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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 271 - 29 de Julho de 2012

MILTON SIMON PIRES 
cardiopires@gmail.com

Porto Alegre, RS (Brasil)
 

O Diabo tomando Prozac

Ensaio sobre o fim da cultura  


O presente artigo parte da premissa de que, em toda História da civilização, jamais houve verdadeiramente uma cultura que aceitasse completamente a responsabilidade de seus próprios atos. Sustenta ainda a ideia de que a alteridade do mal, ou seja, sua condição de força com vida própria e alheia à vontade humana foi sempre uma necessidade em todas as épocas.

O estudo comparado das religiões não deixa de se mostrar irônico no sentido de que, se o Bem e os deuses responsáveis pela sua existência têm características tão distintas, o Mal nos parece ser o resultado da ação de um Diabo que costuma se repetir muito, ainda que com "excelentes" resultados. Seria falta de imaginação da parte dos criadores das teogonias ou é verdade que o Diabo sempre vai ser o maior inimigo de Sartre? Para quem não se lembra, esse talvez tenha sido o filósofo da "responsabilidade" - alguém que sempre vai nos chamar para assumir as consequências das nossas ações e lembrar que estamos "condenados a ser livres" para escolher o nosso destino. É impossível imaginar um papel para o Diabo quando se pensa como um existencialista, porque Lúcifer, não tenho dúvida, tem como função negar a liberdade humana. Aqueles que acreditam em possessão demoníaca e exorcismo (não interessa em que tempo ou lugar) não deixam de repetir Rousseau e o seu "bom selvagem", porque não parece diferente dizer que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, do que afirmar que ele é bom, mas o Demônio o possuiu. O que existe em comum nos dois casos é, como eu escrevi no início, a ideia de alteridade, a noção do outro, do objeto externo e da inocência a priori da qual resultará sempre a possibilidade de se redimir e, como gosta de lembrar Luc Ferri, de obter a Salvação - eterna busca do homem e espécie de "primeiro-motor" da filosofia.

O que eu me pergunto às vezes é: que papel pode existir para o Demônio em uma sociedade que não sente mais culpa? Heresia para qualquer discípulo de Freud, essa ideia parece de início um absurdo. "Não há cultura sem Repressão" está muito próximo de "Não há cultura sem Culpa", mas, mesmo assim, eu gostaria de insistir na hipótese e imaginar um "mundo sem remorsos”..., um mundo de Auschwitz, de Pol Pot e do seu Camboja, um mundo de fanatismo com Hitler e Stalin..., um mundo assustador e antecipado por Dostoievski em "Os Demônios"..., enfim..., um mundo onde a palavra "culpa" já não tem mais significado porque nele impera a ausência de sentido e não se sabe mais o que é o Bem e o Mal.

Eu acho deprimente pensar o mundo assim, mas imagine-se por um momento no papel de "Diabo". Um Diabo nesse mundo não passaria de um "pobre diabo", um diabo com "d" minúsculo que não sabe mais ao que veio, já que não tem mais nada para fazer aqui.

Dormindo mal, bebendo, sentindo-se inútil, esse Diabo pós-moderno vai acabar usando Prozac, porque a questão do sentido obrigatoriamente permeia toda ação, seja ela humana, divina ou "diabólica", e a depressão adquire aí um caráter quase "sobrenatural".

Espero, para terminar com mais esperança, que o próprio conceito de Cultura não dependa de tanto maniqueísmo. Bem, Mal, Deus, Diabo..., quem sabe a Civilização sempre vai estar aí e essas forças estão dentro de nós mesmos? Quem sabe não há sentido algum a ser buscado como querem os teóricos da Desconstrução. Ou quem sabe busca e destino são uma coisa só como querem os budistas? Não sei, mas de uma coisa tenho certeza: até uma certa época da nossa História, de certa maneira, sempre houve um sentido. Agora não parece haver mais e acho difícil que torne a haver enquanto não percebermos que quem morreu foi Nietzsche, não Deus, e que não há espaço para diabo algum quando é Ele que está dentro de nós.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita