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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 277 - 9 de Setembro de 2012

DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
 

Esquizofrenia, estado vibratório perturbado da Alma


Chamamos apenas de estado vibratório de uma mente desequilibrada o que a Medicina chama de esquizofrenia... Já dissera o vetusto Platão: “O grande erro de nossa época [da época dele, e por que não da nossa?] no tratamento do corpo humano é os médicos separarem a alma do corpo”. Psiquiatras declaram saber muito pouco sobre essa “doença”, vendo nos medicamentos pesados a única saída para, no máximo, um controle de sintomas.

Iniciemos nossas considerações sobre a mente e o processo mental. Antes, mente é a própria Alma, ou Espírito encarnado, ou psique, pensamento, entendimento etc. A mente opera o ato de formar ou combinar pensamentos, ideias, refletindo, raciocinando e abrangendo tudo quanto vemos, sentimos ou alcançamos com a inteligência. Asseveramos de novo a respeito de mente (ou nous, physis, por oposição a corpo físico, segundo antigos gregos): é o efeito da própria sequência de estados mentais por meio dos quais ela, ao residir no princípio de suas demarcações cognitivas, manifesta seus pendores.

Essa energia de grande efeito dá lugar aos anseios que exterioriza e às diretrizes que admite. Possui uma força que dela provém com imensa aptidão de produzir admiráveis reações químicas, e das mais variadas, fragmentando ou restabelecendo os elementos de um todo matério-espiritual. Nesse passo, pensar é criar, e certas ideias originam-se do âmbito da razão inerente a toda criatura humana, sob determinados aspectos, em geral, subjetivos.

Falamos dessa disposição inata, adquirida à força das circunstâncias, inseparável da marcha evolutiva: a faculdade de avaliar, julgar, ponderar ideias e estabelecer relações lógicas. Essa capacidade pode acolher um conteúdo luminoso, das coisas santas, ou encerrar em si laivos de sombra. A mente ensombrecida pela intransigência arrimada ao orgulho e ao egoísmo certamente que sofrerá as injunções do açoite da Dor sem perceber quanto seria feliz pelos recursos morais que possui...

Obsessões espirituais — A Alma sob efeito de refluídas repulsas não conseguirá mesmo atinar para os benefícios salutares da prece, da meditação, da vigilância e da ação edificante com o propósito de exercer a amizade fraterna pura e verdadeira, daí, as obsessões espirituais. De desencarnado para encarnado, sucedem perseguições crônicas, odientas, vexatórias, causadoras de enormes danos ao objeto do rancor. 1 Por sinal, escreveu Joanna de Ângelis:

Vinganças pessoais são patenteadas por temperamentos empedernidos no mal que se resolveram retardar a marcha ascensional, a fim de promoverem a desdita dos seus adversários, apesar de também pagando o preço do sofrimento. 2

Nisso, a série de casos entre duas mentes vencidas pela amargura a que se fixaram, acaba criando lamentável seguimento de alienação obsessiva. Por conseguinte, a intensidade do grau de débitos morais de uma para com a outra, consoante exigências da Lei de Causa e Efeito, dá continuidade a uma ordem de fatos que retornam ao fato inicial, na entrada e saída de corpos em trânsito pela via do reparo. Só assim, as doenças orgânicas e mentais ensejam à Alma debilitada, pelo ato de sofrer, a responsabilidade do seu inferno particular, motivado pelo orgulho, pelo melindre e a antipatia. É o que a lógica espírita explica, e justifica!, cujas provas chovem aos borbotões para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Além de tais argumentos, dizemos de passagem que, em matéria de assunto patogenético, o Espiritismo de há muito descortinou um novo horizonte, e “eles” não viram... Tendo em vista diminuir as misérias humanas, no campo sutil das perturbações traduzidas no organismo físico, o Espiritismo tornou manifesto o que ficou obscuro acerca do assunto espírito-matéria. Só ele foi capaz de demonstrar singular diferença entre a cultura terrestre e a espiritual, esclarecendo que o corpo dos homens não passa de produto de uma condensação fluídica, designado por lei de hereditariedade, obedecendo exclusivamente aos imperativos da existência terrestre.

O brilho da luz espírita, essa luz viva, intensa, vai ao longe da simples convicção de que a Alma é imortal, ao estender mão fraterna e cooperante, especialmente à Psiquiatria e à Psicologia. Objetivando tornar bem mais inteligível o sentido da zona oculta do complexo núcleo das atividades da mente, o Espiritismo realça ainda mais a inteligência divina. Somente na sabedoria divina, dá ele a saber, que encontraremos as cabíveis respostas de toda coordenação, de toda boa proporção e harmonia universais em seus pontos mais entranháveis, do contrário, a soma dos conhecimentos científicos de contínuo gravitará em torno do acanhado círculo das próprias observações, sobretudo no que tange a doenças do campo mental.

Em outras palavras tornamos a referir: toda enfermidade diz respeito a estados vibratórios perturbados da Alma. Mas uma grande parcela de médicos e suas considerações situadas de um único lado acham meras respostas orgânicas. Demoram-se em hipóteses, por vezes, obscuras, ambíguas, declaradas em artigos, em palestras para no fim dizerem que lhe desconhecem a causa.

Contradições médicas —  A despeito de a Organização Mundial de Saúde (OMS) admitir o fator “humano integral”, relativo à saúde, isto é, ao estado de bem-estar completo da criatura humana, uma grande parcela de médicos prefere ignorar esse reconhecimento em ordem. Saúde, mais explicitamente, segundo conceito da OMS, quer dizer bem-estar biológico, social, ecológico e espiritual da criatura humana. Contrariamente a esse claríssimo enunciado, as escolas de medicina seguem à margem dos problemas psicológicos humanos.

Que surpreendente incoerência! O Código Internacional de Doenças (CID) reconhece o estado de transe medianímico como algo congênito ao homem e inseparável dele, distinguindo-o do estado de transe mórbido. Quem quiser conferir, basta verificar o parágrafo 10 do item F 44.3 do referido código em que se destaca o fenômeno mediúnico de incorporação, considerando-o perfeitamente normal, pois, ainda de acordo com o CID, a influência dos Espíritos através de pessoas (médiuns) nada tem a ver com doenças psicóticas. Mas os elementos da classe médica teimam em tatear a matéria qual se a causa dos transtornos psicóticos como a esquizofrenia se restringisse à porção do encéfalo que ocupa, na caixa craniana, toda a parte superior e anterior. Ora! A mente é para o cérebro o que as ondas hertzianas são para o rádio!

Por exemplo: Emmanuel disse que a psicologia e a psiquiatria, entre homens atuais, conhecem tanto do espírito quanto um botânico que, restrito ao movimento do círculo de observações do solo, tentasse julgar um continente vasto e inexplorado por alguns talos de erva, crescidos ao alcance de suas mãos...

O ideal seria o médico procurar saber até que ponto a obsessão espiritual exerce influência no conjunto de dados, em que se baseia o gênero da doença, conforme sintomas oferecidos pelo paciente. Portanto, não vá na conversa de quem rotule de psicóticas, de esquizofrênicas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver vultos, principalmente na conversa daqueles que podem empanturrá-las de antipsicóticos fortes.

Se o prezado leitor ou a prezada leitora souberem de alguém próximo ou distante que ouve vozes ou vê imagens estranhas, não significa que ele seja uma aberração da Natureza. Tudo é muito relativo. A esquizofrenia origina-se na obsessão espiritual que pode se tornar em lamentável quadro de imprevistas consequências. Enfim, esquizofrenia, no fundo, não passa, algumas vezes, de certo grau de mediunidade latente, a reclamar pra ontem reforma íntima e serviço devotado ao próximo com Jesus por amor a Deus.

 

 

Notas:
 

1 - Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 62. ed. São Paulo, Lake  Livraria Allan Kardec 2 - Editora, 2001, capítulo 10, item 6, p. 134.

2 - Divaldo P. Franco, No Limiar do Infinito (pelo Espírito Joanna de Ângelis), 1. ed. Livraria Espírita Alvorada — Editora, 1977, tema 17, p. 129.

 

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