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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 293 - 6 de Janeiro de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 18)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Segundo Myers, a sugestão é o único meio de provocar a hipnose?

Sim. Depois de analisar os diferentes processos utilizados pelos especialistas em hipnose, Myers afirma que todos eles constituem tão-somente maneiras diversas de praticar a sugestão, o que o levou a considerar, com a escola de Nancy, a sugestão como único meio de provocar a hipnose. (A Personalidade Humana. Capítulo V – O hipnotismo.)

B. O estado hipnótico facilita e torna possível a direção supraliminar do eu subliminar?

Conforme o pensamento de Myers, sim. O estado hipnótico tem este objetivo: facilitar e tornar possível a direção supraliminar do eu subliminar. Essa direção se exerce por dois caminhos diferentes e atua quer por inibição, quer pela dinamogenia, isto é, reprimindo certos atos, certas emoções e certos estados afetivos, ou provocando e favorecendo outros. (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.)

C. No tocante ao desenvolvimento das chamadas virtudes pessoais, qual o entendimento de Myers?

Segundo Myers, as virtudes pessoais dependem, antes de tudo, do poder da inibição, enquanto que a dinamogenia se torna necessária quando estas virtudes têm necessidade de ser antes estimuladas que contidas, aplicando-se o estímulo aos instintos já existentes. (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.)

Texto para leitura

415.  Certos técnicos recorreram, para praticar a sugestão, ao que se chama de estimulação monótona. Dessa forma, Auguste Voisin, ao se ocupar de pessoas incapazes de fixar sua atenção, recorreu ao seguinte procedimento: depois de separar as pálpebras com a ajuda de um instrumento apropriado, fazia com que fixassem a vista durante horas seguidas num ponto ou num objeto qualquer, por exemplo, uma lanterna elétrica acesa. Os indivíduos acabavam por cair num estado semicomatoso, que os tornava extremamente suscetíveis à sugestão. Trata-se, neste caso, de um antecedente verdadeiramente fisiológico do sono hipnótico? Não o creio. A excitabilidade mórbida dos indivíduos constituía simplesmente um obstáculo para a hipnose e, se tivessem sido capazes de prestar uma atenção suficiente à sugestão verbal (que foi necessária em todos os casos), o sono hipnótico teria sido obtido sem estimulação monótona.

416. As estimulações monótonas, por exemplo, o tique-taque de um relógio, o ruído produzido pela hélice de um navio, longe de serem capazes de provocar sempre a hipnose, na maioria dos casos terminam por desviar a nossa atenção ou por nos incomodar. O mesmo ocorre com o embalo, que ainda que sirva para adormecer algumas crianças, atua de maneira irritante sobre outras. Em todo o caso, o embalo atua sobre os centros espinais e os canais semicirculares, e sua ação soporífica deve-se menos à sua repetição monótona do que aos movimentos maciços do organismo.

417. Mesmo os “passes” atuam menos como estimulação monótona do que como simples sugestão e isso de acordo com a experiência de técnicos como Milne Bramwell, que os empregam sempre com êxito. A conclusão que se depreende de nossa análise dos processos que se supõe exerçam uma ação fisiológica que termina no sono hipnótico, é que estes comportamentos constituem somente maneiras diversas de praticar a sugestão e isso nos leva a considerar, com a escola de Nancy, a sugestão como único meio de provocar a hipnose.

418. Mas como e em que condições atua a sugestão? É evidente que a obediência à sugestão não pode depender da vontade do indivíduo, pela simples e única razão de que se dirige a uma região situada muito além da região em que se manifesta a vontade. Tal indivíduo pode desejar curar-se de determinada doença, pode desejar obedecer, mas uma simples expressão verbal feita por alguém de seu desejo, quer sob a forma de uma ordem ou um impulso, não basta para concretizar sua cura. Para que o resultado desejado se produza é necessária a interferência de outro fator, que até agora não foi suficientemente considerado: é necessário que a sugestão externa se transforme numa sugestão vinda de dentro, isto é, numa autossugestão, e assim a sugestão se converte num “apelo eficaz ao eu subliminar”, não só necessariamente ao eu em seu aspecto mais central e unitário, mas ao menos a uma das camadas das faculdades subliminares que descrevi anteriormente.

419. Ao formular essa definição da sugestão, não desejo, em absoluto, dar qualquer explicação acerca da sua eficácia em certos casos e de sua ineficácia em outros. Tudo que posso dizer é que a maior ou menor eficácia da sugestão não depende, como até agora se acreditou, desta ou daquela diferença entre os diversos meios de sugestão empregados. A ação da sugestão é caprichosa e não se deixa reduzir a leis; mas encontramos a mesma aparência arbitrária e fortuita nos fenômenos da desintegração da personalidade, do gênio, do sono, do automatismo motor e sensorial. Encontramo-nos ali diante de um mistério que é parte do mistério relativo às relações existentes entre o eu subliminar e o eu supraliminar.

420. Podemos dizer, assim, que, tendo descoberto o fato de que as faculdades subliminares encontram seu mais completo desenvolvimento durante a fase do sono, devemos esperar que a evocação artificial dessas faculdades seja, por sua vez, seguida do próprio sono. Mas é precisamente um estado particular semelhante ao sono que caracteriza principalmente a hipnose; e ainda que as chamadas sugestões hipnóticas manifestem, às vezes, seus efeitos durante a vigília, os maiores êxitos terapêuticos obtidos mediante o hipnotismo produziram-se durante um sono mais ou menos profundo, um sono compatível com atividades mais ou menos estranhas, mas que é seguramente mais profundo do que o sono normal.

421. Eu me absterei de seguir a Bernheim, que assemelha o sono hipnótico ao sono normal. Direi, antes, que no hipnotismo, da mesma forma que no êxtase, na letargia e no sonambulismo, o eu subliminar aparece na superfície de um modo que conhecemos e substitui ao eu supraliminar na medida necessária para o cumprimento de sua obra. O caráter dessa obra já o conhecemos, só que aquilo que vimos, em outras ocasiões, se realizar espontaneamente, se produz então, como resposta ao nosso chamado.

422. As fases hipnóticas apresentam personalidades secundárias ou alternativas de um tipo superficial e por isso mesmo eminentemente próprias para mostrar-nos a que gênero de desintegração subliminar são devidas as desintegrações mais profundas da personalidade.

423. A fase mais profunda do sono hipnótico poderia ser definida como uma adaptação científica feita, tendo em vista um fim definido, em cuja disposição se intensifica o que pode ser útil e se afasta o que pode constituir um obstáculo. Nosso sono normal é, por sua vez, instável e incapaz de reação; podem-nos despertar com o espetar de uma agulha, mas quando nos falam não ouvimos nem respondemos nada, a menos que nos desperte o ruído das palavras. Esse é o sono criado pelas necessidades de nossos temerosos antepassados.

424. O sono hipnótico é, ao mesmo tempo, instável e capaz de reação; resistente às excitações que deseja ignorar, facilmente acessível às chamadas a que se decide responder. Espete-se ou belisque-se o indivíduo hipnotizado e, ainda que certas camadas de sua personalidade possam ser em determinado ponto conscientes do ato, não será o sono por isso interrompido. Mas, quando se lhe dirige a palavra ou se conversa pausadamente diante dele, ouve, por mais profunda que seja a sua letargia aparente. Isso ocorre na fase inicial do sono; numa fase mais profunda, o eu supraliminar encontra-se, finalmente, em completa liberdade e é capaz não só de receber, mas também de responder. O estado hipnótico tem por objetivo facilitar e tornar possível a direção supraliminar do eu subliminar.

425. Esta direção se exerce por dois caminhos diferentes e atua quer por inibição, quer pela dinamogenia, isto é, reprimindo certos atos, certas emoções e certos estados afetivos, ou provocando e favorecendo outros. Dinamogenia é, como sabemos, a exaltação funcional dum órgão, sob a influência duma excitação. Nisto a sugestão hipnótica aproxima-se da educação, que, igualmente, tem por objetivo impedir nas crianças o desenvolvimento de certos instintos e hábitos reputados maus e favorecer outros instintos e hábitos reputados bons.

426. Sem dúvida, o trabalho da dinamogenia na educação apresenta dificuldades muito maiores do que o da inibição. Sabemos muito bem o que queremos impedir que a criança faça; é muito mais difícil determinar o que deve uma boa educação ensiná-la a fazer. A primeira lição que lhe inculcamos, a atenção, é na realidade de um alcance do qual não nos damos conta. Contentamo-nos, igualmente, com o lado negativo da lição que consiste na inibição do pensamento disperso; a intensidade da atenção assim obtida constitui um problema à parte.

427. A educação intelectual que a atenção torna possível compreende o exercício das faculdades de percepção, de memória e de imaginação; mas todas essas faculdades frequentemente adquiriram um grau de intensidade considerável, mediante a sugestão hipnótica. Por sua vez, a educação moral supõe o exercício da atenção, principalmente na direção emocional, tanto mediante a inibição como a dinamogenia. Eliminamos os temores mórbidos inculcando os conceitos de valor e de respeito próprio; servimo-nos do “poder de expulsão dos novos afetos” para suprimir os desejos indignos. Existem numerosos exemplos que mostram o poder da sugestão nos casos em que a vida parece irremediavelmente arruinada por alguma preocupação obsessiva ou algum medo irresistível.

