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Clássicos do Espiritismo
Ano 5 - N° 255 - 8 de Abril de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

A Morte e os seus Mistérios

 Ernesto Bozzano

(Parte 4)

Damos sequência nesta edição ao estudo do livro A Morte e os seus Mistérios, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Francisco Klörs Werneck.

Questões preliminares

A. Que sensação os médiuns de efeitos físicos costumam registrar por ocasião dos fenômenos de transfiguração? 

A sensação relatada por muitos médiuns é uma espécie de formigamento e comichão em todo o corpo,  como se o médium estivera apertando com as mãos os dois polos de uma forte bateria elétrica. Segundo Bozzano, um bom número de médiuns de efeitos físicos acusa a mesma sensação, quer antes, quer durante a manifestação dos fenômenos. A Sra. D'Esperance aludia muitas vezes a essa sensação, que é como um prenúncio dos fenômenos, e com Eusápia Paladino ocorria o mesmo. (A Morte e os seus Mistérios, Caso 8.) 

B. Há médiuns que têm a faculdade de provocar fenômenos de assombramento no lugar em que se encontrem? 

Sim. Esse era o caso da médium Sra. Russell Davies, que possuía a pouco invejável faculdade de provocar fenômenos de assombramento cada vez que permanecia em alguma casa onde tivessem ocorrido, no passado, cenas de sangue. (A Morte e os seus Mistérios, Caso 9.) 

C. Que podemos entender por “transfiguração alternante”? 

Por “transfiguração alternante” entende-se o caso em que o mesmo Espírito vale-se de dois médiuns para produzir, em fenômenos sucessivos, a transfiguração, reproduzindo a efígie do seu próprio rosto. Dois casos desses foram relatados pelo Sr. R. M. Sidgwick. No primeiro caso, materializou-se por duas vezes a efígie do seu avô; a primeira vez, com a mediunidade da Sra. A. e a segunda, com a sua própria mediunidade. (A Morte e os seus Mistérios, Casos 10 e 11.) 

Texto para leitura 

48. O Caso 8 foi extraído do livro "Um caso de desmaterialização parcial do corpo de um médium", de Alexandre Aksakof, que reproduziu em sua obra o relato feito em um artigo da Srta. Killingsbury, publicado em "The Spiritualist", de 22-10-1876.

49. Eis o relato: "A Sra. Crocker, médium particular de Chicago, contou-me que há alguns meses, sob a direção de seu ‘guia’ espiritual, iniciou uma série de sessões para o desenvolvimento de uma nova fase de sua mediunidade, as quais se realizaram no seu círculo familiar. Uma noite, à luz das velas que ardiam no recinto e ao clarão da lua, sofreu uma transformação do seu rosto, que mudou de tamanho, forma e natureza, brotando depois sobre ele uma barba negra e abundante. Todos os assistentes viram a mesma transformação e o primo da médium, que estava sentado junto ao mesmo exclamou: ‘É o rosto de meu pai!’ - Desaparecida a manifestação, confirmou que se tratava da efígie perfeita do rosto paterno. Pouco depois, a médium se transformou em uma velhinha de cabelos brancos. Todas estas metamorfoses se realizavam sob os olhares dos presentes, que não deixaram de as observar um instante. Ela afirma que conservou sempre a consciência de si mesma, mas que havia experimentado uma sensação muito viva de formigamento e comichão em todo o corpo, tal como se estivera apertando com as mãos os dois polos de uma forte bateria elétrica..."

50. Esta alusão final da médium, que disse experimentar uma viva sensação de formigamento e comichão em todo o corpo, reveste grande importância do ponto de vista probatório, uma vez que bom número de médiuns de efeitos físicos acusa justamente a mesma sensação, quer antes, quer durante a manifestação dos fenômenos. A Sra. D'Esperance aludia muitas vezes a essa sensação, que é como um prenúncio dos fenômenos, e com Eusápia era habitual a mesma sensação. Quando durante as nossas experiências de três anos, em Gênova, com o Prof. Morselli, ouvíamos o médium acusar a sensação de comichão em todo o corpo, ficávamos na expectativa, pois sabíamos, por prática adquirida, que era o prelúdio da produção dos fenômenos. Repito, portanto, que do ponto de vista probatório essa espécie de detalhes secundários adquire não pouca importância em favor da legitimidade dos fatos, pois eles pertencem a um gênero que um médium fraudulento, como também um narrador infiel, não pensam em assinalar.

51. Sobre o caso, Alexandre Aksakof disse o seguinte: "Um argumento de peso em favor da legitimidade de tais manifestações consiste na consideração de que não só não se mostram contraditórias com o princípio de acordo com o qual se produzem os fenômenos de materialização, como constituem, ao contrário, uma espécie de fase inicial transitória, prestes a transformar-se em outra, sob a ação de uma força organizadora ignorada”.

52. O Caso 9 foi colhido no livro autobiográfico da médium Sra. Russell Davies “The Clairvoyance of Bessie Williams” (A Clarividência de Bessie Williams), publicado a conselho de sua amiga Sra. Florence Marryat. Nele, lê-se, entre outras coisas, que a referida médium possuía a pouco invejável faculdade de provocar fenômenos de assombramento cada vez que permanecia em alguma casa onde tivessem ocorrido, no passado, cenas de sangue.

53. Sucedeu então que, tendo a médium adquirido uma casa de verão, onde se alojara com sua família, não tardaram a manifestar-se fenômenos de assombramento muito importunos como sejam: ruídos insistentes de passos pesados, que deambulavam pela casa, de lutas e de combates violentos, seguidos de quedas de corpos ao solo.

54. Certa noite produziu-se um fenômeno impressionante de transfiguração do rosto da Sra. Russell Davies, descrevendo-a seu esposo nos seguintes termos: "Estava eu sentado à mesa da sala de jantar e minha senhora diante de mim, com o menino nos braços. De repente ela exclamou: ‘Sinto como se me tivessem ferido em um braço. Oh! que dor!’ Fiz-lhe observar: ‘Minha querida, são dores reumáticas’. Como não replicasse, olhei para aquele lado e notei que sua fisionomia se havia transformado horrivelmente e ficado embrutecida, adquirindo uma expressão de diabólica perversidade. Em lugar de minha esposa, sempre afável e sorridente, se achava diante de mim um velho repugnante, de fronte proeminente, cujos olhos de abutre se esquivaram ao meu olhar, com intenções furtivas que quase me faziam desmaiar de terror. Eu havia ouvido falar em fenômenos de ‘transfiguração’, porém jamais assistira ao desenvolvimento dos mesmos. Levantei-me apressadamente para acudir em auxílio do menino. O braço de minha esposa o foi deixando lentamente nos meus, ao mesmo tempo que a sua outra mão se estendia sinistramente para uma faca que estava sobre a mesa e que eu me apressei a pôr fora do seu alcance. Pouco depois minha senhora suspirou profundamente, e, com grande regozijo para mim, vi que o seu rosto voltava ao estado normal..."

55. Averiguou-se, logo depois, que alguns séculos antes aquela casa fora uma hospedaria cujo dono, quando se lhe mostrava propícia a ocasião, assassinava os hóspedes para roubá-los. Naturalmente, depois do referido fenômeno de "transfiguração", os Russell Davies apressaram-se em abandonar a casa.

56. Neste episódio, como em outros já relatados, dever-se-ia admitir que o fenômeno de "transfiguração" do rosto da médium no de um "velho repugnante, de fronte proeminente e com olhos de abutre", teve origem na combinação das diversas modalidades de produção que os mesmos fenômenos comportam: contração e adaptação dos músculos faciais, distribuição de ectoplasma ou subtração de substâncias vivas nas zonas a serem modificadas no rosto da médium.

57. Do ponto de vista da hipótese espírita, mostrar-se-ia sugestiva e instrutiva a causa determinante do fenômeno de "transfiguração", que se realizara pelo fato de encontrar-se a médium em um ambiente onde outrora haviam ocorrido vários crimes, ambiente que se tornou assombrado tão-somente devido à presença de uma "sensitiva" que, mediante seus "fluidos" exteriorizáveis, tornara possível a produção dos usuais fenômenos de assombramento, isto é, tornara possível a manifestação aos vivos, na forma que se mostrara realizável, dos protagonistas dos dramas que se verificaram em um determinado ambiente.

58. Os Casos 10 e 11 foram recolhidos pelo autor no número de julho de 1930 da revista inglesa “The Occult Review”, em que o Sr. R. M. Sidgwick relata uma série de experiências obtidas em seu círculo familiar com sua própria mediunidade combinada com a de uma senhora a quem denomina Sra. A. Entre outros, cita ele dois casos de "transfiguração alternante", nos quais se materializou duas vezes a efígie do seu avô; a primeira vez, com a mediunidade da Sra. A. e a segunda, com a sua própria mediunidade.

59. Eis o seu relato: "Numa tarde de inverno, fui visitar a Sra. A., que possui mui notáveis faculdades mediúnicas. Encontrei-a sentada junto ao fogão, onde ardiam alguns carvões, porém sem chama, irradiando em torno uma forte luz vermelha. A luz do dia havia desaparecido quase completamente, deixando o quarto em plena obscuridade, salvo um amplo círculo em volta do fogão. A Sra. A. se achava muito perto do fogo, de maneira que seu rosto aparecia vivamente iluminado. Conversamos durante um bom pedaço de tempo; logo fizemos uma pausa que se prolongou durante dois ou três minutos, após o que lhe fiz uma pergunta, sem obter resposta. Ao mesmo tempo notei que a minha amiga respirava ruidosamente e, olhando-a fixamente no rosto, verifiquei que sua fisionomia, assim como a sua respiração, não davam mostras de achar-se em um estado de sonolência normal. Fiquei, pois, à espera de alguma manifestação e, tal como ocorre com frequência em nossas experiências, a manifestação teve lugar; mas, por certo, mais distinta do que eu podia esperar. Enquanto eu vigiava atentamente a médium, percebi que o seu semblante ia lenta, mas positivamente, se transformando. O oval do rosto, as linhas, os traços da fisionomia já não eram os mesmos tão familiares para mim. Logo se produziu improvisadamente a transformação final, desaparecendo também o nariz aquilino da Sra. A., vendo-me eu diante de um rosto de homem. Com indescritível assombro reconheci nessa cara a reprodução perfeita do meu avô. Fiquei a tal ponto impressionado que deixei escapar um grito de estupor, o que determinou a instantânea desaparição do fenômeno e diante de mim ficou a Sra. A., já desperta, a qual se apressou a pedir-me desculpa por haver dormido, incorrendo em uma falta de atenção”.

60. Eis a parte final do relato: “Nada lhe disse de quanto havia ocorrido, pois eu esperava que esse fenômeno teria ulteriores desenvolvimentos e sabia por experiência que as manifestações adquiriam maior valor teórico quando o médium ignorava os antecedentes... Transcorreu algum tempo, e outra vez se produziu o inesperado... que, provavelmente, se realizou por ter-se reproduzido casualmente uma idêntica situação de ambiente. Com efeito, eu de novo me achava sentado ao lado da Sra. A., na sala de jantar, junto do fogão, onde ardiam vivamente, mas sem chamas, alguns tições, que irradiavam em torno uma brilhante luz vermelha. Achava-se então também presente a filha da Sra. A. Não tardou que eu notasse não serem as condições de ambiente inteiramente normais, sentindo um gelado sopro de ar que, baixando do teto, me envolvia a cabeça. Esta última circunstância, unida às demais sensações subjetivas, me induziu a vigiar atentamente o que estaria ocorrendo com relação à Sra. A.; reparei, porém, que por sua vez ela me fitava com uma expressão de grande assombro. Transcorrido algum tempo ela falou por fim, explicando que, alguns momentos antes, meu rosto havia desaparecido debaixo da máscara de outro rosto muito mais velho, de olhos claros e pele corada, com uma massa compacta de cabelos branquíssimos. Ao mesmo tempo, tivera a impressão subjetiva de que era meu avô que se manifestava. Sua filha, que estava sentada atrás de mim, nada havia visto, naturalmente, de tal transfiguração, mas ficara alguns momentos perplexa ao ver uma espécie de emanação de luz lunar em torno da minha cabeça. O que mais me surpreendeu em tudo isto foi o fato de a Sra. A. nada saber, em absoluto, a respeito de meu avô, apesar do que me descreveu com muitíssima fidelidade. Era, pois, inegável que lhe percebera a imagem. Estendi-me mais do que costumo fazer na descrição destas duas manifestações, não só porque pertencem a uma categoria bem mais rara e interessante, como também porque, no meu entender, das mesmas sobressai manifestamente o deliberado propósito de proporcionar-me a tão desejada prova da sobrevivência do Espírito humano. Da primeira vez fui testemunha do fenômeno; da segunda, porém, o foi a Sra. A. e isto quer dizer que houve dois testemunhos independentes, que assistiram ao mesmo fenômeno, com a formação do mesmo rosto de defunto, o que reforça notavelmente a prova exigida acerca da realidade objetiva do fenômeno em referência”.

61. Tais são as conclusões do relator e protagonista dos fatos e o significado probatório, que decorre da observação coletiva do mesmo fenômeno, é desta vez eficientemente reforçado pela circunstância, quiçá única, da sucessiva manifestação do mesmo defunto mediante a transfiguração dos rostos de dois médiuns.

62. Do ponto de vista da interpretação espírita dos fatos, mostra-se sem dúvida notável a primeira manifestação do defunto por um médium que jamais o conhecera e que ignorava o seu semblante: circunstâncias de fato estas que induzem a concluir que o fenômeno da transfiguração do rosto da médium no da entidade não poderia, desta vez, atribuir-se às "faculdades modeladoras" da subconsciência.

63. Neste ponto parece indispensável que eu me detenha em examinar o assunto nos limites que circunscrevem os denominados "poderes criadores" da subconsciência humana e isto com o fim de eliminar algumas opiniões errôneas a propósito, as quais não são apenas compartilhadas por nossos opositores, mas, sob certos aspectos, também pelos propugnadores da hipótese espírita. Entre estes últimos há, de fato, quem admite que os "Espíritos dos defuntos" estão em condição de tomar a "forma fluídica" ou a "forma materializada", animada e inteligente, de outro defunto, mistificando de tal forma os vivos, enquanto os opositores sustentam que o subconsciente do médium é capaz de criar fluidicamente ou materializar fantasmas animados e inteligentes de defuntos por ele conhecidos em vida, ou de defuntos também pelo médium desconhecidos, mas conhecidos de algum dos presentes (clarividência telepática ou telemnésia).

64. Ora, tudo concorre para demonstrar que estão em erro tanto os nossos antagonistas quanto certos espíritas, já que a análise comparada dos fatos demonstra, ao contrário, que os "Espíritos encarnados" como os "desencarnados" não estão em condições de exteriorizar ou de reproduzir outra forma fluídica ou materializada, animada e inteligente, que não a sua.  (Continua na próxima edição.)

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita