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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 269 - 15 de Julho de 2012

MARIA ENY ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
Lins, SP (Brasil)
 

O reino de Deus, na visão do filósofo Herculano

A confluência


No livro O REINO, no Capítulo VI, o mestre em filosofia nos leva a analisar todos os movimentos políticos e revolucionários, como atalhos, ásperos e violentos, em que desde Átila, até Hitler, o homem tenta implantar um novo Reino sobre a Terra.  Mostra-nos, o fascínio pela mudança e maior liberdade movido pelo desejo de Justiça e Igualdade, que faz os homens tentarem construir pela violência um Reino, diferente, sem desigualdades e injustiças para os excluídos. Ficamos mesmo decepcionados observando quanto o homem se engana quando quer tomar o poder para “REINAR” sobre os demais, e como ação violenta para implantar um novo reinado fascina as massas humanas.

Quando nos cansamos, saímos para o Capítulo VII - A CONFLUÊNCIA. Então entendemos melhor os caminhos de Deus, para o Reino dos Céus sobre a Terra.

Ouçamos Herculano: “Os atalhos do Reino parecem-nos contraditórios entre si e contrários aos caminhos do Reino. Mas a verdade é que todas essas estranhas manifestações do anseio do Reino no coração humano se entrosam num grande sistema”.

O Livro dos Espíritos nos ensina na questão 780 que o desenvolvimento moral é precedido pelo intelectual. Diversamente do que ensina a maioria dos líderes e mesmo alguns Espíritos, não é o desenvolvimento moral que antecede o intelectual. O homem precisa entender, ser educado, para poder alterar seus preconceitos e encontrar a ética da verdade e do amor. A compreensão conduz ao amor, não o amor piegas, que os sacerdotes de diferentes credos nos impuseram. O amor esclarecido, filho da compreensão, do estudo, da ação planejada e consciente. Quando os Espíritos ensinam que é preciso que o mal se torne muito evidente para que aprendamos a reagir contra ele, estão falando do movimento dialético do Universo. O mal obriga-nos a pensar e agir para o bem.[1]

Vejamos hoje a luta pela ética do desenvolvimento sustentável. Movimentam-se organizações e pessoas, artistas criam filmes que ganham o “Oscar”, como ET e Avatar.  Crianças foram educadas vendo desenhos, como Pocahontas, Mogli, todos com visão da integração entre os seres da Natureza, graças às mudanças que o gênio de Steve Jobs imprimiu aos estúdios Disney. Multidões exigem maior ética para o desenvolvimento. No entanto, foi preciso que a ganância e o desrespeito aos limites da natureza nos ameaçassem com a morte do Planeta. Assim mesmo, as consciências empedernidas no egoísmo e no orgulho negam as conclusões dos cientistas, burlam as leis de proteção ambiental e continuam a poluir a atmosfera, sob alegações mentirosas de quem só enxerga o próprio interesse e poder. Produzem e distribuem jogos incitadores de violência e pagam educadores mentirosos e venais para informarem os pais que isso não causa nenhum mal ao caráter das crianças.

Por isso Herculano ensina com beleza magistral: “No final, todas essas correntes fluem para um delta comum. E há um momento de confluência em que as dissensões se apagam, as contradições se fundem numa síntese superior. É no tempo que se realiza a fusão. Por mais absurda que essa tese possa parecer, a verdade é que os processos gerais da Natureza a comprovam”...

“É o princípio da reencarnação a chave do Reino. A grande maioria das criaturas humanas estaria impedida de entrar no reino, se Deus não lhes concedesse a oportunidade de reinício. Então, o Reino não seria para todos, mas de alguns”. (...) “O Reino não está reservado a estes nem àqueles, mas abre sua pequena porta aos homens de todas as raças, de todas as nacionalidades, de todos os quadrantes de Terra.”

“E é graças a isso que os atalhos e os caminhos do Reino se encontram na confluência. Heresias e ideologias desempenham o seu papel, no grande esquema do Reino. (...) Fanáticos religiosos e fanáticos políticos não perdem o seu tempo: são aprendizes de primeiro grau, exercitando-se para as virtudes do Reino, adestrando-se para amá-lo.”

Após fazer-nos amar os que não entendem o mundo e o Reino como nós, Herculano afirma que não devemos esperar sentados que ele venha. Todos nós temos a obrigação moral de trabalhar pela Justiça e pelo Amor.

Muitas vezes alguns companheiros de Doutrina, que não conseguem entender isso, perguntam-me: adianta lutarmos por leis e posições que o povo não vai aceitar, nem tem compreensão para respeitar?

Sempre procuro responder assim: É aqui que o Reino deve ser implantado. No entanto, isso requer, além da compreensão de seus fundamentos, a vivência pessoal deles, porque O Reino de Deus está dentro de nós. Apenas os que vivem essa realidade podem entender que lutar pela implantação do Reino de Deus não é esperar indefinidamente por sua implantação, em uma matemática absurda e infantil. Essas consciências ingênuas, embora às vezes amorosas, com um amor que ignora, dizem: “O mundo será regenerado quando todas as pessoas entenderem a mensagem de Jesus e a praticarem. Será a reforma íntima de cada um que nos levará à mudança social que então será possível de modo brando e pacífico. Será a soma da reforma íntima de cada um que levará o mundo a se tornar um mundo de regeneração”.

Dizer isso é desconhecer a obra da Codificação e os mais comezinhos princípios de sociologia. Não é a soma dos indivíduos que produz qualquer melhoria social.  O processo de melhoria depende de que homens conscientes e amorosos movimentem forças para que leis mais justas sejam aprovadas. Uma vez conseguido isso, é preciso educar os corações e mentes para respeitarem a lei, por adesão e compreensão dos seus objetivos. Vejamos a lei muito recente que obriga todas as séries comuns do ensino e toda escola a receber no máximo dez por cento, em cada sala, de crianças portadoras de deficiência. De início os pais dessas crianças enfrentaram o preconceito, o despreparo dos demais pais, que não queriam que seus filhos se misturassem com os “anormais”. Em sua luta, pais e educadores esclarecidos foram mostrando em cursos, utilizando vídeos, vivências e outros recursos, a importância da inclusão de todos. Em empresas, obrigadas por lei a contratá-los, eles, os portadores de deficiência, passaram a trabalhar com muito empenho, onde produziam tanto ou mais do que os “normais”. Desse modo, hoje, uma parte bem maior de professores, pais, empresários, compreende o alcance e a justiça dessa lei.

Imaginemos que no Brasil, que carrega a vergonha histórica de ser o último país do mundo a abolir a escravidão dos negros, as Igrejas, as Escolas principiassem em 1888, exatamente no dia 13 de maio, uma campanha para libertar os escravos, mostrando como é desumano escravizar alguém, como isso leva a indignidade do escravizador e do escravizado, e outras questões para transformar, tão-somente pela persuasão e pela educação, sem a utilização das leis punitivas, que estabelecem sanções aos infratores. Por acaso alguém pode ser tão ingênuo de imaginar que os escravocratas, as senhoras que utilizavam os escravos, iriam se sensibilizar? Todas as Igrejas, que utilizavam e utilizam a Bíblia para justificar a escravidão, iriam modificar seu discurso e libertar os cativos que mantinham?  Na verdade, se a comunidade internacional não interferisse, os ingleses, interessados em criar assalariados para seus produtos não pressionassem, e respeitassem o desenvolvimento moral da maioria dos cidadãos brasileiros, seríamos hoje o único país do mundo a manter os negros cativos.

Alguém poderá argumentar que a liberdade dos negros os empurrou para as favelas, que ninguém se preocupou em educá-los para fazer deles cidadãos brasileiros com as mesmas possibilidades dos brancos... Com certeza, isso é verdade, mas também nos mostra que, cedo ou tarde, esses excluídos acordam e, se as leis os favorecem, e já existem, exigem que lhes sejam dados os direitos usurpados por organizações injustas e cruéis. Com sua militância aperfeiçoaram as leis e trabalham pelo esclarecimento da população. É o que se passa hoje no Brasil, quando o racismo, se comprovado, pode custar ao infrator até três anos de cadeia, onde o negro aparece nas novelas, nas propagandas, em posições que nos levam a admirar sua luta.


 

[1] Questão 916 de O Livro dos Espíritos: O egoísmo, longe de diminuir, aumenta com a civilização, que parece entretê-lo: como a causa poderia destruir o efeito? 

“Quanto maior o mal, mais ele se torna hediondo. Era preciso que o egoísmo fizesse muito mal para fazer compreender a necessidade de extirpá-lo.”

Na resposta à questão 784 lê-se: É preciso o excesso do mal para fazer compreender a necessidade do bem e das reformas, e também, na resposta à questão 785, encontramos claramente formulada essa dialética do progresso social: “É assim que tudo..., no mundo moral como no mundo físico, e que do mal mesmo pode surgir o bem”.



 


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