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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 282 - 14 de Outubro de 2012

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 

Algumas considerações sobre
a fé cega e os tempos atuais


Não obstante o fato de estarmos já em pleno terceiro milênio, chega a ser no mínimo lamentável observar o quadro de crescente violência, intransigência e intolerância religiosa que se delineia especialmente a partir de países situados no Oriente Médio. Vale também lembrar notícias de cristãos sendo perseguidos na Ásia e até mesmo barbaramente mortos na Nigéria. Certamente preocupado com os rumos incertos dos acontecimentos e com a perda de prestígio dos católicos, o Papa Bento XVI fez recentemente um insistente apelo para que os cristãos que vivem no Líbano – o país aparentemente mais aberto à ideia de pluralidade religiosa na região – não deixem o país.

De modo geral, os aspectos mais salientes da insatisfação dos mulçumanos são o visceral ódio demonstrado aos Estados Unidos e a tudo que esta nação representa no cenário mundial, o ataque aos seus embaixadores (mortal em alguns casos) e as suas instalações diplomáticas, mas atingindo igualmente outros países ocidentais. Em resumo, hoje o Islamismo é um barril de pólvora prestes a explodir, e qualquer menção, observação, charge, vídeo ou chiste menos feliz em relação à religião mulçumana ou ao profeta Maomé têm sido motivo de manifestações chocantes e sangrentas.

É inegável que há elementos infiltrados no meio da referida religião fomentando o ódio nos corações mais desatentos que, em consequência, estão engendrando ações nefandas de toda sorte. Como prepostos das trevas, a sua missão é claramente a de destilar o veneno nas mentes incautas – e parece haver milhões em tal condição naquela parte do mundo – quanto aos valores do ocidente. Posto isto, consideram a respeitável figura do profeta impoluta e o alcorão a mais pura expressão da verdade divina, não se admitindo qualquer tipo de contestação ou questionamento.

Apesar de tão elevadas premissas e suposições existem notórias divergências de interpretação gerando profundas cisões e divisões no seio da popular religião. Mais ainda, xiitas e sunitas, por exemplo, se hostilizam abertamente deflagrando na atualidade uma terrível guerra fratricida, haja vista o que acontece no Iraque pós-Saddam Hussein. Em outros países, as diferentes facções e etnias se enfrentam abertamente.

Todavia, no mundo civilizado, onde se conquistou às duras penas o direito de liberdade de expressão e de pensamento, as divergências são respeitadas sem o uso da violência, perseguições, espancamento ou arbitrariedades. Infelizmente, não se pode dizer que o mesmo acontece no Islã. E o que é mais infausto: o problema é de longuíssima data. Os mentores espirituais, nos quais o Espiritismo baseia as suas revelações e princípios, têm opinado sobre o assunto ao longo do tempo. Nesse sentido, encontramos, por exemplo, nas explicações relativas à questão nº 1014 de O Livro dos Espíritos a seguinte observação: “[...] Se um Espírito dissesse a um muçulmano, sem precauções oratórias, que Maomé não foi profeta, seria muito mal acolhido” (ênfase nossa).

Em contraste, entre os cristãos – e ao Espiritismo, nesse contexto, compete reafirmar o cristianismo redivivo e atualizado –, a reação provavelmente não passaria de uma ligeira discussão. Consultando outras obras da doutrina espírita encontramos na Revista Espírita de 1858 uma mensagem datada de 16 de março do mesmo ano, de autoria de Mehemet-Ali, antigo Paxá do Egito. Ou seja, a referida entidade espiritual é indagada como segue: “23. Pensais que, se o povo que governastes fosse cristão, teria sido menos rebelde a civilização? Resp. – Sim; a religião cristã eleva a alma; a maometana não fala senão à matéria”. As suas observações, em dado momento, são mais graves ainda: “26. Na vossa opinião, Maomé tinha uma missão divina? Resp. – Sim, mas que ele corrompeu” (ênfase nossa).

Por outro lado, em outra questão, o Espírito citado esclareceu o papel de Jesus e Maomé com clareza meridiana: “29. Na vossa opinião, qual dos dois, Jesus ou Maomé, fez mais pela felicidade da Humanidade? Resp. – Por que o perguntais? Que povo Maomé regenerou? A religião cristã saiu pura da mão de Deus; a maometana é obra do homem”. Por fim, antevendo o que poderá ainda vir a acontecer, ele considerou: 30. Acreditais que uma dessas duas religiões esteja destinada a desaparecer da face da Terra? Resp. – O homem progride sempre; a melhor permanecerá”.

Na Revista Espírita de 1866 encontramos uma apreciação equilibrada sobre a religião mulçumana e o papel do famoso profeta, ou seja:

“[...] Longe de nós a intenção de absolver Maomé de todas as suas faltas, nem sua religião de todos os erros que chocam o mais vulgar bom senso. Mas, a bem da verdade, devemos dizer que também seria pouco lógico julgar essa religião conforme o que dela fez o fanatismo, como o seria julgar o Cristianismo segundo a maneira por que alguns cristãos o praticam. É bem certo que, se os muçulmanos seguissem em espírito o Alcorão, que o Profeta lhes deu por guia, seriam, sob muitos aspectos, completamente diferentes do que são [...]” (ênfase nossa).

Conforme esclarecem os Espíritos, Maomé era um missionário com a espinhosa missão de levar o conteúdo da fé num ambiente onde a barbárie prosperava e ainda não fora banida. Na obra A Caminho da Luz, ditada pelo Espírito Emmanuel (psicografia de Francisco Cândido Xavier), há informes interessantes e esclarecedores sobre esse personagem e que merecem reflexão, isto é: Numerosos Espíritos reencarnam com as mais altas delegações do plano invisível. Entre esses missionários, veio aquele que se chamou Maomet, ao nascer em Meca no ano 570. Filho da tribo dos Coraixitas, sua missão era reunir todas as tribos árabes sob a luz dos ensinos cristãos, de modo a organizar-se na Ásia um movimento forte de restauração do Evangelho do Cristo, em oposição aos abusos romanos, nos ambientes da Europa. Maomet, contudo, pobre e humilde no começo de sua vida, que deveria ser de sacrifício e exemplificação, torna-se rico após o casamento com Khadidja e não resiste ao assédio dos Espíritos da Sombra, traindo nobres obrigações espirituais com as suas fraquezas. Dotado de grandes faculdades mediúnicas inerentes ao desempenho dos seus compromissos, muitas vezes foi aconselhado por seus mentores do Alto, nos grandes lances da sua existência, mas não conseguiu triunfar das inferioridades humanas. É por essa razão que o missionário do Islã deixa entrever, nos seus ensinos, flagrantes contradições. A par do perfume cristão que se evola de muitas das suas lições, há um espírito belicoso, de violência e de imposição; junto da doutrina fatalista encerrada no Alcorão, existe a doutrina da responsabilidade individual, divisando-se através de tudo isso uma imaginação superexcitada pelas forças do bem e do mal, num cérebro transviado do seu verdadeiro caminho. Por essa razão o Islamismo, que poderia representar um grande movimento de restauração do ensino de Jesus, corrigindo os desvios do Papado nascente, assinalou mais uma vitória das Trevas contra a Luz e cujas raízes era necessário extirpar” (ênfase nossa).

Por fim, o Espírito Emmanuel aduz na citada obra a explicação do legado deixado pelo mencionado missionário e que, sem dúvida, continua influenciando intensamente o presente: “Maomet, nas recordações do dever que o trazia à Terra, lembrando os trabalhos que lhe competiam na Ásia, a fim de regenerar a Igreja para Jesus, vulgarizou a palavra ‘infiel’, entre as várias famílias do seu povo, designando assim os árabes que lhe eram insubmissos, quando a expressão se aplicava, perfeitamente, aos sacerdotes transviados do Cristianismo. Com o seu regresso ao plano espiritual, toda a Arábia estava submetida à sua doutrina, pela força da espada; e, todavia, os seus continuadores não se deram por satisfeitos com semelhantes conquistas. Iniciaram no exterior as guerras santas", subjugando toda a África setentrional, no fim do século VII [...]” (ênfase nossa).

Nessa rápida revisão, cabe também recordar uma interessante passagem envolvendo Francisco de Assis, o Sultão Melek-el-Kamel e o próprio profeta Maomé (em espírito) no tempo das Cruzadas. Tal passagem consta do livro Francisco de Assis, do Espírito Miramez (Psicografia de João Nunes Maia). Posto isto, relata o mentor que Francisco se dirigiu ao Oriente, a fim de conversar com o Sultão sobre os conceitos que este sustentava sobre o Santo Sepulcro. O Sultão, aliás, já havia ordenado que vários discípulos cristãos tivessem as suas cabeças decepadas, o que tornava a empreitada de Francisco extremamente perigosa. Mas “Francisco era, por excelência, o medianeiro do Cristo”. Desse modo, ele vivia pelo Evangelho do Mestre e o sultão herdara as concepções de Maomé e o seu alcorão.

Tendo sido inicialmente recebido com gargalhadas pelo Sultão diante da precariedade das condições da sua indumentária e por ter os pés descalços, mas sentindo a profundidade da sua argumentação e o seu desejo sincero de que um entendimento se estabelecesse, “O sultão teve, várias vezes, vontade de beijar as mãos de Francisco de Assis, pela sua humildade e seu interesse pela paz da coletividade. Notou, no intervalo das suas palavras, que aquele homem simples à sua frente era verdadeiramente um cidadão universal [...]” (ênfase nossa).

No entanto, havia ali um Espírito de alta envergadura que estava inspirando as delicadas conversações. Tratava-se de Maomé que, em dado momento, revelou aos ouvidos psíquicos de Francisco o seguinte: “Aquele que abraçaste como teu Mestre, também o tenho como Guia Espiritual [...] (ênfase nossa). O Espírito do famoso profeta lhe segredou que: “Na época em que vesti um corpo de carne, também fiz guerra e venci; fiz uma peregrinação à Meca e pressionei a massa para a crença que formulara, donde saiu o Alcorão...”. E num gesto de profunda humildade e autocrítica admitiu: “[...] Cometi muitos erros e procuro repará-los, por meios que neste momento observas, de induzir as criaturas que no momento ocupam lugares de destaque, representando um Maomé que alimenta outras ideias, um Maomé que procura o Cristo como sendo o Sol que nunca se apaga no turbilhão da vida humana e espiritual” (ênfase nossa).

Ciente da sua condição evolutiva, observou, conforme também relata o Espírito Miramez: “Francisco, esse a quem chamas de teu Mestre, o é também para nós e eu considero-me um simples mendigo diante desta figura incomparável... (ênfase nossa). Mas enquanto Francisco “ouvia” as palavras do Profeta, “... o sultão que, ensimesmado meditava, recompondo-se, abraçou-o com renovadas esperanças de paz entre as duas forças em guerra”. Portanto, não há dúvidas de que muitos caminhos levam a Deus.

Existem muitos profitentes do Islamismo certamente descontentes com o rumo descontrolado que a sua religião vem tomando, especialmente por causa da sua manipulação por líderes mal-intencionados. Ao que tudo indica, esses “líderes religiosos” trabalham para que ocorra um confronto com o Ocidente sem precedentes. Sinalizam claramente desejar impor a sua vontade e a sua fé cega ao mundo inteiro. Também nós, identificados com o ideal cristão, cometemos sérios erros no passado com o nefando evento da Inquisição. Mas a dor nos fez aprender a ser mais tolerantes no campo religioso. Nesse sentido, os mulçumanos deveriam usufruir das lições da malsucedida experiência cristã do passado. Ademais, Jesus Cristo foi o maior exemplo de amor vivo entre as criaturas humanas e o seu legado fala por si só. Desse modo, todas as religiões que se apoiam na força e brutalidade, bem como na prepotência dos seus mentores, não sobreviverá num mundo civilizado e de ideais nobres (afinal, é o que a maior parte da humanidade deseja). Inferimos que a fé raciocinada haverá de suplantá-las mais dia menos dia. Os desenganos, as frustrações e os sofrimentos gerados por suas ideias e concepções estapafúrdias haverão de esgotá-las. As massas humanas agora tristemente enganadas e ensandecidas haverão de compreender – assim imaginamos –, mais cedo ou mais tarde, aquele ser que, por direito e autoridade moral, pôde afirmar sem hesitação que era o caminho, a verdade e a vida e que ninguém poderia ir ao Pai senão por ele.   


 

 


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