WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Um minuto com Chico Xavier

Ano 6 - N° 261 - 20 de Maio de 2012

JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DE PAULA
depaulajoseantonio@gmail.com
Cambé, Paraná (Brasil)

 

O texto que vou digitar agora exigirá um tempo à frente do teclado do computador. Trata-se de uma carta escrita por Chico à Sra. Zilica, esposa de seu amigo Zeca Machado, a quem nos referimos na coluna da semana passada, que havia desencarnado dias antes. Não se trata de uma mensagem psicografada, mas de uma narração do médium sobre seu desdobramento espiritual e seu encontro com o amigo no plano invisível. A missiva é datada do dia 9 de agosto de 1964, na cidade de Uberaba, e traz tantas informações que nos ensinam que seria impossível tentar resumi-la. Ela é iniciada com um cumprimento pessoal seguido da narrativa. Vejamos a carta. 

"Querida Zilica, Deus a abençoe.

Estou lhe escrevendo para narrar a visão que tive com Zeca. Peço-lhe perdão se reavivo seu sofrimento ao pensar na separação, mas consolei-me tanto com o que vi e tanta esperança me veio ao coração ao vê-lo, que não vacilei em enviar-lhe estas notícias, escritas às pressas, sem nenhuma outra preocupação senão a de transmitir-lhe as novas.

Abraço do menor servidor, Chico." 

Segue a narrativa:

Na noite de 30 para 31 de julho de 1964, deitei-me às 23 horas e me vi perfeitamente fora do corpo. Estava lúcido, a ponto de vê-lo estendido sobre a cama, sem que me sentisse intimamente interessado em verificar de que modo me enlaçava nele, fenômeno esse que muitas vezes me ocorre, mas não sempre.

Dr. Bezerra de Menezes estava ao meu lado, comunicando estar disposto a levar-me ao encontro de Zeca. Senti uma alegria e uma surpresa que palavra alguma consegue descrever.

Dr. Bezerra tomou-me pela mão, como um pai ao filho. Entramos num veículo, que não saberia descrever, porque me achava mais contente em estar com ele e mais contente ainda em rever Zeca que interessado em analisar a  máquina que nos conduziria.

Depois de pequeno espaço de tempo, chegamos a Pedro Leopoldo, à frente de sua casa, Zilica. Percebi nitidamente que era madrugada. Olhei o céu estrelado, pensei nas noites em que ficara ao lado de Zeca e de outros amigos em nossas tarefas de assistência e, ansioso por revê-lo, em minha plena consciência, senti uma emoção no peito, como se minha alegria fosse dor, em que a saudade e o contentamento já não fossem sensações que a gente experimente na Terra. Comecei a chorar de dor, de felicidade, mas Dr. Bezerra de Menezes alertou que, se eu quisesse ver o amigo, enxugasse os olhos e tivesse calma. Procurei refazer-me como um aluno que se envergonha de não estar correspondendo à expectativa do professor. Então, seguimos eu e Dr. Bezerra para frente.

Passamos por sua casa e, seguindo o orientador, reconheci que ele me levava para a sede do Grupo Scheila.

Entramos. Na pequena construção, várias pessoas – espíritos amigos – trabalhavam, porém Dr. Bezerra aconselhou-me a não dar atenção a eles e, sim, a Zeca, para que eu pudesse guardar na memória tudo que ele me dissesse.

Zeca estava sentado numa cadeira, sem o paletó – percebia-se que estava bem à vontade. Quando deu com os olhos em mim, notei que a mesma surpresa o dominava, mas, instintivamente – auxiliado magneticamente por Dr. Bezerra, sem que o soubesse – conteve-se e cumprimentou-me sorrindo, com alguma tristeza, mas sorrindo valorosamente.

Sem que Dr. Bezerra me explicasse a conduta que deveria ter, por minhas experiências anteriores, reconheci que deveria proceder com muita discrição e prudência. Não abracei Zeca, como queria, porque sabia que o contato de meus braços o faria sofrer. E pelo seu olhar, concluí que também não me abraçava pela mesma razão.

Disse a ele que me achava fora do corpo, conscientemente, sob a proteção dos bons espíritos e que desejava expressar-lhe o carinho de todos nós, seus amigos chocados com sua ausência.

Sentei-me quase junto dele, em outra cadeira. Ele pronunciou palavras de agradecimento e igual carinho. Perguntei-lhe se estava ciente do que havia acontecido. Sorriu-me com o otimismo que nós tão bem conhecemos e afirmou que sim, que sabia de tudo.

- “Chico, você não pode nem imaginar! Eu saí do corpo com violência, assim como uma pessoa que recebe um tiro!... Você já pensou, que coisa esquisita? Como devemos estar preparados!... E por mais que a gente se prepare, a surpresa ainda é grande!”

Entabulamos conversação, que eu percebi estar sob o controle de amigos espirituais, para que ele não tivesse choques. Informou-me que estava ali, no Grupo, em refazimento, e que ainda não tinha se afastado do ambiente das orações e tarefas espirituais para ser preparado, a fim de acompanhar os benfeitores que o assistiam na mudança de plano. Afirmou também estar em plena consciência de tudo e que, dia a dia, notava-se mais leve, de corpo espiritual menos denso, de modo a poder respirar em outra atmosfera.

Perguntei se estava enxergando os espíritos em tarefas de auxílio e ele informou-me que apenas sentia a presença deles pelo tato, pelas emoções e pelos ouvidos, mas que através dos olhos ainda não. Precisava adestrar mais firmemente os olhos para isso. Indaguei se ele sabia me explicar melhor o assunto e ele me disse que ouvira a voz de D. Georgina, recomendando calma, que somente as pessoas que ficam acamadas, em maiores dificuldades do corpo, antes da desencarnação, é que podem desfrutar imediatamente de todos os sentidos físicos e espirituais. Sua visão espiritual deveria ser restaurada devagar.

Disse que ninguém no mundo pode avaliar o que se seja a alegria de reencontrar os entes queridos depois da morte e o que seja a dor de deixá-los. Que ele não sabia explicar o que era a felicidade de ouvir D. Georgina e sentir as mãos dela o auxiliando, como quando era criança! E nem como explicar o sofrimento de separar-se de você e dos filhos, mas podia afirmar que os amigos espirituais davam-lhe a certeza de que, muito em breve, estaria em espírito junto de você e dos filhinhos, como sempre, para encorajá-los e estar com eles.

Disse estar em orações constantes, rogando a Jesus forças para restaurar-se depressa e sustentar a esposa querida em suas tarefas, sem interromper a união santa em que vocês sempre viveram.

Conversamos muito sobre as sensações e esperanças que estava experimentando. Ele, entusiasmado, me contava tudo o que acontecia e ouvia, desde a separação do corpo. Zeca, em tudo o que me dizia, não estava alegre, nem triste. Estava sereno e nós dois entremeamos a conversa de notas pessoais, discretamente, acerca disso ou daquilo, como sempre ocorria ao trocarmos impressões.

Ele não via o Dr. Bezerra. Este me fez um sinal, como a dizer que meu tempo estava terminado.

Perguntei se desejava algo de mim:

- “Chico, se puder, dê notícias minhas a Zilica. Sei que estamos juntos e que posso falar em nosso Grupo, mas desejo que conte a ela come está me vendo!... Diga a ela que Jesus não há de nos desamparar, que tenha fé e paciência. Que seja forte e que nossas tarefas continuem, é tudo que desejo de coração porque se Zilica mantiver-se forte e animada, fortaleza e ânimo não me faltarão!... Fale com ela que confio em Deus, que confio nela e em nossos filhos... nossos filhos são bons e vão sustentar nossos ideais, todos serão trabalhadores de Jesus, como têm sido até hoje!... Peça a ela que os abençoe, seja qual for a crença em que estejam e confie neles sempre, como sempre confiarei! Dê também, Chico, meu abraço a todos os irmãos!...”

Vendo que nosso encontro realmente ia terminar, indaguei-lhe:

- Zeca, e pra mim? Que me fala você? Fale algo que me oriente, que me auxilie! Você está entre os bons espíritos, Zeca, e nós estamos na Terra! Fale algo para mim, que devo carregar minhas faltas e imperfeições, no corpo do mundo!...

Ele sorriu, me olhou, querendo me abraçar, sem poder, e disse:

-“Chico, nós dois somos companheiros da mesma escola, alunos da mesma lição! Pelas poucas horas que tenho de experiência fora do corpo, digo-lhe que a maior felicidade de alguém é fazer o bem e sofrer com paciência por amor ao bem que Jesus nos ensinou a fazer aos outros! Compreenda sempre que a caridade é a linguagem pela qual as preces das pessoas são ouvidas, quando se dirigem a Deus!... Veja irmãos em todos os lugares, Chico. Nós todos somos filhos de Deus, sem diferenças de religião. Quanto mais se necessita, mais serviço nós devemos prestar. Não perca tempo se magoando! Ninguém ofende porque deseja, e quanto mais a criatura entra no conhecimento de Jesus mais tolerância e amor deve demonstrar! Não tenha medo, siga adiante, fazendo o melhor que puder! Logo que esteja em condições, estarei mais próximo de todos vocês. Confiemos em Jesus!”

Minha garganta estava embargada. Por mais que quisesse falar, não podia. Dr. Bezerra tomou-me pela mão novamente e saímos sem demora. Abracei o protetor querido, como a criança que procura proteção no peito de um pai, e chorei longamente. Vi que ele me conduzia ao corpo, em silêncio e, em poucos minutos, acordei, ou melhor, abri os olhos em meu corpo físico, continuando a chorar de alegria.

Permaneci deitado por mais de uma hora, refletindo na felicidade que a bondade de Deus havia-me permitido de rever Zeca, sob o amparo de Dr. Bezerra de Menezes.

Levantei-me, em seguida.

São quatro e meia da manhã. É o horário em que estou escrevendo estas notas, a fim de dar notícias delas a você, Zilica, e a Luiza, tão logo eu possa datilografar tudo o que está em minha memória.  - Chico.




 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita