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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 271 - 29 de Julho de 2012

MARIA ENY ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
Lins, SP (Brasil)
 

O reino de Deus, na visão do filósofo Herculano

A Tese do Reino


No empenho de retomar o importante pensamento do filósofo, literato, escritor, jornalista, professor universitário, espírita militante e esclarecido, estamos comentando de forma pessoal, sua obra O REINO, onde Herculano Pires explicita o que vem a ser a tese do Reino, que é a ideia central do pensamento de Jesus.

No capítulo final do livro, mestre Herculano desenvolve a TESE DO REINO – Cap. VIII. O início já vale um livro de história do Cristianismo.

“A tese do Reino tem permanecido oculta nos Evangelhos.”

Conforme já dissemos no primeiro artigo sobre o poema de amor e justiça que é esse livro de Herculano, os Evangelhos contêm mais de uma centena de referências ao Reino de Deus, ou Reino dos Céus. Esse Reino que devia ser implantado sobre a Terra, conforme Jesus previu e João sonhou no Apocalipse, foi aos poucos sendo adiado para depois do “final dos tempos”, quando Jesus voltasse para julgar-nos a todos e separar os bodes das ovelhas. Até mesmo no Espiritismo em que a alusão do Reino é tão clara, em que os Espíritos angelicais preveem que Novas eras no evoluir da história e novas gerações, em ciclos de progresso, aproximarão a Terra cada vez mais do Reino de Deus, a ideia do Reino de Deus está quase abandonada.

Herculano nos diz o por quê. “Porque os homens insistem na tentativa de servir a dois senhores. Mas o anseio do Reino os arrasta cada vez mais à descoberta de sua tese.”

Na época em que esse livro foi impresso e escrito, (1 a 15 de março de 1967), nosso literato reconhece que, naqueles dias, todas as religiões redescobrem O Reino. Mesmo o Catolicismo com a Teologia da Libertação, que dialeticamente se oporia à Teologia da Salvação (que reduz Jesus a um cordeiro imolado para nos salvar da queda a que nos condenou Deus, pelo pecado de desobediência de Adão e Eva), reergue “o estandarte do Reino, com novo entusiasmo”.

Nosso autor declara que esse estandarte divide suas igrejas e lembra Mateus X; 34-36, onde o Jovem Carpinteiro adverte que não veio trazer a paz, mas a espada. Lembra Jesus, que previu que seu Evangelho separaria pais, filhos, mães, sogras: “E os inimigos do homem serão os seus próprios domésticos”. Isso porque Jesus sabia que as exigências do Reino fariam os tradicionais, que se apegam às vantagens passageiras do mundo, lutarem contra os que quereriam ser homens de verdade, novos homens. A guerra e a espada resultam não da violência, mas do clima de luta que os filhos do Reino iriam enfrentar e até hoje enfrentam para alijar do mundo a injustiça e a iniquidade, a mentira e o engodo dos que nos dominam, dos religiosos e dos diferentes narcisismos pessoais e familiares.  

O sentimento de amor só floresce realmente em um clima de justiça. Por isso, a Lei Moral mais importante [1] de O livro dos Espíritos, a Lei de Justiça, Amor e Caridade, começa com a Justiça. Em nossa ignorância e em nosso apego ao tradicional e ao religiosismo piegas, que nos embala desde nossa colonização religiosa portuguesa jesuítica, esquecemos a Justiça. Nossas instituições levam em geral o nome de Centro Espírita Amor e Caridade. Retiramos a Justiça sem a qual o Amor e a Caridade são incompletos, porque ambos se embasam na Justiça. Podemos acaso amar sem fazer justiça aos necessitados? Sem lhes atender, não apenas as necessidades de sobrevivência, mas as de uma boa educação, cultura, equilíbrio interior, liberdade? [2] As lutas que enfrentam os que entendem a mensagem e a tese do Reino de Deus é a luta da incompreensão daqueles cujo egoísmo sufoca a justiça.

Tenho ouvido da boca de muitos, não poucos, confrades espíritas, que a campanha da fome zero do Brasil cria pessoas vadias, que não querem mais trabalhar, vagabundos que nem se incomodam mais em ir buscar a “sopa dos pobres”, porque igrejas, em convênio com instituições do governo, recebem as verbas governamentais para servir almoço e janta, feitos por cozinheiros, nutricionistas, em cozinhas construídas como cozinhas industriais, planejadas e fiscalizadas. Fico pensando, às vezes sem poder expressar, se estas pessoas já passaram fome quando crianças, já tiveram pais alcoolistas que, doentes e dependentes, apenas se preocupavam com o vício, enquanto o lume estava sem panelas e os pratos vazios.

Em Nosso Lar, instituição espiritual, todos têm direito ao mínimo necessário para viver, ainda que não se preocupem em retribuir à sociedade que os mantém com um mínimo de horas de trabalho. Conforme conta André Luiz, querem só os benefícios e não se preocupam em produzir. Mesmo privando-as de receber o que pretendem, são acolhidas, alimentadas e aguarda-se que se engajem no trabalho produtivo com o tempo e a persuasão dos Espíritos dirigentes da comunidade espiritual.

Outros confrades se revoltam com a bolsa família, que é uma forma de distribuir renda e consome apenas um por cento de nosso orçamento federal, alegando que cria uma geração de mulheres vagabundas que vivem explorando os filhos. Esquecem-se de que esta bolsa tem uma série de exigências para ser recebida, mantida, e é controlada por assistentes sociais. As crianças devem estar o tempo todo na Escola, ser atendidas pelos postos de saúde e outras contrapartes das mães que recebem esse auxílio. [3]

Quando a Justiça apenas esboça de maneira ainda muito imperfeita o mínimo para que todos possam sobreviver sem fome e tentar aprender pelo menos a ler, eis que nossos próprios companheiros se revoltam.

Por isso Herculano diz que os cristãos-sociais, os que não pensam apenas no Juízo Final, os que não aguardam tão-somente que Espíritos superiores auxiliem as mudanças, são “atacados pelos materialistas e pelos seus próprios companheiros de fé”. Não apenas entre os espíritas. Leonardo Boff, o Espírito de escol, que honra o Catolicismo com seu pensamento, sentou-se na cadeira de Galileu, interrogado pelo cardeal responsável pela defesa da Doutrina da Igreja (o chefe do que é modernamente a Inquisição) e foi obrigado a se reduzir ao silêncio, proibido de escrever e, depois, suspenso das ordens clericais. Afastado pela mãe Igreja, que o formou, hoje tem um trabalho magnífico de educação de carentes, é ativista de movimentos diversos, escreve, se casou e ainda impressiona os Congressos sociais aos quais comparece, já na terceira idade, com sua cultura e suas teses.

A ação dos cristãos-sociais, às vezes extrapola, explica Herculano, pretendendo envolver suas Igrejas na política mundana. Querem criar partidos cristãos, partidos espíritas, transformando a religião em instrumento de luta ideológica. Herculano nos adverte: “Mas a tese do Reino não é essa”. Jesus, em João XVIII: 36, já esclarece isso.

 

1. Ver questão 648 de O Livro dos Espíritos sobre a divisão da lei Natural. Os Espíritos se referem à Lei de Justiça, amor e caridade dizendo: “A última lei é a mais importante: é por ela que o homem pode avançar mais na vida espiritual, porque ela resume todas as outras”.

2. Questão 889: Não há homens reduzidos à mendicância por suas faltas? “Sem dúvida, mas se uma boa educação moral os houvesse ensinado a praticar a lei de Deus, eles não cairiam nos excessos que causam sua perda: é disso, sobretudo, que depende o melhoramento do vosso globo.” (negritamos)

3 Veja a questão 874 de O Livro dos Espíritos que nos explica bem isso.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita