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Estudando a série André Luiz
Ano 6 - N° 287 - 18 de Novembro de 2012
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


Sexo e Destino

André Luiz

(Parte 6)

Damos continuidade ao estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Para livrar alguém de uma queda em desastre moral iminente, as autoridades espirituais costumam adotar alguma medida especial?

Sim. As autoridades espirituais chegam, se isso for necessário, a suscitar medidas especiais que impõem aflições e dores de importância aparente a determinadas pes­soas, com o objetivo de livrá-las da queda em desastres morais iminen­tes, quando tais pessoas mereçam esse amparo de exceção. A dor constitui, então, medida providencial que acaba evitando que o indivíduo se complique. (Sexo e Destino, capítulo VI, pp. 56 a 59.)

B. Como entender a existência de governantes que se tornam na Terra verdadeiros verdugos das nações que dirigem?

Respondendo a essa questão, Félix esclareceu que toda criatura vive na área de responsabilidade que a lei lhe delimita e que os compromissos da consciência assumem as dimensões da autoridade que lhe foi atribuída. Assim, uma pessoa com grandes cabedais de autori­dade pode levar extensas comunidades às culminâncias do progresso ou afundá-las em estagnação e decadência, na medida exata das atitudes que tome para o bem ou para o mal. Mas, naturalmente, ela responderá pelo que fizer. "Cada qual – asseverou o mentor – dá conta dos recursos que lhe foram con­fiados e da região de influência que recebeu, passando a colher, de modo automático, os bens ou os males que haja semeado." (Obra citada, capítulo VI, pp. 56 a 59.)

C. Para se inteirar da história de Marita, André Luiz valeu-se de um novo gênero de anamnese. Em que ela consiste?

Esse gênero de anamnese consiste em consultar o enfermo espiritual em pensamento, a fim de pes­quisar as conclusões necessárias ao trabalho assistencial. Postado junto a Ma­rita, André rogou-lhe paternalmente, sem palavras, confiasse nele, desoprimindo-se e relacionando suas impressões mais recuadas no tempo. Ele se propunha a auxiliá-la, mas era imprescindível que ela se lhe revelasse, arrancando à memória as cenas arquivadas desde a infância e expondo-as na tela mental... Ma­rita assimilou o apelo, de imediato. E, incapaz de explicar a si mesma a razão pela qual se via impelida a rememorar o passado, situou o im­pulso mental no ponto em que obtinha o fio inicial de suas recor­dações. Os quadros da infância se lhe estamparam na aura, movimentados como num filme, e, enquanto os painéis se desdobravam, ela alinhava elucidações inarticuladas, respondendo às perguntas de André. (Obra citada, capítulo VII, pp. 60 a 62.)

Texto para leitura

26. A responsabilidade é proporcional ao conhecimento - Diante da resposta de Félix, André quis saber, então, por que motivo ele não dissipava de vez os laços que prendiam Cláudio aos malandros que o ex­ploravam. Félix não se fez rogado: "Cláudio, certamente, não lhes em­presta o conceito de vagabundos. Para ele, são sócios estimáveis, ami­gos caros. Por outro lado, ainda não investigamos a causa da ligação entre eles para cunhar opiniões extremadas. As circunstâncias podem ser saudáveis ou enfermiças como as pessoas, e, para tratarmos um do­ente com segurança, há que analisar as raízes do mal e confirmar os sintomas, aplicar medicação e estudar efeitos. Aqui, vemos um problema pela rama. Quando terá nascido a comunhão do trio? Os vínculos serão de agora ou de existências passadas? Nada legitimaria um ato de vio­lência da nossa parte, com o intuito de separá-los, a título de socor­ro. Isso seria o mesmo que apartar os pais generosos dos filhos ingra­tos ou os cônjuges nobres dos esposos ou das esposas de condição infe­rior, sob o pretexto de assegurar limpeza e bondade nos processos da evolução. A responsabilidade tem o tamanho do conhecimento. Não dispo­mos de meios precisos para impedir que um amigo se onere em dívidas escabrosas ou se despenque em desatinos deploráveis, conquanto nos seja lícito dispensar-lhe o auxílio possível, a fim de que se acautele contra o perigo no tempo viável, sendo de notar-se que as autoridades superiores da Espiritualidade chegam a suscitar medidas especiais que impõem aflições e dores de importância aparente a determinadas pes­soas, com o objetivo de livrá-las da queda em desastres morais iminen­tes, quando mereçam esse amparo de exceção".

Havendo Félix dito que a justiça cerceia as ações dos que ameaçam a estabilidade coletiva, Ne­ves perguntou-lhe como entender a existência de governantes que se erigem na Terra em verdugos das nações. Félix esclareceu que toda criatura vive na área de responsabilidade que a lei lhe delimita e que os compromissos da consciência assumem as dimensões da autoridade que lhe foi atribuída. Assim, uma pessoa com grandes cabedais de autori­dade pode levar extensas comunidades às culminâncias do progresso ou afundá-las em estagnação e decadência, na medida exata das atitudes que tome para o bem ou para o mal. Mas, naturalmente, governantes e administradores, em qualquer tempo, respondem pelo que fazem. "Cada qual –  asseverou o mentor –  dá conta dos recursos que lhe foram con­fiados e da região de influência que recebeu, passando a colher, de modo automático, os bens ou os males que haja semeado." Em seguida, acercou-se de Cláudio e o envolveu nas suaves irradiações do seu olhar brando e percuciente. Após acariciar a cabeleira do pai de Marina, Fé­lix comentou, despretensioso: "Quem afirmará que Cláudio amanhã não será um homem renovado para o bem, passando a educar os companheiros que o deprimem? Por que atrair contra nós a repulsão dos três, sim­plesmente porque se mostrem ignorantes e infelizes?" E acrescentou: "Existem adubos que lançam emanações extremamente desagradáveis; no entanto, asseguram a fertilidade do solo, auxiliando a planta que, a seu turno, se dispõe a auxiliar-nos". (Cap. VI, pp. 56 a 59) 

27. Um novo gênero de anamnese - Em aposento contíguo à sala prin­cipal, jovem franzina refletia, torturada, em dorida atitude. Era Ma­rita, que os donos da casa haviam adotado, ao nascer, vinte anos an­tes. Bastou uma vista de olhos para que André se condoesse ao contem­plá-la. Obedecendo a instruções de Félix, André abordou-a, enternecido, rogando-lhe, mentalmente, algo esclarecesse em torno de si pró­pria. Desde o contacto com Nemésio, Félix o ensaiava em novo gênero de anamnese: consultar o enfermo espiritual em pensamento, a fim de pes­quisar conclusões para o trabalho assistencial. Postado junto a Ma­rita, André rogou-lhe paternalmente, sem palavras, confiasse nele, desoprimindo-se e relacionando suas impressões mais recuadas no tempo. Ele se propunha a auxiliá-la, mas nada conseguiria, agindo ao acaso: era imprescindível que ela se lhe revelasse, arrancando à memória as cenas arquivadas desde a infância e expondo-as na tela mental... Ma­rita assimilou o apelo, de imediato. E, incapaz de explicar a si mesma a razão pela qual se via impelida a rememorar o passado, situou o im­pulso mental no ponto em que obtinha o fio inicial de suas recor­dações. Os quadros da infância se lhe estamparam na aura, movimentados como num filme, e, enquanto os painéis se desdobravam, ela alinhava elucidações inarticuladas, respondendo às perguntas de André. Sabia não ser filha dos Nogueiras: nascera de jovem suicida, de nome Aracé­lia, que trabalhava para o casal Cláudio e Márcia. Mais tarde, Márcia lhe dera a saber a breve história da mulher simples e pobre que a trouxera ao mundo. (Cap. VII, pp. 60 a 62) 

28. O caso Aracélia - Recém-chegada do interior, Aracélia aco­lhera-se à moradia, encaminhada por senhora amiga. Era bonita, espon­tânea. Brincava, gostava de festas. Findos os compromissos caseiros, divertia-se. Pela ternura expansiva, granjeara amizades, passeava, dançava. Operosa e correta, regressava, às vezes, tarde da noite, ao aposento que a família lhe destinara; de manhã, porém, estava no posto. Nunca se queixava, e era invariavelmente prestimosa, a desve­lar-se do tanque à cozinha. Por ocasião do nascimento de Marina, a filha única de Márcia, elas fizeram-se mais amigas, mais íntimas, e Aracélia desdobrava-se em carinho e dedicação. Contudo, justamente nessa época, verificou-se a grande mudança. Aracélia engravidou-se, com grande padecimento físico, e, por mais que os donos da casa pedis­sem que dissesse o nome do responsável pela situação, ela apenas cho­rava, abolindo qualquer possibilidade de se lhe tentar casamento digno. Sabia-se que, frequentando bailes a rodo, decerto se precipi­tara em aventuras diversas. Compadecidos, os patrões lhe deram a mais ampla assistência, para que a criança nascesse sob o amparo possível. (Nesse ponto, Marita estacou, mentalmente, qual se estivesse cansada de pensar no mesmo assunto, e seus olhos encheram-se de lágrimas, es­tabelecendo confronto entre as provações de sua mãe e as dela própria. André sugeriu-lhe, porém, continuasse.) Marita informou, então, que um dia, retornando a casa, Aracélia mostrava-se irremediavelmente aba­tida. Lágrimas incessantes, irritação, melancolia... De nada valeram advertências, nem cuidados médicos. Na noite em que sorveu grande dose de formicida, conversara animadamente com a patroa, dando a impressão de que se recuperava, mas, na manhã seguinte, foi achada hirta, com uma das mãos agarrada ao berço... Assim ela cresceu, julgando que Már­cia fosse sua mãe e Marina sua irmã de sangue. Juntas, frequentaram a escola, juntas comungaram a meninice. Partilhavam excursões e entrete­nimentos, alegrias e jogos. Manuseavam os mesmos livros, vestiam cores iguais. (Cap. VII, pp. 62 e 63) 

29. A verdade machuca Marita - A análise processava-se normal­mente, mas, dado o avançado da hora, o irmão Félix teve de se despe­dir, alegando obrigações urgentes. Serviços na instituição que ele di­rigia reclamavam sua presença. Na saída, pediu, no entanto, a André Luiz tivesse por aquela família toda a atenção que lhe fosse possível, esclarecendo, discreto, que possuía fortes razões para consagrar-se à felicidade daquele lar, com entranhado afeto. A família, entretanto, teimava em fugir de toda atividade religiosa ou beneficente. Ninguém ali se interessava pelo cultivo da oração ou do estudo. Nenhum dos quatro componentes da casa se inclinava para o serviço ao próximo. Por isso, embora amasse Cláudio com paternal solicitude, não se sentia au­torizado a localizar-lhe, na residência, servidores sob sua orienta­ção, sem objetivos sérios que lhe fundamentassem a atitude. Findo o breve intervalo, André retomou a análise e notou que Neves procurava, mais atentamente, ser útil. Marita voltou, então, a memorizar, expondo à vista as telas do passado próximo, que lhe eram abordáveis ao conhe­cimento. Cenas de sua alegre infância ali se desdobraram... Súbito, confrangeu-se-lhe a alma, como se implacável bisturi lhe retalhasse os nervos, e ela caiu numa explosão de lágrimas. Terminava a festa na es­cola em que comemorara o término do primeiro curso escolar, nove anos antes. Depois, em casa, o olhar diferente de D. Márcia, a revelar-lhe toda a verdade, iniciando-se a partir daí o conflito da vida inteira. Esvaecera-se-lhe, de improviso, a alegria infantil. Não era filha da casa; era órfã, adotada pelos corações queridos, aos quais amava tanto, julgando pertencer-lhes. Isso lhe arrebentara o coração, e pela primeira vez chorara com medo de enlaçar-se àquela a cujo peito se al­bergava, até ali, nas horas difíceis, como se aninhasse no refúgio maternal. Sentia-se machucada, sozinha. D. Márcia, com bondade, expli­cava, explicava... mas ela, até então estouvada e risonha, repentina­mente torturada, ouvia, ouvia... (Cap. VII, pp. 63 a 65) 

30. Marita nunca mais foi a mesma - Marita queria saber o porquê de tudo aquilo, mas sua voz calara-se na garganta. Era preciso aceitar a verdade, conformar-se, sofrer. A mãe adotiva esforçara-se por diluir a amargura da revelação no bálsamo do carinho, mas não se esquecera de lhe dizer em tom conselheiral: "você deve crescer sabendo tudo, melhor saber hoje que amanhã; filhos adotivos, quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas", e acrescentara, diante do silêncio em que ela afogava as próprias lágrimas: "não chore, estou apenas explicando; você sabe que criamos você por filha, mas é neces­sário que conheça a realidade toda; adotamos você, lembrando Aracélia, tão amiga, tão boa". E os informes foram complementados com a exibição de fotos e relíquias da genitora suicida, tiradas de pequena caixa de madeira que D. Márcia trouxera. Espantada, revirara nervosamente nas mãos aqueles retratos e adereços de moça pobre, sensibilizando-se ao ver os colares de fantasia, os anéis de plaquê, que eram tudo quanto restava da mãe desconhecida. Contemplou, em seguida, a imagem dela nas fotos já amareladas e experimentou profunda e indizível atração por aqueles olhos grandes e tristes que pareciam arrebatá-la para um mundo diferente. A reflexão em torno da mãezinha desencarnada durara, porém, um momento só. Sem maturidade para entender o sofrimento de Aracélia, e julgando-se melindrada, não lhe era possível arredar-se da própria dor. As palavras de D. Márcia: "adotamos você, lembrando Aracélia tão amiga, tão boa", percutiam-lhe na cabeça. Então, era assim que a des­pachavam para a orfandade em que lhe competia viver? E os beijos do lar que admitia lhe pertencerem? E os mimos domésticos que julgava partilhar com Marina em partes e direitos iguais? Parecia-lhe que D. Márcia, embora denotasse carinho, desejava traçar, dali por diante, severa fronteira entre ela e a família, e imaginava-se, por isso, esbulhada, ferida. Fora simplesmente albergada, tolerada, enganada. Não era filha, era órfã... Ato contínuo, Marita desdobrou à vista de André uma cena inesquecível: quando a esposa de Cláudio a deixou em pranto desconsolado, viu a cadelinha magra e anônima, que dias antes fora re­colhida na rua. O animalzinho abeirara-se dela, como se lhe aderisse à mágoa, lambendo-lhe as mãos. Ela, por sua vez, retribuíra-lhe a carí­cia, qual se lhe transferisse toda a carga de amor que acreditava lhe fora restituída naquele instante por D. Márcia, e, chorando, abraçou-se à cachorrinha afetuosa, gritando num desabafo: "Ah! Joia, não é só você que foi enjeitada! eu também..." E desde esse dia transfigurou-se-lhe a vida, porque, a partir da revelação, considerou-se diminuída, lesada, dependente. (Cap. VII, pp. 66 e 67) (Continua no próximo número.)



 


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