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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 276 - 2 de Setembro de 2012

MARIA ENY ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
Lins, SP (Brasil)
                                        

O reino de Deus, na visão do filósofo Herculano

O Decálogo


O Capítulo VIII do Livro O Reino é denso e profundo. Comentá-lo, transpondo suas conclusões para o século XXI, exigiria muito mais do que esse simples artigo. No entanto, vamos nos ater apenas aos itens fundamentais, sem esquecer que é preciso retomar o estudo de Herculano Pires, em nosso movimento espírita. É ele o único autor que tem o conhecimento histórico, filosófico e a vivência especial dos homens que faziam jornalismo nos meados do século XX, época de grandes mudanças culturais e liberdade. Por isso seu pensamento é fundamental para a compreensão da Doutrina Espírita.

Ouçamos Herculano:

Kardec, em A Gênese, afirma que as religiões sempre serviram “como instrumento de dominação, em virtude da maneira por que apresentam os problemas da sobrevivência espiritual do Homem. Essa é uma das razões por que ele sempre se negou a considerar o Espiritismo simplesmente como religião, pois Espiritismo não se confunde com esses “instrumentos de dominação”. (pág. 148, 149 da obra em estudo.)[1]

“Ao recusar a violência como forma de renovação social, o Espiritismo não o faz por temor das consequências no Outro Mundo, mas por compreender que as consequências funestas se verificam neste Mundo e de maneira imediata. A educação pela violência foi substituída em toda parte pela educação persuasiva.”... “O ser humano é uma consciência que repele as ofensas à sua dignidade. A Criminologia moderna e contemporânea condena as penas máximas e os métodos de violência. As leis arbitrárias e os regimes de força levam à fraude, ao crime e à revolta. Só no plano do desenvolvimento social dos povos devemos então aceitar a violência como um meio para chegar à Justiça e ao Amor?”

Allan Kardec comentando a questão 783 esclarece a necessidade das revoluções sociais: “As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram pouco a pouco nas ideias, germinam ao longo dos séculos e depois explodem subitamente fazendo ruir o edifício carcomido do passado que não mais corresponde às necessidades novas e às novas aspirações”. Esse momento de explosão pode se transformar em luta, em guerra civil. Pois não estamos em nossos dias vendo os países árabes lutando contra a Injustiça e o Desamor, exigindo mudanças e denunciando privilégios à custa de muitas vidas jovens que, no desespero dos protestos pacíficos inúteis, estão dispostos a tudo? A Síria ainda perde hoje milhares de vidas jovens, por insistir na liberdade, na justiça e no bem-estar de seu povo. Talvez estejam achando que é chegada a hora, ainda inexperientes de que o momento pode não ter ainda chegado, como chegou para outros países. Sem apoio de potências estrangeiras, que os veem perecer sem interferir, para não perder suas vantagens econômicas, a carnificina persistirá. Seus próprios irmãos em fé parecem ter-se esquecido deles. Ao longo da História, porém, as Revoluções sociais se processarão cada vez menos por esses meios violentos, as leis se abrandarão e teremos mais equilíbrio e harmonia. As disputas, as lutas ferrenhas, alimentando ódio e paixões não mudarão estruturas sociais. Mesmo revoluções de povos, conduzidas com brandura e amor, como a do povo hindu, com Gandhi, foram incapazes de em curto prazo fazer com que a Índia deixasse de alimentar o espírito de exclusão, de desamor, de desigualdade das castas sociais. Ainda hoje funcionam as castas na Índia, de modo repugnante e revoltante, mantendo os homens escravos de outros homens e com os ritos das castas bramânicas auxiliando a exclusão e a mentira, mesmo com a Constituição na Índia estabelecendo a igualdade. No entanto, fica mais fácil para o processo se as leis estabelecidas pelos que “estão à frente”, no sentido moral, já existirem. O povo aprenderá a exigir o cumprimento delas de modo adequado ao longo do processo.

O processo evolutivo exige que ao lado das leis justas sejamos capazes de vivê-las em nós e trabalhar, para esclarecer e mudar as mentes mantidas na ignorância dos adoentadas pelo orgulho, ganância, desonestidade. No dizer dos Espíritos Superiores, no mundo o mal avança porque os bons são tímidos, e esclarecem: “Os maus são intrigantes e audaciosos, mas os bons são tímidos (no sentido de medrosos, covardes). Quando estes o quiserem, preponderarão. (questão 932)”.

Que a nossa vida seja toda dedicada a viver diariamente o Reino dentro de nós e lutar para impedir que a maldade triunfe fora de nós, com todo o nosso esforço. Os espíritas deveriam ter por lema nunca deixar a maldade avançar, se tiverem meios para impedir esse avanço nas pequenas, como nas grandes coisas, utilizando formas de ação honestas e sem maldade.  O mensageiro angelical e metafórico que inspira as partes principais do livro O Reino dá ao autor, no final, um Decálogo para que ele o transmitisse “a todos os que quiserem entrar para as fileiras dos Trabalhadores do Reino”:

“1) Ao acordar pense no Reino, antes de pensar nas coisas terrenas. E ore. Peça ao Jovem Carpinteiro que lhe dê forças para não se deixar fascinar pelos pequenos reinos dos homens e para amar a todos;

2) Antes de iniciar o seu dia lembre-se e grave na sua mente que tudo o que você fizer deve ser feito a favor do Reino, mesmo no seu trabalho e nas suas mínimas obrigações rotineiras;

3) Afaste do seu coração qualquer ressentimento contra quem quer que seja. Comece o dia com um sentimento de gratidão a Deus pela bênção da vida e pela bênção maior da compreensão do Reino;

4) Faça ou renove o seu voto de humildade, prometendo a você mesmo não ceder ao orgulho, à vaidade, à cólera, à arrogância, à ambição, à prepotência, à violência, pois todas essas coisas conduzem aos reinos dos homens, desviando-nos do Reino de Deus;

5) Prometa manter-se calmo e buscar a serenidade em todas as circunstâncias;

6) Tenha confiança na verdade. Só assim você não perderá a razão quando o injuriarem, caluniarem, disserem mentiras a seu respeito, pois compreenderá que só a verdade prevalece e que ela não necessita da força, da astúcia ou de qualquer manobra para se impor;

7) Busque a pureza; todas as coisas são puras quando as encaramos com amor, compreensão e pureza. Não há atos impuros para o homem que mantém o seu coração puro. É a nossa malícia que faz impuras as coisas de Deus. Evite sempre os excessos que são provenientes do egoísmo, fonte da impureza;

8) Não se esqueça de que o pior dos homens é seu semelhante, seu irmão. Trate a todos com amor e justiça. Mas cuidado na justiça, que nosso egoísmo facilmente transforma em injustiça. E seja abundante no amor, em que somos sempre tão pobres e avaros;

9) Não roube; não aprove o roubo; não elogie o roubo; não queira possuir mais do que o necessário; porque para isso é preciso tirar dos outros e aumentar a miséria do Mundo, em prejuízo da Riqueza do Reino; afaste-se da corrupção do século e dê o exemplo do Amor e Justiça do Reino;

10) Não se apresse nem se iluda, pois o Reino não vem por sinais exteriores; precisamos construí-lo paciente e corajosamente no coração dos homens, pelo nosso exemplo. Amor, Desapego e Pureza são os instrumentos de construção do Reino de Deus na Terra.   Aprenda a trabalhar com esses instrumentos e você ajudará a construir o Reino”.

Adverte Herculano que esse Decálogo tem segredos que só a prática revelará. Praticando-o iremos percebendo que nossa visão vai se ampliar e que nossa compreensão se esclarecerá. Que tal começar agora?


 

[1] A Gênese, Cap. I, item 8.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita