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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 288 - 25 de Novembro de 2012

RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
 


Vingança


“A sede de vingança é lamentável conduta espiritual que termina por afligir aquele que a vitaliza (dá força) interiormente.” – Joanna de Ângelis.

A revista VEJA, em sua edição 2281, de 8 de agosto de 2012, páginas 152 a 158, traz uma abordagem sobre o sentimento de vingança utilizado em muitas telenovelas que atingem um alto índice de audiência. Inclusive um desses teledramas que está sendo exibido por uma determinada emissora, atinge oito de dez lares pesquisados no horário, por estabelecer sintonia com os sentimentos que abrigamos dentro de nós, apesar de mais de dois mil anos de Cristianismo que nos orienta, através da figura excelsa de Jesus, que devemos nos reconciliar o mais cedo possível com os nossos adversários. A manutenção dessas desavenças e da busca pela vingança atravessa séculos e séculos, impondo ao vingador e à sua vítima a mesma quantidade de tempo de sofrimentos indescritíveis através do fenômeno descrito e documentado pela Doutrina Espírita, que é a obsessão em seus mais variados níveis de envolvimento.

Segundo dados contidos nessa reportagem da revista, uma experiência conduzida em 2004 pela Universidade de Zurique, na Suíça, demonstrou que a vingança desencadeia um efeito concreto no organismo. Com o uso de exames de ressonância magnética, constatou-se que a satisfação desse desejo ativa a área do córtex cerebral relacionada à sensação de recompensa, aliás, uma das regiões mais primitivas e ancestrais do cérebro humano. Assim como ocorre quando se ingerem doces, se faz sexo ou se usam drogas, a vingança provocaria uma descarga de um hormônio ligado ao bem-estar, a dopamina. A vingança, continua a mesma reportagem, é a justiça em estado bruto – como resume o filósofo Denis Rosenfield. Já o filósofo inglês Francis Bacon, no século XVI, classificava a vingança como a justiça selvagem. Quando a impunidade ocorre, por exemplo, ela exacerba o sentimento de vingança como ocorre em muitos crimes, infelizmente, ainda hoje em dia, embora os maiores recursos técnicos na busca de provas que incriminem o culpado. Entretanto, graças ao código penal vigente, os advogados habilidosos conseguem uma interpretação, dentro da própria lei, para livrar ou atenuar a pena dos seus clientes.

A mais antiga tentativa conhecida para equacionar a questão das desavenças entre os seres humanos é a lei de talião, descrita no chamado Código de Hamurabi, embrionária peça de direito oriunda da Babilônia e datada do ano 1780 a. C. Essa lei preconiza o famoso “olho por olho, dente por dente” que Jesus veio transformar no amor aos inimigos. Ele nos propõe a reconciliação enquanto estamos em trânsito junto àqueles a quem ofendemos, evitando a perpetuação do ódio e a sua transferência de uma existência para outra. Conforme nos explica a Doutrina Espírita, morta a cobra não está morto o veneno, ou seja, com a desencarnação, o ódio continua nos sentimentos daquele a quem ferimos, voltando-o contra nós em algum momento de nossa existência, no exercício da vingança através dos fenômenos obsessivos de triste curso, geradores de grandes sofrimentos e difíceis soluções.

A transferência da justiça para as mãos de um código penal já foi uma grande evolução conseguida pela Humanidade que trocou o “dente por dente, olho por olho”, por leis onde o julgamento não fica restrito na perigosa faixa entre duas pessoas: o agressor e o agredido. O aperfeiçoamento gradativo desse código e a sua aplicação funcionarão como um remédio salutar contra o sentimento de vingança. Na medida em que a impunidade for sendo eliminada e o culpado justiçado com base nas provas levantadas, um sentimento de paz e confiança se instalará entre os homens, dando condições de que as orientações de Jesus se instalem nos corações feridos reciprocamente. Enquanto isso não ocorre, como ensina Joanna de Ângelis, o outro, o inimigo, experimenta qualquer desar (vergonha), tormento ou provação, o enfermo que se lhe opõe experimenta uma alegria íntima muito grande como compensação da inferioridade na qual estagia. É exatamente nesse sentimento de alegria interior que a desgraça do agressor causa à sua vítima que poderemos entender como podemos amar ao inimigo no atual estágio evolutivo em que nos encontramos. Amar ao inimigo, na atualidade de nossa evolução moral, é não nos sentirmos felizes quando esse inimigo estiver recolhendo da vida, através da dor, aquilo que livremente semeou. Para a imensa maioria da Humanidade atual, essa é a maneira possível de amar aqueles que nos causaram algum mal. Amar verdadeiramente, como Jesus nos orientou, ainda é impossível, pelo menos para grande parte da população terrestre. Lembremos que o teledrama que aborda a vingança e que está sendo exibido por um dos canais de televisão atinge o elevado índice de oito lares em cada dez pesquisados. O porquê dessa audiência, dessa afinidade com o tema é exatamente o prazer citado pela experiência conduzida na Universidade de Zurique, através da liberação da dopamina no córtex cerebral das pessoas. E isso considerando que esses lares estão assistindo apenas a uma ficção. Imaginem se estivessem envolvidos em um drama real!

Enquanto não conseguimos amar àqueles que nos ofendem, reconfortemo-nos com as explicações de Jesus no auge de sua agonia: “Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”. E como, realmente, não sabemos!



 


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