MARIA ENY
ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
Lins, SP
(Brasil)
O reino de Deus,
na visão do
filósofo
Herculano
Os frutos da
terra
“Deus quer que a
riqueza se
espalhe no
Mundo. A riqueza
é a herança de
Deus e o
apóstolo Paulo
ensinou: ‘Somos
herdeiros de
Deus e
coerdeiros de
Cristo'. Ai
daquele que
pretender
empobrecer os
homens e
empobrecer a
Terra. Este
pequeno mundo
não foi lançado
na rota dos
mundos para se
tornar
miserável, um
mendigo do
Espaço. Seu
destino é a
grandeza
Universal, a
glória do
Infinito, a
riqueza
inumerável do
Céu.”...
“O Mensageiro do
Reino me disse
um dia:
– Pensais que
Deus é Deus de
pobres e
esfarrapados?...
Os mundos mais
próximos de Deus
são de
maravilhosa
riqueza,
transbordantes
de cintilações.
Não vistes a
descrição da
Jerusalém
Celeste no
Apocalipse? O
Reino é rico,
mas a riqueza do
Reino é
abundante e
impessoal. O que
faz a pobreza é
a riqueza
pessoal. Há um
caruncho da
alma: o egoísmo.
Esse caruncho
destrói a maior
riqueza do
Universo que é o
Espírito, quando
o homem se julga
dono pessoal dos
frutos da
terra.” –
Cap. III do
livro O Reino
– OS FRUTOS
DA TERRA, de
Herculano Pires.
(Ver questão 711
de O Livro dos
Espíritos.)
Continuamos
nosso estudo da
obra O Reino,
do eminente
escritor,
filósofo,
jornalista e
espírita José
Herculano
Pires.
Herculano
aproveita a
lição da árvore,
que não guarda
os frutos para
si, mas os
utiliza para
semear e
sobreviver,
produz em
abundância para
pássaros e
vermes, colabora
com os ventos e
perfuma a
atmosfera. Maria
de Nazaré
exclama, segundo
a tradição no
Evangelho que
Jesus, o Senhor,
“depôs do trono
os poderosos e
elevou os
humildes; encheu
de bens os que
tinham fome e
despediu vazios
os que eram
ricos”. Indaga o
escritor que
estudamos: “Que
são os bens
senão os frutos
da Terra? Maria
previu em sua
intuição de mãe,
inspirada pelo
Espírito, a
redistribuição
dos frutos da
terra, para que
o Amor e a
Justiça do Reino
triunfem entre
os homens... Que
direito tem um
homem de cercar
uma árvore ou
muitas árvores,
de torná-las
suas escravas
particulares, de
arrebatar-lhes
sistematicamente
os frutos para
transformá-los
em riqueza
pessoal? A
riqueza dos
frutos é para
todos”.
Os que
entesouram só
para si, escreve
o filósofo, se
organizam em
associação,
trustes,
monopólios.
Pegam os frutos
das árvores, os
frutos da terra,
os minérios, os
frutos dos rios
e mares, os
peixes e
mariscos, sugam
os lençóis
subterrâneos, e
de tudo fazem
moedas ingênuas,
com as quais
escravizam os
outros, exploram
povos,
multidões, e
ainda se acham
benfeitores...
Subvertem
regimes, alteram
governos,
tripudiam sobre
os povos. Mas,
conforme ensina
Jesus: um dia
Deus lhes vem
pedir a alma
tola e apaga das
gerações a
memória
mentirosa que
quiseram formar.
O homem do
futuro, o
habitante do
Reino, entenderá
que a sua alma,
o seu Espírito,
é a sua maior
riqueza. Que é
seu espírito que
merece ser
cultivado,
educado,
burilado. É seu
espírito que ele
deve enriquecer,
sua alma precisa
entender todas
as coisas do
mundo para usar
seu trabalho e
conhecimento em
benefício de
todos.
De novo, O
Mensageiro do
Reino, que está
presente em cada
capítulo,
ensina: “Os
frutos e as
pedras da terra
devem servir aos
vossos corpos na
medida do
necessário, mas
podeis
convertê-los em
estrelas e sóis
pela magia do
Espírito. Não
existe mais bela
alquimia. Sede
os alquimistas
da caridade!”.
Diversamente do
que nossa mente
viciada por
séculos de
tradição
religiosa
católica,
evangélica,
orientalista, ou
islâmica, possa
interpretar esse
ensino
angelical,
também contido
em O Livro dos
Espíritos, ser
alquimista da
caridade não
significa fazer
caridade com o
que for sobrando
de nossa fortuna
pessoal. O
alquimista da
caridade sabe
que a função
social de sua
empresa está
acima de seus
interesses
pessoais e
procura, como
mostramos no
estudo anterior,
dividir, com os
que trabalham e
o auxiliam a
enriquecer, os
frutos do
trabalho, o
possível do
lucro. Não se
julga melhor do
que ninguém por
ser mais capaz e
melhor gerente,
com maior visão
ou maior
capacidade de
trabalho. Sabe
que tudo é de
Deus e que suas
posses são
apenas o
momentâneo poder
que lhe é dado
para distribuir
com todos os que
também laboram
transformando o
mundo e a vida.
Cap. XVI –
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
item 10.
Assim, conforme
ensina o
Mensageiro do
Reino, não
entesouremos
nada em prejuízo
dos outros. Tudo
o que
possuirmos,
só será legítima
propriedade
nossa se for
adquirida sem
prejuízo de
outrem,
ensinam os
Mensageiros da
Luz em suas
Instruções em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.