428. As virtudes pessoais dependem, antes de tudo, do poder da inibição, enquanto que a dinamogenia se torna necessária quando estas virtudes têm necessidade de ser antes estimuladas que contidas, aplicando-se o estímulo aos instintos já existentes. Cada um de nós deseja, em maior ou menor grau, a saúde, a riqueza, a consideração, o êxito. Mas, quando das virtudes pessoais passamos às virtudes altruístas, não estamos seguros de encontrar um impulso pronto a se desenvolver.

429. Quando se alcançou um certo grau de generosidade e de afabilidade, encontramo-nos diante de qualidades superiores de abnegação, de entusiasmo pessoal etc., que superam o alcance da educação comum e da sugestão hipnótica comum. Certos dipsômanos e morfinômanos curados levam uma vida digna de consideração; alcançaram, por assim dizer, um certo grau de estabilidade moral; mas é pouco provável que sejam capazes de manifestar virtudes superiores.

430. Ninguém pode pedir ao médico que lhe proporcione a santidade; do mesmo modo que não pode esperar que um homem egoísta e feliz se transforme num homem generoso e separado dos bens deste mundo: esse homem se adaptou a seu modo ao meio em que vive e não pede para ser mudado profundamente. Não é, pois, nos quartos dos hospitais nem nos consultórios que encontraremos as grandes mudanças de caráter com relação aos fins espirituais. Essas mudanças não podem ser o objetivo de experimentos realizados a sangue frio. Assim não se produzem.

431. Em todos os povos e em todas as épocas houve conversões, mudanças e aprimoramentos de caráter atribuídos à graça divina e mais tarde veremos que sobre esse aspecto nosso exame dos efeitos do hipnotismo se confunde com as considerações mais amplas sobre o poder espiritual do homem. Mas, antes de chegar a este ponto de vista mais amplo, devemos passar em revista, sucessivamente, as diferentes formas, tanto de inibição como de dinamogenia, que constituem a educação comum desde o berço.

432. A forma mais comum de restrição ou de inibição consiste, como já dissemos, nos esforços que fazemos para evitar que a criança adquira “maus hábitos”. Essas associações mórbidas dos centros motores, de início agradáveis, acabam sempre por tornarem-se incuráveis, até o ponto de resistir a qualquer tratamento, até o ponto em que um ato aparentemente insignificante como chupar o dedo pode causar graves distúrbios.

433. Sem dúvida, os resultados da sugestão são os mais inexplicáveis, nos casos desse gênero. Em parte alguma assistimos a tão completa libertação, quase momentânea, de um costume que anos inteiros de penosos esforços não conseguiram suprimir.

434. Esses casos equidistam da terapêutica comum e da persuasão moral. A importância de encontrar aqui o meio de tratamento mais breve e rápido salta à vista e não temos razão alguma para crer que as curas assim obtidas sejam menos completas e mais permanentes do que as devidas a um esforço moral, lento e gradual. Não se devem perder de vista esses fatos quando se percorre toda a série de efeitos hipnóticos superiores, porque são de natureza a nos tirar qualquer inquietude com relação à exclusão possível de todo exercício ou esforço moral, nos casos de cura rápida e quase milagrosa.

435. Devemos supor que cada um desses esforços consiste numa modificação de certos grupos de centros nervosos e precisamente nisso o resultado que o treinamento moral obtém na região da consciência é mais lento e penoso. Entre essas duas formas de agir existe a mesma diferença que separa os resultados obtidos pela aplicação intelectual comum dos que realiza o homem de gênio.

436. O homem a quem se sugeriu a “sobriedade” pode, sem dúvida, liberar-se de todo esforço de paciência e de resolução, da mesma forma que o escolar Gauss, que escrevia as soluções dos problemas enquanto estes eram enunciados, ao invés de ficar horas refletindo sobre eles. Mas o progresso moral é, essencialmente, tão ilimitado quanto as ciências matemáticas e o homem cujo caráter sofreu, num ponto qualquer, uma transformação, sem que isso lhe custasse o menor esforço, pode ainda encontrar na vida ocasiões de realizar um esforço moral, de adestrar seu caráter e de tomar decisões.

437. Entre os maus hábitos aqui tratados, a cleptomania apresenta um interesse particular, porque é frequente um indivíduo sentir a tentação de se perguntar se este, assim chamado, costume mórbido não serve de desculpa para uma simples tendência criminosa. Todavia, os resultados obtidos pelo tratamento são a melhor prova da existência de uma enfermidade; e certas curas mostram que o impulso, neste caso, se deve realmente a uma excitabilidade mórbida dos centros motores, movidos por um estímulo especial, uma ideia fixa que tende a se transformar, imediatamente, em ato.

438. Certas palavras e atos violentos correspondem à mesma categoria dos casos em que o impulso de gritar ou de golpear adquiriu a rapidez irracional e automática de um tic, e só podem ser inibidos através da sugestão, da mesma forma que certas aberrações sexuais. (Continua no próximo número.) 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita