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Crônicas e Artigos

Ano 5 - N° 254 - 1º de Abril de 2012

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS 
afv@uol.com.br 
São Paulo, SP (Brasil)
 

Capital espiritual: algumas considerações
 

Os tempos atuais são cruciais para fazermos algumas indispensáveis reflexões. Registra a história que a criatura humana viveu – salvo raros períodos de normalidade – assolada por graves eventos e acontecimentos. De modo geral, a experiência humana nesse orbe tem sido marcada pela dor e sofrimentos lancinantes. Apesar dessa triste constatação, não há evidências de que tenhamos já aprendido o suficiente para banir certos fenômenos dolorosos da nossa jornada. Embora já tenhamos alcançado um novo milênio, antigos e persistentes padecimentos – típicos de almas profundamente desajustadas e, por extensão, devedoras perante as leis divinas – ainda brotam de nós.

Assim sendo, a grande maioria continua seguindo uma trajetória errante resultante da sua própria inanição espiritual. É verdade que já se vislumbra o poder da luz, afinal, o plano espiritual tem sido extremamente generoso no envio de advertências consentâneas, recomendações salutares e recursos benéficos. No entanto, ainda falta à maioria a firme disposição para abraçá-la com todas as forças do ser. Como avançar na senda do progresso e da perfeição do Espírito sem apresentar o firme propósito? Simplesmente impossível.

O certo é que ao transpor os umbrais da morte levaremos – todos absolutamente – o patrimônio da alma amealhada ao longo da encarnação. Tudo mais continuará – afetos, valores e bens materiais – por aqui. Dito de outra forma, nós levaremos daqui apenas e tão somente os sentimentos que nos envolvem, os pensamentos que nos inspiram e a lista de feitos ou omissões que ficarão, por assim dizer, imantadas ao nosso ser na sede da consciência de cada um como seu capital espiritual.

Entretanto, publicações internacionalmente reconhecidas continuam atribuindo exagerada importância aos rankings da riqueza material e do poder. Aliás, há pouco tempo, consagrada revista nacional abordava a ascendente trajetória de conhecido empresário brasileiro, bem como a sua ânsia de ser o mais rico do mundo e de não temer mostrar as suas idiossincrasias. Mais ainda: a mesma publicação informava sobre o crescente número de pessoas – cerca de 145.000 se enquadram presentemente nessa categoria – que estão entrando no clube dos milionários no Brasil (algo como 19 cidadãos por dia ou quase um por hora).

Quanto a tal fenômeno, um respeitável jornalista escreveu: “Ouvimos que isso é um bom sinal para o Brasil, e provavelmente é. Sociedades não ficam mais ricas sem que aumente o número de ricos; também é verdade que, se todos os 145.000 milionários brasileiros (ou seja lá quantos forem) sumirem de repente, por uma portaria do Ministério da Fazenda, nem um pobre, um único que seja, deixará de ser pobre”. Nesse sentido, vale aqui lembrar o pertinente comentário proferido por Jesus Cristo: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Marcos, 10: 25). Ao assim se pronunciar Jesus de maneira tão contundente, sabia perfeitamente que os ricos têm grande dificuldade de compartilhar. E é exatamente na riqueza – que eles têm considerável facilidade em ajuntar – em que reside a maior prova para eles mesmos.

Enquanto isso, pouco ou quase nada se fala a respeito do capital espiritual ou temas correlatos. Será que é por que se trata de algo de difícil mensuração? Talvez. No entanto, todos percebem quando alguém é rico nessa dimensão. Será que se trata de algo tão complexo que se torna difícil de ajuntá-lo no dia-a-dia? Francamente, não há razões consistentes para se pensar assim. É sempre admirável ver uma pessoa que se notabiliza pela sua sensibilidade, senso de solidariedade, empatia, honestidade e genuína preocupação com o bem-estar do seu semelhante e não somente pelo tamanho da sua riqueza material.

Um exemplo ilustrativo do que tentamos retratar foi dado recentemente por um empresário australiano. Segundo o noticiário, 1.800 funcionários de uma empresa de ônibus na Austrália foram surpreendidos com um dinheiro extra nas suas respectivas contas bancárias. O autor dessa inusitada façanha foi o empresário do setor de transportes, Ken Grenda, que vendeu a empresa de ônibus por mais de R$ 700 milhões.

Numa autêntica e elogiável demonstração de generosidade, Ken Grenda resolveu distribuir boa parte desse dinheiro para os funcionários. Desse modo, cada motorista e cobrador recebeu, em média, R$ 16 mil. Os mais antigos chegaram a ganhar R$ 200 mil. Surpreendidos, muitos dos funcionários chegaram a ligar para o banco para saber se havia ocorrido algum erro. Segundo o filho do empresário, o gesto foi um reconhecimento pelo trabalho duro e pela dedicação de todos. Além disso, com a venda da empresa, ninguém perdeu o emprego. Os funcionários vão ser mantidos na firma, mas agora sob nova direção.

Ouvir ou ler notícias como a acima descrita é algo raro. Mas quando são divulgadas causam uma sensação gostosa de alívio, júbilo e alegria. Afinal, a mensagem implícita é simplesmente: nem tudo está perdido, apesar das misérias humanas. Tal conclusão nem poderia ser diferente, se é que se acredita em Deus. Felizmente, há pessoas encarnadas em várias partes do planeta – suspeitamos que elas constituam uma minoria ainda – realmente interessadas em ir além dos interesses puramente materiais. Ou melhor: gente que usa os benefícios da posição que ocupa na sociedade para espalhar o bem, distribuir consolo e reconhecimento aos mais infortunados. Fundamentalmente, tais pessoas nos dão a esperança de que o que fazem com o coração se torne algo comum, com efeito multiplicador, pelo exemplo extraordinário que representam. Indubitavelmente, são agentes de Deus e da transformação para melhor que o planeta agora veementemente reclama. Já nos recomendava Jesus, com muito acerto, aliás: “Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus, 6: 19-20).

Em outras palavras, enfatizava Jesus sobre a necessidade de desenvolvermos o nosso capital espiritual. E o momento presente requer – de todos nós – extrema atenção para essa tarefa. O mestre deixou entrever que o capital espiritual é a nossa própria luz. É um patrimônio intangível e, por isso mesmo, dificilmente observável pelo indivíduo menos atento. De modo geral, a importância do capital espiritual não é divulgada pela imprensa e a sua relevância é tampouco tema dos programas de TV. Mas há sólida evidência de que a humanidade precisa muito desenvolvê-lo.

Seria um equívoco imaginar, por outro lado, que se trata de um “ativo” circunscrito apenas e tão-somente aos mais endinheirados. Ledo engano. Diferentemente do capital material este é acessível a todas as criaturas humanas. Não importa a religião que professem – se é que a têm; não importa a aparência que ostentem; não importa o que tenham em suas contas bancárias ou que possuam em termos de haveres monetários; não importa, enfim, qual o gênero a que pertençam e nem a idade que apresentem. Na verdade, todos podem e devem arregimentá-lo ao longo da vida, basta apenas firme vontade e desejo. É definitivamente a única coisa de valor que levaremos dessa dimensão em que nos encontramos.

É com esse capital que um dia nos apresentaremos perante a espiritualidade. Na condição de volumoso, certamente será fruto de lutas renhidas empreendidas ao longo de sucessivas existências nas quais ecoou o sincero propósito de sermos perfeitos como o Pai celestial. Na possibilidade de diminuto, é porque não conseguimos nos despojar das imperfeições e debilidades espirituais que nos acompanhavam. Mas se ele for, por fim, inexistente, é porque não tivemos forças e disposição para tentar dar alguns passos.

Seja como for, será com apenas esse capital que retornaremos à pátria espiritual.
 



 


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