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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 257 - 22 de Abril de 2012

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)
 

Renovação com Jesus
Toda obsessão tem alicerces na reciprocidade

“Renovação com Jesus  é reconstrução de vida a benefício de todas as vidas.”  Eurípedes Barsanulfo.

 
Dentre as muitas e imperecíveis lições aplicadas pelo Meigo Pegureiro – há dois milênios – destaca-se, sem sombra de dúvida, de maneira fulgurante, a Lei de Amor.

Os campos sáfaros das Almas somente serão renovados transmudando-os em terra fértil, a partir do momento em que nos decidirmos pela adoção incondicional e plena dessa Lei Maior, que é a Lei da não-violência, da suavidade, da brandura, da serenidade, da persuasão, da mansuetude, da docilidade...

Essa Lei deve vigorar em todos os departamentos da vida de relação, mas, no âmbito dos trabalhos de desobsessão, torna-se fator imprescindível para o desatamento dos grilhões que aprisionam verdugos e vítimas entre si.  

Segundo Áulus, toda obsessão tem alicerces na reciprocidade.

A Lei do Amor e seus corolários agirão sempre não só como terapêutica eficiente no equacionamento dos pungentes e intrincados dramas obsessivos, mas também como excelente profilaxia, como fator de higiene espiritual.

Os Benfeitores Espirituais, através dos livros especializados que constituem as obras subsidiárias da Doutrina Espírita, já demonstraram amplamente a necessidade do comedimento no tratamento e erradicação dos liames obsessivos, onde não se pode cortar os doloridos laços de ódio de maneira atabalhoada, mas, sim, desatá-los com o algodão da misericórdia e do amor.

Casos de obsessão existem que atravessam milênios de interação psíquica perniciosa, extremamente danosa para ambas as partes em regime de nefasto litígio. Não será num golpe repentino e “miraculoso” que casos tais serão sanados de forma satisfatória. Há que se ter paciência, tirocínio, perspicácia, ciência e extremado amor...

É necessário o perfeito conhecimento de toda a trama que se desenrola ao sabor das reuniões hebdomadárias. Assenhoreando-se da situação em sua totalidade, o doutrinador chegará, então, ao ponto sensível da questão. 

No livro “Entre a Terra e o Céu”, da série André Luiz, psicografado por Chico Xavier, encontramos um exemplo típico de uma desobsessão realizada no molde espírita-cristão: Odila, desencarnada, atormentava Zulmira, encarnada.

Aquele Espírito atormentado julgou que a outra tomara o seu espaço no coração de Amaro, além de, pela negligência maldosa e arbitrária, ter permitido a morte de seu filho, por afogamento.   O ódio era, portanto, profundo, total, alimentando grande desforço da parte da desencarnada. Em virtude da irradiação constante do ódio que emanava de Odila, a saúde de Zulmira periclitava...

Acompanhemos o desfecho da desobsessão exarado no final do capítulo vinte e três da obra citada e observemos o amor, a suavidade, a argumentação veiculada no carinho com que Clara, a afetuosa Mentora, renovou aquele Espírito atormentado para as claridades da paz interior com Jesus:

“Não me fales assim!” – imprecou a interpelada, com evidentes sinais de angústia – “odeio a infame que nos roubou a felicidade...”

- “Odila, reflete! Esquece-te de que a mulher é sempre mãe? O túmulo não restituirá o corpo que a terra consumiu e, se desejas recuperar a ternura e a confiança do companheiro que deixaste na retaguarda, é preciso amá-lo com o Espírito. Modifica os impulsos do coração! Não suponhas Amaro capaz de querer-te transtornada qual te encontras, entre as farpas envenenadas do despeito, caso chegasse, de repente, até nós...”

– “Ela matou meu filho!...”

– “Como podes provar semelhante acusação?”

– “A intrusa invejava-lhe a posição no carinho de Amaro.”

– “Sim”, concordou Clara, afetuosa “admito que Zulmira assim se conduzisse. É inexperiente ainda e a ignorância enquanto nos demoramos na Terra pode impedir-nos a visão,  mas não seria justo, tão-somente por isso, atribuir-lhe a morte do pequenino... Medita! A verdadeira fraternidade ajudar-te-á a sentir, naquela que te sucedeu no lar, uma filha suscetível de recolher-te o afeto e a orientação...

Em lugar de forjares uma inimiga na sinistra bigorna da crueldade, edificarás uma dedicação nobre e leal para enriquecer-te a vida. Retirando a luz do teu amor das chamas comburentes do inferno do ciúme em que padeces pela própria vontade, serás realmente para o homem querido e para a filha que clama por tua assistência uma inspiração e uma bênção!...”

Talvez porque Odila, quase vencida, simplesmente chorasse, a Mensageira afagava-lhe os cabelos, acrescentando:  – “Sei que sofres igualmente como mãe atormentada.   Recorda, contudo, que nossos filhos pertencem a Deus e, se a morte colheu a criança que estremeces, separando-a dos braços paternais, é que a Vontade Divina determinou o afastamento...”

A Mensageira amimava-lhe a fronte, dando-nos a impressão de que a submetia a suaves operações magnéticas... Depois de alguns instantes em que apenas ouvíamos o soluço de Odila, transformada, a venerável amiga acentuou: – “Por que não te dispões a clarear o próprio caminho, a fim de reencontrares o teu anjo e embalá-lo, de novo, em teus braços, ao invés de te consagrares inutilmente à vingança que te cega os olhos e enregela o coração?”

Clara, certo alcançara o ponto sensível daquela alma atribulada, porque a infortunada mãe, qual se arrojasse para fora de si mesma todos os pesares que lhe senhoreavam os sentimentos, gritou, como fera jugulada pela dor: – “Meu filho!... meu filho!...”  E seu pranto convulsivo se fez mais angustiado, mais comovente... A Emissária do Bem abraçou-a fraternalmente e, com maternal carícia, falou-lhe: “Rejubila-te, irmã querida!  Grande é a tua felicidade!  Podes ajudar e isso representa a ventura maior! Nada te impede de auxiliar o companheiro da experiência humana, ao alcance de tuas mãos, e basta uma prece de amor puro, com o testemunho de tua compreensão e de tua piedade, para que venças a reduzida distância entre o teu sofrimento e o filhinho idolatrado!... Há vinte e dois séculos espero por um minuto igual a este para o meu saudoso e agoniado coração, de vez que os meus amados ainda não se inclinaram para mim!...

A voz de Clara parecia mesclada de lágrimas que não chegavam a surgir.

Dominada pelas vibrações da Mensageira Celeste, Odila agarrou-se a ela, prosseguindo em choro convulso, enquanto a instrutora repetia com desvelos de mãe: – “Vamos filha! Vamos à procura de nossa renovação com Jesus!...”

Amparando-a, Clara conduziu-a para fora, colada ao próprio peito.

Junto de nós, Clarêncio informou: “Agora Zulmira poderá recuperar-se. A adversária retirou-se sem a violência que lhe prejudicaria o campo mental”.

Notemos que o trabalhador das tarefas desobsessivas deve reunir as condições necessárias para o trabalho a ser realizado. Além da competência exigida, preciso observar o momento psicológico ideal para desligar as partes em litígio dentro do processo obsessivo.

Observamos que o despreparo do trabalhador, muitas vezes, provoca a intervenção dos Mentores Espirituais no sentido de retardar o desligamento das vítimas do processo obsessivo, a fim de que não haja uma ruptura violenta e danosa tanto para o encarnado quanto para o desencarnado envolvidos.

No capítulo três da obra citada temos a evidente demonstração disso: Quando Hilário e André Luiz observaram a ação perniciosa de Odila contra Zulmira, instintiva e inocentemente, abeiraram-se da Entidade desencarnada para afastá-la com a presteza possível, mas o Instrutor, generoso, deteve-lhes o gesto, dizendo: – “A violência não ajuda. As duas se encontram ligadas uma à outra. Separá-las à força seria a dilaceração de consequências imprevisíveis. A exasperação da mulher desencarnada pesaria demasiado sobre os centros cerebrais de Zulmira e a lipotimia[1] poderia acarretar a paralisia ou mesmo a morte do corpo...

A questão nesta casa surge realmente melindrosa...  É necessário buscar alguém que já tenha amealhado na alma bastante amor e bastante entendimento para conversar com o poder criador da renovação”.

Atentemos, agora, para maior compreensão do tema, no diálogo[2] estabelecido entre o Mentor Áulus e Hilário ante outro caso de terrível obsessão, quando este pergunta entre aflito e perplexo com o drama: – “Por que não separar de vez algoz e vítima?”

– “Calma, Hilário!” ­– ponderou o Assistente –, “ainda não examinamos o assunto em sua estrutura básica.  Toda obsessão tem alicerce na reciprocidade. Recordemos o ensinamento de nosso Divino Mestre. Não basta arrancar o joio: É preciso saber até que ponto a raiz dele se entranha com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro. Não há dor sem razão. Atendamos, assim, à lei de cooperação, sem o propósito de nos anteciparmos à Justiça Divina”.

Hilário volta a perguntar: – “Todavia, para colaborar em favor desses irmãos em desespero, será suficiente o concurso verbalista?”

Responde sabiamente o Mentor: – “Não lhes estendemos simplesmente palavras, mas acima de tudo o nosso sentimento. Toda frase articulada com amor é uma projeção de nós mesmos. Portanto, se é incontestável a nossa impossibilidade de oferecer-lhes a libertação prematura, estamos doando, em favor deles, a nossa boa vontade, através do verbo nascido de nossos corações, igualmente necessitados de plena redenção com o Cristo.

Analisando o pretérito, ao qual todos nos ligamos através de lembranças amargas, somos enfermos em assistência recíproca.   Não seria lícito guardarmos a pretensão de lavrar sentenças definitivas pró ou contra ninguém, porque, na posição em que ainda nos achamos, todos possuímos contas maiores ou menores a liquidar... Para o cuidado fraterno de que dava testemunho, a doente e o perseguidor mereciam igual carinho”.

A Doutrina Espírita é riquíssima de variegados ensinamentos. É, portanto, imprescindível o estudo perseverante, continuado, sistematizado, para que o trabalhador adestrado nas sutilezas e meandros dos intrincados dramas obsessivos possa realmente atuar de forma digna, equilibrada, adequada e efetiva na libertação abençoada de algozes e vítimas e na definitiva renovação das almas com Jesus.


 

[1] - Verbete: síncope - 1. Medicina.  Perda temporária de consciência devida à má perfusão sanguínea cerebral, alteração na composição do sangue que irriga o encéfalo, ou a alterações no padrão de atividade do sistema nervoso central, devidas a estímulos que chegam a esse sistema. [Sin.: lipotimia, delíquio, desmaio, (pop.) fanico, chilique, passamento.

[2] - André Luiz/Xavier, F.C. “Nos Domínios da Mediunidade” – Capítulo 23.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita