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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 277 - 9 de Setembro de 2012

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniapickina@gmail.com
Londrina, PR (Brasil)
 

O não-ver

 
Melanie Klein situa a inveja como uma das emoções mais primárias. Para ela, a inveja emerge a partir do sentimento de impotência e dirigido à aspiração de um bem, que outro possui.

Ao mesmo tempo em que o ciúme é querer manter o que se tem e a cobiça é desejar aquilo que não lhe pertence, a inveja é não querer que o outro tenha. E, por isso, geralmente, a inveja tem relação com o ato de fingir, dissimular, falsear, porque o invejoso não se declara abertamente, não confessa seu desgosto diante da constatação da felicidade ou superioridade de outrem o invejado.

O mais renegado dos sete pecados capitais é uma emoção dolorosa e inerente à condição humana, embora para a maioria das pessoas seja difícil assumi-la. 

Por fazer parte dos mecanismos de defesa do ser humano, a inveja, pelas suas conotações sombrias, exige que o seu portador a esconda, o que tanto dificulta o educar dos impulsos comparativos como instaura bloqueios a qualquer potencial criativo.

O invejoso, geralmente, é inseguro, desconfiado, observador minucioso da vida alheia. Finge superioridade quando, na verdade, sente-se inferiorizado e isso lhe causa exaustão, pois necessita continuamente mascarar o seu precário estado de harmonia interior. 

Amiúde, as pessoas invejosas são ansiosas, tristes ou tomadas pela ira ou revolta. E como a inveja corrói a autoestima, ela se torna uma máscara cômoda que usamos sempre que não queremos assumir responsabilidade por nossa vida e bem-estar.

Não sem razão, Ovídio escreveu: "a inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas (...). Assiste com despeito aos sucessos dos homens e este espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício".

O "olhar-de-equívoco" está contido na própria constituição etimológica da palavra inveja. Em latim, "invidere" significa "não ver". Por conseguinte, o invejoso, contaminado pelo desamor, nutre-se da projeção, causando, a si mesmo, o castigo que lhe intoxica os olhos. 

A inveja nasce quase sempre por nos compararmos com outros. Mas são os impulsos comparativos que levam o indivíduo a ignorar sua singularidade e expressão própria, pois aprisionado pelo sentimento de inferioridade criado pela comparação.

Ainda, como o portador da inveja não suporta a suposta felicidade daquele que inveja (seja uma qualidade, uma posição, um estilo de ser etc.), a tendência é vir a adulterar o valor do objeto desejado, esquecido o invejoso de que somente sentimos inveja do que podemos por nós mesmos conquistar.

Como combater a inveja?

Para livrar-se da inveja é essencial assumi-la, trabalhando este algo em si mesmo e que se encontra desajustado. Descobrir, em seguida, as próprias qualidades, controlando os impulsos comparativos. Por ser a inveja o extremo oposto da admiração, a proposta é individualista, pois sempre somos responsáveis pela escassez que nos atinge...

De verdade, acredito que a única forma de nos livrarmos da inveja é com virtudes. Ou seja: fortalecer a nossa disposição de fazer o bem, no aviso de Aristóteles. Oferecer vida, oferecer amor, oferecer o olhar "nítido como um girassol", do poeta Pessoa. E, no lugar de reparar o que nos falta, simplesmente valorizar nossa completude. E em contato com nossas emoções, ativar nossos dons e abrir-se ao fluxo do "nós", pois é sempre o outro que nos estimula a ultrapassar nossos limites e ir além de tudo o que achamos que somos.



 


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