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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 290 - 9 de Dezembro de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 15)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. É possível descobrir no sonho a manifestação de uma capacidade supranormal que permita reconhecer que há no homem um espírito cósmico que participa, ao mesmo tempo, do mundo espiritual e do mundo terrestre? 

Esse é o pensamento de Myers, que diz que essa tese constitui, talvez, considerando apenas seu lado histórico, a base de todos os dogmas que desfrutaram em todos os tempos a adesão universal da humanidade. (A Personalidade Humana. Capítulo IV – O sono.)

B. Os fatos do mundo metaetéreo são mais complexos do que os mundo material? 

Segundo Myers, é provável que sim e, além disso, as vias através das quais os espíritos se comunicam e percebem, à margem do organismo carnal, são extremamente mais sutis e variadas do que as vias através das quais se operam as comunicações e percepções comuns. (Obra citada. Capítulo IV – O sono.) 

C. Pode um indivíduo que dorme ver algo que se passa a distância do local onde se encontra seu corpo material? 

Os fatos dizem que sim. Myers cita neste livro vários casos. Eis um deles: Canon Warburton, tendo ido ver seu irmão, encontrou sobre a mesa deste um recado de escusas, por não estar em casa para recebê-lo, uma vez que fora a um baile. Aguardando o regresso do irmão, Canon sentou-se numa poltrona e adormeceu, despertando bruscamente ao receber a visão do irmão despencando de uma escada. Alguns instantes depois entra o irmão e narra ter corrido perigo iminente, pois estivera a ponto de quebrar o pescoço ao cair de uma escada. (Obra citada. Capítulo IV – O sono.)

Texto para leitura 

336. Até aqui, o papel que atribuímos ao sonho, do ponto de vista da aquisição de conhecimentos, nada demonstra de anormal, nada que não possam realizar nossos sentidos durante a vigília. Agora resta-nos verificar se não seria possível descobrir no sonho a manifestação de uma capacidade supranormal, uma experiência que autorize a reconhecer que o homem constitui, ao mesmo tempo que um organismo terrestre, um espírito cósmico que é parte de um mundo espiritual ao mesmo tempo que do mundo terrestre. Se esta suposição resultasse verídica, pareceria natural que essa participação num meio espiritual se manifestasse no sonho de uma forma mais perceptível do que na vigília.

337. O dogma que meu ponto de vista torna assim possível constitui, talvez, considerando apenas seu lado histórico, a base de todos os dogmas que desfrutaram em todos os tempos a adesão universal da humanidade. “Quod semper, quod ubique, quod ab omnibus”: qual é a proposição teológica, inclusive a mais estreita, que não tenha tido a pretensão de ter sido reconhecida e admitida em todas as partes, sempre e por todas as pessoas? Mas, qual é o dogma cuja antiguidade, ubiquidade e unanimidade, do ponto de vista da crendice humana, iguala à crença nas aparições dos espíritos durante o sonho?

338. Na idade da pedra, o cético que se atrevesse a contradizer isto devia possuir uma grande dose de coragem. E mesmo reconhecendo que esta “psicologia paleolítica” passou de moda há alguns séculos, não penso, referindo-me às provas a favor da telestesia reunidas até hoje, que seja possível considerar como uma raridade o constante retorno da ideia relacionada às visitas feitas durante o sono a um lugar distante, adquirindo, em consequência, a consciência de novos fatos que teria sido impossível conhecer de outro modo.

339. Partindo, pois, não da autoridade primitiva, senão do exame dos fatos e das modernas provas, encontraremos, a meu ver, a existência, entre o sonho e a verdade, de coincidências que nem mesmo o acaso, nem a hipótese de uma lembrança subconsciente comum são capazes de explicar. Encontraremos a existência de casos de percepção de objetos materiais ocultos; ou de cenas distantes e também de pensamentos e sentimentos pertencentes a outros espíritos e em comunhão com esses pensamentos e percepções.

340. Todos esses fenômenos foram observados praticamente em épocas e lugares diversos e, com particular interesse, pelos primeiros mesmeristas franceses. Os fenômenos do primeiro desses grupos receberam o nome de fenômenos de clarividência ou de lucidez; os do segundo grupo constituem os fenômenos de comunicação ou transmissão de pensamento.

341. Esses termos não são suficientemente explícitos para que sejam o bastante para um estudo mais sistemático. As percepções à distância não são percepções óticas e não estão limitadas ao sentido aparente da visão. Estendem-se a todos os sentidos e compreendem, igualmente, as impressões que não podemos atribuir a um sentido especial qualquer. Da mesma forma, a comunicação entre as pessoas distantes consiste na transmissão não só de pensamentos, mas também de emoções, de impulsos motores e de certas impressões difíceis de definir.

342. Em 1882 propus os termos mais amplos: telestesia, ou sensação à distância, e telepatia, ou simpatia à distância e empregarei esses termos durante o curso desta obra, sem que seu uso implique, de nossa parte, a pretensão de que correspondam a grupos definidos de fenômenos e devidamente separados, nem que compreendam todas as manifestações paranormais. Pelo contrário, parece provável que os fatos do mundo metaetéreo são muito mais complexos do que os do mundo material e que as vias através das quais os espíritos se comunicam e percebem, à margem do organismo carnal, são extremamente mais sutis e variadas do que as vias através das quais se operam as comunicações e percepções comuns.

343. Semelhante a quaisquer organismos em relação, temos um sistema de forças que age sobre outros sistemas de forças e cuja influência se exerce por meios conhecidos e desconhecidos; da mesma forma, devemos considerar os espíritos humanos como sistemas de forças muito mais complexos, que agem uns sobre os outros ultrapassando a nossa capacidade comum de compreensão. Isso torna-se particularmente evidente nas premonições de que damos alguns exemplos neste capítulo e que parecem ainda mais distantes de nossos comportamentos de percepção comum que a telepatia e a telestesia.

344. Do que acabamos de dizer resulta que é impossível classificar os fenômenos paranormais numa ordem lógica. Não derivam uns dos outros, antes constituem manifestações emergentes e fragmentadas de uma lei mais profunda e geral. A distinção feita acima, entre a telepatia e a telestesia, entre o conhecimento paranormal, que parece ser adquirido por intermédio de outro espírito, e o conhecimento supranormal, que parece ser adquirido diretamente, sem a intervenção de outro espírito, não pode ser considerada, em si mesma, fundamental. Não podemos dizer, na realidade, em que casos e em que medida os espíritos exteriores contribuíram para a percepção de uma cena distante. Nem sabemos, tampouco, se a atividade de um único espírito é suficiente para uma percepção paranormal.

345. Fiz, anteriormente, alusão a uma linha divisória, sugerida pelas sensações pessoais do que sonha, para distinguir entre a excursão psíquica ativa e o recebimento passivo de uma invasão psíquica externa. Mas, também aqui, já o dissemos, é difícil estabelecer uma divisão clara; pois quer se trate de percepções durante o sonho, de cenas materiais distantes, de pessoas vivas distantes ou de espíritos desencarnados, o que sonha está frequentemente impossibilitado de dizer a partir de que ponto de vista se observa e onde se acha a cena que vê.

346. Onde se encontra quando participa de uma cena situada no futuro e em que medida a participação aparente nesta cena futura difere da participação numa cena atual, ainda que distante? Nossas respostas a essas perguntas, por mais imperfeitas que possam ser, devem ser postergadas até que tenhamos diante de nós não só os sonhos, senão toda essa série de manifestações automáticas sensoriais que parecem desafiar nossas noções correntes de tempo e de espaço.

347. Limitar-me-ei, no momento, a esboçar brevemente alguns dos principais tipos de sonhos supranormais, na ordem ascendente. Citarei, inicialmente, alguns casos em que a pessoa que dorme discerne, através de visões clarividentes, uma cena que interessa diretamente a um espírito diverso do seu, por exemplo, a morte iminente de um amigo.

348. Existe, às vezes, uma espécie de visão fugidia que parece representar exatamente a cena crítica; outras vezes a visão é menos rápida e vem acompanhada de uma sensação de comunhão com a pessoa interessada. E, ainda, em outros casos, menos numerosos mas mais interessantes, as circunstâncias da morte aparecem como se tivessem sido mostradas simbolicamente ao adormecido, pelo próprio morto ou por um espírito relacionado a este.

349. Um dos melhores exemplos de visão fugidia é o de Canon Warburton, que, tendo ido ver seu irmão, encontrou sobre a mesa deste um recado de escusas, por não estar em casa para recebê-lo, uma vez que fora a um baile. Aguardando o regresso do irmão, Canon sentou-se numa poltrona e adormeceu, despertando bruscamente ao receber a visão do irmão despencando de uma escada. Alguns instantes depois entra o irmão e narra ter corrido perigo iminente, pois estivera a ponto de quebrar o pescoço ao cair de uma escada (Phantasms of the Living, I, pág. 338).

350. A impressão produzida neste caso assemelha-se a uma sacudidela transmitida ao delicado vínculo que unia os dois irmãos. O que se encontrava em perigo deve ter pensado insistentemente no outro, lamentando não ter ficado em casa para esperá-lo, e pode-se explicar esse incidente, como já o fizemos, desde sua primeira publicação, admitindo a projeção da cena no espírito de seu irmão por aquele que estava em perigo.

351. O irmão, passivamente adormecido, sentiu-se, por sua vez, como subitamente transportado, em meio a essa cena, talvez como resposta ao súbito apelo do irmão em perigo, e quero ressaltar este último aspecto do incidente, pelas analogias que mostra com outros casos que iremos citar. Torna-se evidente ser difícil pronunciar-se com segurança a favor de qualquer dessas explicações.

352. Citarei, a seguir, um caso analisado por Gurney, um pouco antes de sua morte e estampado no Proceedings of the S. P. R., III, págs. 265-266: “Vicary Boyle, enquanto permanecia em Simla (Índia), viu, certa noite, em sonhos, seu sogro, que morava em Brighton (Inglaterra), pálido e estendido sobre a cama, enquanto que sua sogra atravessava, silenciosamente, a habitação e prodigalizava-se em cuidados ao marido. A visão dissipou-se; a seguir, Boyle continuou dormindo, mas ao despertar tinha plena convicção de que seu sogro, de cuja enfermidade não tinha notícia e em quem nem pensara sequer há vários dias, estava morto. Isso foi confirmado por um telegrama que chegou dias depois, o que confirmava a visão que Boyle teve de seu sogro morto, nove horas após o acontecimento.”

353. A visão (que apareceu, neste caso, duas vezes) era simples e pode ser interpretada como uma impressão transmitida pela mulher do finado e captada pelo genro nove horas após a morte. Enquanto o pensamento consciente da viúva se comunicava com outras pessoas, naquele momento, é provável que pensasse em sua filha, mais do que no genro. Mas Boyle possuía uma sensibilidade psíquica muito delicada que conseguiu captar (por desvio) a mensagem dirigida à esposa; mas, inclusive neste caso, a presença da Sra. Boyle era um fator necessário para a percepção experimentada por seu marido.

354. Um único sonho, que um homem teve na vida, apresenta um valor tão inestimável quanto uma única alucinação da vigília. Exemplo disto é o sonho de Hamilton, que sonha que seu irmão, estabelecido na Austrália há 12 anos, voltara à Inglaterra, pouco mudado, mas que trazia uma das mãos ferida, com o punho quebrado e tumefato. Na manhã seguinte recebeu, imediatamente, uma carta de seu irmão, originária de Nápoles, em que lhe comunicava estar a caminho da Inglaterra; dizia, naquela carta, que salvo um acesso de gota à altura do punho esquerdo, estava perfeitamente bem. Porém, viu-se obrigado a desembarcar não em Londres, onde o esperavam, senão em Plymouth, pois os médicos diagnosticaram-lhe uma infecção sanguínea que ocasionou a formação de um abscesso furunculoso na articulação do punho. Pelas informações proporcionadas por seu irmão, resulta que o sonho de Hamilton coincidira com o momento em que o primeiro escrevia sua carta. Caso se confirmasse esse fato, tratar-se-ia de uma projeção de si próprio, feita pelo irmão doente (Journal S. P. R., III, pág. 267).

355. Ocupar-me-ei agora de um grupo de sonhos mais interessantes e complexos, que não vou sequer tratar de explicar. São os sonhos precognitivos, isto é, as imagens e as visões pelas quais se predizem e representam, antecipadamente, os fenômenos futuros, de forma mais ou menos simbólica e tão distanciada das previsões ditadas por nossa sagacidade terrestre, que nos sentiremos tentados, numa posterior discussão, a falar em termos vagos de uma espécie de galeria de quadros cósmicos que bruscamente se abre diante de nossos olhos, ou de representações teatrais compostas e oferecidas a nós por inteligências superiores a todas que conhecemos.

356. Sobre isto é deveras característico o caso da duquesa de Hamilton, quer por sua precisão como por sua ausência de inteligibilidade isolada e carência de objetivo. Essa mulher teve um sonho no qual viu o conde de L. moribundo, naquele instante, sentado numa poltrona e como quem tivesse sofrido um ataque; ao seu lado estava um homem de barba ruiva e um lavatório, sobre o qual havia uma lâmpada vermelha. O conde morre quinze dias depois e uma pessoa que assistiu aos seus últimos instantes confirmou a exatidão da visão da duquesa (Proceedings of the S. P. R., XI, pág. 505).

357. A seguir, temos casos como os do Dr. Bruce (Phantasms of the Living, I, pág. 384) e da Sra. Storie (Idem, I, pág. 370), nos quais o sujeito vê em sonhos, e em todos os detalhes, a cena e todas as circunstâncias do falecimento de um parente (assassinato de um cunhado, no primeiro caso; irmão gêmeo esmagado por um trem, no segundo). No primeiro caso, a cena do assassinato foi vista não só por Bruce, mas também por uma irmã da vítima que igualmente se encontrava distante do local; e a Sra. Storie viu não só como seu irmão era esmagado pelo trem, como pôde distinguir num dos vagões a presença de duas pessoas conhecidas, que de fato lá estavam.

358. No caso da Sra. Storie, a cena apresentou-se como um sonho, mas como um sonho invulgar, pois o sujeito sabia estar deitado na sua cama. Noutros casos, a “invasão psíquica” pelo espírito de uma pessoa viva ou morta engendra uma enorme variedade de estados de semivigília, tanto no sujeito como no agente. Num estranho relato (o de M. Pike, Phantasms of the Living, II, pág. 105), um homem que sonha entrar em casa é ouvido em sua casa pedindo água quente e experimenta uma estranha sensação de “bilocação” entre o compartimento do trem e seu dormitório.

359. O caso da Sra. Manning (Journal S. P. R., VII, pág. 100) é quase idêntico ao anterior, com a única diferença de que a Sra. Manning ao invés de ver em sonho o futuro imediato, revive lances da infância, com singular espontaneidade. Nestes casos, o sonho transportara o sonhador a outro momento do tempo e do espaço, mas com uma tal vivacidade que outras pessoas o perceberam nessa situação imaginária.

360. Newham (Phantasms of the Living, I, pág. 225) não só se vê transportado até a sua noiva, sendo que, na verdade, toca-a ao mesmo tempo em que ela se sente tocada por ele, no momento exato em que ia deitar-se. Este caso é uma prova evidente de “invasão psíquica”, conceito que examinaremos melhor no capítulo seguinte. (Continua no próximo número.) 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita