz do instinto de conservação contrapõe-se, frequentemente, com a de suas inclinações mórbidas. Pelo contrário, o falso testemunho se encontra, mediante artifícios especiais, adaptado ao seu meio provisório, isto é, ao seu meio terrestre. Portanto, não podemos contar com o instinto de conservação para fazê-lo mudar de caráter, mas podemos presumir que em todo homem existe alguma consciência subliminar de sua relação com outro mundo.

499. Detenhamo-nos um instante, com o fim de dar-nos conta do ponto a que chegamos. Começamos por definir o hipnotismo como o desenvolvimento empírico do sono. O elemento mais importante desta última fase, e que é, ao mesmo tempo, a função mais evidente do eu subliminar, consiste na regeneração dos tecidos gastos, no rejuvenescimento físico e moral do organismo cansado. Mostramos de que maneira esta função se realiza durante a hipnose, como consequência da sugestão ou da autossugestão.

500. Estamos convencidos de que o hipnotismo constitui uma verdadeira evolução destas energias reparadoras que dão ao sono seu valor prático. Deste ponto de vista que é, por outro lado, o único em que se coloca uma pessoa para considerar o sono, nossa análise do hipnotismo é completa e poderíamos encerrar este capítulo por aqui. Mas o fim a que nos propusemos desde o início não se teria conseguido, porque nossa definição do sono é muito mais ampla do que a corrente, pois estamos convencidos de que durante o sono o eu subliminar realiza outras funções além da de simples recuperação do organismo.

501. Estas outras funções apresentam relações, ainda desconhecidas por nós, com o mundo espiritual e a prova de sua atividade nos é proporcionada pela aparição esporádica, durante o sono, de fenômenos supranormais. Trata-se agora de saber se esses fenômenos supranormais se manifestam, igualmente, durante a hipnose. Pode ser esta última produzida por comportamentos supranormais? Pode ser o resultado de uma influência ou atividade telepática? Em resumo, pode ser atribuída a influências cientificamente inexplicáveis e que se estabelecem de um homem a outro?

502. Sabemos, graças às pesquisas da escola de Nancy, cujos resultados foram imediatamente averiguados e confirmados de maneira definitiva, que a sugestão pura e simples constitui a única causa do sono hipnótico. Desse modo livramo-nos das afirmações dos mesmeristas e das da escola chamada fisiológica, as quais, cada uma ao seu modo, atribuíam ao hipnotismo uma causa material. Mas, ao considerar a sugestão como a única causa eficaz do sono hipnótico, não vemos de que maneira poderia manifestar seus efeitos a não ser mediante uma operação subliminar que se realiza sem que saibamos como e temos razões para supor que o êxito ou o fracasso da sugestão depende de uma influência telepática que tem seu ponto de partida no espírito do hipnotizador.

503. Sabemos, com certeza, que a prática do hipnotismo tal como a realiza Bernheim parece excluir toda ideia de relação íntima entre a vontade e o organismo do hipnotizador, e os do sujeito que cai, imediatamente, sob o sono hipnótico, mesmo antes que o hipnotizador tenha tido tempo de pronunciar a palavra “durma!”.

504. Este não é, porém, o único modo de agir e existem muitos casos em que o êxito da sugestão depende de mais alguma coisa do que uma simples ordem. E nos casos de sugestão a distância (como nos experimentos do Dr. Gilber, do Havre),  não se trata de verdadeira comunicação a distância entre o espírito do operador e o do sujeito?

505. Na presença de fatos deste gênero não consideramos as atividades dos antigos hipnotizadores, como os toques, os passes, etc., como simples artifícios inúteis e as sensações que os sujeitos pretendiam experimentar, como consequência desses toques e passes, como sensações sugeridas e imaginárias; pelo contrário, não nos parece de fato improvável que eflúvios ainda desconhecidos da ciência, mas que as pessoas sensíveis podem perceber, como percebem os impulsos telepáticos, emanem por irradiação dos organismos vivos e possam influir sobre outros organismos, quer por intermédio das mãos, quer através do espaço. Desse modo, a região subliminar do sujeito que vai ser hipnotizado pode ser alcançada por procedimentos muito mais sutis do que a mera sugestão verbal.

506. Resta-nos considerar os elementos supranormais que formam parte da resposta hipnótica. Esses elementos são lembrados mediante um impulso subliminar direto, ou dependem de faculdades especiais inatas ao indivíduo que queremos hipnotizar? No momento, é impossível qualquer pronunciamento a esse respeito. Sabemos, somente, que são raramente evocados como resposta a uma sugestão hipnótica rápida e, por assim dizer, superficial; raras vezes aparecem na prática hospitalar e exigem uma educação e um desenvolvimento que só se obtém num indivíduo entre cem.

507. A primeira fase dessa resposta constitui-se pela relação subliminar que se estabelece entre o sujeito e seu hipnotizador, e que se manifesta no que se chama de relação ou comunhão de sensações. As primeiras fases dessa relação resultam, provavelmente, de uma simples autossugestão ou de sugestões pelas quais o operador concentra a atenção do sujeito, exclusivamente, sobre a sua pessoa e encontramos a prova de que pode estabelecer um vínculo mais estreito entre as duas pessoas, no caso em que o sujeito hipnotizado toca ou sente o que o hipnotizador (que lhe é desconhecido) toca ou sente ao mesmo tempo.

508. A partir desse momento, sua faculdade de percepção supranormal é suscetível de ganhar, tanto em extensão como em profundidade. O sujeito pode ser capaz de se comunicar com o passado e com o futuro, de participar de acontecimentos que se realizam longe dele, e isto por meios que só se poderiam classificar de supranormais, porque nenhum dos meios normais, comuns, reconhecidos pela ciência, nos proporciona as informações e os conhecimentos que tem o sujeito cujas faculdades subliminares adquiriram esse grau de tensão e acuidade.

509. Aqui está, então, a conclusão metafísica deste capítulo. Quando dizemos que um organismo existe em certo meio, entendemos por isso que sua energia, ou uma parte dela, entra como elemento em certo sistema de forças cósmicas que representa alguma modificação especial da Energia Primitiva. A vida de um organismo consiste nas mudanças de energia entre ele e seu meio, na absorção que opera em proveito próprio de um fragmento dessa força preexistente e ilimitada. Os seres humanos vivem, antes de tudo, num mundo material do qual extraem a subsistência necessária ao exercício de suas funções corporais.

510. Mas também existimos num mundo etéreo, isto é, estamos constituídos de tal forma que respondemos a um sistema de leis que, em última análise, são, indubitavelmente, contínuas em relação às da matéria, mas que sugerem um novo conceito, mais geral e profundo, do Cosmos. Este novo aspecto das coisas é, com efeito, diferente do antigo que fala, geralmente, do éter como de um novo meio. Desse meio, nossa existência orgânica depende, de maneira absoluta, ainda que pouco evidente, mais que do meio material. O éter se encontra na base de nossa existência física. Ao perceber o calor, a luz, a eletricidade, reconhecemos somente de um modo visível, como na percepção dos raios X a reconhecemos de um modo menos visível, a influência permanente que exercem sobre nós as vibrações do éter, cujo poder e variedade superam em muito nosso poder de reação.

511. Creio que mais além do mundo etéreo e dando ao cosmos um aspecto mais geral e profundo, encontra-se o mundo da vida espiritual, contínuo até um ponto determinado ao mundo do éter, mas absolutamente independente do mundo material e formando o mundo metaetéreo. Vejamos qual é o alcance desta última hipótese, do ponto de vista da explicação dos fenômenos do hipnotismo. Qual é, com efeito, o fim último de todos os procedimentos hipnógenos? É o de dar energia à vida, de alcançar mais rápido e completamente resultados que a vida abandonada a si mesma não realiza senão lentamente e de maneira incompleta.

512. O que caracteriza a vida é a faculdade de adaptação, sua faculdade de responder às necessidades novas, de soerguer o organismo todas as vezes que está ferido, essa vis medicatrix Naturae que constitui o mistério mais profundo do organismo vivo. O hipnotismo nos mostra essa vis medicatrix sob um aspecto definido e acessível ao controle. Mostra-nos nesta Natureza que no caso particular é o eu subliminar do autossugestionado, uma inteligência que, longe de ser vaga e impessoal, mostra, ao contrário, certas semelhanças, achando-se em determinadas relações diretas com a que reconhecemos como a nossa.

513. Em resumo, temos aqui uma notável representação da inteligência e do poder subliminar. Já se falou bastante em nossa inteligência subliminar para mostrar que estas ordens terapêuticas complexas não poderiam ser compreendidas de outra maneira; mas de onde vem a energia necessária a uma resposta eficaz? (Continua no próximo número.) 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita