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Crônicas e Artigos

Ano 6 - N° 256 - 15 de Abril de 2012

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 

Nos tempos após


Conversávamos em nosso grupo de estudos e preparações. Estávamos felizes. Enfim a tão esperada oportunidade de renascer surgiu-nos como proposta divina. Quantas vezes a tivemos e quantas vezes as jogamos ao léu, como se joga um lencinho de papel ao chão, ao relento, ao nada.

Sabe-se na Terra o quanto é difícil reencarnar. O quanto nos custa ser avaliados para depois sermos aceitos. As reencarnações futuras não terão mais a compulsoriedade como instrumento para alavancar almas desanimadas ou em contínuos erros. Somente renascerão os aptos a construírem sociedades equilibradas e dentro de padrões éticos que impulsionem definitivamente a moral. Nosso grupo preparatório enquadrava-se aí. Renascendo, não nos seria permitido erros primários. As reencarnações futuras terão esta proposta. O que nos deixava apreensivos era a constituição humana em seus parâmetros de ação. Ainda o homem não resolveu suas questões íntimas e pessoais. Ainda não se coloca como artífice da própria evolução. Ainda se tem como um ser apenas sobrevivente. Nós não poderíamos entrar por esses vieses de comportamentos, de ideologias, de perpétuas posturas errôneas. Nosso grupo renasceria para vencer. Era a proposta.

Desde sempre a humanidade teve as informações necessárias para os renascimentos. Não houve ninguém que reencarnasse em qualquer época da história, que não trouxesse consigo um aval do mundo maior. Que não trouxesse em si as premissas das vitórias espirituais para as quais renascia. Mesmo que em regimes civilizatórios primários, mesmo que inda necessitasse conquistar territórios, mesmo que as lições iluminadas dos planos superiores não pudessem alcançá-lo de imediato. Era, contudo, uma preparação. Eram conteúdos a se avolumar, enriquecendo mentes e corações. Nosso grupo também tinha histórias assim para contar. Tantas vezes de lanças em riste avançamos céleres e celerados, matando, destruindo, conspurcando direitos, envolvendo-nos seriamente com a discórdia. Recebemos os frutos daquelas sementes plantadas. Choramos e nos culpamos. Arrependemo-nos e nos colocamos ao dispor das intempéries para corrigir caminhos. Assim é com todos aqueles que lançam espinhos onde deveriam lançar as rosas. Deus nos cria como sementes divinas. Para florescermos continuamente, para não nos permitirmos as posturas indébitas nos parâmetros do processo da evolução. Um pecadinho aqui, um errinho ali, um deixar para depois acolá. Tudo isto vai se somando e, quando vemos, há um muro cheio de urtigas e lodos.

Bem ao conhecimento geral, estas reflexões são apenas para mostrar que todos podem, por um tempo, perambular por ondas onde deveriam surfar elegantes e competentes. Lá vem, contudo, o grande dia das arrumações. É necessário aprumar o Espírito para que olhe o infinito na busca definitiva de Deus. Era assim que nos sentíamos naqueles momentos. Espíritos calejados da dor em busca de oásis para novas fertilizações. Nosso oásis seria o plano físico da Terra, tão desgastado, mal amado, desnorteado por apologias estranhas. Não nos competia julgar a história e os homens que a compuseram. Também tínhamos nossa participação no contexto geral. Não nos cabiam escolhas pessoais de nações, continentes, ares e culturas. Seríamos conduzidos pela sabedoria divina onde fosse mais adequado às nossas necessidades atuais. Ali, deixamos de ser crianças choronas e frágeis, pedindo colo e proteção. Ali éramos fortes, valentes, empunhando o bastão das bem-aventuranças que deveríamos alcançar.

Naquela manhã em especial, recebemos a visita de alguém de extrema importância dentro do trabalho de Jesus. Não vinha apenas das alturas, da esfera das governanças planetárias, vinha também das regiões umbralinas onde visita constantemente levando a luz da sua presença, a paz da sua palavra. Espíritos assim não se isolam em seus casulos alcandorados de magnas benesses. Vão até o sofredor, o perdido, o andarilho para indicar caminhos, estimular corações. Chegamos bem cedo à instituição que nos acolhia para os estudos preparatórios. Formávamos um grupo de duzentos pretendentes à reencarnação. Cem homens e cem mulheres. Duas centenas de almas que se juntaram fazia quinze anos e que, estimulados pelas promessas de Jesus, colocaram-se ao dispor do trabalho e do estudo para formar um contingente efetivo de soldados do bem. Adentramos o salão nobre. Sentamo-nos em nossas poltronas previamente marcadas. Os da frente tinham compromissos maiores. Os do meio seriam os intermediários das ações e os últimos os sustentadores das mesmas. Um exército, pois. O comandante renasceria primeiro e nos aguardaria um a um, para de novo agruparmos num futuro pré-estabelecido. Marina Sales tocou ao piano melodias encantadoras. Nossa irmã renascerá no final deste século para as músicas do futuro. De olhar terno e mãos delicadas transportou-nos a regiões superiores da consciência através das notas que harmonizava ali, perante nós. Era uma canção jamais composta. Era para nós, era para o nosso visitante. Os sons evoluíam naquele ambiente e evoluíamos com eles. Ah, o poder da música! Ah, o poder da música celeste! Bendito futuro que nos aguarda!

Perdemos a noção do tempo. Lágrimas com certeza rolariam em nossas faces. Sonhos não faltariam. E todos nos demos as mãos e cantamos uma letra que alguém iniciou e todos deram continuidade. Era o entrelaçar de almas que ao estímulo inicial das notas tiradas ao piano, compuseram um poema, proposta do renascer. As luzes em formatos diversos fizeram-se presentes envolvendo-nos, balsamizando-nos. Poucos conhecem a luz. Difícil descrevê-la em suas magnas nuances. Ao término daquele concerto de duas centenas de almas, mais uma, estávamos em êxtase. Uma voz suave e terna surgiu e era do tamanho de todo aquele esplendor:

– Assim serão as reuniões das almas no futuro que virão para o plano físico da Terra.  Descansamo-nos naquela suavidade. De olhos fechados imaginamos o futuro. Uma relva, pássaros, árvores bem vestidas em suas folhagens, lago doce e sereno, pessoas contritas em profundo recolhimento e a brisa a perpassar corpos inundando-os de cálida paz. Multicores balouçando quais dançarinas enérgicas e plenas no ato de encantar. E a voz suprema de Jesus, confortando e alinhavando épocas inda mais felizes. Quem éramos nós? Quais feitos nos granjearam aquele momento? Era a pergunta geral em face de tantas dádivas. – Sois daqueles que deixam para trás as torturas de um ego inferior, em desalinho e corrompido e buscam a Deus, em regime de perfeita comunhão.

Lentamente abrimos nossos olhos. Entreolhamo-nos e nos felicitamos. As belezas ali se confundiam. Homens e mulheres desapareceram, surgiram almas, Espíritos em busca de si emergindo das profundezas abismais que um dia escolhemos por morada, mas que agora ficariam para trás. – Sois partes da Criação. A ela deveis vossos concursos eficazes. Há o tempo para ser menino e menina. Há o tempo para crescer. Eis, agora, a vossa proposta.

Vimo-nos crianças correndo em busca de algo que nunca encontrávamos. E íamos de lado a lado, lugar a lugar e não nos plenificávamos. Tudo era pouco, vazio, esparso. Toda a graça terminava ao contato das nossas mãos com o objeto cobiçado. Objetos pequenos, efêmeros que se esvaíam. Ouros que se tornavam pó, fumaça, névoa e desapareciam deixando-nos perplexos, à deriva, saltando como se salta na tentativa de pegar nas mãos as bolas de sabão que flutuam e vão e estouram e nos esvaziam. Depois os risos desengonçados, o saltitar de corpos, muitos seminus, prontos para as enfermidades. A troca insalubre das energias deletérias à guisa de prazeres temporários, infiéis, irresponsáveis. As mútuas acusações. Os regimes parcos das diferenças sociais. A fome, a miséria, mas o balançar frenético ao som de notas desatentas e de cadências confusas que em nada enfeitam a vida para suas plenitudes. Tudo isto passou como um bólido em nossas mentes, ao som daquele piano e à melodia daquela voz amena mesmo que forte e sincera.

– Aprumai-vos. Novos corpos os aguardam. Respeitai-os. São frágeis e podem fenecer se não souberem bem conduzir-vos neles.

A canção acelerou um pouco, bem como nossos corações. Vimos-nos belíssimos; moços e moças e nos olhamos. Éramos cheios de graças. Nunca a beleza foi tão manifesta aos nossos sentidos em se tratando de corpos, templos da divindade. As moças eram divinas deusas, os moços, Apolos da sábia mitologia. Não nos desejamos, apenas nos felicitamos. Qual ali o mais belo ou bela? Todos o eram. Não havia disputas sobre beleza. Beleza o é, foi e será em todos os tempos. O belo é concepção espiritual de cada alma. O belo é luz que surge para endireitar caminhos, conduzindo transeuntes. – Não mais descereis como outrora o faziam quando das reencarnações transatas. A Terra doravante será para os mansos e pacíficos. Ela atingiu novo grau cósmico. Então subireis aos planos dos ajustes em estagiando no corpo físico.

Nossos corações bateram fortes. Ouvimos seus ruídos. Uma onda de harmonia perpassou-nos. Não era uma harmonia passiva e sim a harmonia que acelera ideais. Sentimos vontade enorme de renascer e ser entre os seres os mais ágeis na arte das transformações. Erigir coisas e causas novas. Plantar novas sementes – colhê-las depois e distribuir gratuitamente seus frutos para todos em igual proporção. As etnias desapareceram. As culturas quase se fundiram. As latitudes não separavam povos. Os continentes eram uníssonos ao comando geral de Jesus. Sua presença era para todos numa sequência feliz e agradecida. Novas academias surgiram. Respeitavam as academias do passado, porém tinham agora como princípio a absoluta certeza de Deus e as efusivas manifestações da vida em todo o Universo. Pelo campus transitavam flores ambulantes em busca da rega para seus frutos. E se respeitavam como tal, alunos entre si. Mestres entre si, alunos e mestres numa sinfonia onde os pássaros participavam como tenores, contraltos, baixos e sopranos. Também eles desejavam tempos novos para si e os teriam pela afirmação divina que traziam em seus gracejos. – Nada temeis. O comando geral é de Deus sob a proteção do Divino Cordeiro, Jesus. Apascentai vossas chamas. Conduzi-vos pelos caminhos do Evangelho do Senhor. Sede felizes. Sois partícipes da nova era.

Como aves soltamo-nos das nossas poltronas e nos abraçamos em pleno ar, quais voos alcandorados das aves em festa e nos fizemos cotovias, cantando em plena altura. Quem éramos, que nomes tínhamos? Nada importava ali. Éramos filhos de Deus. Sentimo-nos assim, responsáveis por nós e por todos. Ah! se todos vivessem aquele instante! Certamente o mundo veria a magia das transformações num piscar de olhos, quais movimentos que encantam olhares atentos sem nada entenderem. E os mágicos, em seus volteios rápidos e coerentes a olhar a plateia, apresentando-os à nova Terra! – Ide e pregai através dos vossos comportamentos. Somente eles terão a força para conduzir almas.

Fechamos os olhos. Sentimos nossas respirações. Acalmamos nossas volúpias. Nossas paixões atingiram a linha do equilíbrio. Éramos assim um grupo de almas qual oceano grandioso num justo momento das calmarias. Permitimos que os navegantes singrassem nossas águas puras e salutares. Éramos seus baluartes. Depois retornamos à posição de humanos cheios de coragem e vigor, revigorados que fomos pela certeza de Deus em nós.

A música cessou. Aquele momento era findo. Marina Sales levantou-se da banqueta. Tomou o rumo das suas necessidades. O visitante teria outras estâncias a visitar. Ficamos nós. Duas centenas de almas devidamente ungidas para o renascimento. Turbinados para as tarefas, prontos para espargir em nós e onde estivermos as glórias de um tempo após as tempestades do presente.

Não cansem de trabalhar e aguardar. Renasceremos. Depois retornaremos e voltaremos a renascer, nós e todos vocês. Formemos a corrente do bem a partir de já. Os tempos após serão regidos por almas após suas tormentas, após suas fraquezas, após seus desencantos. Os tempos atuais não prevalecerão. Aqueles que assim pensarem, haverão de fenecer. E serão mortos a cuidar de mortos, nalguma estância além, até os dias futuros dos grandes reencontros. Somos imortais pela proposta de Deus, sejamos também por nossas convicções próprias. É tempo de deixar o menino e a menina. É tempo de permitir-lhes os justos repousos, após tantos séculos a nossos serviços. É tempo das metamorfoses, de trocar as peles, de amadurecer tendões. É tempo de florescer onde Deus nos plantar, como disse o sábio. É tempo de rejubilar-se por ser parte ativa e integrante da Criação. É tempo de preparar-se para os tempos após.



 


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