WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 281 - 7 de Outubro de 2012

LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com  
São João Del Rei, MG (Brasil)
 

O que Chico Xavier disse e o que Chico Xavier não disse


Existe um conjunto de polêmicas dentro do movimento espírita vigente atualmente, que é, de certa forma, fomentado por análises de comentários pressupostamente proferidos por Chico Xavier na presença de confrades que mantinham contato pessoal com o extraordinário médium mineiro. Essa situação tem gerado uma série de hipóteses e teorias, as quais têm proporcionado intensa repercussão dentro do meio espírita, tanto no que se refere à adesão pessoal de determinados confrades às ideias em questão como a um esforço de divulgação intensa dessas referidas propostas por artigos, livros, conferências e seminários.

Dentro deste contexto, é fundamental que façamos algumas reflexões sobre este cenário. Em primeiro lugar, tais polêmicas são geradas pela capacidade formadora de opinião de Chico Xavier. A capacidade intelecto-moral de Chico Xavier e a grandiosidade de sua tarefa, sua trajetória e seu legado dão a seus comentários um peso naturalmente muito grande, o que nos remete, no mínimo, a uma análise respeitosa.

Daí, considerar seriamente tais hipóteses, fazendo uma análise racional e respeitosa de qualquer comentário de cunho doutrinário pressupostamente partido de Chico Xavier, é mais do que uma atitude de elegância intelecto-moral, mas um dever de respeito e de inteligência considerando o conhecimento, a experiência e o legado que o grande médium nos deixou.

Entretanto, não podemos, por outro lado, cair no fanatismo de, idolatrando Chico Xavier, admitir tudo o que nos chega, teoricamente de origem Xavierina, como revelações inquestionáveis do mundo espiritual, o que, infelizmente, tem sido observado, pelo menos, em alguns casos.

Há de se compreender que Chico Xavier, durante seus 92 anos de vida, sofreu pressões inenarráveis de encarnados e desencarnados, de espíritas e adeptos de outras religiões, de cientistas e curiosos, de necessitados materialmente e necessitados da parte espiritual. Mesmo dentro do movimento espírita, as pressões a que Chico foi submetido foram muito intensas, justamente em função do peso de qualquer pronunciamento do médium. Disputas doutrinárias faziam com que adeptos dos dois lados do embate quisessem, naturalmente, o apoio da opinião favorável de Chico às suas ideias.

Chico Xavier era um homem muito inteligente e obviamente inspirado e orientado pelo mundo espiritual superior, e sabia de todo esse contexto à sua volta. Ademais, ele também tinha conhecimento do seu poder de influenciar as opiniões dos demais confrades. Tinha consciência que se pronunciasse opiniões taxativas poderia estar acendendo um “barril de pólvora”, detonando fissuras que poderiam favorecer cisões dificilmente reparáveis no movimento espírita. Obviamente, ele desenvolveu um mecanismo de tentar ser fraterno e caridoso com todos os irmãos, procurando, no entanto, evitar desgastes desnecessários. Assim, sabedor de que a sua principal tarefa era o livro, como o próprio Emmanuel deixara claro em várias oportunidades, ele procurou não participar mais efetivamente desses debates, deixando para que os estudiosos deduzissem a verdade por seus meios próprios através do estudo das obras de Allan Kardec, de suas próprias obras e dos livros de demais autores espíritas e não-espíritas. Chico Xavier tinha a consciência de que sua obra era extremamente atual, mas que deveria ser estudada por séculos. Aquilo que não fosse possível esclarecer aos componentes da atual geração deveria ser assimilado por gerações futuras mais preparadas para assimilar a verdade. Obviamente, nós mesmos, atuais Espíritos encarnados, teremos, provavelmente, outras oportunidades encarnatórias para trabalhar no movimento espírita, reencarnando com mais recursos intelecto-morais para estudos doutrinários mais profundos.

Enquanto Chico Xavier estava encarnado, essas polêmicas giravam em torno de tópicos de divergência histórica na interpretação doutrinária. Interessantemente, após a desencarnação do médium, surgiram várias teorias a respeito da própria figura de Chico Xavier, até porque, nesse novo momento, ele não estaria em pessoa aqui na crosta terrestre para desmentir tais comentários.

Sem duvidar da sinceridade e do desinteresse pessoal dos companheiros que obtiveram pessoalmente alguns depoimentos mais controversos, é de se ressaltar que aquilo que Chico deixou do ponto de vista doutrinário nos livros deve, indiscutivelmente, ser considerado como portador de um peso doutrinário maior. Os textos que chegaram pela mediunidade de Chico Xavier passavam, muitas vezes, por severas revisões no mundo espiritual, conforme aconteceu com o capítulo “Reencarnação”, da obra de André Luiz: “Missionários da Luz”. Sem desmerecer as informações de origem oral, nós sabemos que a elaboração de tais enunciados é feita de forma muito mais rápida e menos sujeita à reflexão, bem como mais submetida à emoção. Ademais, confrades ouviram comentários em contextos diferentes que não eram claramente conclusivos para fechar uma opinião a respeito da ênfase de cada comentário.

Assim sendo, vale comentar um caso recente a título de ilustração nessa pequena análise da questão. Recentemente, recebemos um e-mail de alguns confrades que afirmavam que Chico Xavier teria tido 14 reencarnações de individualidades conhecidas da história. Tal afirmativa foi baseada, segundo o texto recebido, em depoimentos do próprio Chico Xavier a diferentes confrades que gozavam da intimidade do médium. Contudo, entre essas personalidades eram citadas as figuras de São João Evangelista, Platão e Allan Kardec. Ora, em “Prolegômenos”, Kardec cita como autores da obra “O Livro dos Espíritos” os Espíritos de São João Evangelista e Platão. A questão é, se os dois fossem o mesmo Espírito Kardec, necessitaria citar suas duas encarnações?! Seria ético e construtivo dentro da proposta de Fé raciocinada da Doutrina Espírita tal exposição. Alguns podem argumentar que Kardec poderia não saber dessa realidade e, se por algum motivo, o mesmo Espírito assinasse duas mensagens distintas com cada um dos seus nomes prévios, o Codificador não teria como saber disso. Admitindo essa possibilidade, a nosso ver não muito bem justificada, porém não impossível de ocorrer, surge ainda uma segunda problemática. Além de São João Evangelista e Platão serem o mesmo Espírito, dentro obviamente desta hipótese, eles seriam, nessa tese, o mesmo Espírito correspondente ao próprio Allan Kardec. Neste caso, a hipótese ficaria ainda menos provável, pois Kardec estava na Terra organizando o pensamento dos Espíritos. Como Kardec não era médium, seria de se supor que ele dormiria e pelo desdobramento parcial do sono físico enviasse mensagens aos médiuns da Codificação, ora se identificando como Platão, e ora se identificando como São João Evangelista. Só que muitas dessas mensagens foram obtidas na presença de Kardec em total vigília e atenção em relação ao fenômeno mediúnico. Para não descartar de vez a hipótese, podemos admitir que Kardec em desdobramento ou mesmo antes de sua encarnação poderia ter deixado as mensagens de sua lavra (com os nomes de Platão e São João Evangelista) sob a responsabilidade de outro Espírito amigo fazer a transmissão para os seus médiuns. Tal situação, apesar de tecnicamente possível, parece muito confusa e sem um propósito definido, pois Kardec não precisava e até mesmo combatia a exposição orgulhosa de nomes famosos. Segundo Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, o último tópico avaliado nas mensagens mediúnicas deve ser o nome do autor, pois é o mais fácil de ser adulterado. A Doutrina Espírita não era e não é baseada na relevância de nomes célebres, mas na lógica de suas ideias amparadas nos fatos continuamente observados na natureza. Aliás, justamente por isso, o Espiritismo é ciência, é filosofia e é religião, uma vez que a certeza filosófico-científica gera a conscientização para a mudança moral do homem para a atitude de fraternidade.

Além disso, tais informações não são tão relevantes, uma vez que Chico Xavier tem méritos tão representativos que não necessita de associação a reencarnações prévias brilhantes, pois ele já tem brilho próprio e muito intenso pelo que fez durante 92 anos através da “persona” Francisco de Paula Cândido Xavier.

Sem descartar definitivamente as hipóteses elaboradas por confrades bem-intencionados, temos que utilizar da análise crítica para, seguindo o conselho de Erasto, em caso de dúvida, em princípio rejeitar a ideia, deixando-a em uma espécie de banho-maria, à espera da confirmação através do Controle Universal do Ensino dos Espíritos, pois “é preferível rejeitar 10 verdades do que aceitar uma única mentira”.

 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita