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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 271 - 29 de Julho de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

A Morte e os seus Mistérios

 Ernesto Bozzano

(Parte 20)

Damos sequência nesta edição ao estudo do livro A Morte e os seus Mistérios, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Francisco Klörs Werneck.

Questões preliminares

A. A 2ª categoria dos casos tratados neste livro refere-se a que tipo de ocorrências? 

Ela refere-se às ocorrências em que a "visão panorâmica" se verificou com pessoas sadias e não havia no caso a sensação do perigo de morte. Esses casos, segundo Bozzano, são bem raros e, de fato, ele só apresenta no livro quatro exemplos. (A Morte e os seus Mistérios. Casos de "visão panorâmica" acontecidos com pessoas sadias e sem a sensação de perigo de morte.)

B. As manifestações de “visão panorâmica” são sempre rápidas? 

Depende. Normalmente, são rápidas, mas pode haver ocorrências como o relatado no Caso XI, em que a manifestação se prolongou por cerca de uma hora, depois da qual as imagens pictográficas se apagaram e nada restou delas salvo uma impressão visual confusa. Segundo Bozzano, este detalhe não apresenta, na realidade, um significado teórico especial, pois que, uma vez admitida a existência na subconsciência humana de uma "memória sintética", pode-se presumir, a priori, que ela deveria emergir e se manifestar sob uma forma panorâmica, seja de uma maneira cronológica mais ou menos rápida, seja sob as aparências de um grupo orgânico de recordações. (Obra citada, 3ª Monografia. Casos de "visão panorâmica". 2ª Categoria: acontecidos com pessoas sadias e sem a sensação de perigo de morte. Caso XI.)

C. À vista dos fatos relatados nesta obra, podemos concluir que a ocorrência da “visão panorâmica” independe dos estados de saúde e de alma do indivíduo? 

Sim. E é exatamente isso que comprova que as explicações dos fisiólogos concernentes às causas que provocam essas manifestações são claramente insuficientes. (Obra citada, 3ª Monografia. Casos de "visão panorâmica". 2ª Categoria: acontecidos com pessoas sadias e sem a sensação de perigo de morte. Caso XII.)

Texto para leitura 

310. A 2ª categoria dos casos tratados neste livro refere-se às ocorrências em que a "visão panorâmica" se verificou com pessoas sadias e não havia no caso a sensação do perigo de morte. Tais casos, diz Bozzano, são bem raros e ele só apresenta no livro quatro exemplos.

311. Na verdade, esta categoria não oferece valor teórico particular, porque, se o despertar da "memória sintética" se produz na crise que precede a agonia ou nas circunstâncias de acidente que põem a vida em perigo, não se diz que, por exceção, o mesmo fenômeno não possa acontecer com pessoas que estão de boa saúde, real ou aparente. Casos iguais excepcionais podem ser observados em não importa qual categoria de manifestações metapsíquicas de ordem intelectual. Dão-se fenômenos de telepatia, de telestesia, de clarividência no passado, no presente e no futuro entre pessoas aparentemente normais, seria, pois, de admirar que não se encontrassem pessoas normais às quais não acontecesse terem "visões panorâmicas", visões que têm a origem - como os outros fenômenos supracitados - em um súbito impulso de faculdade supranormal subconsciente.

312. Caso IX – O episódio a seguir relatado foi extraído do vol. XI, pág. 355 dos Proceedings of the Society for Psychical Research. Não se trata precisamente de "visão panorâmica", mas, sim, de brusca revivescência de um grupo de recordações remontando a anos da infância (hipermnésia) e com tal vivacidade que a percipiente se sentiu reviver em um passado esquecido. (1)

313. A este propósito, a Sra. Clarkson Manning escreveu, nos seguintes termos, ao Professor William James: "Quando era ainda pequena, residia em Rochester (Estado de New York), e estava confiada aos cuidados de minha irmã mais velha. À noite, quando ia para a cama, ficava ela sentada na cabeceira até que eu adormecesse. Muitas vezes, porém, acontecia-me acordar e, como tivesse grande medo do escuro, eu a chamava com todas as minhas forças: - ‘Jessie! Jessie!’ Ela acorria apressadamente, acalmava-me e permanecia junto de mim todo o tempo em que eu não reconciliasse o sono. Em 1875, fui residir com o meu marido, oficial do exército, em Fort Hartsuff, no Nebraska. Minha irmã residia, então, em Omaha, a uma distância de 300 milhas de minha casa. Certa noite de novembro, acordei durante um sono sem sonhos, com o sentimento de ser a filhinha que fora muitos anos antes. Parecia-me residir ainda na casa paterna e estar ainda no meu quartinho e de me sentir sozinha no escuro. Levantei-me e sentei-me na cama, chamando em alta voz: - ‘Jessie! Jessie!’ Meu marido, então, acordou e me perguntou o que me acontecera. Lentamente, dificilmente, custou-me reconhecer o ambiente em que me achava, mas, para readaptar-me ao presente, tive que fazer um esforço mental considerável. Nesse momento, eu havia literalmente revisto toda a minha existência de criança, na casa de meus pais, e essa sensação era tão verídica, tão natural, tão real, que me vi desprovida de vocabulário conveniente para o descrever”.

314. Continuando o relato, a Sra. Manning disse que durante vários dias não conseguiu libertar-se da estranha concepção de que era a menina de outrora, o que lhe parecia legítimo pelo fato de lhe ser possível recordar, nos mínimos detalhes, a visão de sua existência de criança, visão que ela havia há muito esquecido até esse dia. Na manhã do dia seguinte, ela escreveu à sua irmã contando-lhe a curiosa experiência, mas a carta cruzou com outra que a irmã lhe enviara com a mesma data que a sua. Nela, a irmã lhe narrou uma experiência pessoal, não menos extraordinária: na mesma noite do sonho, ela também havia acordado, em sobressalto, pela voz da Sra. Manning, que a chamara por duas vezes: - ‘Jessie! Jessie! A realidade do fato era indubitável e seu marido foi abrir a porta, supondo que, de fato, a irmã estivesse lá. Na carta, a irmã acrescentou que não se tratava de um sonho, pois que havia distintamente reconhecido sua voz e estava absolutamente certa de que ninguém, em volta dela e de sua família, a havia chamado naquela noite.

315. O marido da Sra. Manning, o Sr. W. C. Manning, sua irmã, Sra. Jessie Clarkson Thrall, assim como o marido dela, Sr. George Thrall, escreveram para confirmar o relato que acabamos de ler.

316. Embora confirmado, esse caso não diz respeito a "visão panorâmica", mas trata-se de um caso de hipermnésia. (1) Contudo, a identidade fundamental de ambos os fenômenos parece de toda evidência, pois que nas duas circunstâncias trata-se de revivescência de recordações do passado, recordações inteiramente esquecidas. Em outros termos, está-se na presença de uma reaparição parcial da "memória sintética", com a existência de um período determinado do passado e a ressurreição muito vivaz de todos os acontecimentos colocados nesse período. A sensação persistiu alguns dias na consciência da percipiente.

317. Era isso a consequência de um sonho? Não, certamente, assim como atesta bem esse fato de o incidente ter provocado, à distância, manifestação telepática na casa de sua irmã Jessie, principal companheira da percipiente, em tempos recuados. Não podia tratar-se lá de sonho mais ativo que os sonhos habituais, mas da aparição de faculdades subconscientes, pois que a telepatia é função da subconsciência humana.

318. Caso X - O Dr. Justinus Kerner, em seu livro sobre a "Vidente de Prevorst", pág. 44 da versão francesa, assim se exprime: "As bolas de sabão, os copos de vidro, os espelhos, provocavam a sua vista espiritual. Uma criança, tendo inflado uma bola de sabão, fê-la exclamar: ‘Ah! meu Deus. Vi na bola de sabão tudo o que eu havia passado, algo remoto que se foi, e não em breve momento, mas em toda a minha vida, e isto me espanta.’ Neste caso, a vidente estava em um estado absolutamente normal, se se pode falar de estado normal quando se trata de uma sensitiva excepcional como a "Vidente de Prevorst"."

319. Caso XI – O professor Frederic Myers, em sua obra sobre a "Consciência subliminal", narra este incidente: "Do mesmo modo, nos casos de pessoas absolutamente sãs, podem acontecer subitamente irrupções de recordações persistentes, com detalhes há muito tempo passados e bem mais completos que os de que a percipiente teria podido, voluntariamente, fazer a recordação em sua memória. Um jovem oficial da marinha real conta esta experiência, de que foi protagonista, quando ele lia deitado na cama, em estado de absoluta vigília e na plena calma de seu espírito, assim: ‘Todo acontecimento, que me tinha acontecido desde o dia em que embarquei pela primeira vez, me passou diante dos olhos, como distribuído em um quadro: localidades, episódios, rostos e nomes de pessoas conhecidas: tudo, absolutamente tudo. Essa manifestação se prolongou por cerca de uma hora, depois da qual as imagens pictográficas se apagaram e nada restou delas salvo uma impressão visual confusa. Esse fenômeno exerceu sobre mim um efeito profundo, do qual experimentei como uma espécie de mal-estar durante dois anos’." (Proceedings of the S.P.R., vol. XI, pág. 354.)

320. Nesse episódio, é preciso salientar a circunstância de duração da manifestação: cerca de uma hora. Este detalhe, na realidade, não apresenta um significado teórico especial, pois que, uma vez admitida a existência na subconsciência humana de uma "memória sintética", pode-se presumir, a priori, que ela deveria emergir e se manifestar sob uma forma panorâmica, seja de uma maneira cronológica mais ou menos rápida, seja sob as aparências de um grupo orgânico de recordações.

321. Caso XII - Este episódio figura em uma relação das mais interessantes, publicada pelo Professor Hyslop (Journal of the American S. P. R., 1913, págs. 406-421), na qual estão detalhadas as terríveis peripécias por que passou o viajante Everts, extraviado, em pleno inverno, nas florestas virgens dos Estados Unidos da América. Ele se alimentou de raízes durante trinta e sete dias e sem fósforos, pelo que só podia conseguir fogo concentrando, por meio de uma lente, os raios de sol em cima de gravetos de madeira seca. Certo dia, aconteceu-lhe perder esse objeto tão precioso e foi no desespero de tal perda fatal que experimentou o fenômeno da "visão panorâmica".

322. Eis o episódio em questão: "Dois ou três dias antes de ser encontrado, quando subia uma colina com grande elevação, caí de fadiga sobre pequena moita, sem ter energia para me levantar. Então desatei o cinturão - como tinha o hábito de fazer - e logo adormeci. Não tenho ideia do tempo que durou o meu sono, mas, acordando e reajustando a correia de meu cinturão, esforcei-me, com dificuldade, para pôr-me de pé e continuei a marcha. Como o sol descesse para o poente, escolhi um canto conveniente para me servir de abrigo, reuni um ramo de galhos secos e procurei, no bolsinho do cinturão, a lente para acender o fogo. Que surpresa desoladora! A lente não se achava mais lá! Eu a tinha perdido. Se a terra tivesse se aberto para me engolir, eu não ficaria mais aterrorizado. Minha última possibilidade de me salvar me fora retirada! Minha suprema esperança morrera... Cobri-me o melhor que pude com ramos de árvores e galhos de arbustos, guardando a terrível certeza de que a minha luta pela vida chegara ao fim e que eu não acordaria mais... E, súbito, com a rapidez de um raio, se apresentaram, diante de meu espírito, episódios de minha vida. O poder de minha faculdade de pensar estava duplicado, triplicado, tão bem que se apresentou, sob os meus olhos, como em visão, o panorama todo inteiro de minha existência. Tudo aparecia, posto em boa ordem, como colorido pelos raios do sol e depois, tudo desapareceu, logo após, como os fantasmas de um sonho vivaz. Quando me voltou a calma, a razão retomou o seu curso. Por felicidade, o frio ficara temperado. Procurei rememorar o incidente, refazendo de memória cada passo que eu havia dado na floresta durante o dia e concluí que a lente devia ter saltado do bolso do cinturão no momento em que havia adormecido sobre a moita, lugar de meu desfalecimento. Para voltar a esse local, devia percorrer cinco longas milhas na montanha, mas não havia outra alternativa e, antes de surgir a aurora, havia caminhado, cambaleante, a metade do caminho. Quando atingi o dito lagar, experimentei a grande alegria de achar a lente na moita sobre a qual dormira."

323. Comentando este caso, Bozzano diz que, ainda que o desenvolvimento dos fatos, nesta relação, pareça conforme o título desta 2ª categoria de fenômenos, não se poderia afirmar que a substância da presente narração corresponda plenamente à mesma. Se é verdade que o percipiente estava em estado normal de saúde e não se achava em perigo de morte acidental, não é menos evidente que se inclinava para um estado de alma desesperado pelo fato de ter perdido um objeto e que essa perda equivalia, para ele, a uma ameaça de morte pelo frio, ameaça algo afastada.

324. Como quer que seja, se se considera o caso relatado em conjunto com os outros três casos que o precederam e se reflete sobre os diversos estados de saúde e estados de alma sob a influência dos quais se realizam as manifestações de "visões panorâmicas", pode-se tirar daí uma conclusão instrutiva, isto é, que as explicações dos fisiólogos concernentes às causas que provocam as manifestações de que se trata parecem de uma insuficiência mais ou menos pueril, tanto mais se se considerar que, com as suas elucidações hipotéticas, eles não concorrem para lhes precisar as causas nem ainda para dissipar o mistério que envolve tais fenômenos. (Continua no próximo número.)


(1)
Hipermnésia, variedade de hipermnesia, diz respeito à capacidade extraordinária de evocação das lembranças que algumas pessoas apresentam.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita