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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 292 - 23 de Dezembro de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 17)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Na história do hipnotismo, qual o nome que primeiro se deve mencionar?  

É o nome de Mesmer, a quem devemos o primeiro conceito dos poderes terapêuticos de uma brusca e profunda modificação nervosa. A ele devemos, também, em grande parte, a doutrina da influência nervosa ou dos eflúvios nervosos que passam de um homem a outro, doutrina que, apesar de despojada da importância excessiva que ele lhe atribuía, não pode ser, a meu ver, ignorada ou negada. (A Personalidade Humana. Capítulo V – O hipnotismo.) 

B. Que descoberta devemos ao marquês de Puysegur, o mais importante dos sucessores imediatos de Mesmer? 

Do marquês de Puysegur quase se pode dizer que foi o descobridor do sonambulismo. Em seus experimentos, obteve ele a clarividência e a telestesia em diversos indivíduos e descreveu seus casos com tantos detalhes, que é difícil ver em tudo isso o resultado de uma observação defeituosa, ou de telepatia emanada de pessoas presentes. (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.) 

C. Quem descobriu que a hipnose poderia ser produzida sem passes? 

Foi Braid, cujas experiências diferem consideravelmente daquelas praticadas antes e depois dele. Seu método inicial da visão convergente produziu resultados que ninguém conseguiu atingir depois dele; e o estado que obtinha lhe parecia suscetível de deter e dissipar enfermidades que nem o hipnotizador nem o paciente acreditavam suscetíveis de cura. Ele, porém, mais tarde abandonou esse processo, a favor da simples sugestão verbal, porque se assegurou que a única coisa necessária era preocupar-se em influir nas ideias do paciente. (Obra citada. Capítulo V – O hipnotismo.)

Texto para leitura 

388. O nome de Mesmer é o que primeiro se deve mencionar na história do hipnotismo. Acreditava, em princípio, nos eflúvios terapêuticos e seu método parece ter sido uma combinação de passes, de sugestão e de uma presumível “magnetoterapia” (a célebre cubeta) que, indubitavelmente, nada mais era do que uma forma de sugestão.

389. Seus resultados, ainda que descritos de maneira imperfeita, não passam de experiências pessoais. As crises que sofriam alguns de seus pacientes são semelhantes às crises de histeria; mas é provável que fossem frequentemente seguidas de rápida melhora, sem a qual não exerceriam uma impressão tão forte nos sábios e na burguesia de Paris.

390. Devemos, também, a Mesmer o primeiro conceito dos poderes terapêuticos de uma brusca e profunda modificação nervosa. Devemos-lhe, ainda, em grande parte, a doutrina da influência nervosa ou dos eflúvios nervosos que passam de um homem a outro, doutrina que, apesar de despojada da importância excessiva que ele lhe atribuía, não pode ser, a meu ver, ignorada ou negada.

391. O mais importante de seus sucessores imediatos, o marquês de Puysegur, parece, pelo que se denota de seus escritos, um dos homens mais hábeis e puros entre os praticantes do mesmerismo; também foi um dos que fizeram experimentos em grande escala e com um objetivo que não era unicamente terapêutico.

392. Quase se pode dizer que foi o descobridor do sonambulismo; obteve a clarividência e a telestesia em diversos indivíduos e descreveu seus casos com tantos detalhes, que é difícil ver em tudo isso o resultado de uma observação defeituosa, ou de telepatia emanada de pessoas presentes. Outros observadores, como por exemplo Bertrand, um médico de alto gabarito, seguiram o mesmo caminho e esse breve período é, talvez, de todos os que mencionamos em nosso tema, o mais fértil em experiências desinteressadas.

393. Vem, em seguida, a era inaugurada por Elliotson, na Inglaterra, e por Esdaille, em seu hospital em Calcutá. Seu procedimento consistia em passes mesmerianos; o principal intuito de Elliotson era a cura direta das enfermidades, enquanto que Esdaille se propunha, especificamente, a obter uma anestesia suficientemente profunda para poder executar operações cirúrgicas. O êxito deste último foi ímpar e, deixando de lado os fenômenos paranormais, os resultados obtidos por ele constituem o fato mais extraordinário da história do mesmerismo. Se esses resultados não estivessem consignados nas atas oficiais, a aparente impossibilidade de reproduzi-los bastaria, naquela época, para desacreditar totalmente o procedimento em questão.

394. O grande passo seguinte dado pelo hipnotismo foi considerado por Elliotson e seu grupo como uma demonstração hostil. Quando Braid descobriu que a hipnose pode ser produzida sem passes, os mesmerianos acreditaram estar seriamente ameaçada sua teoria dos eflúvios terapêuticos. E era certo: porque essa teoria foi, na realidade, relegada ao esquecimento, de maneira demasiadamente absoluta, na minha opinião, pelo recurso, cada vez mais amplo e exclusivo, da simples sugestão.

395. As experiências de Braid diferem consideravelmente daquelas praticadas antes e depois dele. Seu método inicial da visão convergente produziu resultados que ninguém conseguiu atingir depois dele; e o estado que obtinha lhe parecia suscetível de deter e dissipar enfermidades que nem o hipnotizador nem o paciente acreditavam suscetíveis de cura. Porém, mais tarde abandonou esse processo, a favor da simples sugestão verbal, porque se assegurou que a única coisa necessária era preocupar-se em influir nas ideias do paciente. Mostrou, a seguir, que todos os fenômenos chamados frenológicos e que os efeitos presumíveis dos ímãs, dos metais, etc., também podiam ser produto da sugestão.

396. Ele atribuía, assim, importância enorme ao poder do paciente em resistir às ordens do operador e a produzir sobre si mesmo os efeitos do hipnotismo, sem ajuda do operador. A inovação mais importante, introduzida por Braid, foi, na minha opinião, a possibilidade da auto-hipnotização, por concentração da vontade. Essa experiência nova sobre as faculdades humanas, sob certo aspecto a mais importante de todas, conseguiu apenas escassos imitadores.

397. Falando das ideias divulgadas pelo grupo de Braid, devemos mencionar um hábil experimentador, ainda que inferior a Braid, cujas obras parecia desconhecer. Vamos falar do Dr. Fahnestok, cuja obra Stavolism, or Artificial Somnambulism (Chicago, 1871) não atraiu a atenção que merecia, quer por causa de seu estranho título, por causa de sua falta de clareza, quer por causa de sua publicação numa cidade que, naquela época, achava-se totalmente nos confins da civilização. Fahnestok parece ter obtido, pela autossugestão em pessoas sãs, resultados que, sob muitos aspectos, são muito superiores aos demais conhecidos até então.

398. O hipnotismo recebeu um novo impulso na França, graças a Charles Richet, cuja obra está liberta de toda estreiteza de critério e de toda conceituação falsa; mas o movimento inaugurado por ele foi impulsionado numa direção singular e infeliz por Charcot e sua escola. Fato estranho: Charcot, que foi talvez o único homem eminente que deveu sua reputação profissional exclusivamente a seus trabalhos sobre o hipnotismo, é, ao mesmo tempo, o homem cujas ideias são consideradas naturalmente errôneas e que aparece a todos como tendo seguido um caminho errado, do qual querem os seus discípulos afastar-se agora.

399. Os principais resultados obtidos por Charcot (como os de seus antecessores supracitados) são os que se reproduzem com raridade depois. As famosas “três fases” do hipnotismo maior são coisas nas quais hoje ninguém crê. Mas isto não se aplica ao que outros hipnotizadores possam obter, caso o queiram, mas ao qual as experiências mostraram que os resultados e os sintomas, aos quais Charcot atribuía enorme importância, só são o produto superficial de sugestões prolongadas e, por assim dizer, endêmicas, como as observadas em Salpêtrière.

400. Chegamos à corrente atual de maior importância e que conta em seu ativo com o maior número de curas. A escola de Nancy, iniciada por Liébault, combate, pouco a pouco, com uma crescente convicção, os presumíveis “sinais somáticos” de Charcot, a irritabilidade neuromuscular, etc., que era considerada como a condição essencial do hipnotismo, até que Bernheim declarou corajosamente que o estado hipnótico é igual ao sono comum e que a sugestão hipnótica era a única causa da reação hipnótica, nada mais sendo do que um simples conselho ou ordem verbal.

401. Isso, infelizmente, era demasiadamente simples para ser correto. Nenhum sono, entre um milhão, constitui realmente o estado hipnótico, e nem a sugestão, entre um milhão, alcança o eu subliminar nem influi realmente sobre ele. Se as teorias de Bernheim, consideradas em sua última expressão, fossem verdadeiras, na atualidade ter-se-iam curado todos os doentes.

402. O que Bernheim fez foi curar muitas pessoas sem passes mesmerianos, sem nenhuma crença na força superior à do operador ou à do indivíduo que iria ser hipnotizado. E, nesse aspecto, estão as suas experiências mais valiosas, que mostram o hipnotismo reduzido a seus aspectos mais simples. “O sono hipnótico – disse com efeito Bernheim – é o sono comum, a sugestão hipnótica, uma ordem comum. Ordena-se ao paciente que durma e, caso durma, ordena-se que se porte bem e, imediatamente, se porta bem.”

403. Uma ordem comum não consegue curar um homem comum de seu reumatismo ou de odiar o cheiro de aguardente que tanto apreciava, até então. Resumindo: a sugestão é algo mais complexo do que uma palavra; supõe com certeza uma profunda mudança nervosa, provocada por uma atividade nervosa vinda de dentro ou de fora. Antes de ficarmos satisfeitos com a fórmula de Bernheim, devemos considerar novamente as mudanças a que nos propomos efetuar e ver se os métodos empregados até aqui pelos hipnotizadores eram capazes de provocá-las.

404. Segundo Bernheim, somos todos suscetíveis à sugestão e o que nos propomos obter é um aumento de nossa suscetibilidade a ela. Mas deixemos, por um momento, do encanto das palavras do oráculo. Trata-se de tornar o organismo mais obediente, para o fim a que o dedicamos. O sono, com o qual geralmente se identifica o hipnotismo, não constitui, neste caso, uma condição essencial, porque as modificações subliminares se obtêm, com frequência, sem vestígio algum de sonolência.

405. Vejamos, agora, se certas ações nervosas, ora difusas, ora especializadas, tendem a fazer surgir, não o sono nem a catalepsia, antes essa espécie de reação fácil com a ajuda de gestos visíveis, ou com processos ativadores nutritivos invisíveis, que constituem a hipnose, tal como é entendida na prática, com seriedade.

406. Entre os agentes externos suscetíveis de influir sobre o sistema nervoso, em geral, os medicamentos narcóticos ocupam o primeiro lugar. O ópio, o álcool, o clorofórmio, a cannabis etc. afetam o sistema nervoso de maneira tão especial, que tornam a ideia de empregá-los a título de agentes hipnóticos completamente natural. E alguns pesquisadores observaram, com efeito, que uma ligeira cloroformização torna os indivíduos mais sensíveis à sugestão.

407. Janet citou um caso de sugestibilidade produzido durante a convalescença do delirium tremens. Outros hipnotizadores (Bramwell) descobriram que o clorofórmio tornava os indivíduos menos hipnotizáveis e o álcool é, no geral, considerado como um agente que diminui a suscetibilidade hipnótica. Aguardando outras experiências com os diversos narcóticos, podemos dizer que os resultados conhecidos até agora tornam pouco provável a opinião que considera a hipnose como o resultado de uma atividade fisiológica direta, exercida por agentes externos.

408. A semelhança aparente entre a narcose e a hipnose diminui, com efeito, quando a submetemos a uma análise mais profunda. Produz-se, tanto numa como na outra, uma fase caracterizada por uma ideação incoerente, delirante; só que, no sujeito narcotizado, esta fase precede o estado de inibição de todo o sistema nervoso e os centros superiores são os primeiros a paralisar; enquanto que na hipnose a inibição das faculdades supraliminares parece, na maioria dos casos, só uma condição preliminar necessária à entrada em jogo de faculdades novas, entranhadas nas profundas regiões do eu.

409. Temos que citar ainda, no número de fatores externos capazes de produzir efeitos difusos em todo o sistema nervoso, as impressões súbitas, cuja ação pode ocasionar a morte por parada do coração, provocar paralisia, ou o stupor attonitus (uma forma consagrada de loucura) que determina essa imobilidade cataléptica na qual um simples soar de gongo pode aterrorizar uma doente de Salpêtrière.

410. Fenômenos semelhantes foram observados em certos animais, como a rã, o escaravelho etc. Todavia, o caráter hipnótico desses estados é extremamente duvidoso. Não se demonstrou a existência, nos casos desse gênero, de uma verdadeira faculdade de reação, de obediência à sugestão, a menos que se trate (como em certos casos da Salpêtrière) de uma forma de sugestão tão evidente e habitual que a obediência a essa sugestão possa ser considerada como parte do estado cataléptico. Assim, a “maleabilidade” do cataléptico, cujos braços se mantêm na posição em que os colocaram, deve ser considerada com maior exatidão, como um estado caracterizado por um poder de reação menos forte e rápida aos estímulos internos e externos.

411. Existe uma forma de produção da hipnose entre certas pessoas histéricas, que se distancia igualmente dos estímulos maciços, difusos e das ações locais. É, propriamente dito, um estímulo local; mas não se vê por que razão, a não ser que seja em virtude de um capricho profundo do organismo, o trajeto especial, que neste caso é um trajeto sensitivo, se desenvolveu numa direção mais do que em outra. Falo da produção do estado hipnótico como consequência da pressão exercida sobre o que se chama de zonas hipnógicas, cujo ponto de partida é constituído pelas zonas de anestesia que se encontram nos histéricos, os “estigmas das bruxas” de nossos antepassados.

412. De acordo com o que sabemos atualmente acerca disso, a disposição desses “estigmas” é completamente arbitrária, isto é, não parece depender de nenhuma lesão central como as “dores irradiadas” que se produzem durante o curso de lesões orgânicas profundas e que se manifestam por zonas de sensibilidade superficial que seguem a disposição dos troncos nervosos.

413. As zonas anestésicas são um exemplo do que eu convencionei chamar de autossugestão irracional da zona hipnótica e são, com mais precisão, determinadas por caprichos incoerentes do que por antecedentes puramente fisiológicos. Quanto aos pontos que se chamam de zonas histeróginas, zonas hipnógicas etc., parecem-me, apesar de sua constância, como localizações puramente arbitrárias, criadas em virtude de uma decisão inconsciente do eu subliminar, do qual constitui o resultado externo.

414. A pressão local exercida ao nível desses pontos não seria, na minha opinião, mais do que um simples sinal, um aviso às faculdades preexistentes dos centros da camada hipnótica, cujo funcionamento não se submete a lei alguma. Onde outros veem uma ação fisiológica, vejo tão-somente o efeito da autossugestão. (Continua no próximo número.) 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita