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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 280 - 30 de Setembro de 2012

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)
 

Viagens espíritas de
Allan Kardec

Nessas viagens Kardec protagonizava a história viva
do Espiritismo nascente


Durante as férias da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas nos anos de 1860, 1861, 1862, 1864 e 1867, Kardec realizou viagens pelo interior da França e da Bélgica para visitar os agrupamentos espíritas e verificar “in loco” os efeitos e dimensões do conhecimento espírita nessas cidades.

Segundo o Mestre Lionês, essas viagens tinham duplo objetivo: dar instruções onde essas fossem necessárias e, ao mesmo tempo, recolher subsídios para as leiras de serviço doutrinário.

Profundo observador, Kardec queria ver as coisas com seus próprios olhos a fim de aquilatar o estado real da Doutrina e sentir o modo pelo qual as pessoas a estavam compreendendo. Mas o Codificador estava também de olhos atentos sobre as causas locais que favoreciam ou não o progresso da Doutrina...

A par de todas essas pesquisas, ele sentia enorme prazer em abraçar os confrades e retribuir-lhes o imenso carinho e as lídimas provas de amizade que demonstravam em suas cartas.  Kardec nutria uma admiração muito grande por esses devotados e abnegados vanguardeiros da mensagem espírita-cristã.

Nessas viagens o nobre filho de Lyon escrevia e protagonizava a história viva do Espiritismo nascente rasgando horizontes novos para a Humanidade.

Quem vive nos tempos hodiernos rodeado por todas as facilidades tecnológicas e modernos meios de transporte, não pode fazer ideia das dificuldades daqueles recuados tempos.  Para fazer a viagem espírita em 1862, por exemplo, (vide mapa) o Codificador precisou de quase 2 meses para percorrer aproximadamente 5 mil quilômetros e visitar cerca de vinte cidades, e isto porque a França na metade do século XIX já contava com uma malha ferroviária que cortava o país em todas as direções, na qual os trens trafegavam a uma velocidade 10 vezes inferior a de um TGV[1] atual.

Das viagens espíritas realizadas, sem dúvida a mais importante de todas foi a de 1862, que mereceu um opúsculo onusto de observações interessantíssimas, publicado nesse mesmo ano em que o Espiritismo completava o seu quinto aniversário de existência.

Sintetizando suas observações nessa viagem de 1862, Kardec escreveria em seu relatório: “(...) Sob vários pontos de vista, nossa viagem foi muito satisfatória e, sobretudo, muito instrutiva pelas observações que recolhemos. Se pudessem restar algumas dúvidas quanto ao caráter irresistível da marcha da Doutrina e à impotência dos ataques sobre a sua influência moralizadora e sobre o seu futuro, o que vimos bastaria para dissipá-las”.

Dentre as muitas observações recolhidas pelo egrégio Mestre Lionês, destacamos[2]: "O Espiritismo apresenta um fenôme­no desconhecido na história da filosofia: a rapidez de sua propagação. Nenhuma outra doutrina oferece exemplo semelhan­te. Quando se afere o progresso que vem sendo feito, ano após ano, pode-se, sem nenhuma presunção, prever a época em que ele será a crença universal.

(...) Um fato não menos característico é que tudo quanto os adversários do Espiritismo fizeram para entravar sua marcha, longe de detê-lo, ativou o seu progresso. E pode-se afirmar que, por toda a parte, esse pro­gresso está em relação aos ataques sofri­dos. A imprensa o enalteceu? Todos sabe­mos que, longe de estender-lhe as mãos, ela lhe tem deitado os pés; e com isso não conseguiu senão fazê-lo avançar. O mes­mo ocorre relativamente aos ataques que, em geral, lhe têm sido endereçados.

(...) O caso é que o Espiritismo é uma ideia e quando uma ideia caminha, ela derru­ba todas as barreiras; não se pode detê-la nas fronteiras, como um pacote de mer­cadoria. Queimam-se livros, mas não se queimam ideias, e suas próprias cinzas, levadas pelo vento, fazem fecundar a terra onde ela deve frutificar. Todavia, não bas­ta lançar uma ideia ao mundo para que ela crie raízes. Não, certamente! Não se cria à vontade opiniões ou hábitos. O mes­mo ocorre relativamente às invenções e descobertas; mesmo a mais útil se perde se não chega a seu tempo, se a necessi­dade que está destinada a satisfazer não existe ainda. O mesmo ocorre quanto às doutrinas filosóficas, políticas, religiosas e sociais: é preciso que os Espíritos estejam maduros para aceitá-las. Se chegarem muito cedo, permanecem em estado la­tente, e, como os frutos plantados fora da estação, não vingam.                                            

(...) Ainda que não houvesse aqui senão um sistema, ele teria, sobre os outros, a vantagem de ser mais sedutor, embora sem oferecer certeza. Todavia, é o pró­prio mundo invisível que se vem revelar a nós, provar que está, não em regiões do espaço inacessíveis mesmo ao pensa­mento, mas aqui, ao nosso lado, em torno de nós, e que vivemos em meio dele, como um povo de cegos em meio a um outro capaz de ver.  Isso pode perturbar certas ideias, eu convenho. Mas, diante de um fato, queiramos ou não, temos de nos inclinar.  Poder-se-á negar tudo isso, poder-se-á querer provar que não pode ser assim.  A provas palpáveis, seria preciso opor provas mais palpáveis ainda. Toda­via, o que se oferece? Apenas a negação! O Espiritismo apoia-se sobre fatos. Os fatos, de acordo com o raciocínio e uma lógica rigorosos, dão ao Espiritismo o caráter de positivismo que convém à nos­sa época”.

Se, por um lado, o Espiritismo desagrada aos seus adversários de vários matizes, por outro lado ele agrada (e muito) a todas as pessoas que o examinam sem prevenção. Cabe aqui uma pergunta, cuja resposta é oferecida pelo próprio Kardec2:

POR QUE O ESPIRITISMO AGRADA?

“O Espiritismo agrada porque satisfaz à aspiração instintiva do homem em rela­ção ao futuro; porque apresenta o futuro sob um aspecto que a razão pode admitir; porque a certeza da vida fu­tura faz com que o homem enfrente com paciência as misérias da vida presente; porque, com a doutrina da pluralidade das existências, essas misérias revelam uma razão de ser, tornam-se ex­plicáveis e, ao invés de serem atribuídas à Providência, em forma de acusação, passam a ser justificáveis, compreen­síveis e aceitas sem revolta; porque é um motivo de felici­dade saber que os seres que amamos não estão perdidos para sempre, que os encon­traremos e que estão cons­tantemente junto de nós; porque as orientações dadas pelos Espíritos são de molde a tornar os homens melho­res em suas relações recí­procas; estes e além destes, outros motivos que só os espíritas podem compreender...

Como e por que meios acontecerá a transformação da Humani­dade, é o que nos resta examinar.  Ora, se o reino do bem é incompatível com o egoísmo, é pre­ciso que o egoísmo seja destruído. Mas o que pode destruí-lo? A predominância do sentimento do amor, que leva os homens a se tratarem como irmãos e não como inimi­gos.

A caridade é a base, a pedra angular de todo o edifício social. Sem ela o homem construirá sobre areia. Assim sendo, urge que os esforços e, sobretudo, os exemplos de todos os homens de bem a difundam; e que eles não se desencorajem ao defronta­rem as recrudescências das más paixões.”


 

[1] - Trem de Alta Velocidade – Train à Grande Vitesse.

[2] - Trechos do livro “Viagem Espírita em 1862”. 2. ed. Matão: O Clarim, p.p. 65-80.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita