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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 274 - 19 de Agosto de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


A Morte e os seus Mistérios

 Ernesto Bozzano

(Parte 23)

Damos sequência nesta edição ao estudo do livro A Morte e os seus Mistérios, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Francisco Klörs Werneck.

Questões preliminares

A. É certo dizer, com base nos fatos observados, que as imagens psíquicas existem de uma forma externa ao cérebro? 

Sim. As experiências levaram os pesquisadores a esse entendimento. (A Morte e os seus Mistérios. Casos de "visão panorâmica". 3ª categoria.)

B. Os mecanismos da recordação encontram-se no cérebro ou fora dele? 

Elas são conservadas fora do cérebro, num meio puramente psíquico. Segundo Bergson, no cérebro só estão contidos os mecanismos da recordação, ao passo que as nossas experiências, no que têm de substancial e de intrínseco, são conservadas fora dele. (Obra citada. Casos de "visão panorâmica". 3ª categoria.)

C. É possível a um sensitivo hipnotizado repetir uma lição, seja começando pelo fim, seja começando pelo princípio? 

Sim. A memória subconsciente de um sensitivo hipnotizado é capaz de repetir, igualmente bem, uma lição, começando pelo fim, assim como pelo princípio. Foi  que se verificou nas experiências congêneres. A propósito disso, Bozzano menciona o caso clássico de uma sonâmbula que tivera o poder de ouvir uma conferência e depois de a repetir em sentido inverso, como se tivesse diante dos olhos o texto impresso. (Obra citada. Casos de "visão panorâmica". 3ª Categoria.)

Texto para leitura 

353. "Isto estabelecido – escreveu Bozzano –, volto a ocupar-me exclusivamente do ‘corpo etérico’, colocando a discussão sobre certas outras declarações de sonâmbulas dotadas da faculdade de ‘autoscopia interna’, de agora em diante ligada à ciência e muito bem estudada nestes últimos tempos pelos Drs. Sollier, Bain, Lemaitre. Sabe-se que esta faculdade consiste no dom maravilhoso de perscrutar os refolhos mais ocultos do próprio organismo e não somente macroscopicamente, mas, também, microscopicamente e de modo a ultrapassar de muito os limites dos instrumentos de que dispõe a ciência. Ora, se se considera que, cada vez que é dado controlar as declarações de ditas sonâmbulas, se verifica que, além de descrever, de forma anatomicamente e fisiologicamente impecável, a estrutura e as funções dos seus órgãos internos, revelam, também, as condições patológicas deles até os menores detalhes da dissociação somática, e isto mesmo quando o operador e o sensitivo ignoram ambos a existência de uma dada lesão no organismo, não há nenhuma razão para não se crer na lucidez delas nos casos em que revelam particularidades funcionais ou histológicas escapadas, até o momento, às pesquisas da ciência. Faço alusão, aqui, às declarações de uma sonâmbula do Dr. Sollier, a propósito das funções dos centros corticais na exteriorização do pensamento."

354. Eis a passagem em questão, extraída da relação do Dr. Sollier publicada no número de janeiro da Revue Philosophique: "Jeanne passa a mão pela fronte, joga a cabeça para trás, curva-se sobre os rins, depois bruscamente para e diz: ‘Pequenas máquinas se abriram aqui...’ – ‘Que são estas pequenas máquinas?’ – ‘Pequenas máquinas que dormiam.’ – ‘Que havia dentro?’ ‘Um pequeno buraco redondo com pontas.’ – ‘O quê, um pincel?’ – ‘Como uma agulha, pequenas câmaras (são os pequenos buracos de antes) que dormem, são colados; eles são ligados.’ – ‘Para que servem eles?’ – ‘Servem para que eu pense; estes cantinhos lá, isto fecha e para continuamente como uma máquina em vibração, exceto os que dormem e ficam tranquilos.’ – ‘Onde se acham as imagens de que me falastes?’ – ‘Nos pequenos buracos; quando as pequenas pontas começam a mover-se, a vibrar, isto faz vir a imagem diante de meus olhos; quando a imagem vem eu não vejo mais os pequenos buracos; isto toma toda a fronte, mas eu sei que ela está lá dentro, pois que é de lá que ela sai... Porém as imagens se mantêm por fios aqui (ela mostra o seu occiput no nível dos lóbulos óticos), porque, quando elas dormem, não sinto nada lá, mas, quando elas vão vir com as cores, sinto que isto puxa para trás e para diante, isto começa a movimentar no lugar, a mover, a vibrar.’ "

355. O Dr. Sollier acrescenta a estas declarações da sonâmbula a seguinte nota: "Todos os enfermos, que recuperam a sua sensibilidade cerebral, falam, do mesmo modo, dos pequenos compartimentos, das pequenas caixas que se põem em ordem, ao mesmo tempo que as ideias se esclarecem".

356. Segundo Bozzano, a ideia fundamental destas citações é a de que a sonâmbula vê, nas células cerebrais, pequenas cavidades internas, ou "pequenas câmaras", revestidas de prolongamentos fibrilares que, quando param e vibram, fazem surgir a imagem psíquica diante delas, imagem que toma uma forma objetiva no interior das "pequenas câmaras". Em outras palavras, durante o processo psíquico da rememoração, ou ideação, toda coisa se produziria como se as imagens existissem em potência nas cavidades ou "pequenas câmaras" celulares, de onde as vibrações fibrilares as fariam surgir a  serviço do "eu" consciente.

357. Ora, tudo isto implica a ideia de que as imagens psíquicas existem de uma forma externa ao órgão cerebral. E precisamente nos interstícios celulares denominados "pequenas câmaras" pela sonâmbula, campo de ação presumível do "corpo etérico".

358. Se era isto, seria preciso pensar daí que o lado físico do processo de ideação consiste justamente no seguinte: que, no meio de prolongamentos fibrilares vibrando em um meio reservado à ação do "corpo etérico" vai se estabelecer a relação necessária entre os centros corticais, registradores automáticos das tonalidades vibratórias variadas, chegadas até eles pelas vias sensoriais, e o "corpo etérico", depositário das imagens psíquicas  correspondentes.

359. Esta concepção das funções cerebrais, a respeito da exteriorização do pensamento, seria fecunda em aplicações teóricas, pois ela se presta a fazer compreender melhor a natureza do "eu" consciente, onde estaria contida a verdadeira personalidade humana e, também, em fazer compreender melhor a relatividade das faculdades psicossensoriais em sua qualidade de funções da personalidade espiritual, durante o ciclo de sua existência terrestre.

360. Parece que semelhantes considerações contribuem às maravilhas para indicar a via pela qual se devem encaminhar as pesquisas psicológicas e histológicas do futuro, onde elas poderão esclarecer o supremo mistério da união do Espírito e do organismo somático. E se se consideram as palavras do Dr. Sollier – "todos os enfermos, que recuperam a sua sensibilidade cerebral, falam, do mesmo modo, dos pequenos compartimentes, das pequenas caixas que se põem em ordem ao mesmo tempo em que as ideias se esclarecem" – , palavras que indicam que não se trata de uma afirmativa isolada, numa sonâmbula, mas de observações concordantes em numerosos sensitivos, quando se mostra poderosamente consolidada a presunção de que o auxiliar da lucidez sonambúlica descobriu uma grandiosa verdade histológica de ordem ultramicroscópica, verdade cujo valor científico seria incomparável no sentido que equivaleria à demonstração experimental do grande fato que a sede do pensamento, inclusive da "memória sintética", seria exterior ao organismo cerebral, ou, em outras palavras, que ele residiria no "corpo etérico".

361. Tais revelações "autoscópicas", nos sensitivos sonambúlicos, concordam excelentemente com as induções do Dr. Geley, induções solidamente apoiadas nos processos das análises comparadas no reino animal, combinadas com os ensinos que resultam das pesquisas metapsíquicas. E estas mesmas revelações concordam, ademais, e admiravelmente, com o pensamento filosófico de Bergson.

362. No seu discurso presidencial na Society for Psychical Research (Annales dos Sciences psychiques, 1913, pág. 326), assim se exprime ele a respeito da sede presumível da memória: "O que me parece se depreender do estudo atento dos fatos é que as lesões cerebrais características das diversas afasias não atingem as recordações e que, por consequência, não há, armazenadas, em tal ou qual ponto da película cerebral, recordações que a enfermidade destruiria. Essas lesões tornam, na realidade, impossível ou difícil a evocação das recordações: elas descansam no mecanismo da lembrança, e neste mecanismo somente. Mais precisamente, o papel do cérebro é, aqui, de fazer com que o Espírito, quando tem necessidade de tal ou qual recordação, possa obter do corpo certa atitude, ou certos movimentos nascentes, que apresentam à recordação buscada um quadro apropriado. Se o quadro estiver lá, a recordação virá, por si própria, nele se inserir. O órgão cerebral prepara o quadro; ele não corre atrás da recordação. Eis, na minha opinião, o que mostra um estudo atento das doenças da memória das palavras e o que faz, aliás, pressentir a análise psicológica da memória em geral".

363. Estas profundas observações de Bergson concordam com as revelações das sonâmbulas a tal ponto que se poderia considerá-las para comentários nas mesmas revelações. Esta circunstância merece salientada: não lhe falta valor sugestivo.

364. Eis sobre o assunto a opinião de E. W. Friend no Journal of the American Society for Psychical Research (1915, pág. 112), a propósito de uma comunicação mediúnica registrada pelo autor: "No estado em que estão as coisas, elas confirmam a tese bergsoniana de que, no cérebro, só estão contidos os mecanismos da recordação, ao passo que as nossas experiências, no que têm de substancial e de intrínseco, são conservadas fora do cérebro, num meio puramente psíquico".

365. Resulta, por conseguinte, que, em virtude da "autoscopia sonambúlica", achamo-nos no limiar de grande descoberta histológica e psicológica, a qual, de uma parte, coincide com os resultados das pesquisas mais recentes no domínio das ciências naturais e metapsíquicas, que acabam de provocar a obra do Dr. Geley intitulada De l'Inconscient au Conscient e, de outra, concorda com as geniais especulações filosóficas do professor Bergson. Eis uma demonstração de grande importância da "autoscopia sonambúlica" como instrumento de pesquisa a serviço da ciência, de modo que seria altamente desejável que os representantes do Saber o reconhecessem, orientando, neste sentido, as suas investigações, multiplicando as experiências deste gênero e aplicando-lhes os métodos da análise comparada.

366. No tocante ao tema “visão panorâmica”, Bozzano diz que é preciso considerar a característica essencial pela qual ela se exterioriza, isto é, a que lhe permite apresentar, em termos de "simultaneidade", o que a inteligência humana não pode assimilar senão em termos de sucessão. Com apoio na análise comparada de diversas manifestações metapsíquicas, verifica-se como a mesma característica mostra ser substancialmente idêntica nas modalidades segundo as quais se manifestam outras faculdades supranormais. Esta característica já havia sido revelada há muito tempo, no que concerne às manifestações da memória sonambúlica e, notadamente, nos Proceedings of the S. P. R. (vol. VI, pág. 95).

367. A propósito disso, o Sr. Thomas Barkworth havia observado: "Assim, como se sabe, as funções da memória ordinária consistem em um encadeamento de ideias associadas entre si, cada ideia ligando à ideia vizinha e esta a uma outra, e assim por diante... Tal é a ideia da exteriorização da memória pertencente à atividade da consciência normal, mas eu aventaria a conjuntura de que a ‘consciência latente’ possui a sua memória particular, fundamentalmente diferente da outra: a memória consciente consistindo em um encadeamento sucessivo de ideias e a memória subconsciente em uma impressão pictórica simultânea. Se essas hipóteses tivessem fundamento, deveríamos esperar que a memória subconsciente de um sensitivo hipnotizado fosse capaz de repetir, igualmente bem, uma lição, começando pelo fim, assim como pelo princípio, e isto é precisamente o que se verifica nas experiências congêneres".

368. Essas experiências são conhecidas de todo o mundo, a começar pelo caso clássico de uma sonâmbula que tivera o poder de ouvir uma conferência e depois de a repetir em sentido inverso, como se tivesse diante dos olhos o texto impresso, e a terminar pelo caso de Malvina Gérard, caso dos mais notáveis, em que a sensitiva era capaz, em estado sonambúlico, de compor comédias e de recitar trechos dela, indicados, ao acaso, por seu hipnotizador, como se tivesse improvisado suas comédias de modo instantâneo e se tivesse o manuscrito diante dos olhos. (Maurice Sage em Annales des Sciences psychiques, 1904, págs. 65 e 129.) (Continua no próximo número.)



 


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