JOSÉ SOLA
jose_sola@terra.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
Eternidade e
infinito
Já temos definidas essas
possibilidades, o
universo é eterno quanto
Deus, e é infinito, pois
se o universo fosse
finito, como o pretendem
alguns astrofísicos, ou
astrônomos, Deus teria
que ser finito; como
seria possível ao Ser infinito,
fonte originária da
vida, no universo,
demorar-se contido em um
recipiente finito?
Entretanto a ciência
oficial não acredita na
existência de Deus, e,
portanto, não se demoram
preocupados com esta
premissa, pois se não
acreditam em Sua
existência, menos ainda
na possibilidade de ser
Ele infinito e eterno.
Embora alguns cientistas
afirmem que o universo
teve início a quinze
bilhões de anos, a
partir de uma grande
explosão, esta premissa
não responde nem mesmo a
lógica da astronomia, ou
da astrofísica.
Analisemos esta
possibilidade, de
maneira desapaixonada,
utilizando os parâmetros
da lógica e da razão, e
parâmetros da própria
ciência, pois a ciência
tem sem dúvida alguma
uma importância
relevante no estudo dos
fenômenos que compõem a
vida, e o universo
inteligente e majestoso
como se manifesta é o
maior fenômeno que
podemos observar, embora
nos demoremos ainda
limitados em nossa
capacidade de
observação.
Por princípio básico,
temos a contestar a
afirmação do início do
universo, a
quinze bilhões de anos,
pois o aglomerado de
matéria antes da suposta
explosão se encontrava
localizado no universo,
espaço, tempo, ou
infinito, então este já
existia, e temos que
considerar ainda que o
ovo cósmico era um corpo
de matéria densa,
existente; como explicar
o princípio do
universo, sendo que
existiam estes dois
momentos de ser do
mesmo, antecedendo a
este suposto começo?
E lembramos ainda que,
houvesse acontecido essa
grande explosão e ao
invés de formar-se o
Universo na modalidade
que o apreciamos,
haveria de ser formado
um buraco negro de
proporções ilimitadas,
pois a astronomia e a
astrofísica nos informam
que a força
gravitacional está em
relação ao quadrado da
distância da massa, e um
corpo com uma quantidade
de matéria que
possibilitasse formar o
universo possuiria uma
força gravitacional
infinita.
Verificamos em síntese
que a teoria da grande
explosão não responde
nem mesmo à lógica da
ciência, aliás, temos
alguns cientistas que
tampouco a aceitam, e,
para uma informação mais
completa e detalhada,
ver a revista
Espiritismo & Ciência
no. 84, cujo tema é O
Universo é Eterno, pois, neste
tema, eu extrapolo esta
possibilidade,
utilizando-me de
parâmetros da física e
da astrofísica, no
intento de demonstrar a
ilógica dessa premissa.
Para esclarecermos este
assunto, em que estamos
tratando de uma questão
tão complexa, como é a
Eternidade e o Infinito,
embora todos nós
espíritas aceitemos como
crença que o universo é
eterno, e que a evolução
vai ao infinito,
infelizmente temos nos demorado
em uma crença, muito
abstrata, indefinida mesmo,
levando alguns confrades
a aceitarem a criação do
universo da parte do
Criador. Na configuração
literal da expressão, se
Deus houvesse realmente
criado o universo, em um
momento qualquer da
eternidade, sendo eterno
como o sabemos, onde se
demorava antes de haver
concebido o mesmo. No
nada?
Extrapolando O Livro
dos Espíritos, no
capitulo da Criação,
atentos à letra,
entretanto esquecidos da
lógica, uma grande parte
dos espíritas, acredita
em um Deus que cria com
mãos e mente, um Deus
que está
externo ao
universo, localizado em
um recanto qualquer do
mesmo, seja no centro do
universo ou em um sol de
primeira magnitude,
entretanto, como já o
sabemos e estamos
procurando defini-lo
ainda melhor, o universo
é infinito, e como é que
poderemos definir o
centro do infinito? Deus
está no centro do
universo sim, não centro
espacial, mas centro de
irradiação e de atração,
e quanto estar
localizado em uma
estrela qualquer, se
assim fosse, Ele
deixaria de ser a causa,
para tornar-se um
efeito, pois todos os
mundos e sóis morrem, e,
quando da morte desses
mundos, teria que
mudar-se para outro.
Esta é a crença em um
Deus monoteísta, um Deus
que está externo ao
universo. Mas vamos
procurar equalizar as
questões d’O Livro dos
Espíritos a esta
premissa que
apresentamos:
Q. 37. O Universo foi
criado ou existe desde
toda a eternidade como
Deus? – “Ele não pode
ter sido feito por si
mesmo; e se existisse de
toda a eternidade como
Deus, não poderia ser
obra de Deus.” A razão
nos diz que o Universo
não poderia fazer-se a
si mesmo, e que, não
podendo ser obra do
acaso, deve ser obra de
Deus.
Q. 38. Como criou Deus o
Universo? – Para me
servir de uma expressão
corrente: por sua
vontade. Nada exprime
melhor essa vontade
todo-poderosa do que
estas belas palavras da
Gênese: Deus disse:
Faça-se a luz, e a luz
foi feita.
O Universo não foi
criado por Deus na
concepção estreita em
que compreendemos a
criação, pois, como
dito, nos temos demorado
a crer que Deus haja
criado o Universo a
partir do nada,
entretanto, o nada é
inconcebível, assim
sendo, o Universo em sua
manifestação de vida
teria que estar contido
em Deus, mas não deixa
de ser obra do Criador,
pois, em sua
manifestação de vontade
absoluta, exterioriza a
vida nas infinitas
modalidades de ser, e
isto é criação.
Deus é o Eu, razão
absoluta de todos os
atributos que se
manifestam na vida do
Universo, inteligência,
amor, sexo,
insaciabilidade e
infinitos outros, que
sequer podemos conceber,
e, manifestando sua
vontade, Ele criou e
cria eternamente, pois o
Universo é um eterno
vir-a-ser, é mutável,
variável, se demora num
relativo constante, nele
tudo se modifica e se
transforma. Desta forma,
podemos dizer que Deus
se demora ainda, e
demora-se eternamente a
criar o Universo, e esta
criação se fez, faz e
fará na manifestação de
sua vida através de sua
vontade, pois Ele se
demora no absoluto.
Temos nos detido à
letra, esquecendo-nos da
essência fenomênica que
encerra as revelações
apresentadas por Allan
Kardec em suas obras
básicas, e, com isso,
temos extrapolado de
maneira equívoca muitas
questões inseridas em O
Livro dos Espíritos, e,
por consequência, as
temos destituído da
lógica que estas
encerram. Tenho tentado
equalizar algumas
questões cuja
extrapolação apresentada
não suporta a lógica e a
razão, dentre muitas,
lembro a questão d’O
Livro dos Espíritos, em
que alguns espíritas
afirmam que o Espírito
não tem sexo. Não vou me
deter em detalhes, pois
escrevi quatro textos
sobre esta matéria,
textos estes que foram
publicados pela revista
Espiritismo & Ciência,
edição especial.
E quanto à questão da
criação, se
interpretarmos a
resposta apresentada
pelo Espírito da
Verdade, observando
literalmente a letra,
teremos que acreditar em
uma criação em que Deus
se demorasse ordenando a
vida, para que esta
acontecesse. Vejamos:
Deus disse faça-se a
luz e a luz foi feita.
Entendo que o Espírito
da Verdade se utilizou
desta expressão como uma
metáfora, pois, do
contrário, seríamos
levados a crer na
criação bíblica, em que
Deus criou a Terra, o
céu e tudo que nele
existe, em seis dias,
havendo descansado no
sétimo. Entretanto, como
uma metáfora, ela
responde perfeitamente a
questão, demonstrando
que o Criador manifesta
a sua vontade na obra da
criação.
A teoria de que o
Universo é finito, e
teve começo na explosão
do big bang a
quinze bilhões de anos,
atende aos interesses
dos ateístas, pois eles
pretendem provar a
inexistência de Deus,
mas, para nós espíritas,
esta teoria não tem
sentido, pois a vida se
manifesta inteligente,
e permite ser
analisada; os fenômenos
que a constituem se
repetem constantemente,
o que elimina toda e
qualquer possibilidade
de ser uma casualidade,
pois uma casualidade
aconteceria uma vez,
para jamais se repetir.
E mais, antecedendo aos
fenômenos que constituem
a vida no universo, se
manifesta um principio
inteligente que nos
obriga a estudá-lo,
criando teoremas e
fórmulas, para podermos
defini-lo. Como explicar
uma casualidade
inteligente que se
repete mantendo um
mecanismo inteligente e
invariável em sua
manifestação?
Sendo Deus eterno e
infinito como o
concebemos, é natural o
imaginemos a emanar a
vida na eternidade,
pois, quais as razões
que o levariam a
omitir-se de manifestar
a mesma, quais são os
motivos que o levariam a
demorar-se inativo em um
período da eternidade?
Torna-se inconcebível
esta possibilidade, pois
vida é inteligência, é
amor, é ação e reação,
enfim, a vida é Deus a
manifestar-se no
infinito do Universo.
Na eternidade do
Universo, que por
consequência é infinito,
pois estes dois momentos
de ser se completam e
complementam, é
impossível aceitar a
eternidade sem o
infinito. Fosse finito o
universo, e, na
eternidade, as
manifestações de Deus na
vida não encontrariam
campo de manifestação,
estaríamos limitando o
Ser Supremo em sua
manifestação infinita de
vida, e, por
consequência, o infinito
sem a eternidade não
encontraria campo para
manifestar-se, pois se
veria limitado pelo
tempo. Eternidade e
infinito se
complementam, um não
poderia acontecer sem o
outro.
Com esta visão de
eternidade e infinito,
somos levados a deduzir
que, sendo o Universo
eterno, e infinita a evolução,
existem Espíritos de
infinitas variedades
evolutivas, evolução
esta que nos escapa à
percepção, pois o
Espírito mais evoluído
que conhecemos é Jesus.
Entretanto, a lógica nos
diz que existem
Espíritos de uma
evolução que nos é
impossível imaginar,
tentar explicar seu
comportamento de vida.
É-nos impossível, porque
não nos é possível
expressar um momento
evolutivo que ainda não
se maturou, que está
contido em nossa
potenciação, como um
eterno vir-a-ser.
Por enquanto, esta
possibilidade nos é um
ignoto, é algo
maravilhoso, pois sequer
o podemos conceber de
maneira mais precisa,
entretanto, com a
maturação de nossas
potenciações de
inteligência e de amor,
passará a ser uma
naturalidade como o é
hoje nosso momento
existencial. Quando nos
demorávamos ainda
primitivos, se
pudéssemos ter um
vislumbre de nossas
vidas no momento
presente em que nos
demoramos, tampouco a
poderíamos explicar,
seria algo maravilhoso e
indefinido,
inacreditável mesmo.
Lembrando ainda que a
evolução não acontece
unicamente da parte do
eu inteligente, pois, em
fazendo um retrospecto
ao passado, em relação
ao próprio planeta em
que vivemos, nos
apercebemos da evolução
da Terra. Em seus
primórdios havia
calorias intensas,
seguidas de
resfriamentos bruscos, vulcões,
e outros fenômenos que
não permitiriam que a
vida biológica
acontecesse; a seguir,
surgiram árvores
imensas, os primeiros
habitantes do planeta;
os dinossauros eram
enormes revestidos de
uma couraça resistente
para poderem sobreviver,
e, a seguir, alguns
milênios depois surgiram
o homem Erectus e
Sapiens, o homem de Neandertal.
Desta rápida visão
do passado, fazendo uma
comparação com o
presente em que nos
demoramos, podemos nos
aperceber da presença da
evolução, a
manifestar-se na vida.
E o mecanismo da
evolução não se
manifesta apenas no
planeta Terra, está
atuante no todo do
Universo, pois é ele que
provoca a maturação da
substância, plasma
divino do Criador, ou
fluido cósmico, conforme
Allan Kardec.
Propiciando ao Universo
a condição de um eterno
vir-a-ser, é ele que
possibilita o nascimento
de mundos e sóis, seres
e criaturas, a vida no
Universo está em perene
evolução, tudo evolui.
Pelo que temos visto
através da doutrina
espírita, quanto mais
evoluído é o ser, mais
evoluído é o hábitat do
mesmo. Temos Nosso
Lar, que podemos
dizer que seja de uma
evolução mediana, e
André Luiz nos informa
ainda sobre Alvorada
Nova, uma outra colônia
mais evoluída, e assim
sucessivamente. Quanto
mais evoluído o
Espírito, mais evoluído
é o mundo, colônia,
enfim, o recanto que
este habite, e isto nos
leva a raciocinar quanto
às infinitas moradas, na
casa de Deus, que é o
Universo, e das
condições evolutivas
destas moradas, mas
ainda não nos é possível
concebê-las, apenas as
apercebemos como um
vislumbre, muito vago e
impreciso.
Sua Voz, através de
Pietro Ubaldi, nos
diz que nós conhecemos
apenas três universos:
estático, dinâmico e
mecânico, ou seja,
estrutura e forma,
movimento e vir-a-ser,
princípio e Lei, mas que
existem infinitos
universos. Entendo que o
que ele quer dizer é que
existem infinitas
modalidades de ser do
universo, pois o
universo é único; se
houvesse infinitos
universos, cada um deles
seria finito, e com isto
teríamos que modificar
nossa concepção de
infinito, entretanto, a
premissa é lógica, para
conter a vida,
manifestação de Deus no
universo. Sendo Este
absoluto e eterno, há
que existir infinitas
modalidades de ser do
mesmo, modalidades estas
que respondem ao momento
evolutivo dos Espíritos,
na eternidade que nos
está reservada, pois é
ilógico mesmo
acreditarmos que a
concepção do Universo
que nos é possível
apreciar seja suficiente
para conter a
manifestação da vida.
Sendo que Deus é
absoluto, não se divide,
mas encontra-se sempre
em si mesmo, todo no
relativo, pois a vida é
Deus.
Apreciando a vida com
esta amplitude de visão,
embora sempre relativa,
pois nos demoramos no
relativo, só Deus é
absoluto, encontramos
uma motivação maior para
viver. O que representam
alguns milênios de
dificuldades em nossa
caminhada evolutiva,
diante da glória
esplendorosa que nos
está reservada na
eternidade?