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Estudando a série André Luiz
Ano 6 - N° 291 - 16 de Dezembro de 2012
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


Sexo e Destino

André Luiz

(Parte 10)

Damos continuidade ao estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. A volta súbita de Márcia ao seu lar, quando evitou a consumação do assédio de Cláudio sobre Marita, ocorreu por influência de ordem espiritual?

Tudo indica que sim, o que é fácil deduzir pelas explicações que ela mesma deu ao seu marido. D. Márcia estava em um sarau beneficente, no qual colaborara. Eis o que ela disse a Cláudio: "Imagine você que, embora o sarau esteja longe de terminar, larguei tudo. O leilão de prendas esperava por mim, quando senti um constrangimento esquisito. Tive medo. Passei minhas obrigações para Dona Margarida e voltei. Atormentava-me, supondo houvesse algo atrapalhado em casa, alguma ligação elétrica esquecida, a presença de algum malfeitor. Vejo, porém, que você talvez tenha tido o mesmo palpite e chegou antes, retificando o fogão... Felizmente, tudo passou...”. (Sexo e Destino, capítulo IX, pp. 101 a 103.)

B. Como Cláudio ouviu o relato feito pela esposa com relação aos problemas de saúde que a preocupavam?

Com profundo desdém, o que fez com que Márcia emudecesse, ao impacto da desconsideração inesperada. O marido não dispensara a mínima atenção aos padecimentos orgânicos de que ela se queixara e desconhecia-lhe, de propósito, os achaques. (Obra citada, capítulo IX, pp. 101 a 103.)

C. O caso entre Marina e Nemésio Torres era visto de modo diferente por Márcia?

Sim. Na visão dela, a filha agia assim por compaixão, porque Nemésio, ante a enfermidade da esposa, se encontrava desarvorado e se apegara à jovem. "Nossa menina compadeceu-se", disse Márcia ao marido.  "Tanto amparou a doente que acabou descobrindo os sofrimentos do homem que se aproxima, conscientemente, da viuvez... É por isso que vem buscando revigorá-lo, como pode...". (Obra citada, capítulo IX, pp. 105 a 107.) 

Texto para leitura 

46. Dois inimigos no próprio lar - Reunidos na sala de visita, Cláudio e Márcia entreolharam-se de estranha maneira. Eram adversários declara­dos, em tréguas cordiais. Márcia era espécime comum das damas que lu­tam, garbosas, contra as arremetidas do tempo. Os cabelos, gra­ças ao uso de produtos medicinais, mantinham-se escuros e brilhantes e nin­guém lhe atribuiria os quarenta janeiros já vividos. Delgada, na ma­greza característica dos que usam moderadores de apetite, apresen­tava-se em figurino da alta. Era tal e qual a filha Marina, conquanto muito mais asserenada e amadurecida. Longe de aparentarem a verdadeira con­dição de mãe e filha, podiam ser interpretadas à conta de irmãs, sa­lientando-se que dona Márcia se revelava mais simpática, pela bran­dura estudada dos gestos. Seu sorriso era espontâneo e mostrava o en­genhoso artifício dos que se distanciam deliberadamente dos problemas alheios para que não lhes constituam empeço ao avanço. Os olhos traíam-lhe, contudo, a alma sibilina. Fisgados no esposo, pareciam interessados em arrancar-lhe as mínimas reações, em proveito próprio. Ela não desejava conhecer qualquer vestígio da conduta dele, anelava encobrir-se. Se­rena, dava a impressão de um viajante hábil, preocupado em ilaquear o guarda-barreira, para seguir adiante, sem ter de deixar as aquisições clandestinas. Ele, por sua vez, assemelhava-se ao guarda-barreira, ca­lejado no suborno, mais aplicado em resguardar-se que em denunciar viajores, tão matreiros quanto ele próprio. Naquele momento, sobre­tudo, em que quase fora pego em flagrante, esmerava-se em mesuras. Seu objetivo era evidente: eliminar na esposa qualquer dú­vida ocorrente, à custa de uma tolerância que não mais praticava. Em ambos flutuava, po­rém, a desconfiança recíproca. Cada frase vinha pré-fabricada na gar­ganta, dissimulando o pensamento. (Cap. IX, pp. 99 e 100) 

47. Um estranho constrangimento - Adocicando a voz, a mulher co­mentou os aborrecimentos no bufê do baile beneficente em que havia trabalhado. O local estivera repleto. Alguns jovens embriagados, for­jando obstáculos. Garotos furtando. E tudo isso a estafara. Descon­fiando que o marido, embora se mostrasse quase afetuoso, não se inclinaria a longa conversação, quis reter o momento raro, tornando-se mais terna. Afável, estendeu-lhe prateada carteira, mas Cláudio agradeceu, pois não queria fumar. Após acender um cigarro e relaxar-se na pol­trona, Márcia comentou: "Imagine você que, embora o sarau esteja longe de terminar, larguei tudo. O leilão de prendas esperava por mim, quando senti um constrangimento esquisito. Tive medo. Passei minhas obrigações para Dona Margarida e voltei. Atormentava-me, supondo hou­vesse algo atrapalhado em casa, alguma ligação elétrica esquecida, a presença de algum malfeitor. Vejo, porém, que você talvez tenha tido o mesmo palpite e chegou antes, retificando o fogão... Felizmente, tudo passou... Mesmo assim, reconheço que o meu regresso foi providencial, pois, desde muitos dias, venho espreitando um momentinho em que você esteja calmo e bem-humorado, como agora, para tratarmos, juntos, de assunto sério... Coisa que nos toca de perto, que não posso decidir sem você..." André e Neves notaram o regime de choques e contrachoques em que aquelas duas almas adversas respiravam, aprisionadas social­mente uma à outra, por exigências de provação. Inferindo que a esposa se aproveitaria de sua benevolência para chamá-lo a questões de res­ponsabilidade, Cláudio despiu a máscara afetiva com que a brindara e, taciturno, colocou-se em guarda. Buscando disfarçar o azedume, afir­mou-se fatigado e, alegando esgotamento, pediu à esposa resumisse, quanto possível, o que tinha a dizer-lhe. Márcia fingiu não ver o olhar irônico que ele lhe endereçava e começou referindo-se ao cansaço de que se sentia possuída. Reportou-se então a alguns problemas de saúde que a estavam impedindo de dormir e a outras questões de ordem doméstica, para, no final, informar que se encontrava onerada e tinha necessidade de quinze mil cruzeiros. Cláudio fitou-a, sarcástico, e indagou: "É só?" A pergunta, carregada de zombaria, pairou no ar da mesma forma que uma chicotada cortante. Márcia emudeceu, ao impacto da desconsideração inesperada. O marido não dispensara a mínima atenção aos padecimentos orgânicos de que ela se queixara e desconhecia-lhe, de propósito, os achaques. Enquanto relacionava os seus problemas, ela assustara-se ao ver-lhe a dura expressão dos olhos frios, numa atitude gelada de profundo desdém, que bem conhecia. (Cap. IX, pp. 101 a 103) 

48. Um diálogo azedo - Márcia teve a impressão, enquanto falava de seus problemas de saúde, de que Cláudio lhe perguntava, mental­mente: "por que não acaba você de morrer?" Em outras ocasiões, ele chegara a enunciar semelhante inquirição, com palavras claramente pro­nunciadas e repetidas. "Por que tanto ódio?", indagava a si mesma. Como se fizera o silêncio, Cláudio fez menção de retirar-se, mas a es­posa frustrou-lhe o impulso, exclamando, irritadiça: "Não saia. É preciso que você fique. Esta casa não é minha só. Acaso, não está vendo? Marina e Marita... Criam-se os filhos com desvelo, com ca­rinho... Em crianças, são anjos; crescidos, são pesadelos. Tenho so­frido calada, mas agora... Isso não pode continuar sem que você se mexa. Entre uma e outra, não é possível a indiferença. Acolhi essa me­nina estranha em meus braços como se fosse minha própria filha. Supor­tei afrontas, esqueci minha saúde, meu tempo... Não me poupei, fiz o que pude... Nada lhe faltou, entretanto, hoje..." Cláudio, admirado com o que ouvia, indagou: "Hoje, o quê?" E Márcia prosseguiu: "Pois você não percebe a humilhação a que Marina se expõe? Você não enxerga as dificuldades de nossa filha?" O marido riu-se, zombando: "Márcia, deixe de cenas... Você fala em Marina, como se a nossa desmiolada es­tivesse na forca. Não entendo. Vejo-a feliz e desorientada, como nunca. Se me detiver em qualquer problema dela, será para admoestá-la, reprimi-la. Não fosse você com o desregramento de suas concessões e com os seus maus exemplos, haveria de corrigi-la, ainda que obrigado a interná-la no hospício..." Em seguida, contou que, dois dias antes, viu Marina, num clube noturno, nos braços de um cavalheiro maduro e bem-posto, que a beijava. "Oh! a pobrezinha!...", objetou dona Márcia, faces em fogo, tremendamente revoltada. Naquele instante, os dois ti­ravam os últimos disfarces, postando-se, em espírito, um à frente do outro, com rudeza indissimulável, como dois inimigos soberanos. O diá­logo azedo continuou. "Pobrezinha, por quê?", perguntou Cláudio. A es­posa mediu-o, de alto a baixo, com um olhar de zombaria, e passou a acusá-lo: "Não quero discutir agora a sua presença de homem velho e casado, numa casa de tolerância, pois não acredito nessa história de homenagens a chefes, em horas avançadas da noite. Você foi sempre imo­ral, indigno, mentiroso, mas, por amor à família, esqueço tudo isso, para que você conheça toda a situação..." (Cap. IX, pp. 103 a 105) 

49. O envolvimento de Marina - Abrandando sua voz, para poder sensibilizar o marido, Márcia lhe disse: "Cláudio, atenda, Marina, obediente, nunca me ocultou a verdade. Não proceda com malícia; desde a piora da esposa do senhor Nemésio, vem repartindo, carinhosamente, o tempo, entre as obrigações do emprego e o lar do chefe, onde a infeliz senhora vem morrendo, pouco a pouco... Impossível que você não lhe ad­mire a abnegação, porque, de modo algum, precisaria interessar-se pela vida íntima da família Torres, a ponto de velar junto deles, por vá­rias noites consecutivas, por simples espírito de sacrifício... Não sei se você chega a vê-la, quando volta de manhã, mostrando fundas olheiras e faces pisadas". Na mente de Cláudio operara-se complicada reviravolta. Ao ouvir as palavras injuriosas da mulher, sentira ímpe­tos de esbofeteá-la; todavia, conteve-se. Além disso, sabia que Marita escutava, e desejava conquistá-la a qualquer preço, sobretudo depois de haver-se declarado. O amigo desencarnado, por sua vez, insuflava-lhe ideias com o mesmo objetivo. Manejaria Márcia para alcançar Marita e, diante disso, suavizou a expressão, como quem se resignasse aos di­tames da paciência. Márcia continuou a falar, informando que Nemésio Torres se encontrava desarvorado diante da tragédia que a fortuna dele não podia conjurar. "Nossa menina compadeceu-se", disse ela. "Tanto amparou a doente que acabou descobrindo os sofrimentos do homem que se aproxima, conscientemente, da viuvez... É por isso que vem buscando revigorá-lo, como pode..." Cláudio replicou, observando que não é afo­gando-se em bebidas e prazeres noturnos que Marina ajudaria Nemésio e a esposa doente. E aditou: "Não os vi rezando pela tranquilidade da enferma..." Márcia objetou-lhe: "Deixe de ironias. Você, com toda a certeza, numa situação igual, não se consolaria com lágrimas, procura­ria distrações. Não há inconveniente algum em que o senhor Torres, numa hora dessas, se dirija para um ambiente alegre, a fim de ganhar forças, e não vejo maldade em que trate Marina por filha dele próprio, afagando-a por boneca mimada que sempre foi". (Cap. IX, pp. 105 a 107) 

50. O ciúme amargura Cláudio - Diante da versão apresentada por dona Márcia relativamente à conduta da filha, Cláudio retomou a ga­lhofa, o que desapontou a esposa, que julgava que Marina vinha agindo corretamente. A conversa, porém, continuou. "Você não ignora –  disse Márcia –  que Marita se enamorou, há meses, de Gilberto, o filho dos Torres. Vendo, de minha parte, os dois, em ligação constante, acredi­tei piamente que o jovem nutrisse por ela uma inclinação segura." Mis­turando reserva e malícia, Márcia passou a historiar, então, as entre­vistas, os passeios, os telefonemas e os bilhetes, sem deixar de men­cionar o encontro que os namorados haviam mantido, dias atrás, em plena floresta da Tijuca, fatos que Cláudio também conhecia e que o feriam fundo, espicaçado que estava pelo ciúme. Esfregando os dedos contra as palmas das mãos, num gesto característico, levantou-se, deu alguns passos na sala e resmungou: "Ingratidão!" Márcia ficou feliz com a cena, porquanto seu desejo era estabelecer um clima favorável a Marina, em detrimento de Marita, mas não imaginava que a reação do es­poso se dava por outros motivos. André Luiz verificou, contudo, as te­las mentais de Cláudio e viu quanto lhe doíam o desprezo e o ciúme. "Comove-me a sua reação contra Marita!...", disse-lhe a esposa. "Sua atitude respeitável de pai me encoraja e me alegra. Graças a Deus, sinto em você o chefe da casa e da família." Cláudio a ouvia, atento. "É necessário que você saiba –  prosseguiu ela –  que Gilberto não quer coisa nenhuma com Marita, que vive a derreter-se sem razão. O ra­paz é apaixonado por Marina e tudo indica possibilidades de um casa­mento vantajoso, que não podemos jogar fora." (Cap. IX, pp. 107 a 109) (Continua no próximo número.)



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita