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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 279 - 23 de Setembro de 2012

ESTÊNIO NEGREIROS
estenionegreiros@hotmail.com
Fortaleza, CE (Brasil)
 

Homenagem ao Gigante Deitado


"Quem passou pela vida em branca nuvem

E em plácido repouso adormeceu,

Quem não sentiu o frio da desgraça,

Quem passou pela vida e não sofreu,

Foi espectro de homem, não foi homem,

Só passou pela vida, não viveu."

Esta singular trova é de autoria do poeta fluminense Francisco Otaviano (1825-1889). Nela, o autor parece querer dizer que a dor e o sofrimento são necessários ao burilamento do Espírito e ao fortalecimento da têmpera do Homem enquanto matéria.

Jesus ensinou: “Bem-aventurados os aflitos, deles é o Reino dos Céus”. Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. V-18), o Espírito Lacordaire, em mensagem mediúnica transmitida em 1863, em Havre, França, aduz que Jesus neste ensinamento não se referia aos sofredores de modo generalizado, uma vez que todos que nesta Terra habitamos, de um modo ou de outro, sofremos. A única diferença está no bem ou mal sofrer, ou seja, saber sofrer com resignação e até mesmo encontrar a alegria no padecimento porque somente as provas bem sustentadas nos conduzem à Morada do Senhor.

Em Sua infinita Sabedoria e Justiça, Deus somente coloca em nossos ombros a carga que possamos aguentar. Assim como o nosso fardo é proporcional à nossa força, também a recompensa é conformada à nossa coragem e resignação em aceitar o peso das nossas provas e expiações.

Mas como estamos longe de aprender tais lições! Maldizemos a vida, achando  ímpares as nossas dificuldades. Temos a mania de decuplicá-las em comparação às dos outros e de reclamar com impaciência dos percalços do cotidiano, pretendendo que  tudo se arranje às nossas conveniências; e quando não o conseguimos nos irritamos por sermos contrariados, muitas vezes nos insurgindo contra Deus, culpando-O pelos nossos fracassos e contrariedades, julgando não merecermos passar o que passamos,  sem compreendermos que toda tribulação a nos afligir é um aprendizado necessário ao nosso aprimoramento moral e purgador de nossas culpas.

Faço este preâmbulo para por o leitor face a face com um resumo da dolorosa e comovente história de um homem – hoje Espírito – a quem rendo, por meio deste modesto escrito, meu preito de respeito e admiração.

Caiu-me às mãos recentemente e por empréstimo uma curta obra literária que me impressionou sobremaneira, levando-me a refletir o quanto sou insignificante perante a majestosa fortaleza moral, estruturada na coragem, na paciência, na resignação, no otimismo e na fé do personagem desse livro em face da dor.

O livro narra, resumidamente, a curta, porém proveitosa, existência física de Jerônimo Mendonça Ribeiro, nascido em Ituiutaba, MG, no dia 1º de novembro de 1939, falecido em 26 de novembro de 1989 e que ficou conhecido em muitos lugares Brasil afora como O Gigante Deitado (*), que aliás é o título da produção literária que merecidamente o homenageia.

Nono filho de uma prole de dez irmãos, filhos de um carreiro e modesto lavrador e de uma humilde lavadeira, Jerônimo, ainda púbere, começou a sentir fortes dores nas articulações, particularmente nos joelhos e nos tornozelos, onde logo se iniciou um processo de inchação.

Aos dezoito anos já caminhava com muita dificuldade e não demorou muito para ter de locomover-se numa cadeira de rodas. Pouco tempo depois, com o agravamento da doença (artrite reumatoide), foi obrigado a permanecer, pelo resto dos seus dias neste mundo, numa cama ortopédica.

Izaías Claro assim se expressa, em 1994, na apresentação do livro O Gigante Deitado:

“Que o leitor, ao ler estas páginas, imagine um homem totalmente paralítico, num leito há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há quase vinte anos, com dores no corpo, dores terríveis no peito, necessitando de quilos de peso de areia para suportar a dor, tomando Isordil várias vezes ao dia, e, ainda assim, resignado, sereno”.

Mesmo com todas essas limitações, “Jerônimo viajou pelo Brasil afora proferindo palestras, cantando, consolando e orientando centenas de pessoas”.

Para ‘amenizar’ a situação acima descrita, o homem ainda era cardíaco!

Relata um dos depoentes no livro, amigo de Jerônimo, o advogado e expositor espírita, Dr. Manoel Tibúrcio Nogueira: “Já há vários anos não havia explicação científica para o fato de o Jerônimo Mendonça Ribeiro estar ainda encarnado. Seu corpo não oferecia as mínimas condições de ‘vida’. Seu pulso, seus batimentos cardíacos não eram mais registrados pelos instrumentos da Medicina, tal a sua fragilidade. Mas Jerônimo viajava, trabalhava, agia. Nunca quis vida mansa”.

O admirável em Jerônimo não é somente o fato de ele ter enfrentado suas provas ou expiações com estoicismo, coragem moral, paciência, otimismo, resignação e fé. Em que pese as suas condições físicas limitadíssimas, não deixou se abater por elas. Até o último dia de sua vida física dedicou-se integralmente ao trabalho beneficente em favor dos mais necessitados, “transformando o seu leito numa tribuna ambulante e, por meio dela, conseguiu realizar um valioso trabalho. Percorreu o Brasil levando a mensagem espírita com palestras edificantes”, no dizer de Hugo Gonçalves, de Cambé, Paraná.

Em Ituiutaba-MG, fundou o Centro Espírita Seareiros de Jesus, a Gráfica Espírita Cairbar Schutel e o Lar Espírita Pouso do Amanhecer. Em São José dos Campos-SP, edificou a Comunidade Espírita Maria João de Deus e a Casa da Sopa Jerônimo Mendonça. Sabe-se que deixou mais realizações em outras cidades brasileiras.

Apesar de ter estudado apenas até o quarto ano primário, escreveu e deixou editados seis livros, afora inúmeras poesias românticas e um sem-número de fitas gravadas com mensagens edificantes.

Detentor de inteligência vivaz, de espírito alegre e brincalhão, fazia troça de suas restrições físicas e sempre aconselhava aos que lhe procuravam valendo-se do seu permanente bom humor.

O livro O Gigante Deitado enfeixa sessenta e duas pequenas histórias interessantes narrando fatos ocorridos com Jerônimo ao longo de sua breve, porém proveitosa e exemplar vida.

No dia 24 de novembro de 1989, uma sexta-feira, Jerônimo regressara de Curitiba-PR, aonde fora proferir palestra. Chegou cansado, a voz débil. No sábado seguinte, em que pese sua fadiga, ainda teve forças para realizar ligações telefônicas – sempre auxiliado por uma pessoa que lhe segurava o fone ao seu ouvido – dando continuidade à sua permanente campanha de arrecadação de donativos para aqueles a quem assistia.

No dia 26 de novembro de 1989, Jerônimo Mendonça Ribeiro desencarna, despojando-se da veste física, veículo das suas dores e provações terrenas.

“(...) Como um pássaro, libertou-se. Alçou voo, sem se queixar, tranquilo, sereno, como sabíamos que seria a desencarnação desse grande homem, gigante deitado no leito que o prendia. (...) Jerônimo Mendonça Ribeiro! Seja bem-vindo ao Mundo Espiritual, amigo.” Assim se expressou o Jornal <O Imortal>, de Cambé-PR, em sua edição de dezembro de 1989.

O médium Izaías Claro diz no livro,  em junho de 1994: “É possível perceber a presença alegre, forte e indisfarçável deste nobre Amigo, desde há muito em excelente condição espiritual e perfeitamente integrado nas tarefas do Cristo. (...) Em nosso trabalho mediúnico temos tido, com regular frequência, o abençoado ensejo de ouvi-lo, de falar-lhe. E, quando chega, saudando-nos, diz com emoção: ‘Sou o Pássaro Livre’, invariavelmente vestido com o seu indefectível terno branco”.


(*) O Gigante Deitado, de autoria de Jane Martins Vilela – 5ª edição – agosto de 2011 – Casa Editora O Clarim.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita